tuc! tuc!... tuc! A espada de madeira de Kyo se chocava brutalmente contra a de Kratus enquanto este defendia os ataques que ele desferia. Pensando em estar mais preparado para ajudar a proteger sua amiga durante o casamento dela, Kyo pediu a Kratus que o treinasse para poder refinar suas habilidades. Como os dias eram ocupados com os preparativos o único horário disponivel para tais treinos eram as madrugadas. Kratus se sentiu orgulhoso com a disposição e mentalidade do pupilo e aceitou de bom grado praticar com ele.
Geralmente treinavam com as proprias espadas, mas naquele dia Kratus havia lhe dado a de madeira e disse que o treino seria mais puxado. Havia ficado meio apreencivo mas empolgado com a ideia, mas até agora Kratus não desferira um único golpe e, mesmo que houvesse algo diferente na forma como defendia os golpes de Kyo, não estava achando o treino assim tão exigente.
Até que as posições mudaram.
- Agora vejamos como você se defende
Kratus trocou a passada e partiu para cima de Kyo. O primeiro golpe foi facilmente aparado mas o choque fez o braço de Kyo tremer pela força do golpe e o deixar fora de posição. Não havia como aparar daquele golpe que vinha em sua direção, entao ele rolou para trás de Kratus tentando acertar seu tornozelo enquanto passava perto dele, mas o golpe apenas passou por baixo de um pé levantado.
- Disse que veríamos sua defesa garoto, então defenda e nao ataque
Kratus foi para cima de Kyo com mais velocidade e força obrigando-o a entrar na defenciva e logo seus braços começarar a ficar doloridos de resistir aos pesados golpes do seu mentor.
- Já está bom por hoje, você fez otimos progressos Kyo, já não é mais aquele garotinho imaturo e indefeso q conheci.
Aquilo encheu Kyo de orgulho.
- O-obrigado, senhor.
Kratus recolheu a espada e bagunçou os cabelos do pupilo.
- Vá descansar, amanha tem o dia de folga. Descanse um pouco
Kyo não entendeu por que Kratus o queria fora das arrumações do dia seguinte mas discutiria isso depois, agora realmente precisava do tal descanso.
Indo para casa Kyo começou a reparar nas pessoas que chegavam na cidade. Entravam novos visitantes da hora em que o portão abria à hora em que fechava, e todos eram diferentes, alguns curiosos, mercadores que queriam aproveitar o evento para lucrar com preços quase duas vezes mais caros, lordes e suas escoltas, tropas de soldados livres e contratados de todos os tipos e lugares, tal como as pessoas. Eram tantas pessoas que, mesmo na madrugada, a cidade não parava e era possível ver pessoas transitanto pelas ruas onde quer que olhasse.
E como toda cidade inchada, os problemas também haviam aumentado. Kyo entrou em uma taverna, a Casa das Águias, para comprar um pouco de vinho. Ao passar pela porta viu que o lugar estava lotado como era de se esperar naqueles tempos. Havia um grupo de soldados livres em uma mesa discutindo com uma das servas do local por qualquer coisa que tivesse feito errado, ou não. Havia também outros grupos de soldados bebendo, rindo, jogando dados, ou qualquer coisa. Resolveu ignorá-los e ir direto ao balcão.
- Olá Kyo, já faz algum tempo. Depois que virou herói tem conseguido lugares novos para se esquentar a noite e esqueceu-se de mim?
Judith era uma moça encantadora, possuía longos e pesados cabelos ruivos, um busto chamativo e olhos felinos que faziam parecer que sempre estava tramando algo. E quase sempre estava mesmo. O fato de chamar tanta atenção assim fazia com que preferisse ficar protegida de viajantes abusados e bêbados atrás do balcão. Não que fosse alguem inocente de qualquer forma, ela mais escolhia quem seria servido por ela, e o podia fazer pois era sobrinha dos donos. Ela fora a primeira de Kyo e sempre que tinha a chance de inplicar com ele, o fazia.
- Não me esqueci de você Judith. - disse após se sentar
- Mas nunca mais me visitou, tenho me sentido tão sozinha ultimamente. As noites tem sido frias. - Ela falava como se fosse uma doce e inocente donzela e aquilo poderia derreter muitos homens, mas os dois eram amigos de infancia e não seria rendido por aquele truque gasto.
