Dormi depois de tanto chamar o nome dela. Estava muito cansado, pois a escola ficava um pouco longe de casa.
Acabei tendo o mesmo sonho da visão. O cheiro de jasmim com lavanda invadia meu quarto, e eu dormia.
Meu sonho, como sempre foi estranho. Uma garota chorava e pedia pra eu não me aproximar e várias pessoas me enfrentavam num pátio. Reconheci o pátio. Era o da minha casa. Não consegui ver o rosto dessas pessoas, nem definir o choro da garota, podia ser de Anabella. Mas tinha certeza que não era.
Acordei com ela me encarando, e disse:
- Agora você aparece! Queria conversar com...
-Ele te procurou, né? -Ela me interrompe.
-Quem?
-Tu sabes de quem estou falando?
-Raphael!
-Sim. Ele não deveria ter feito isso.
-Quem é ele Ana?
- Meu noivo!
-Noivo? Você não tem idade para ser noiva!
-Tenho 16 anos, Lincon!
-Eu tenho 17 e não sou casado!
-Você não entende. Antes dos meus pais partirem eles me prometeram pra Raphael, o filho do coronel da cidade.
-Cuma?
-O que?
-Essa é a história mais louca que eu já ouvi.
-hahaha. Bem, eu não estou morta?
-Sim , está!
-Pois então Raphael está morto também?
-É bem provável! Logicamente!
-Nós somos dois!
-Dois? Do que você tá falando Ana?
-Duas pessoas moram nessa casa além de sua mãe e você.
- Quem??
-Eu e Rudolff. Meu Mordomo.
- Ah sim, ele me deu boas vindas quando cheguei.
-Só ordenei para ele ir ver quem eram os novos intrusos.
-Já disse que não sou um intruso.
- É sim, essa casa é dos meus pais.
-Ana, não quero discutir!
-Tudo bem!
Nesse momento Ana vai até o espelho, ela se dá conta de que sua imagem não reflete. Ela admite que está morta. Começa a chorar.
-Como posso ser tão boba ao ponto de pensar que ainda poderia estar viva? -Ela diz praticamente soluçando
-É a vida!
-Não, é a morte!
Ela desaparece. E tive absoluta certeza que o choro da visão e do sonho não era de Anabella.
A noite foi caindo, Eu só queria ouvir música. Pois a Tv ainda não tinha sido instalada em meu quarto.
Fui até o quarto da minha mãe horas depois, ela estava falando com alguém no celular. Marcava um encontro. Ao perceber que eu estava lá, ela desliga o celular, claro se despediu da pessoa antes de desligar.
-Oi filho.
-Namorado?
- Era uma amiga. Tudo bem?
-Sim, só vim te dar um beijo de boa noite!
-Oh meu filho, boa noite pra você também.
Saio do quarto. Vou para minha cama, lembro que amanhã terei que ir a escola, e tudo o que eu queria era ficar em casa.
Ouço um pouco de Nirvana, e durmo.