|
Tempo estimado de leitura: 2 horas
16 |
A claridade do sol fez-me acordar lentamente, como é bom acordar sem ouvir aquele despertador irritante, pela amanhã. Abri os estores do meu quarto, um vasto manto branco pintava a paisagem. Reparei que as pessoas andavam todas encolhidas, por causa do frio.
Saí do meu quarto, reparei que a porta do quarto dos hospedes ainda estava fechada, não é de admirar, agora que estamos de ferias há que aproveitar ao máximo em acordar mais tarde. Decidi dar uma volta pelo bairro, pois ainda não eram 8:30 vesti o que estava mais á mão. Cá fora o frio sentia-se pelo corpo todo. Pelos parques e cafés que passava encontravam-se quase desérticos. No caminho ainda encontrei varias pessoas conhecidas, estas perguntavam sempre o mesmo, como ia e se o curso estava correr bem, respondias-lhes sempre afirmamente. Segundos depois o meu telemóvel toca, era Toyo.
? Sim?
? Oi Taro? Acordei-te? ? Preocupado.
? Não, nem por isso. ? Tranquilizando-o.
? Ainda bem. ? Aliviado. ? Olha já tomas-te o pequeno almoço?
? Não, ainda não.
? Queres vir toma-lo comigo?
? Claro que sim, é de maneira que pomos a conversa em dia.
? Encontramo-nos no sitio do costume?
A frase dele fez-me recordar os velhos tempos da secundária com alguma nostalgia.
? Sim claro.
Encontramo-nos no restaurante aonde eu e Seiji janta-mos ontem á noite. Reconheci-o ao longe por causa do gorro escuro dele na cabeça, vestia um casaco grosso de cor castanho, tinha as mãos dentro dos bolsos, bem como estava todo encolhido à entrada do restaurante.
? Toyo!!! ? Chamei-o.
? Então, como vais? ? Sorrindo-me.
? Bem. Estás aqui a muito tempo á minha espera?
? Nem por isso. Vamos? ? Abrindo a porta.
No restaurante sentamo-nos nos nosso lugares antigos de quando vinha-mos da escola, eram na ultima mesa com vista para a rua. A proprietária saudou-nos, com uma certa nostalgia.
? A quanto tempo, que não vos via juntos.
Eu e Toyo rimo-nos. Pedi-mos o que costumava-mos pedir nos tempo da secundaria, um sumo de laranja com uma tosta mista. Enquanto esperava-mos olhava pela janela, um pouco pensativo, mas com uma certa nostalgia. Reparei que o movimento dentro do restaurante ainda era pouco.
? Taro há uma coisa que quero contar-te. ? Num tom serio.
? O que se passa?
Toyo ficou um pouco hesitante.
? O Yuzo ? Iniciou. ? trabalha no hospital aonde a tua mãe foi internada.
Senti um ligeiro aperto no meu peito, apertei as minhas mãos com força.
? Taro... ? Preocupado. ? Talvez não devia ter-te dito nada. ? Arrependido.
? Não Toyo!!! Fizeste bem. Assim é de maneira que o evito, se o vir. ? Olhando para ele.
A proprietária torce-nos o nosso pedido.
? Tenham um bom apetite.
Agradecemos e ela afastou-se.
? Já contas-te a Seiji, sobre Yuzo? ? Diz Toyo dando uma dentada na tosta.
? Não ainda, não. Mas também não pretendo dizer-lhe. ? Dando um golo, no meu sumo.
? Compreendo.
? Desde que aconteceu aquilo, deixei de confinar nas das pessoas. ? Olhando fixamente para bebida com olhos semicerrados.
Toyo observou-me durante algum tempo.
? Já faz algum tempo que não saiamos.
? Sim é verdade...que novidades tens para mim, Taro? ? Com o cotovelo sobre a mesa poisando o rosto na mão esquerda.
? Novidades...deixa-me pensar ? Pensativo. ? Já sei!!! Fizemos um mini torneio de kyujutsu na faculdade, e ganhamos.
? A serio?! ? Espantado. ? Fixe!!!
? A principio ainda pensei seriamente se iria juntar-me ao clube ou não, mas no final acabei sempre por juntar-me.
? Ainda bem que o fizeste, porque tens um talento natural. Conta-me mais.
? Hum....Ah!!! De um rival fiz um amigo. ? Rindo-me.
? Rival?! Tinhas um rival?
? Sim, chama-se Jiro. A principio éramos mais ou menos cão e gato.... ? Lembrando-me. ? Mas depois, ele arrependeu-se, basicamente foi isso.
? Ok.
? Ah!! Verdade também conheci uma rapariga um pouco invulgar. Ela adora coisas fofas bem como coisas violentas.
? Nem acredito. ? Espantado. ? Sempre pensei que as raparigas fossem do tipo, mais envergonhadas, tímidas e fanáticas por cor de rosa.
? Mas olha que a Aiko, não preenche muito esses requisitos. Ela é a irmã mais nova de Seiji, mudou-se para Tokio para abrir uma loja de peluche. ? Dando uma trinca na minha tosta.
