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Francesca era uma menina de dezessete anos quando tudo aconteceu, nos anos 60, morava em uma cidade da Europa chamada Bordéus (Bordeaux), França. Seus pais haviam falecido há dois anos e agora ela morava com duas tias de idade. Melissa e Johanna. Ela recém tinha mudado para França, seu temperamento forte não fazia com que a menina fixa-se em uma casa, isso após a morte de seus pais. Hoje seria seu primeiro dia de aula. As tias de Francesca a obrigaram a vestir o uniforme. Era um internato rígido, onde só entravam meninas. Quando desobedeciam, tinham de ficar ajoelhadas em milhos ou eram punidas e não ganhavam comida. Francesca não tinha dinheiro para fugir e nem para onde fugir. As tias a levariam até a escola, e uma vez lá dentro, era "impossível" sair, dizia a tia Melissa.
? Francesca, querida. Isso é tudo para o seu bem. Nós não queremos te machucar, queremos cuidar de você, mas você terá que contribuir para que isso dê certo. ? disse Johanna.
? Contribuir para que dê certo? Porque não me colocam em uma escola normal? Tenho que ficar a semana inteira naquele lugar. Isso não é justo.
? Mas é preciso! ? retrucou Melissa.
? Francesca, você tem um comportamento violento, nós não podemos deixar você assim... Enfim, você ficará bem, não é tão ruim assim.
? Se querem tanto que eu fique em algum lugar, me doem dinheiro que eu arrumo um lugar, nunca mais apareço em frente a vocês. Por favor, não me tranquem lá.
? Encerramos o assunto aqui. Francesca pegue suas? Francesca interrompeu a tia, aumentou o tom de voz ao proferir as seguintes palavras.
? É por isso que as duas velhas não arrumam marido! São umas asquerosas!
? Cale essa boca, Francesca. Somos suas tias e queremos o seu bem. Ninguém quer te atingir com isso, mas você precisa dos devidos cuidados agora.
? Oh meu Deus! Minha irmã criou um monstrinho.
? Melissa, sabe o que você é?! ? perguntou Francesca ?Uma velha frigida. ?Disse Francesca e após fazê-lo começou a rir histericamente.
? Como é?! ? a tia chamada Melissa avançou com a mão esticada para esbofetear Francesca, mas a outra tia segurou a mão da mulher e disse:
? Vocês estão loucas?! Melissa, eu acompanho Francesca, acalme-se e mantenha a integridade. Francesca, você vem comigo. ? a mulher segurou o braço de Francesca e a levou até o carro. O uniforme verde escuro apertava as carnes de Francesca. Não que ela estivesse acima do peso, mas seus seios estavam esmagados contra o tecido da camisa. O uniforme vinha com uma gravata preta e um cinto preto. Era um macacão verde e por baixo uma camisa branca. No bolso do uniforme, o logo da escola: Petrivier.
No caminho para a escola, Francesca tentou não chorar, mas a raiva era de mais. Ela não podia ficar trancada pra sempre. Alguma coisa ela faria, isso era certo, mas e se os rumores fossem verdadeiros? Que se uma vez lá dentro, era impossível sair sem permissão? Isso era o que ela temia. Mesmo sendo uma menina forte, era apenas UMA menina.
Chegando a escola, as duas desceram do carro, o mordomo segurou Francesca firmemente pelo braço a mando da tia gorda que entrou de nariz empinado na instituição. Chegaram à sala da diretora e após uma longa conversa e planos elas fecharam acordo e as coisas de Francesca foram levadas para seus aposentos.
? Espero que se dê bem com as outras meninas Francesca. Magda, se ela causar qualquer problema, não a poupe dos castigos.
? Ninguém aqui é poupada depois que o contrato é assinado. ? disse a mulher de cabelos louros passando o papel do contrato para Johanna assinar. A mulher segurou a caneta com os dedos inchados e escreveu o nome por extenso. Ao vê-la fazer, a diretora sorriu, mas era um sorriso traiçoeiro. ? está feito. Chamarei uma de nossas inspetoras para acompanhar sua sobrinha até seu quarto. Lá haverá os horários das aulas e o resto a inspetora explicara a todas em conjunto quando a hora chegar. Obrigada por nos escolher. Cuidaremos... Adequadamente de Francesca e qualquer coisa a avisaremos, senhorita Johanna.
? Que assim seja Magda. ? as duas sorriram cinicamente e Johanna levantou o grande traseiro da cadeira de madeira e saiu pela porta. Francesca levantou em seguida, mas foi impedida por Magda.
? Não, Francesca. Você fica.
? Mas eu tenho que pegar o resto de minhas coisas.
? Não tem. Todas as suas coisas foram mandadas para o seu quarto, querida. Sente-se e espere a inspetora vir lhe buscar. ? Francesca bufou e sentou-se. Cinco minutos depois, uma mulher com cabelos pretos e penteados para trás entrou na sala. A mesma usava uma calça preta e uma camisa colada e verde-musgo. Na cintura, preso ao conto, um cassetete preto. Francesca olhou com olhos arregalados para o objeto. A mulher fez um tipo de reverência para Magda.
? Anetta, obrigada por responder a meu chamado. Essa é uma aluna nova e pertencerá a sua ala. Como estão as outras alunas? ? Magda levantou da cadeira de onde esteve sentada o tempo todo. Usava um vestido vermelho, com sapatos de bico fino e salto também fino. Ela não aparentava ter mais de quarenta anos de idade. Tinha uma boa aparência.
? Estão sendo tratadas com o devido cuidado, Senhora Magda. As outras alunas estão a minha espera na sala de apresentações.
? Pois bem. Como esta aluna chegou um tanto atrasada, depois da cerimônia de apresentações e explicações, quero que a leve até seu quarto.
? Como queira, senhora Magda. ? a mulher voltou a fazer uma reverência e virou-se para Francesca. ? Por favor, me acompanhe. ? Francesca abriu a boca para protestar, mas desistiu em seguida e levantou-se.