Último suspiro da alma loira.

Suspirou um pouco cansado. Nunca pensou que esperaria por tanto tempo uma confissão de seu amado demônio. Quando ouviu aquelas palavras que tanto ansiava, uma pequena lágrima traçou o rosto do jovem Trancy, ou melhor, Mackein. Depois de noites luxuriosas e palavras de amor proferidas pelo loiro, finalmente uma resposta. Antes de partir, lembrou dos dias que passou com aquela dor cravada em sua alma. Do dia que pediu para Claude encher seu quarto com flores para alegrar uma pequena borboleta, na qual não sobreviveu. Lembrou-se em como os olhos do demônio esbanjavam falsa preocupação quando o pequeno estava chorando enrolado ao cobertor logo após tentar dar um funeral digno para a pequena borboleta, no qual falhara. Sempre quis aquele amor e, para alcançá-lo, teve que sacrificar muito para tal.

Sua felicidade parecia eterna agora. Tão eterna quanto sua alma, que ficaria junta de todos que amava. Luka, Claude... E agora Hannah. Ok, não tão Hannah, apesar dela ter ajudado o mesmo a ficar com seu amado, havia anteriormente retirado a vida de seu amado Luka, uma dor incomparável. Mas, de certa forma, agradecia a ela por tudo isso. Se não fosse por ela, nunca teria conhecido o amor de sua vida... Ou melhor, o amor de sua alma.

Riu baixo com o pensamento e olhou novamente para o menino um pouco mais novo que ele a sua frente. Sorriu de lado, como se pedisse desculpas, e finalmente viu o menor esboçar alguma reação além de ódio, amargura e, quem sabe, medo. Claro, um suspiro vencido por parte dele não era lá uma grande reação, mas pelo menos partiria vendo algo que não amargo por parte do mundo. Finalmente achara seu nirvana.

Lembrou de todas as vezes que desejara possuir aquele pequeno corpo, apenas como uma fonte de prazer. Mas, o olhando bem... Mesmo com aquela pose de adulto, via uma pequena e frágil criança, que só precisava de um pouco de carinho para amolecer. Sorriu consigo ao lembrar. Criança. Não que fosse muito mais velho que ele, apenas um mísero ano. Queria muito ter o menor para si, mas não seu corpo, e sim seu coração. Queria ter aproveitado mais... Muito mais. Queria ter-lhe entregado flores e cartões, só para lhe dizer que tudo acabaria bem, não importa o que acontecesse. Mas sabia que o menor não leria qualquer cartão, apenas o jogaria fora.

Tudo acaba bem. Se não está bem, então não chegou ao fim. O pequeno loiro lera isso alguma vez, em um livro. Pela primeira vez lembrou dessa frase, a frase que marcaria o fim de sua vida.

Com uma última lágrima, sentiu sua alma simplesmente deixar o pequeno corpo do jovem Phantomhive, indo para o corpo da pobre demoníaca Hannah, vendo a pequena alma de seu irmão ali, pronto para lhe fazer companhia.

E, em um ultimo suspiro, sentiu que estava tudo bem. Afinal, tudo acabou bem.