War of The Union

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Guerra

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Violência

    Já faz um ano que essa maldita guerra começou, pessoas continuam morrendo sem parar. Meu pai e minha mãe, junto com os moradores desse bairro, que agora estou abandonando sem esperanças de retorno, foram as mais recentes vitimas. Não aguento mais isso, pessoas morrem a todo instante, cidades inteiras estão sendo destruídas, todo esse sofrimento por motivos tão fúteis que chega a ser difícil de acreditar. O país do norte deseja as terras de Fiore, para isso está decidido a matar qualquer pessoa que não se entregue por espontânea vontade, mas se entregar não é uma solução, pelo contrário, quando alguém se entrega é levado para se tornar um escravo, até que seu corpo não resista mais ao trabalho árduo, é melhor morrer do que passar por isso. As únicas opções são essas: morrer ou fugir com as esperanças de que um dia a guerra chegue ao fim.

    Meu nome é Lucy Heartfilia, tenho 17 anos, mal tive tempo para me recuperar da perda dos meus pais e já tenho que fugir para tentar lutar pela minha vida. Foi horrível, ainda me lembro dos gritos de desespero e do meu pai tentando me manter segura

    Flashback on

    Estávamos todos reunidos para o almoço, como já era de costume, a mesa estava silenciosa, ninguém falava uma única palavra, não havia nada de bom para ser dito, e continuou assim mesmo com o silencio sendo quebrado.

    - Eu ouvi dizer que as tropas do país do norte estão se direcionando para cá ? Meu pai, Jude Heartfilia, disse, provocando uma expressão preocupada no meu rosto, e ainda mais no de minha mãe

    - As tropas? Eu pensei que este era um bairro seguro, se é assim temos que sair daqui o mais rápido possível ? Minha mãe, Layla Heartfilia, geralmente uma mulher calma e otimista, mas que com a situação atual estava exatamente o oposto disso

    - Bobagem, este continua sendo um bairro seguro, com toda certeza são apenas boatos. Estamos seguros aqui minha querida, não há com o que se preocupar

    - Mas e se não forem só boatos Jude? Não podemos nos dar ao luxo de arriscar - Minha mãe protestava, eu concordava com ela, mesmo que fossem só boatos nós não deveríamos arriscar

    - Fique tranquila, eu vou proteger vocês duas com a minha vida se for necessário, mas tenho certeza de que não será ? Disse meu pai se levantando e levando o prato vazio até a cozinha.

    Ele se dirigiu até o seu escritório, eu fiquei sentada a mesa junto da minha mãe, ficamos em silencio por um tempo, fiquei observando-a enquanto comia, a guerra não lhe fazia bem, a todo o momento estava preocupada com a segurança de sua família, ela sempre fora muito protetora, correr o risco continuo de perder as pessoas que amava devia estar realmente a deixando louca. Resolvi quebrar o silencio constrangedor, não aguentava mais aquele clima tenso

    - Mamãe, acha que ainda vai demorar muito para a guerra chegar ao fim?

    - Eu não sei Lucy, os humanos são muito gananciosos, pode demorar até perceberem que para conseguir o que querem muitas pessoas inocentes estão morrendo. Vamos torcer para que percebam logo isso

    - Sim. Será que o papai está certo?

    - Ele é um homem muito importante, tem fontes confiáveis, se ele diz que é só um boato deve estar certo, vamos confiar nele. Agora pare de pensar na guerra, pensar só vai nos fazer mal e não vai acabar com ela ? Minha própria mãe não parecia acreditar muito nas suas palavras. Ela se levantou, sorriu para mim tentando demonstrar confiança e, assim como meu pai, levou o prato até a cozinha, depois foi até a sala.

    Eu também me levantei, tentando acreditar no meu pai e na minha mãe, mesmo sendo difícil, fui até o meu quarto, escolhi um livro qualquer. Não conseguia me concentrar na leitura então resolvi dormir, rezando para não ter novamente pesadelos sobre a guerra.

    Acordei assustada com um barulho muito alto de uma explosão, não era um dos meus pesadelos, era totalmente real, desci as escadas correndo, quando cheguei à sala encontrei meu pai e minha mãe olhando pela janela, assustados, uma bomba havia sido jogada não muito longe de casa. Consegui um espaço entre eles e consegui ver o que acontecia na rua, pessoas corriam desesperadas, os soldados do país do norte chegavam ao longe, não havia tempo para sair de casa.

