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Nós saímos da escola e fomos para casa. No caminho adivinha quem nós encontramos? Adivinhou? Não? Então, Neji estava andando na rua, indo em direção a casa da minha avó, com o cabelo maior do que quando prendeu no elevador. Sasuke parou o carro, e ele entrou.
? Você num tinha prendido o cabelo no elevador?
? É, mas eu fui no salão...
? Salão?
? É, onde você achou que eu fosse colocar esse aplique? No açougue?
? Cara, mas não conheço nenhum homem que vai em salão. ? Sai disse
? O Sasuke vai. ? Sasuke deu uma virada brusca no volante, que fez Neji, quase cair no asfalto. ? Sério, a mulher perguntou se aquele amigo que passava comigo de carro, iria lá hoje, eu disse que não sabia. Ela disse que ele pinta o cabelo e passa escova e alguma coisa pra deixar o cabelo igual a um poodle espetado.
? Ah. Nem duvido cara.
? Sério, uma vez ela me disse que ele fez até as unhas.
? Sasuke, eu já achava você meio afeminado, mas agora pra mim você é uma bicha escandalosa. ? Gaara disse.
? Não é muita diferença se você quer saber. ? Naruto disse do nada
? Foda-se. Quer saber, vamo pra casa que eu tenho que passar o hidratante no aplique senão começam a surgir pontas duplas. ? Neji disse.
Nós saímos e fomos para casa, demoramos cerca de meia hora porque Sasuke parou o carro pra ver a promoção de prendedores de cabelo, depois pegamos um engarrafamento básico e chegamos em casa. Minha vizinha estava jogando água no jardim, pois não chovia a um certo tempo. Ela chegou na cerca de grama e me chamou. Eu deixei o pessoal entrar e fui até ela. Eu nunca tinha parado para conversar realmente com ela, então eu fui e ela começou a falar:
? Você é o Shikamaru não é?
? Sim.
? Ah. Hoje eu vi uma garota passando aqui, e eu disse pro meu marido que ela era muito bonita e com certeza seria uma boa pretendente pra você. ? Ah é? Parabéns! ? Ela era loira, o cabelo dela estava com o cabelo partido em quatro partes. ? Temari? ? Ela entrou na sua casa, mas ela tava com um menino com uma tatuagem vermelha na cara. ? Informação inútil ? Eles vieram de bicicleta, ela estava conversando com o pai daquele menino que eu disse pro meu marido que parece o filho do capeta. ? Parece? Eu tinha certeza ? Mas era só isso que eu tinha pra falar.
Eu saí andando e acabei de perceber uma coisa muito importante para a minha vida: ? O que os olhos não vêem, os vizinhos esfregam na sua cara?. Quando eu cheguei em casa eu vi uma coisa que realmente me traumatizou, estava todo mundo chorando, gritando, e vestido de preto. Eu vi minha mãe deitada no chão, e meu pai com a cara inchada e mastigando um lenço, então a coisa era realmente feia, eu perguntei pra primeira pessoa que eu vi na minha frente o que estava acontecendo e pro meu azar era a besta loira.
? Que merda é essa?
? O marido da tia da colega da irmã adotiva da sua prima de 8º grau morreu.
? Ah, pera aí, o quê?
? Sabe sua prima da 8º grau?
? Não
? Foda-se, ela tem uma irmã adotiva, e a colega de escola dela, tem uma tia, e essa tia se casou, e o marido morreu.
? E o pessoal pelo menos sabe o nome da pessoa?
? Não
? Então foda-se. ? Eu não ia em enterro nem de pessoa que eu conhecia quanto mais desconhecido, mas minha mãe me encarou que nem a Rocheli encara o Cris, então achei melhor para minha propria segurança eu ir.
? Vai se arrumar que o velório é em vinte minutos.
? Vai ser aqui?
? Não, do outro lado da rua, passando umas duas casas.
Eu subi pra me arrumar e coloquei a primeira camisa que eu vi, e estava escrito na frente: ?Viva o lado bom da vida?, mas eu ignorei e desci. Nós saímos e fomos para o velório, chegando lá, havia um padre que estava com a cara tão vermelha que eu achei que fosse um tomate. Todo mundo estava de preto, menos eu e meus amigos. O caixão era preto, e uma mulher de uns 25 anos chorava perto dele. Devia ser a mulher do falecido. Eu fui até o caixão, e vi que o morto era um velho de uns trocentos anos, e ainda usava o tubo de inalação de oxigênio. Eu cheguei perto da viúva e disse:
? Meus parabéns, linda festa, você fica muito linda de preto sabia? ? ela chorou mais
O pessoal começou a se arrumar e sentar nas cadeiras porque o padre já ia começar o seu discurso. Quando o padre já tinha começado a ler um trecho da Bíblia, me deu aquela vontade enorme de espirrar e eu virei pro lado e espirrei, mas fez aquele barulho gigante e eu espirrei encima do defunto, Gaara estava se comendo pra não rir e Sasuke ouvia música tão alto que dava pra ouvir do outro lado do mundo. E eu tive que dar aquela desculpa esfarrapada básica pra deixar passar:
? Desculpa, é que eu sou alérgico a coroa de flores.
