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Como não o percebi? Maldito lycan e maldito o dia em que entreguei-me a ele. E pra piorar ele continua nu e totalmente exposto a mim, sentado em minha janela com a cabeça encostada na mesma olhando o nada. Minha insanidade começou a perturbar-me novamente e minha intimidade a queimar.
- Está queimando, não está? - como ele sabe? Ele fitou-me sensualmente, causando-me arrepios.
- Me deixe em paz! - falei passando as mãos em meus braços por causa dos arrepios.
- Quer mesmo isso? Até quando vamos nos comportar como crianças? Fugindo e evitando um ao outro... Somos adultos Sakura! O certo seria que nos comportássemos como tais!
- O que você espera que eu faça? Corra para os seus braços e te beije depois de tudo o que você disse-me?
- Você tem razão. Não tiro o seu direito de não querer ver-me nunca mais, porém, você sabe os meus motivos? O que levou-me a fazer isso?
- Agora não importa.
- A mim importa. Lembro de cada palavra que disse-lhe naquela noite.
- Que em falando nisso, parabéns pra você! É um belo ator! - acusei-o com ar de deboche.
Ele levantou-se furioso, o que fez-me dar passos ligeiros para trás, até que minhas costas colidiram com a parede. Eu o fitava nos olhos totalmente perplexa e suas mãos pousaram na parede um pouco acima de meus ombros.
- Acha mesmo que eu só queria o seu corpo? - ele perguntou-me arqueando uma sobrancelha.
- Tenho certeza. - o respondi firmemente.
- Como pode julgar-me sem saber os motivos de ter falado aquilo? - indagou incrédulo. Seu corpo está tão próximo que não consigo raciocinar direito.
- Vi verdade em seus olhos! - acabei descontrolando-me e gritei.
- Não! Você viu o que eu queria que você visse!
Essa afirmação fez minha mente embaralhar-se por inteiro. O que ele quis dizer?
- Menti pra você! Menti pra mim! Cansei de mentir e fingir o que não sou, só porque tive medo do desconhecido!
- Não estou entendendo...
- Tive medo do que o seu pai faria com você. - ele parou de fitar-me para olhar pro lado. - Não conheço as regras da sua raça, por isso tive medo de perdê-la. Eu deixei o desespero tomar conta de mim! Eu não estava ligando para que o meu pai iria fazer comigo, mas se algo acontecesse contigo eu enlouqueceria! Eu não estava disposto a correr o risco, então, achei que o melhor era ficarmos separados. Faz cinco meses que não durmo direito e que finjo ser o que não sou para que ninguém perceba como estou destruído por dentro. Sonho com vocês todas as noites...
- Mentira. - eu não vou acreditar tão fácil novamente, apesar de que gostaria que todas essas afirmações fossem verdadeiras.
- Ótimo! - ele riu sem graça.
- Saia daqui... - minhas forças estão chegando ao fim e meus olhos queimam pela força que estou fazendo para não chorar.
- Não vou desistir de você. Sei que ama-me e que sente falta de meus beijos, de meus abraços... Sei disso, pois também sinto isso.
Minhas forças foram totalmente esvaídas com essa afirmação e arregalei meus orbes instantaneamente. Ele levou sua ? enorme ? mão até meu rosto e acariciou-o. Não resisti e fechei meus olhos para sentir a sensação maravilhosa. Como senti falta disso.
- Não fecha não. Você não sabe o que passei sem poder vê-los. - abri meus olhos lentamente para encarar seus ônix.
- Eu te peço... Vai embora, por favor... - notei que perdi o controle de meus orbes e encheram-se de lágrimas, que tentei ? inutilmente ? evitar. Minha intimidade está parecendo chamas de um vulcão de tanta intensidade que está queimando.
Ele nada respondeu, apenas respirou fundo e aproximou sua deliciosa boca da minha. Seu cheiro invadiu meu olfato e embriagou-me. Entorpecida por seu hálito e com a respiração pesada, aceitei que tocasse meus lábios com os seus. Ele foi aproximando-se vagarosamente nossas bocas, então fechei meus olhos aguardando seu beijo. Esperei, esperei e nada. Abri meus orbes e vi que ele arrumava minha cama. Com sua rapidez, pegou-me em seus braços e deitou-me.
- Tenho que ir. - sussurrou em minha orelha o que fez-me estremecer. - finja que está dormindo e que teve um sonho ruim. Grite e simule. Kakashi virá aqui, em dez segundos.
- Mas... - ele colocou seu dedo em minha boca.
- Shiiii. Eu não queria ir, contudo, se eu não for, Kakashi descobrirá na hora errada.
Ele deu-me um selinho e saiu pela janela. Fechei meus olhos e comecei a gritar.
- Não! Não!
Cinco segundos depois, Kakashi abriu a porta de meu quarto.
- Mãe! Não! Volta mãe! - gritei mais alto.
- Sakura! Minha filha acorde! É só um pesadelo! - Kakashi colocou-me em seu colo e balançou meu braço devagar. - meu amor acorde!
