A Dama de Copas

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    Capítulo 2

    Parte 2

    Vestido vermelho carmesim, ela amava vermelho, ela era rodeada de cores avermelhadas, talvez a lembrasse do sangue que já viu cair, que já derrubou e que ajudou a derrubar. Sua pele pálida contrastava com aquele vestido, o espartilho lhe apertava perfeitamente. Ela descia as escadas daquele casarão. Um baile de mascarás. Pensava consigo mesmo ?Porque mascarás? Eles transbordam hipocrisia por elas?.

    Ao chegar naquele salão, cheio de pessoas, ela se sentia suja, tão falsos. Eles paravam, a música parava. Por quê? Só porque ela chegou? Se soubessem que por trás da mascarás de dama de copas estava com os olhos vermelhos, resultado de mais uma noite mal dormida. Por quê? Talvez o passado veio-a lembrar de que aconteceu. Um moço alto lhe estende a mão ?Conceda-me a honra senhorita?? ela apenas o ignorou e andou para o outro lado do salão, sentia os olhos cobiçosos e invejosos pairarem em si ?O quê querem comigo??.

    Porque ela estava naquela festa? Precisava esquecer que era apenas uma criança melancólica e com o coração quebrado. Ela observava todo o salão, tentando alcançar com o olhar o seu querido coringa, o que a fizera sofrer,chorar?Ela estava gostando de sofrer? Acorde dama de copas! Você não merece isso! Ela não ouviu aquela voz, apostou novamente, dançaram a noite inteira. Ao amanhecer estava sozinha em seu quarto, silêncio total, ele se fora,a deixando,a abandonando.Os olhos que brilharam a noite toda nos braços daquele coringa,agora novamente estavam vazios e sem rumo.

    Minha doce garota porque não me ouvira? Ela abraçava os joelhos, fora novamente iludida, olhava para a janela, estava garoando. Então, porque não passear? Pôs novamente um vestido vermelho, mordomo a interrompe a descer as escadas ?Bom dia, tão cedo? Não irá tomar café?? ?Não seja impertinente? suas palavras ríspidas foram suficiente para notar-se o mau humor, mordomo apenas abriu a passagem.

    As gostas tocavam a pele pálida da garota e machucava? Estava ela debilitada? Doente? Minha dama visite um médico? Ela não me ouvira. Andava insistente naquela garoa. Vento frio bagunçou seus cabelos, a flor voou, mas alguém a pegou. Quem? Ele? Ele que a deixara sozinha, que a matava, que perturbara os pensamentos. Minha doce garota não se deixe ser iludida, corte isso de uma vez! Ou irá se cortar?

    ?Espere!? ele disse, mas ela continuou caminhando, como se ele não estivesse ali. Ele segurou no seu braço, com violência ?Não me ouviu?? ?Ouvi, mas não percebes que estou o ignorando?? Aquilo doeu nele, o machucou ouvir isso justamente dela? Ele a tinha nas mãos, mas agora estava aos seus pés,como um simples empregado.

    Ela apenas se soltou, ele abaixou a cabeça e a deixou ir, ela sorria vitoriosamente, voltava para casa, o que era aquilo? Estava se sentindo viva!

    Tanto que recebeu a visita de seu amigo,conversaram,divertiram-se. Sentia-se livre, mas vazia? Ela o amava, enquanto ele apenas brincava com ela.

    Dias, semanas passaram-se? Uma nova festa, seus cabelos negros amarrados num coque frouxo, bochecha levemente corada, vestido vermelho sangue que marcava sua cintura. Descia novamente as escadarias daquele casarão. Seus olhos logo param num casal que dançava majestosamente pelo salão? Valete e Dama de Paus.

    Seus olhos encheram d?água, viu seu mundo desabar e apenas correu para fora, entre todas as lágrimas desciam de forma dolorosa borrando a maquiagem daquele rosto angelical, as lagrimas embaçaram sua vista, apenas se ouve um estrondo e um grito de dor e resmungo dos cavalos e um clarão.


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