Antes do padre voltar a falar Naruto levantou e saiu andando, disse que ia ao banheiro, e não voltou, e Neji, que estava atrás de mim, começou a me cutucar, e eu soltei aquela gargalhada, e todos pararam pra me olhar, de novo.
? Bem, a vida continua, pelo menos a nossa!- eu olhei para trás e disse baixo ? faz uma dessa de novo, e vira um velório duplo.
O padre ficou mais meia hora falando, e eu a cada 2 segundos perguntava para alguém se ia demorar muito, perguntei até para o defunto, e ainda acho que ele disse que não. O pessoal já estava quase me chutando do velório, quando o padre disse ?Amém? e nisso chegou Naruto comendo vários salgadinhos e disse:
? Cara o velório aqui do lado ta uma maravilha.
O pessoal havia começado a conversar, e então Gaara deixou aquele peido lindo escapar, foi tão alto que acho que o morto acordou só pra morrer de novo.
? Qual é gente, os defuntos seguraram muitos gases antes de morrer, é natural que saiam assim. ? ele disse.
Do nada, Sai tirou uma câmera fotográfica do bolso e saiu tirando fotos de tudo e de todos, a mulher do defunto, estava tão confusa que sentou pra pensar, eu perguntei pro noiado o que ele estava fazendo e ele disse que seria bom para as pessoas algumas recordações do falecido. Eu olhei para o outro lado, e ali, uma multidão se concentrava em volta da loira burra que contava piadas, e pelo santo amor desse morto, isso não é hora para se contar piadas sabe? Ele contou a do não nem eu e depois começou com a de bêbados em velórios. Então a situação ali só estava melhorando. Do outro lado, Gaara estava reunido com vários homens gritando sobre futebol, e times, e Gaara disse que pelo menos o defunto não ia mais sofrer por causa do time dele, que havia sido eliminado da Libertadores recentemente. Depois havia um caderno para as pessoas escreverem recados para a viúva, então eu peguei a caneta e escrevi: ? Foram muitos anos de vida?, depois eu saí andando. O pessoal já estava se aquietando, pois já saia o enterro. E Lee resolveu ligar pra mim, eu só não sei como a besta verde conseguiu meu celular. Ma eu atendi assim mesmo.
?Alô!
? Shikamaru?
? Não, aqui quem ta falando é a vó dele.
? Passa pro seu neto por favor?
? Fala Lee.
? Aonde você ta?
? Tô no velório de uma cara estranho aqui.
?Ah, vai demorar?
? Nem vai cara. O corpo já ta fedendo pra caralho, por que?
? Atoa, queria saber que que você tava fazendo.
? Pode crer, então tchau.
? Tchau.
Ele desligou, e quando eu me virei todos estavam olhando pra mim com cara de espanto, a viúva, já tinha parado de chorar, e deu uma piscadela pra mim. Juro que se ela fosse mais velha, mais feia ou coisas do gênero eu teria ficado com medo. A filha do defunto estava chorando tanto, que eu dei um sorrisinho cínico e saí dali. Eu esperei o pessoal do lado de fora, e acompanhamos o enterro, chegamos no cemitério depois de meia hora andando, e lá já haviam 17 enterros acontecendo. Pois é, eu sempre dou sorte com multidões. Quando o caixão estava descendo eu vi que isso estava acontecendo simultaneamente. Depois quando chegou a hora de nos despedirmos, eu soltei uma frase que tenho certeza que me arrependerei pro resto da minha vida.
? Pois é, quem é morto sempre desaparece.
E o pior, é que aquele povo deu de fazer silêncio nessa hora, eu vi cada olhar mortal apontado pra mim que achei que o 18º enterro seria meu. Eu resolvi sair dali, e ir pra casa andando sozinho, já que minha mãe nem me conhecia mais como filho nesse enterro. Eu saí, e fui reparando nas luzes da rua, já era de noite, e eu percebi, que o luar estava ótimo para passear. Eu passei em frente a um parque e resolvi entrar, lá dentro, as árvores faziam sombra no chão, e havia uma espécie de círculo, bemno meio do parque, ali, haviam bancos de metal, e bem no meio, havia um poste com lâmpadas amareladas que piscavam. Em um dos bancos estava uma garota loira, eu vi que ela estava chorando, quando eu cheguei mais perto, a luz me permitiu ver que ela usava uma rabo de cavalo, mas ele estava sujo, com folhas presas, e quando vi a face da garota, eu a reconheci, era a loira da minha sala, a tal de Ino. Ela estava com uma camiseta muito curta, e um short jeans, ela tremia de frio, e chorava. Eu fui até ela. Ela me acompanhou com o olhar, e me viu sentar ao seu lado.
