"Como foi que ela descobriu, hmm?", perguntou Deidara, corado, para Itachi, que também não conseguia disfarçar seu embaraço.
"MBUÁÁÁÁÁÁ..." Tobi chorava, porque lá vinha Pein de novo com a tesoura para tentar cortar seu cabelo.
"Tobi, já lhe disse que cortar o cabelo não dói, seja bonzinho e..." Pein tentava convencê-lo.
"UÁÁÁÁÁ! NAAAAH, PAPPAAAA!" O bebê desviava-se das mãos de seu "papai", o rosto vermelho e os olhos lacrimosos.
Konan o acalmou: "Tobi, benzinho, é só uma aparadinha, e depois acertar a franja..."
"Deve haver um jeito de fazer o Tobi entender que cortar cabelo não é nada de mais.", disse Itachi.
"Tem razão, Itachi.", respondeu Sasori, tomando a tesoura da mão de Pein.
CLIP!
Itachi estava imóvel, a boca meio aberta, e seu rosto um pouco pálido. Estava com medo de perguntar. "S-Sasori... O que v-você f-fez?"
O ruivo mostrava um cachinho de cabelo preto para Tobi. "Viu, nenê, como não dói?" E se virou para Itachi: "Foi só um pouquinho..."
Tobi entendeu finalmente que não havia problema algum em cortar o cabelo, mas ficou preocupado ao ver Itachi parado, ainda em choque.
"Itachi? Gagababuuh?" O bebê tirou a chupeta da boca e a ofereceu para Itachi, antes de ficar quietinho nos braços de Konan.
Kisame ria, enquanto aparava delicadamente o cabelo de Tobi. "Awww, o bebê quer que Itachi-san fique bem...
"Itachi acordou do transe: "Hn... Eu estou bem... Por que você não cortou o cabelo do Deidara, Sasori?"
"Está brincando? Ele tem mais medo da tesoura que o Tobi...", disse Sasori, encarando o loiro, que estava corado.
"Não é verdade... Hmm... Eu saí por um instante só pra tomar uma água." Deidara estava olhando para o chão.
Hidan provocou, fazendo uma voz exageradamente infantil: "Aww, olha só, Sasori, você vai fazer o Deidara chorar..."
"Eu não estou chorando... Hmm..." Deidara imediatamente modelou uma borboleta e a fez voar atrás do albino.
"Aaargh, não, Deidara-chan, não fala 'katsu', pelo amor de Jashin!" Hidan agora corria pela casa, enquanto todos riam.
Kisame terminou de cortar o cabelo de Tobi e Konan levou o bebê para trocá-lo e pôr-lhe um pijama.
"Haha, nem eu era tão cabeludo quando era pequeno!" Kisame observou, enquanto varria o cabelo cortado do chão.
"Tobi está fofo, dá vontade de morder...", disse Zetsu Branco.
"...e mastigar, mal passado mesmo!", completou Zetsu Preto.
A reunião continuava na sala, mesmo sem Konan; Pein reuniu os pergaminhos e os leu e discutiu alguns planos antes de guardá-los em um estojo enquanto Kakuzu lhe mostrava o caderno de finanças da Akatsuki. Hidan (aliviado porque a borboleta de Deidara não era explosiva) estava segurando seu rosário e fazendo uma prece de olhos fechados enquanto Kisame fazia anotações. Itachi estava pintando as unhas e prestando atenção na pauta. Sasori ajudava a organizar os papéis que Kakuzu espalhou pela mesa de centro e Deidara ficava amassando uma bolinha de argila.
"Amanhã, nenhuma missão, podem dormir até tarde." Pein brincou. "Mas é importante a gente pensar na educação do Tobi... Já mencionei o problema dos apelidos, certo?"
"Vai ser difícil a gente evitar os apelidos pro... 'mochizinho'.", disse Sasori, olhando para Kisame, que estava segurando uma risada.
"Ahem... Vamos pular essa parte, então. Itachi, você vai incentivar o Tobi a gostar de livros."
"Ah, ele já gosta bastante deles: arrancou três páginas do meu livro de contos folclóricos... Bebês gostam de rasgar papel..." Itachi ficou pensativo.
"Eu falo de aprender a identificar palavras... Exercitar a imaginação... De repente a gente pode contar histórias pro Tobi na hora de dormir."
"Pra que, c*****o? A minha cantiga já é boa o bastante pra fazer o pestinha capotar!", riu Hidan.
"Hidan e Kakuzu, vocês ficam encarregados de familiarizar o Tobi com técnicas de taijutsu. É um bebê, mas precisa de atividade física.", Pein alertou.
"Deixe o taijutsu comigo, Kakuzu pode ensinar matemática financeira pro Tobi.", disse Hidan, dando um tapinha no ombro de seu parceiro. "Né, Kakuzu-chan?"
"Muito engraçado, Hidan. Nada de ensinar palavrão pro moleque...", respondeu Kakuzu.
"Eu e Sasori no Danna ficaremos com a parte de atividades artísticas? Hmm!" Deidara estava entusiasmado.