    - Você disse que eram só boatos Jude! E agora!? Não temos tempo de fugir ? Era possível perceber o tom preocupado na voz de minha mãe, não era para menos, podíamos morrer a qualquer instante.

    - E-Eu não sei, parecia impossível que os soldados invadissem.

    - Pai, mãe, nós vamos morrer?

    - Não, eu não vou deixar você morrer Lucy, venha comigo ? Meu pai agarrou minha mão e me levou até o escritório, eu podia ouvir os soldados se aproximando cada vez mais, invadindo todas as casas e assassinando os moradores. Meu pai abriu uma porta secreta, um porão, ele me fez entrar ? Layla, entre também, você precisa se salvar, só há espaço para duas pessoas.

    - Não, eu não vou te abandonar.

    - Por favor Layla ? Os soldados arrebentaram a porta de casa, não havia mais tempo ? Droga! Lucy me escute, você não vai sair até que os soldados tenham ido embora entendeu, quando puder sair pegue o que for necessário e se dirija para o acampamento de refugiados, é o lugar mais seguro para você no momento. Nós dois te amamos, sobreviva e lute pela sua vida, você é nosso tesouro, nossa herança, nunca se esqueça disso.

    - Não pai, por favor não me deixe sozinha, PAI! ? Não pude fazer nada, meu pai fechou a pequena porta, apenas fiquei sentada chorando e rezando por um milagre que fizesse com que os dois continuassem vivos.

    Flashback off

    Havia se passado três horas, julguei que fosse tempo suficiente para os soldados terem ido embora, abri a porta do porão cuidadosamente, tentando perceber qualquer som que indicasse a presença deles, não ouvi nada, a não ser o crepitar do fogo que queimava em algumas casas. Sai do pequeno esconderijo ainda com esperanças, essas foram despedaçadas assim que vi os corpos de minha mãe e meu pai estendidos no chão, cobertos de sangue e totalmente sem vida, não tive outra reação se não desabar no chão, tentei controlar as lágrimas, apenas algumas escaparam, eu não podia demonstrar fraqueza, tinha que ser forte e fazer o que meu pai dissera: lutar pela minha vida. Eles se sacrificaram por mim, não vou deixar que esse sacrifício tenha sido em vão.

    Me levantei, mesmo que sem vontade, meu pai havia dito para que eu fosse até o acampamento de refugiados e era isso que eu iria fazer, peguei uma mochila no quarto, peguei algumas roupas, não mais que o necessário, coisas desnecessárias apenas me atrapalhariam. Fui até a cozinha e peguei alimentos que não fossem estragar em pouco tempo, peguei também remédios e curativos, para o caso de me machucar. Era duro ter que abandonar aquela casa, passei minha vida inteira ali, lembro-me de todos os momentos, essas lembranças machucam meu coração, me despedi dos meus pais, queria enterra-los e dar-lhes um funeral digno, mas não tinha tempo para isso.

    Nas ruas haviam sinais do massacre ocorrido, vários corpos no chão, destroços para todo lado, casas em chamas, queria abandonar aquele local o mais rápido possível, caso contrário às lembranças continuariam torturando meu coração. Finalmente havia chegado ao fim do bairro, ainda assim era possível ver a destruição. Meu pai havia dito que o acampamento para refugiados era um lugar seguro, mas não sei se acredito que existam lugares seguros em uma guerra.

    Já fazia 2 horas que eu caminhava sem parar, meus pés estavam me matando de dor, resolvi parar para descansar um pouco, então me sentei em uma pedra. A caminhada distraia minha mente, quando parei foi como se a barreira que segurava as lembranças desmoronasse e tudo que havia acontecido invadiu minha mente, não consegui segurar as lágrimas dessa vez, perdi tudo tão rapidamente, minha cabeça estava doendo, era muita coisa para uma garota de 17 anos lidar. Levantei-me para continuar a caminhada, era melhor conviver com a dor física, a cada passo dado me sentia melhor, mesmo que muito pouco. Chegaria ao acampamento em poucas horas se continuasse nesse ritmo, mas não sei se meu corpo aguentaria, era necessário, sabia disso, precisava continuar mesmo estando no limite, eu tinha medo de descansar, se parasse novamente e as lembranças me invadissem, tinha medo também de que os soldados me encontrassem.

