|
Tempo estimado de leitura: 3 horas
10 |
No dia seguinte eu acordei de extremo mau-humor. Ninguém pareceu se importar, todos pareciam tão compenetrados quanto eu estava.
Agora minhas tias apenas me apresentavam diversas roupas pela manhã e eu escolhia a que eu tivesse gostado mais. Para o desprazer de tia Alice eu havia criado verdadeiro horror a vestidos e costuma escolher agora apenas calças e blusinhas simples, com o que eu poderia me movimentar melhor. Eu deixava, no entanto, elas fazerem o que desejassem nos meus cabelos. Eles estavam, agora, tão longos que eu não conseguia deixa-los soltos o tempo inteiro.
Tia Rosalie estava extremamente quieta e eu deduzi que haviam dando uma tremenda bronca nela pelo dia anterior.
Eu não estava brava com ela, no entanto. O que ela disse trouxe à tona algum assunto importante que estavam me deixando de fora e que atingia potencialmente Jacob. Se ela não tivesse explodido, talvez eu nunca houvesse ouvido falarem sobre isso.
Eu sabia que não poderia perguntar e nenhuma delas sobre o assunto, mas também sabia que se eu insistisse o próprio Jacob contaria.
Eu tinha certeza disso. Ele nunca mentiria para mim.
Quando terminei de me vestir, em vez de Bella era Edward que estava me esperando.
Isso era esperado. Eu havia deduzido também, que se eu insistisse Bella me contaria sobre o assunto, já que ela era a pior mentirosa do universo. Mas Edward que sabia disso estava me afastando dela, como ontem.
Eu o saudei ainda mal-humorada. Ele pareceu achar graça.
- Onde está Bella? ? perguntei, por entre dentes.
- Bella... foi viajar.
- O que? ? eu tinha consciência de meus olhos arregalados.
- Ela quis visitar seu avô Charlie, apenas para contar como estão as coisas por aqui. Parece que apenas os telefonemas não o estavam tranqüilizando. Ela levou fotos suas para mostrar como está crescida.
Ele estava sorrindo pra mim.
Se ele achava que aquele sorriso ia me enganar estava muito convencido de si mesmo, ou então não me conhecia muito bem. Como se eu não soubesse o quanto era difícil para os dois se separarem! Era como se tivesse cola entre eles, e Bella ainda era muito frenética com relação a me deixar, também.
Pensei tudo isso em uma velocidade intensa, que ele pareceu não reparar.
Uma parte de meu cérebro se perguntava sobre Jacob, outra se Edward conseguiria me ler claramente, outra se havia sido idéia dele ou de Bella a tal viagem e outra ainda o porquê.
Qual seria este assunto que apenas mencionado forçou Bella a se afastar de mim?
- Não se preocupe. ? ele falou no curto período que se seguiu, em que talvez ele estivesse tentando decifrar minha mente ? Ela não vai demorar a voltar.
- Mas, ela ainda não é nova demais como vampira para viajar sozinha?
- Hum. Jacob foi com ela, parece que ele queria rever Sam e Billy, também.
Meu coração que era acelerado começou a martelar tão freneticamente que comecei a respirar mais rápido para suportar. Os dois se afastaram de mim. Eu arfei, Edward pôs uma mão em meu ombro e eu levantei relutante, meu rosto para olhá-lo.
- Eles vão ficar bem. ? ele disse.
Milhões e milhões de coisas atravessaram meu cérebro.
- Tia Alice não pode prever isso. Jacob está com ela. ? minha cara, provavelmente deixou um pouco claro a poderosa raiva que sentia.
Edward retirou a mão.
- Ela já viu Bella na casa de Charlie, depois dela se separar de Jacob.
- Sei. Brady e Leah?
- Eles também foram.
- Todos?
- Jacob não queria, até ameaçou usar a palavra de Alpha com eles, mas Brady estava ansioso em deixá-lo ir sozinho e... ? ele abaixou a voz -... estava com saudades de Forks também.
- Eles vão voltar, não vão? ? agora eu estava poderosamente ansiosa.
Edward olhou para a parede ao lado, como se houvesse algo interessante na pintura amarela.
- Alice não consegue prever isso. ? ele estava mais frio de que jamais tinha visto antes.
Eu rugi baixo e rapidamente me sobressaltei com isso. Nunca havia feito tal coisa sem estar caçando.
- Renesmee!
Eu corri em direção à porta
?Me deixe em paz!? ? gritei dentro de minha mente suficientemente claro para ser ouvida.
Eu não conseguia imaginar como seria sem Jacob, seu sorriso receptivo, o olhar compreensivo. Ele era tão vital para mim quanto qualquer um dos Cullen.
Corri para a pequena casa deles o mais rapidamente que podia. Passei pela plantação onde as mudas começavam a brotar e, assim que as vi, lágrimas caíram sem que pudesse retê-las. Abri a pesada porta em um ímpeto, a esperança de encontrá-lo nos cômodos que me encaram vazios, sem remorso com minha dor, que era aguda.
Eu nunca tinha me sentido daquele jeito antes, todo o meu interior estava vazio como aquela casa. Me ajoelhei sem querer no chão de madeira dura, não conseguia respirar direito, como se os pulmões estivessem completamente tomados água, sem espaço para o ar. Minha mente começou a girar um pouco, tive que segurar a cabeça com ambas as mãos para deter o efeito.
Ele tinha que voltar! Não era justo! Eu o queria ali, agora! Por que ele tinha que ter ido? Eu não entendia, não conseguia pensar. Chorei por algum tempo até que conseguisse respirar normalmente, e então recomecei a raciocinar direito.
Eu estava sendo egoísta, aquela era a família dele. Se fosse eu, o que eu faria? Também gostaria de voltar a revê-los, muito tempo havia passado desde que chegamos aqui.
Minha mente pulsou voltando a analisar um assunto que eu havia deixado de lado, por que ele havia se afastado de Forks? Ele não era fã de tia Rosalie, e apesar de falar amigavelmente com Carlisle, Esme e tia Alice, também não era algo que o afastasse da família. Tio Jasper tinha apenas uma relação parcial com ele e sua relação com tio Emmett era mais de disputa masculina do que qualquer outra coisa.
Poderiam ser meus pais? Edward, ele o levava em consideração, eu sabia, com uma rara animosidade. E Bella? Eu sabia que os dois se importavam bastante um com o outro, apesar de discutirem convencionalmente.
E ele gostava de mim. Não entendia por que, mas gostava. Porém ele tinha ido, me abandonou. Eu sabia que estava sendo infantil, que era algo natural, mas era como me sentia.
Ele tinha ido com Bella. Para protege-la? Talvez. Talvez para proteger os outros dela, apesar de eu ter total confiança em sua força de vontade. Ela nunca havia matado nenhum humano e seus olhos mostravam o quanto estava acostumada com nossa alimentação ?alternativa?.
E havia o tal assunto secreto ? o da mágica pervertida ? que havia provocado essa viagem. O assunto que talvez eu nunca soubesse o que seria. Mas eu não iria esquecer. Demorando o quanto demorasse, eu saberia. Era uma promessa.