? Ei, tudo bem? ? eu perguntei
? Claro, por que não estaria?
? Porque você está chorando, quase pelada, em um parque a noite.
? Tudo bem. É porque eu terminei com meu namorado.
? E ele por acaso te afundou na lama ou algo assim?
? Não.
? Dá pra me contar a verdade?
? Tá tão na cara que eu to mentindo?
? Sim.
? Ok. Eu fugi de casa.
? Por que?
? Porque minha mãe se divorciou do meu pai mês passado, e desde então, ele vai para o bar e toma todas, todos os dias, eu já disse para ele parar, mas ao invés dele parar, ele me dá um tapa, e me manda ir fazer o que eu tenho que fazer, eu já não agüentava mais e fugi de casa.
Ela havia começado a chorar, e eu vi uns hematomas em seu rosto. Eu fiquei ali conversando com ela por um tempo, depois eu me levantei e disse:
? Por que você não passa um tempo lá em casa? Depois você resolve isso tudo.
? Mas eu sempre fui tão má com você, por que você está fazendo isso por mim?
? Porque ninguém merece passar por isso sozinho, e isso inclui você.
? Obrigada, mesmo, mas tem certeza que ninguém irá se importar de eu ir com você?
? Tudo bem, na minha casa sempre cabe mais um.
? Obrigada. ? Ela foi se levantar, mas caiu no chão, então eu vi que em sua perna havia um grande corte, que sangrava, e quando a luz bateu sobre ela com um ângulo diferente, eu vi que ela estava bem mais magra que o normal, sua pele estava pálida, e ela não se agüentava em pé.
? Você está com fome?
? Acho que sim, já tem um tempo que eu comi pela última vez.
Eu a ajudei a se levantar, mas seu corte na perna não a permitia andar muito, então eu a levei nos braços mesmo. Nós saímos do parque e no caminho de casa, eu parei em uma lanchonete, e a coloquei sentada em uma cadeira, peguei uma para mim, e sentei junto a ela em uma mesa.
?O que aconteceu com a sua perna?
? Bem, acho que eu vou TR que contar para você a história inteira.
? Claro. ? Eu pedi um lanche grande para ela, e um salgado para mim, rapidamente eles chegaram, ela começou a comer, e me contar o que aconteceu.
? Bem, eu fugi de casa a duas semanas, e eu estava ficando na casa da minha amiga Sakura até então, mas eu já estava preocupada de ficar lá muito tempo, pois a família dela já enfrentou vários problemas financeiros ultimamente, e eu não queria ser mais uma despesa, então, antes de ontem, a noite, eu me despedi deles e disse que ia voltar para minha casa, mas eu estava com medo, então, eu fiquei lá no parque, foi aí que eu machuquei a minha perna, porque eu estava correndo de uma barata, aí eu tropecei em uma latinha refrigerante, e caí no chão, só que um galho seco, perfurou minha perna. Depois disso eu fiquei lá naquele banco, esperando a coragem para voltar para casa, até que você chegou. ? Ela já havia acabado de comer o seu lanche.
? Ok, agora vamos para casa, pra eu ver o que eu posso fazer por você.
Eu paguei o nosso lanche e depois eu a peguei novamente, e fui andando para casa. Nenhum de nós pronunciou sequer uma palavra até chegarmos em casa. Lá, não havia ninguém, provavelmente o enterro do velho ia demorar. Então, eu levei Ino até o banheiro e mostrei aonde havia o que ela precisava, eu peguei algumas roupas da minha mãe para ela, e por incrível que pareça as roupas serviram nela direitinho. Ela foi tomar banho, e eu fui para o meu quarto trocar de roupa. Quando eu saí, eu assisti um pouco de televisão, e desliguei quando ela saiu do banheiro, ela estava enrolada em uma toalha de banho grande, chegava aos seus joelhos, seus cabelos ainda estavam molhados, e o corte em sua perna parecia menos grave agora. Eu a ajudei a subir para o meu quarto, e lá eu havia colocado as roupas para ela vestir, ela me pediu para sair do quarto, com educação e eu fui. Depois de um tempo ela abriu a porta e eu entrei. Eu percebi que agora ela não usava nenhuma maquiagem, mas mesmo assim ela estava linda, até mais do que antes, seus olhos se destacavam mais e havia um sorriso sincero em seu rosto.
? Como eu posso te agradecer por tudo isso?
? Jogando uma partida de Guitar Hero comigo?
? Talvez, mas eu acho que tem uma forma melhor de te agradecer? ? ela veio mancando para perto de mim.
? Como? Quer jogar outro jogo? Eu tenho Tekken aqui também. ? Ela se apoiou no meu ombro.
? Não, assim... ? então ela me beijou...