Para sempre na memória

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    Capítulo 3

    Lírios e conversas

    Tiago (ainda acho estranho chamar você assim),

    Recebi a sua coruja, sobre nos encontrarmos no Beco Diagonal. Por mim, está certo, mas vou estar com a Liliane também, ok? Ela está passando uns dias em Londres com o pai dela e vai comprar os materiais comigo (já tínhamos combinado isso antes).

    Lílian.

    Sirius leu a carta que o amigo recebera naquela manhã, mas não entendeu porque Tiago pedira que ele lesse, assim, quando desgrudou os olhos da carta, fitou-o e deu de ombros.

    -Se ela vai levar a Matheson, eu vou levar você. ? Tiago sorriu.

    -Tenho cara de bichinho de estimação? ? O outro perguntou sarcástico.

    -Você se transforma em cachorro...

    -Não enche Pontas!

    Os dois riram.

    -Pra que você quer que eu vá?

    -Distrair a Matheson, com o seu charme. ? Tiago sorriu.

    -Ela é amiga da Lily, não? Acho difícil...

    -Só leve ela pra longe com alguma desculpa.

    -Pensei que você e a Lily estivessem com um lance de amizade.

    -Ela pensa que sim, mas francamente, Almofadinhas, você acha que vou deixar de aproveitar as chances que tenho de conquistar ela?

    Sirius sacudiu a cabeça.

    -Ta legal. Vou tentar distrair a Matheson. Mas não prometo nada.

    -Cara, você é mesmo o meu melhor amigo. ? Tiago sorriu.

    Sirius sorriu de volta, revirando os olhos. Pontas ficava alucinado toda a vez que o assunto era Lílian ou se encontrar com ela.

    ***

    Lily terminou de vestir-se e admirou o resultado no espelho. Seus cabelos ruivos caiam em ondas perfeitas até seus ombros, contrastando com a pele clara e os olhos verdes. Sorriu para si mesma, gostando do que via. Tinha vestido uma saia jeans e uma blusinha verde clara, com sapatilhas azuis.

    Desceu as escadas, depois de pegar a bolsa com tudo o que precisava e despediu-se da mãe, antes de aparatar no Caldeirão Furado.

    Imediatamente, a jovem atraiu olhares, mas não ligou muito pra isso, enquanto ia até Tom, o dono do bar hospedaria.

    -Boa tarde, Tom. Pode me informar qual o número do quarto dos Matheson? ? Perguntou.

    -Vou lhe mostrar. ? O homem saiu de trás do balcão, onde se encontrava limpando copos vazios, e seguiu para a escada, com Lílian atrás de si.

    Pararam diante de uma porta no final de um corredor.

    -Aqui está, Srta. Evans.

    -Obrigada. ? Ela sorriu, antes de dar três batidinhas na porta.

    Alguns segundos foram necessários para que um homem com inefável ar de gentleman abrisse a porta e sorrisse.

    -Lílian, pode entrar. Liliane está terminando de se vestir. ? Ele disse.

    -Obrigada, Senhor Matheson. ? Ela sentou-se numa cadeira. ? O senhor irá nos acompanhar?

    -Não. Tenho alguns negócios para resolver e creio que encontrarão boas companhias no Beco. ? Ele deu uma piscadela.

    Lílian lhe deu um sorrisinho.

    Antes que pudessem continuar a conversa, uma jovem de pele muito clara e cabelos loiro platinados apareceu, usando um vestidinho cinza simples, de verão, e sandálias de salto baixo.

    -Lily! Já estava com saudades! ? As duas garotas se abraçaram, sorridentes.

    -Vou deixá-las agora. ? Disse o senhor Matheson. ? Estarei muito ocupado essa tarde, mas pode me mandar uma coruja se precisar de ajuda, está bem, Liane?

    -Sim, pai. ? Liliane respondeu antes que ele se despedisse e deixasse o quarto só para elas.

    -Como foram suas férias até agora? ? Lílian perguntou, ansiosa por conversar.

    -Ah, foi legal. Passei umas semanas com minha avó, em Delfos, e depois fiquei em casa mesmo. ? Deu de ombros. Liliane morava na Grécia, quando não estava em Hogwarts, e sabia de coisas fascinantes sobre a cultura daquele país. ? E as suas?

    -Bem normais. Fiquei em casa a maior parte do tempo. ? Disse a ruiva.

    -Está bem... Não acha melhor descermos? Tem tantas coisas pra vermos no Beco... ? A loira levantou e foi procurar sua bolsa.

    -Er... Eu... Eu combinei de ver o Tiago. Tudo bem se ele passar um tempo com a gente?

    Liliane se virou e encarou Lílian, boquiaberta.