- Mãe! - abri meus olhos juntamente com o grito que acabei de soltar e comecei a chorar.
- Está tudo bem meu anjo. Fora apenas um pesadelo.
Abracei-o com força. Por que escolhi minha mãe? Na verdade não sei, mas o estranho foi que, quando comecei a gritar por minha mãe, imagens dela grávida veio a minha mente e de alguma desconhecida citando uma profecia. Vasculhei minha mente tentando recordar de onde tinha escutado isso recentemente. Depois de algum tempo abraçada com meu pai, lembrei-me.
- Meu pai.
- Sim minha filha.
- Você poderia pedir para Shizune vir aqui por favor?
- Claro minha querida.
Levantou-se e saiu. Não demorou muito para que Shizune entrasse em meu quarto.
- Sim, Sakura-Sama...
- O que conversamos Shizune? Pode chamar-me de Sakura, pois te considero minha segunda mãe. Feche a porta, por favor. Tenho algumas perguntas para fazer-lhe.
Ela apenas obedeceu-me e sentou-se comigo em minha cama.
- Sou toda a ouvidos...
- Logo que retornei da missão, meu pai e você conversaram sobre um tipo de profecia, certo?
Ela olhou-me apavorada.
- Não se preocupe, meu pai não saberá que contou-me. Fique tranqüila.
- Tudo bem.
Ela encostou-se na cabeceira de minha cama e fiz o mesmo.
- Quando sua mãe estava grávida de você e passeava comigo e com seu pai na cidade, ela sentiu um desejo enorme de beber sangue. Então, Kakashi-Sama disse-nos que ia buscar bolsas de sangue no hospital e deixou-nos numa praça. Depois de um tempo, uma moça nem jovem nem velha aproximou-se de nós e começou a tentar apedrejar sua mãe, chamando-a de monstro. Claro que reagi e dissemos que não sabíamos do que ela estava falando. Ela apontou para a enorme barriga de Tsunade e falou que uma de suas filhas iria ter um filho, mas não um filho normal e sim um monstro. Eu e sua mãe ficamos perplexas com essa afirmação. A moça completou: ?você não terá um neto, pois não estarás viva quando isso acontecer, porém, seu marido lembrarás de mim. Uma de suas filhas conceberá a mistura de duas raças desconhecidas pelo humanos, então a guerra se iniciará novamente, é o que diz a profecia. ? - ela fez uma breve pausa. Foi a descrição da imagem que tive. - a mulher desapareceu e Tsunade sentou-se no banco respirando profundamente. Kakashi-Sama chegou depois de alguns minutos e contamos tudo o que aconteceu para ele, porém, seu pai disse que a moça era louca e que não devíamos acreditar nela. Em seguida voltamos para o castelo.
Essa filha sou eu, logo, isso quer dizer que ficarei grávida mais cedo ou mais tarde. Apavorei-me com a idéia. Dentro de meu ventre nascerá um mestiço, o que resultará no começo de uma nova guerra, mas com um único objetivo: matar meu filho e de Sasuke. Fitei Shizune seriamente.
- Por que vocês esconderam isso de mim e de Karin?
- Porque realmente não demos importância a isso. Contudo, depois das reuniões, você e sua irmã têm muito contato com os Lycans e isso preocupou-nos. Por isso seu pai insisti tanto que case-se com Gaara-Sama e ultimamente pensava em casar a senhorita Karin com Kankuro-Sama.
- Meu pai desanimou quando recebeu a notícia de que Gaara está namorando Yamanaka Ino, certo? - sim, minha amiga loira conseguiu conquistar o ruivinho dos olhos verdes.
Shizune limitou-se a balançar a cabeça positivamente. Eu estava tão ocupada ajudando a Hina com os preparativos do casamento que havia esquecido-me completamente dessa tal profecia que ouvi meu pai comentando com Shizune, mas agora já sei da verdade. O meu destino e de Sasuke já fora traçado há mais de duzentos anos atrás e percebo que não há nada a fazer para impedir.
- Sakura? - chamou-me Shizune.
- Sim.
- Está tudo bem? Você ficou branca de repente...
- Estou bem sim... Só um pouco espantada com essa tal profecia.
- Certeza?
Balancei a cabeça confirmando.
- Bom... - levantei-me da cama e andei por meu quarto. - estou morrendo de fome, poderia trazer-me uma garrafa de sangue?
- Claro.
Ela retirou-se para logo em seguida voltar com o meu pedido em suas mãos. Faz tempo que não caço, porém tenho muito em que pensar. Minha intimidade parou de queimar e minhas mãos pararam de tremer. Não entendi a razão da tremedeira em minhas mãos, mas a única explicação aceitável é o desejo tentando possuir-me sem eu mesma permitir. Essa guerra entre minha sanidade e meus desejos como mulher estão afetando-me mais do que imaginava. Meus orbes pesaram e deitei-me em minha cama, deixando o sono tomar conta de mim.