Não tomei café, vi minha mãe arrumar as coisas, saí.
-Até logo, mãe!
-Filho você vai em jejum? Você tem que comer alguma coisa! Ah, arrumou sua cama?
Minha mãe era neurótica com camas, não suportava ver o cobertor jogado, nem toalha molhada em cima dela, afinal qual a mãe que gosta de ver bagunça na cama do filho?
Fiquei em silêncio, depois soltei um:
-Humhum!
-O que significa "Hunhum" Lincon?
- Eu não sou adivinha! Arrumou ou não?
-É, mais ou menos!- Na verdade eu nem me lembrava disso, só ficava tentando lembrar da noite que tive, se era um sonho ou conversei mesmo com aquele ser lindo!
-Tá bom, eu sei que você não arrumou porcaria nenhuma. Te conheço Lincon! Depois eu arrumo. Vai e compra um lanche no caminho.
Minha mãe não tinha tempo algum de me levar em escola. Eu iria cursar o ultimo ano. Quando fechei a porta, Anabella estava me olhando da janela do meu quarto, lá de cima ela me fazia gesto de adeus. E agora eu tinha compreendido. Não era um sonho.
Meu caminho Foi curto. O colégio era grande. As pessoas eram sociáveis. Aquele lugar não me deixou muito á vontade. Finalmente entendi. Minha mãe me colocara num colégio Católico. Tinha Imagens de Santos para todos os lados. Fui até a sala do diretor. E para minha não surpresa, o diretor era um Padre.
-Bom dia, você deve Ser Lincon.- Disse ele levantando as mãos para me cumprimentar.
-Sim, sou eu!
-Sua mãe acabou de me ligar, avisando que você ia chagar dentro de instantes.
-Minha mãe gosta de ser pontual.
-É, a Sra Cely deve ser uma ótima mãe pra você.
-Sim ela é.
- Eu sou o diretor do colégio, Pe. Antony, me acompanhe para conhecer sua sala.
Fomos direto a um corredor enorme. Quando estávamos no meio do caminho um garoto, aparentemente da minha idade, me segura pelo pulso.
-Me larga! quem é você?
O padre simplesmente abaixa a cabeça, respira devagar e diz:
-Raphael solte ele!
-Quem é esse? Me solta Raphael!- Eu disse, já sem paciência.E num piscar de olho o "Raphael" sumiu.
-Sua mãe me contou desse terrível... Dom?
-Que dom?
-Você fala com os mortos!
- O Sr. sabia o nome dele! O Sr consegue ver. Ainda bem que não é só eu!
- Você é médium Lincon, médium não. Mediador.
-Mediador? Como assim?
-Você consegue ver eles e conversar. Pode ajudar eles seguirem o caminho de alguma forma!
-Ajudar?
-Sim, se eles estão vagando por aí é porque ainda não encontraram o caminho para a outra vida.
- E porque não encontram
- Por que eles pensam que não morreram.
O sinal bate, mais minha curiosidade era tanta que não queria entrar naquela sala. Mas ele insistiu.
Fomos em direção á porta, tudo estava silêncio como se ninguém estivesse lá!
Ele abriu a porta da sala.