The Game

Tempo estimado de leitura: 2 horas

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    Capítulos:

    Capítulo 12

    Pseudo notório

    Acordei com Hiver dizendo que o sol não iria me esperar. Quando abri os olhos, procurei por ele e o achei de pé olhando o nascer do sol. Ele virou levemente a cabeça para trás, fitando-me. O céu estava um mesclado de vermelho, laranja, amarelo e azul todos em tons degradados. Algumas nuvens deixavam aquele nascer do sol muito mais bonito.

    - Vamos lá El, o final não vai esperar. ? ele comentou com a voz autoritária.

    Levantei do chão duro, naquela noite não teve cabana confortável. Me perguntei porque. Talvez por ter usado muita mana para nos manter transformados, possa tê-lo deixado fraco. Porém Hiver me parecia ser um homem muito forte, meio bipolar, mas muito forte. Era eu que estava ficando maluca por estar a tanto tempo andando ou a alma do homem ao meu lado mudava com o tempo? Lembro-me da primeira vez que o vi, tão gentil.

    - El, está ficando para trás. ? fui tirada de meus pensamentos ? Vamos, vou deixa lá para trás! ? falou em um tom brincalhão como nunca ouvi antes.

    - H-hai!

    Andamos por mais ou menos duas horas, olhei para o céu e pela localização conclui que já devia ser sete ou oito horas da manhã. Olhei ao redor e só vi descampado, alguns animais e mais nada. Uma brisa quente batia no meu rosto, senti um gosto muito fraco de sal na minha boca devíamos estar próximos do mar. Olhei ao redor e nenhum sinal de água, pergunto-me se meus sonhos ? sonhos? Eu não deveria chamar assim ? tinham algum significado. Morrer no fundo do mar, essa ideia vinha na minha cabeça como uma batida de relógio.

    Contar o tempo.

    - Hiver, olhe. ? apontei para frente, o caminho se separava em dois.

    - Ora Ora que grande indagação, que rumo tomar? Direita ou esquerda? Estibordo ou bombordo? ? ele olhou para mim ? Você veio de lá, creio que saiba o caminho.

    - Eu não me lembro, faz tempo...

    ?Esquerda, tu esqueceste de teu passado? Huhuhuhu?

    Uma voz estranha ecoou na minha cabeça. Não parecia ser homem muito menos uma mulher, uma voz mesclada talvez. Respondi ?esquerda? antes de completar a frase com o que eu realmente ia dizer.

    - Então tomaremos o rumo da esquerda!

    O caminho da esquerda parecia tortuoso. Bem diferente dos cenários que vi enquanto viajava pela estrada de pedra. O clima era pesado, uma névoa seca nos rondava, alguns barulhos estranhos ? provavelmente de animais locais ? cortavam o silêncio. Eu pensava que o dia estava quente, ali estava dez vezes mais. Hiver pareceu irritado com aquilo, imagino que ele não goste de calor.

    Fiquei olhando para os lados, estava passando pela minha cabeça se seriamos atacados por alguma coisa. Minha cabeça me pregava peças e eu sempre caia. O cabeça de cabra apesar da suposta irritação, caminha calmo alguns passos a minha frente.

    O céu estava em um meio tom de roxo escuro, algumas nuvens vermelhas contrastavam o cenário. O tempo ali não parecia passar, será que estávamos chegando? Eu não estava olhando para frente na hora que bati em Hiver, ele simplesmente parou. Ele olhou para trás, incrivelmente aquela capa que ele sempre usava era macia e me trazia conforto. Por esse motivo demorei para me afastar.

    - El? ? ele chamou minha atenção e quando notei não tinha mais nada a minha frente.

    Vir-me-ei para trás e lá ele reapareceu. Como era de costume se ajoelhou a minha frente me fitando por trás da máscara. Esticando as mãos ele empurrou meu corpo pro outro lado, me virando pro outro sentido da estrada. Olhei o horizonte turbulento e um fio de medo correu pelo meu corpo.

    - Tu não deseja voltar, não é? ? sua voz soou gentil como na primeira vez que nos vimos.

    - E-Eu que-quero... ? as palavras estavam teimando em sair da garganta.

    Eu estava decidida a acabar com o Jardim, queria com todas minhas forças. Mesmo assim uma parte de mim tinha medo de voltar e ser prisioneira daquele lugar, de não sair de lá. O mundo era tão bonito. Estávamos a caminho do fim e mesmo assim não tinha pensado em como acabaria com aquele lugar. Der repente eu não via mais nada, Hiver devia estar tampando minha visão, assim como senti meu corpo sendo puxado para trás e encostar no ombro dele.

    - Agora, sem poder ver o caminho. ? ele comentou ? Tu não deseja voltar ou deseja?

    - Eu quero, não irei desviar do caminho. ? respondi com frieza e convicção, sem duvidar da minha escolha.

    - Muito bem.

    Minha visão voltou, mas ele ainda me segurava. Eu ouvia o barulho da sua respiração batendo na máscara e sentia sua calma. Respirei fundo e soltei o ar.

    - Você vai me ajudar, não é? ? indaguei temendo ouvir uma resposta negativa, mas lembrei-me que ele disse que iria me ajudar.

    Ele me soltou e me virei, ficando frente a frente com o homem. Nos olhamos por um tempo, por ele estar ajoelhado tinha ficado mais ou menos da minha altura. Era muito bom não ter que elevar o olhar ou levantar a cabeça. Eu era realmente muito pequena, com um toque de fragilidade. No fundo eu sabia que o tempo fora do Jardim andando pelo mundo me fez evoluir, passei a ter uma visão um pouco diferente das coisas. Ver o ?eu? real dos humanos era aterrorizante, porém necessário.

    - Irei. ? ele colocou a mão esquerda sobre minha cabeça e afagou meus cabelos. ? Agora vamos.

    O dia, aquilo poderia ser considerado dia? O dia estava passando rápido demais, seria efeito de estarmos próximos ao Jardim? Talvez, tudo naquele lugar era relativo. Nada totalmente concreto.

    ( El off )

    Depois de uma longa caminhada pelo lado tortuoso e hostil da estrada, os dois puderam avistar bem ao longe o que parecia ser a entrada do Jardim Das Ilusões. O lugar não tinha aqueles tipos de entrada com portão e muros, passava muito longe disso. Sua entrada era uma fileira de salgueiros-chorões, a grama verde convidava qualquer viajante a entrar e deitar-se nela. A atmosfera não era pesada como parecia, era um paraíso que se tornava um inferno com o tempo. As horas e os dias passavam rápido demais, porém o lugar não deixava seus moradores notarem. E quanto estes notavam, iam embora. Não era necessário ?entrar pela entrada?, havia entradas por toda sua extensão.

    Não era possível notar as ilusões e os ainda moradores dali, na verdade o Jardim das Ilusões estava praticamente abandonado. Deixado ao leu. Praticamente suplicava por atenção, queria ser notado de novo, queria prender de novo.

    Eles estavam um do lado do outro encarando o horizonte, ambos sabiam que talvez não teria volta. Entrando sem um plano B e muito menos sem um A, poderiam ser pegos pela magia do lugar, El seria prisioneira de novo e Hiver... Seu futuro era improvável.

    - Olhe seu passado e descubra o futuro. ? ele comentou secamente. ? Não se arrependa.

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