Trick or Treat

  • Finalizada
  • Kiia
  • Capitulos 1
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

    14
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Trick or Treat

    Mutilação, Violência

    As abóboras estavam bem iluminadas com velas dentro, a lua já ia alto, o que indicava o quão tarde já era. As crianças circulavam com suas devidas fantasias pela cidade em busca de suas guloseimas.

    Era apenas mais um Dias das Bruxas afinal. Ao menos era assim que todos pensavam.

    - Rick, me espere! – a pequena Jenny corria ao encontro do irmão mais velho. Usava uma extravagante fantasia de bailarina, enquanto o outro trajava a de um pirata.

    - Se você ficar pra trás, as kitsunes virão te pegar! – ele sorriu provocativo para a irmã enquanto transformava os dedos em garras de monstros e avançava sobre a pequena.

    Ela guinchou de medo enquanto Rick gargalhou com vontade. A menina deveria ter no máximo quatro anos e o garoto doze, ele deveria ser o responsável por ela, mas apenas a deixava para trás assustando sempre a pequenina.

    Mas aquele era apenas um dia para travessuras, e como se nada houvesse acontecido, saíram correndo então pela cidade, mas algo os parou, um grito estridente cortou a noite. Os olhos assustados das pessoas correram na direção do som, e lá viram o corpo de uma menina de aproximadamente oito anos caído sangrento ao chão. A seus pés, outra criança trajando roupas negras e uma máscara de raposa encarava a vida fugir do corpo estraçalhado. Nas mãos lá estava à prova do crime, o vermelho cintilante de sangue.

    A cabeça do mascarado ergueu-se devagar para encarar as pessoas que o observavam com horror nos olhos. “O que havia acontecido? Era apenas uma criança, não podia ser o causador daquela morte”. Pensavam todos.

    Logo outro grito foi ouvido ao som do corte de carne humana, este vinha de trás, os olhos aflitos então correram para o outro lado e avistaram outra criança igual à primeira com mesma roupa e máscara, porém portava uma katana ensanguentada em uma das mãos.

    - O que são vocês?! – gritaram alguns.

    O segundo ergueu a cabeça enquanto balança a espada japonesa.

    - Doces ou Travessuras.

    A voz era rouca, estranhamente distorcida em algo demoníaco, não era humano, talvez nunca fora.

    - Doces ou Travessuras.

    Repetiu o outro com o mesmo tom de voz não humano.

    Todos pareciam atônitos com aquilo, alguns pais que acompanhavam seus filhos se preocuparam em avançar para tentar conter as crianças mascaradas.

    - Ei meninos, tenho certeza que isso não passa de um mal entendido, certo? Não podem ter sido vocês a fazerem isso, vamos explicar tudo a eles, okay? Onde estão seus pais? – disse o primeiro adulto que tocava no ombro daquele que portava a katana.

    - Doces ou Travessuras. – repetiu.

    - Eu posso ter dar um pouco de doce se é isso o que quer. – sorriu nervoso. – Onde estão seus pais?

    O pequeno fitou o braço que tocava o seu ombro, levou a pequena mão vazia até este e usando uma força sobre humana, quebrou o pulso do homem que berrou de dor.

    - Doces ou Travessuras. – insistiu.

    - Largue meu marido! – gritou a esposa. Ela avançava, mas antes que pudesse fazer algo, um jato de sangue saiu de sua boca, a outra havia perfurado suas costas e tinha o coração em suas mãos. A raposa apertou com força o órgão da mulher para depois arranca-lo. Ela caiu morta ao chão. Um mar de gritos de medo surgiu.

    - Monstros! – alguém gritou, e foi o suficiente para causar alvoroço por parte de todos, os pais pegaram suas crianças e correram, mas era tarde demais para isso, nenhum deles tinha salvação. E ao som do Halloween, um a um padeceram pelas mãos das kitsunes.

    - Chega dessa história, Tony! – pediu Molly se enfiando entre as cobertas.

    Tudo não havia passado de uma história contada para a irmãzinha.

    O mito dos irmãos kitsunes era algo comum na pequena cidade de Forks, famosa por suas histórias do dia das bruxas. Era um local bastante movimentado naquela época do ano, e o irmão mais velho de Molly se divertia contando para a caçula da família um dos contos que muitos afirmavam ter acontecido há cem anos naquela cidade.

    Alguns moradores diziam que aquelas raposas há muito tempo atrás não passavam de simples crianças que viviam com seus pais naquela cidade, até que em certo dia das bruxas, a casa pegou fogo e todos morreram. A fantasia dos pequenos aquela noite seria de raposas, seria a primeira vez que sairiam para pegar doces, estavam tão animados, tão empolgados... E tudo tinha ganhado um resultado tão trágico. Diziam que era por isso que elas sempre vinham no halloween para buscar os seus tão sonhados doces. Outros já acreditavam que após a morte dos pais no incêndio, um demônio surgira para eles oferecendo a oportunidade de reviverem seus pais em troca da matança realizada. Fosse qual fosse à verdade, não passava de uma lenda urbana.

    O rapaz riu.

    - Tudo bem, acho que por hoje chega de contos de terror, depois não venha correndo para o meu quarto dizendo que teve pesadelos, foi você quem pediu as histórias, lembra?

    - Sim... – respondeu tremula de medo. Tinha apenas cinco anos, enquanto o irmão vinte e dois.

    - Não se preocupe. Elas são apenas uma lenda, não são reais. – acariciou a cabeça da irmãzinha.

    - Verdade? – indagou parecendo mais confiante. Ele assentiu e ela sorriu.

    Tony era um rapaz inteligente, estava na casa dos pais temporariamente para aproveitar o feriado do dia das bruxas, mas em breve voltaria à faculdade, cujo cursava engenharia florestal.

    O rapaz aproximou-se do interruptor a fim de se despedir da menor.

    - Boa noite. – desejou. – E não deixe as kitsunes te pegarem. – sorriu.

    - Não deixarei. – murmurou de volta terminando de se ajeitar na cama.

    As luzes foram apagadas e a pequena Molly pode dormir em paz. Tony iria sair com a namorada para uma festa de halloween na casa de um conhecido, era uma ótima noite para festejar, afinal, pretendia pedir a namorada em casamento aquela noite. Os pais chegariam em breve e ele poderia sair, já passava das onze da noite e logo iria pegar Sally para saírem. Arrumou-se e partiu em seu carro, enquanto distanciava-se da casa, ao longe se pode avistar duas crianças trajando negro e máscaras de raposas. Ninguém jamais se importaria com aquelas fantasias, era algo comum entre as crianças da região por ser um mito da cidade, mas as mãos de uma e a espada de outra sujas com sangue humano as denunciavam.

    - Doces ou Travessuras.

    As vozes pouco humanas fizeram seus pedidos. Não foram atendidas, a noite se encerraria ao som da doce melodia da morte realizada em prol de suas causas.

    Trick or Treat End.


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