    Estava caminhando pela floresta, o que dificultava ainda mais as coisas, o chão íngreme não ajudava nem um pouco, pelo que eu sabia o acampamento ficava depois da floresta, por isso era considerado seguro, não sei o que vai acontecer de agora em diante, também não quero pensar, pois tudo o que vejo é escuridão e uma guerra que parece não ter fim. Senti-me melhor ao começar a ver o acampamento, estava lotado de pessoas, só mais um pouco e estaria lá, era um alivio.

    À medida que me aproximava pude ver os soldados de Fiore na entrada, eles anotavam o nome de cada pessoa que entrava, não consegui ouvir o que falavam até ser a minha vez, quem anotava as coisas na fila em que eu estava era uma mulher. Finalmente havia chegado minha vez, estava com um pouco de medo, mas era o que meu pai queria que eu fizesse. A mulher olhou para mim, séria e rígida.

    - Nome?

    - Lucy, Lucy Heartfilia.

    A mulher se espantou quando ouviu meu nome

    - Filha de Jude Heartfilia?

    - Sim

    - O que aconteceu com o seu pai?

    - Ele e minha mãe foram assassinados pelos soldados do país do norte esta tarde, ele pediu para que eu viesse até aqui.

    - Eu sinto muito, é uma grande perda, o senhor Jude era um homem muito importante para Fiore, tenha certeza de que os homens que fizeram isso com ele não saíram impunes.

    Eu não queria vingança, só queria o fim dessa guerra, estava muito cansada, a viagem até o acampamento havia sido muito exaustiva.

    - Sim. Por favor, poderia ser rápida? Foi uma viagem muito cansativa

    - Claro. Idade?

    - 17

    - Já está muito tarde, você terá de ficar em uma tenda provisória até amanha, vá para a tenda número 15, amanha iremos ver qual será o seu grupo e te passaremos todas as informações necessárias.

    - Grupo?

    - Tudo será explicado amanha

    Eu não tive outra escolha, fui para a tal tenda 15, também estava morta de cansaço, não iria querer alguém me explicando sobre o acampamento naquele momento. A tenda estava cheia de pessoas, mas havia camas para todos, encontrei uma vazia, coloquei minha mochila no chão e me deitei, estava realmente exausta, mesmo que o dia tivesse sido difícil, dormi facilmente. Não foi uma noite agradável, acordei diversas vezes devido os pesadelos frequentes.

    Quando amanheceu uma sirene tocou acordando todas as pessoas, a mulher que havia me atendido na noite anterior quando cheguei foi me procurar.

    - Senhorita Heartfilia, como eu disse ontem vim lhe explicar como funciona o acampamento. Em primeiro lugar, nós não abrigamos os refugiados, apenas os ensinamos como podem sobreviver, são organizados grupos com pessoas de idades aproximadas, as pessoas desses grupos devem permanecer unidas, sobrevivendo juntas. Venha, vou te levar até os outros.

    Eu a segui, aquele lugar realmente parecia mais um campo de treinamento, as pessoas faziam todos os tipos de treinamentos imagináveis para sobreviver longe da segurança dos soldados, ou pelo menos a ideia de segurança. Percorremos quase todo o acampamento, não entendo porque chamavam de acampamento, não era um lugar para diversão, também não era um lugar aonde as pessoas iam para se distrair e passar os fins de semana se divertindo e fazendo novas amizades, a maior parte das pessoas que estavam ali não queriam estar, o lugar era exatamente o oposto de um acampamento, cuja ideia é passar dias divertidos e agradáveis.

    A mulher parou e eu parei também, a minha frente havia um grupo de jovens, no total eram doze, todos estavam com uma cara séria, menos um garoto de cabelo rosa, ele estava sorrindo, como poderia? Não havia motivos para sorrir, a guerra estava levando todos os motivos para tal ação, por que ele ria como se nada tivesse acontecido? Não fazia sentido, aquele era um momento para chorar e ser sério, não para sorrir, era uma guerra, será que ele não entendia isso?

    - Esse é o grupo que você vai ficar, todos são novos aqui, com exceção da Erza, aquela garota de cabelo ruivo, ela foi treinada para liderar um grupo, boa sorte.

    - Obrigada

    Todos estavam sentados, me sentei também, o garoto de cabelo rosa não parava de olhar para mim, ainda com um meio sorriso ridículo no rosto, tenho a impressão de que não vou me dar bem com ele.


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