"E desde quando você faz arte, Deidara?", provocou Sasori, só para ver a reação do loiro, que ficou vermelho, fechou os punhos e rangeu os dentes. "Brincadeirinha..."
"Por que não? Zetsu e Kisame também podem ajudar conversando com Tobi, interagindo como sempre fazem...", disse Pein.
"Assim o bebê vai crescer mais confiante...", disse Zetsu Branco.
"...em vez de ficar crescendo pros lados, aquela bola de carne.", resmungou Zetsu Preto.
"Tobi vai poder ir para as missões com a gente mais tarde?" Kisame perguntou.
"Mas é claro que sim!", respondeu Pein. "Lembrem-se de que somos da Akatsuki! Somos, antes de tudo, criminosos de Rank S! Somos temidos e respeitados justamente por termos a tenacidade, a força, o poder!" A essas alturas Pein já estava de pé em cima da mesa de centro, para constrangimento dos restantes. "E é tudo isso que devemos passar para Tobi, que certamente não é um mero bebê e..."
E em questão de segundos o perigoso grupo de nukenin foi reduzido a um bando de babões. Tobi havia entrado na sala, caminhando vagarosamente, em um pijama laranja com bolinhas pretas e com uma touca de lã vermelha com um pompom no topo. Estava segurando seu ursinho de pelúcia. Konan veio logo atrás, morrendo de amores pelo bebê.
"Gugugaagah... Dadada..." E Tobi acenava para todos.
"Abubububububu...", acenou Zetsu Branco, fazendo caretas para Tobi.
"Aah, de novo não! Essa babação vai acabar comigo!", reclamou Zetsu Preto.
"Quem é o 'mochizinho' do papai, quem?" Pein pegou Tobi no colo e deu-lhe uma beijoca na bochecha, tomando cuidado para os piercings não o machucarem. Passou o bebê para Kakuzu.
"Já é tarde, moleque...", disse Kakuzu, balançando Tobi e se desviando para ele não puxar sua máscara. "Vai dormir, vai..." E Tobi foi passado para Hidan, que deu um soprão barulhento na barriga do bebê. Tobi caiu na risada.
"Tá rindo de que, Pestinha-chan?", disse o Jashinista, com um sorrisão engraçado, passando o bebê para Kisame.
"Ei bebê, como está o tempo aí em cima?" Kisame brincou, suspendendo Tobi até o teto e fazendo-o parar nos braços de Itachi.
"Tobi..." Foi só o que Itachi disse, com um pequeno sorriso, enquanto beijava sua testa carinhosamente. Colocou-lhe a chupeta na boca e passou Tobi para Sasori.
"Ei, nenê, hora de dormir..." O ruivo percebeu que o bebê estava bocejando, enquanto o embalava.
"Tobiii... Cuti-cuti-cuti..." Deidara fazia cócegas no pescoço de Tobi com uma mecha dos seus cabelos longos.
"Gahahahaha! Ten-pai, naaaah!" O bebê ria e ao mesmo tempo se encolhia, tentando se desvencilhar do seu senpai.
Sasori olhou para o loiro e suspirou. "Deidara... Tobi está cansado para brincar..."
"Ele me amolava quando era adulto, agora é minha vez de importuná-lo, hmm!", brincou Deidara. Mas de maneira alguma Tobi estava aborrecido. Ele adorava receber atenção.
"Aww, pronto, Tobi, vou parar, senão você vai acabar chorando... Hmm..." O loiro sorriu e beijou o alegre bebê.
Konan pegou Tobi delicadamente dos braços de Sasori para levá-lo para o quarto. "Já era pra você estar dormindo... Dê boa-noite, queridinho!", disse, segurando um bracinho de Tobi e acenando.
Depois de todo mundo acenar de volta, Pein tentou voltar à pauta anterior.
"Er... Sobre o que eu estava falando, mesmo?"
"Sobre sermos fortes e poderosos criminosos de Rank S...", disse Kakuzu, com uma gota de suor anime na testa.
Na manhã seguinte, bem cedo, Zetsu, depois de preparar o café da turma, foi para fora tomar seu banho de sol matinal. Logo todos iam chegando para comer; Deidara estava particularmente entusiasmado.
"Pein, será que eu posso ir para Konoha hoje? Hmm..."
"O que vai haver de tão importante por lá, Dei?", perguntou Konan, curiosa.
"Uma feira de arte! Eu até preparei algumas esculturas para vender, hmm!"
"Boa ideia, Deidara, veja se coloca um preço bom nas suas peças, nada como um dinheirinho a mais..." Kakuzu incentivava.
"Aah, eu lembro de ter ido com Itachi-san à do ano passado!", disse Kisame, sorrindo.
"Verdade... Todo o lugar fica enfeitado, cheio de barracas de comidas de todos os tipos...", afirmou Itachi, que estava dando mingau para Tobi.
Hidan perguntou: "Sério? Todas as comidas? Até..." E olhou para Tobi. "...dango?"
Tobi, que estava de boca cheia, decorou a túnica de Itachi com o mingau, que deixava escapar enquanto gargalhava.