    -Tiago? O que aconteceu com "aquele arrogante do Potter"? ? Ela deu um sorrisinho e Lílian ficou vermelha.

    -Ele... Ele mudou um pouco. Eu resolvi ser amiga dele. ? Justificou-se.

    -Sei... ? Liliane sorria de orelha a orelha. ? Vamos lá então. Não me importo com a presença dele.

    As duas desceram e saíram para os fundos do bar, entrando no Beco Diagonal. Como sempre, a ruazinha estava cheia de bruxos que iam e vinham carregados de compras.

    Liliane sorriu e apontou para um dos cantos da rua.

    -Não acredito... ? Lílian disse, incrédula, pois Tiago Potter estava parado ali, com um buque de lírios amarelos na mão.

    -Vai lá. Acho que isso é com você. ? Liliane deu um empurrãozinho em Lily, que, dividida entre raiva e paixão, seguiu até o míope.

    Olhando ao redor, a loira localizou Sirius Black, acomodado em uma das cadeiras da Florean Fortescue, observando os dois pombinhos e se dirigiu até lá, para esperá-los.

    -Boa tarde, Black. ? Ela disse, ao se sentar.

    -Ah... Boa tarde.

    -Esperando o Tiago, imagino.

    -É. Não tenho muitas alternativas... ? Ele disse, virando-se para ela. Não se lembrava de Liliane ser tão bonita da última vez que ele a vira. Talvez fosse porque ela era monitora da Corvinal em Hogwarts e isso a tornasse um tanto... chata.

    -O que foi? ? Ela perguntou.

    -Nada... Só... Você parece meio diferente. ? Ele comentou.

    -Uhum... ? Ela concordou, antes que um dos empregados do lugar aparecesse para perguntar se ela queria algo. Pediu um suco de abobora e deu o dinheiro ao atendente.

    -Espero que aqueles dois se entendam. Foram feitos um pro outro. ? Liliane comentou.

    -Vão se entender se sua amiga não continuar sendo teimosa.

    -Eu sei. Lily é muito... Não sei explicar. Mas você não pode negar que durante anos vocês eram um porre e uma dor de cabeça para os monitores e pra quase todos na escola. ? Ela riu.

    Ele deu de ombros, com um sorrisinho.

    Liliane recebeu seu suco e começou a bebericá-lo pelo canudinho.

    -Ansioso pela volta das aulas?

    -Não tanto quanto nos outros anos. ? Ele sorriu. ? Essas férias estão agradáveis.

    -Sim... E vai ser nosso último ano. - Liane suspirou. ? Vou sentir falta de Hogwarts quando tiver que ficar na Grécia...

    -Você mora lá, neh? Mas por que não fica em Londres? ? Ele perguntou.

    -Não sei muito bem o que vou fazer. ? Deu de ombros.

    -Eu sei que quero ser auror. Sabe, lutar contra Voldemort.

    -Parece uma perspectiva corajosa. Eu espero me tornar uma medibruxa. É mais a minha vocação... Não sou muito boa em duelos.

    -É uma carreira legal. E importante. ? Ele respondeu.

    Liliane terminou seu suco de abobora.

    -Os pombinhos desapareceram. ? Liliane observou. ?Isso é um bom ou mau sinal?

    -Depende do seu ponto de vista. ? Ela deu uma piscadela sugestiva, que causou uma careta na jovem. ? Pontas não vai fazer nada de mais com ela. Ele a ama de verdade e não vai querer estragar suas chances.

    -Você parece entender muito disso para ser o tipo de cara em quem as garotas saem batendo por aí.

    -Ah, claro, a minha fama. ? Ele revirou os olhos. ? Eu não tenho culpa se elas me acham bonito e querem ficar comigo. Nunca prometi nada a elas. Nem fiz o que o Pontas ta fazendo. Nunca iludi nenhuma delas.

    -Talvez não. ? Ela soltou um muxoxo. ? Mas você não faz ideia do que é conviver com uma garota que ficou com você. Dalila Vance chorou por mais de um mês.

    Ele deu de ombros.

    -Não fico feliz com isso, mas faz parte.

    -Que coisa horrível de dizer! Você nunca se apaixonou por ninguém?

    -Não... Acho que não. ? Ele suspirou. ? Nem sei se quero.

    Liliane revirou os olhos e sacudiu a cabeça, prestando atenção em seu suco. Os dois ficaram em silêncio até que Tiago e Lílian finalmente apareceram.

    -Aparatamos na minha casa pra eu guardar as flores. ? Lílian se justificou. ? Aí minha mãe viu o Tiago e... Bem... ? Revirou os olhos verdes.

    Liliane sorriu para a amiga sugestivamente, antes de levantar. Sirius a imitou e logo os quatro estavam seguindo pela ruazinha.


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