- Sabe que tenho estado ocupado. Além do que, se bem lhe conheço, com a cidade cheia assim não deve estar passando as noites tão sozinha assim.
- Você é um chato sabia? Não podia apenas se derreter pra depois eu poder rir de você e aquela carinha de bobo que faz?
- Não, não podia. - detestava quando ela tentava o tratar como seu brinquedo preferido.
Judith se apoiou no balcão exibindo o decote bem proximo a Kyo para perguntar ainda em tom inocente:
- E então nobre herói, o que veio procurar nesse humilde estabelecimento?
- Um pouco de vinho seria bom, me veja uma boa quantidade para que possa levar para casa, lá estamos sem.
- Como quiser jovem senhor, e não desejas beber um pouco aqui? Só para aliviar as tensões da noite?
- Não, obrigado. - ja estava começando a se sentir motivado e sabia que o vinho nao o ajudaria a chgar em casa naquela noite dessa vez.
- Bom, - ela se levantou do balcão para ir buscar o vinho - acho que você ja olhou pra eles o bastante - disse ajeitando o decote - se não se rendeu até agora, é porque não será mesmo meu essa noite. Vou buscar seu vinho, não se meta em encrencas, bebê.
Kyo sabia que ela não estava tão certa sobre a força de vontade dele mas preferiu não comentar isso.
Mas antes que pudesse ir buscar o vinho, um grito vindo da tal serva chamou a atenção dos dois. Dois soldados estavam segurando a garota por trás e um deles ja estava enchendo uma das mão com um dos seios da jovem enquanto o outro colocava uma das mão no meio das pernas da garota.
- Tsc! Esses patifes malditos... odeio esse tipo de gente aqui dentro.
Judith pegou um pedaço de madeira que provavelmente já havia sido um cabo de vassoura e saltou por cima do balcão indo em direção aos soldados bêbados. Além de tudo é atlética, talvez eu não devesse ter bancado o difícil hoje.
Lá a garota gritava pedindo perdão enquanto seus capitores continuavam a se aproveitar dela. Agora um dos soldados chupava o seio que antes esteve nas mãos e um terceiro em pé na frente dela a intimidava.
- Não adianta pedir desculpas agora vadia, devia ter feito que agente pediu pra num tá ness... pra num tá nessa. Agora vai ter que aguen-
A pancada foi tão forte que teria lhe apagado se não fosse pelo elmo que usava.
- Tirem essas mãos imundas da garota e saiam daqui agora!
O soldado que estava com o seio na boca parou para olhar para Judith.
- Essa é brava, mas é melhor quando elas oferecem mais desafio. E eu sempre quis uma ruiva
Ele e o amigo riram disso. Judith estava levantando o bastão para acertar outro deles mas havia se esquecido do que havia acertado, e este a empurrou contra a mesa fazendo-a cair de bruços e a agarrando.
- Acha que ela está em apuros? Vai ver o que vou fazer com você sua puta ruiva!
Agora eram duas gritando, uma de medo e outra de raiva. E agora Kyo estava com a espada desembanhada no pescoço do homem que agridira sua amiga.
- É melhor se afastar, se quer ter a chance de abusar de outras moças na sua vida.
O homem se afastou da ruiva e da espada que permaneceu apontada para ele. Em instantes os outros dois soldados haviam empurrado a serva para longe, desembainhado suas espadas e junto com o terceiro ido para cima de Kyo e a luta tinha se iniciado.
Estavam muito bêbados então a luta foi facil. Aparou a espada do primeiro lançando seu braço na frente do segundo atrapalhando seu golpe, com um movimento rapido aparou a estocada do terceiro para baixo e em seguida encaixou o punho fechado no meio do rosto do mesmo, enfeitando o chão com gotas vermelhas e dois dentes. O próximo golpe foi um murro dado com o botão da espada na tempora de um dos outros dois que apagou na mesma hora.
O terceiro soldado olhou para ele e esbravejou antes de ir embora:
- Aguarde herói, sua hora está próxima! Você, essa vadia ruiva, todos vocês! Todos vão morrer em breve! E eu vou mijar no túmulo de vocês!
Com a paz se instaurando novamente, Kyo e Judith ajudaram a jovem serva a se retirar. Mas algo dentro de Kyo estava inquieto. Sabia que quelas foram ameaças de um bêbado frustrado mas... algo nelas perturbou sua alma. O que sera?