"PRRRFFTTGAHAHAHAA INAAAN!"
"Francamente, Hidan..." Itachi suspirou, com uma expressão entediada.
Pein brincou: "Hmmm, não sei se você vai poder ir, Deidara... O que você acha, Konan, querida?"
Deidara ficava apreensivo, olhando ora para um, ora para outro.
"Aww, amor, ele quer tanto ir, até pode levar Sasori junto, os dois são artistas!", disse Konan, tocando o ombro do ruivo.
"Isso, Danna, vamos lá! Hmm!" Agora Deidara sorria de uma orelha a outra.
"Não, Deidara. Eu já fui à feira de arte duas vezes, quando era adolescente e você provavelmente nem era nascido. Eu me entedio muito facilmente."
"Aww, vamos... Um evento nunca é igual ao do ano seguinte, hmm. Eu não queria ir sozinho... Alguém vem?"
Silêncio sepulcral e cantar de grilos.
"Por que não leva o Tobi?" Pein sugeriu. "Lembra-se de como ele gostou no ano passado, Kisame?"
"Hahaha, se me lembro? Quase que eu e Itachi-san o perdemos de vista! Ele corria como um doido entre as barracas, provando de tudo!"
"Não. Tobi não vem comigo, hmm... Prefiro ir sozinho." Deidara cruzou os braços.
"Aww, mas o bebê não vai se meter em confusões, ele vai se comportar, não é, Tobi?", disse Itachi, limpando a boca de Tobi e colocando-o no chão.
"Além disso, o moleque vai conhecer outros lugares em vez de ficar enfurnado aqui e ser corrompido por um certo albino.", disse Kakuzu.
"Vai se f***r, Kakuzu, o pestinha gosta de mim.", disse Hidan, enquanto dava um pedaço de bacon para Tobi, que ficou sentado no chão, mastigando alegremente.
Deidara levantou-se e foi se aprontar para o evento. "Não se preocupem, vou disfarçado. Mas não com o Tobi. Hmm."
Tobi, que prestava atenção na conversa, só entendeu o "não" e o seu nome. O loiro estava no seu quarto, colocando tudo de que precisava em uma sacola de tecido."Vamos ver... É melhor levar um pouco de argila, não sei se vou voltar a pé pra casa... Hmm." Depois de tudo preparado, teve o cuidado de manter fechadas as bocas das palmas de suas mãos por meio de um jutsu, tirou a bandana da cabeça e amarrou o cabelo num rabo-de-cavalo baixo, além de guardar na gaveta do criado-mudo a mira telescópica que ele costuma usar no olho esquerdo; vestiu um yukata azul com desenhos de pássaros, calçou sandálias de madeira e foi à cozinha se despedir.
"Vou indo mais cedo, pra aproveitar mais... Até..."
"Oooh, como estamos elegantes hoje, hein?" Konan brincou. "Tome cuidado com as garotas!"
Esse comentário fez Deidara ficar vermelho como um pimentão enquanto todos riam. "Ora, n-não seja boba... Hmm..."
Tobi, ao ver seu senpai com uma roupa que não era a túnica da Akatsuki, imaginou que fosse dia de passeio. Levantou-se e caminhou até ele.
"Ten-pai? Ababa... Aga..." O bebê agitava os bracinhos, queria ir junto com Deidara.
"Não, Tobi, definitivamente não, hmm. Senpai vai só.", disse, fazendo-lhe um carinho.
Tobi começou a ficar vermelho, com os grandes olhos lacrimosos e a fazer beicinho, agarrando-se à perna de Deidara.
"Mmmmmmmhhhh..."
O jovem artista cruzou os braços e adotou uma postura autoritária, como faria com o Tobi adulto. "Tobi, pare com isso, senpai é imune ao Kawaii no Jutsu, não adianta, você não vai comigo! Hmm!"
Minutos depois, Konan estava ajudando Deidara a empacotar algumas fraldas e uma mamadeira. Sorte que Kakuzu havia comprado um canguru para poder carregar Tobi enquanto estivesse com os braços ocupados. Sasori estava trocando o bebê e colocando-lhe roupas limpas.
"Era tão mais fácil dizer 'não' para o Tobi adulto... Hmm...", comentou o loiro, com uma gota de suor anime na testa.
"Poderia ser pior..." Kakuzu pôs a mão no ombro de Deidara. "Hidan poderia começar a dar aulas de religião para o moleque..." Disse, em tom de brincadeira, apontando para o albino, que segurava o rosário perto de Tobi, que tentava agarrá-lo, enquanto Sasori terminava de abotoar a roupa.
"Oi, oi, Pestinha-chan, não é pra comer!" Hidan tirou o rosário da boca de Tobi e colocou a chupeta no lugar. Deidara só pôde suspirar.
Um certo alguém estava escutando a conversa, do lado de fora. "Konoha, hein?" Os olhos amarelos faiscaram e uma língua enorme molhou seus lábios. "É pra lá que vou..." E terminou dando uma risada malévola que evoluiu para um acesso de tosse. "Kabuto, traga o xarope..."