? Vejo que já conheces-te muita gente em Tokio. ? Pegando na bebida.
? Sim é verdade, desde que Seiji chegou, a minha vida social tem andado muito activa. ? Olhando para Toyo.
? Afinal como conheces-te Seiji? ? Poisando a bebida.
? É uma longa história, mas vou tentar resumi-la. Ele ficou a morar comigo a pedido do director da faculdade, foi ele quem salvou-me de Jiro quando éramos rivais, houve uma ocasião em que tive doente e ele ficou bastante preocupado comigo, no outro dia houve trovoada e ele faltou ao trabalho para ficar ao meu lado e acho que estes foram os acontecimentos que marcaram-me mais.
Toyo nada disse apenas sorriu-se com os olhos semicerrados. Lá fora o sol quis aparecer, para reconfortar um pouco as pessoas lá fora.
? Então e tu que novidades tens? ? Perguntado-lhe.
? Nada de mais, a mesma coisa do costume, carros avariados, clientes impacientes, clientes que tem a mania que sabem todo, ou então uma rapariga boa que passa por lá. Basicamente é isso.
? Hum.... Então e os teus desenhos de esboços de carros?
? Continuam lá na secretaria. ? Mexendo no copo.
? Mas isso não pode ser, porque não entras num curso de design?
Toyo olha-me sem grande interesse.
? Eu acho um desperdício em deitares fora o teu talento.
? Talvez tenhas razão, vou pensar nisso.
? Prometes-me? ? Incentivando-o.
? Sim prometo. ? Fazendo juramento no peito.
? Hoje vou visitar a minha mãe depois da hora de almoço.
? Fazes bem, eu vou lá mas só depois do trabalho.
Pôs as minhas mãos dentro dos bolsos um pouco pensativo.
? O Seiji vai contigo?
? Sim vai.
? Fico mais descansado assim. ? Acabando a sua tosta mista.
Após Toyo saber o que Yuzo-senpai fizera-me, eles os dois tiveram uma briga de tal maneira violenta, que Toyo passou uma semana inteira no hospital a recuperam bem como Yuzo-senpai.
Quando olhei para o relógio do restaurante já marcavam 9:25. Fui ver também no telemóvel as horas para ver-se estavam certas, tinha uma mensagem de Seiji, li-a.
?Bom dia Taro, o que queres para o almoço??
Reparei que a mensagem tinha sido enviada á poucos minutos atrás. Respondi-lhe.
?Hayashi raisu? (arroz acompanhado de carne ao molho)
E ainda acrescentei.
? Vim tomar o pequeno almoço com Toyo, desculpa-me por não ter dito nada.?
Envie-lhe.
? Era Seiji? ? Olhando para mim.
? Sim ele apenas queria saber o que queria para almoçar. ? Com um pequeno sorriso.
? Ele bem diferente de Yuzo, ele era muito protector, quase não deixava-te respirar, e quando via-te comigo.... ? Rindo-se.
? Por favor Toyo não compares Seiji a Yuzo-senpai. ? Um pouco irritado. ? Ele não tem nada haver com ele.
? Ainda chamas-lhe senpai? ? Com os olhos um pouco semicerrados para mim.
É verdade apesar de não estar mais na secundaria ainda continuo a chamar-lhe senpai. Olhando para baixo. A vibração do telemóvel surpreendeu-me, retirei-o do meu bolso era uma mensagem de Seiji abria.
? Taro por mim é na boa ^_^ Espero que estejas a gostar da companhia de Toyo.?
Dei um pequeno sorriso.
? Gosto ver que estás bem, Taro. Faz-me ficar feliz.
? Toyo...
? Não suportaria ver outra vez a sofrer. ? Olhando pela janela durante algum tempo quando de súbito a expressão facial muda para espantado.
? Taro, aquele não é o Seiji? ? Apontando.
Olhei.
? Sim é? Mas o que faz aqui? ? Não percebendo. ? Vou ter com ele, espera aqui.
Sai do restaurante, bem agasalhado ao seu encontro.
? O que fazes aqui, Seiji?
? Bem como sabes foi ás compras, e pelo a caminho lembrei-me que não tinha maneira de entrar em casa. ? Explicando-se.
Pois é esqueci-me por completo que eu sou o único a ter a chave de casa da minha mãe.
? Desculpa-me Seiji. ? Tirando a chave de casa do meu bolso. - Não tinha-me lembrado desse pequeno pormenor. Aqui tens. ? Um pouco envergonhado.
? Não te preocupes com isso Taro. ? Guardando a chaves no bolso.
Antes de me ir embora fiquei intrigado com Seiji.
? Mas, como sabias que estaria aqui?
? Não te lembras do que disseste-me ontem ao jantar? Que este restaurante era o teu sitio preferido nos tempos de escola. ? Olhando para mim.
A única reacção que tive foi de supressa, nunca pensei que ele fora lembrar-se de tal coisa.
? Taro, passa-se alguma coisa?!
? Não de tudo. Há é verdade depois de almoçar-mos vamos visitar a minha mãe, ok?
? Claro. ? Com largo sorriso. ? Então vemos em casa?
? Sim, até já.
Seiji desaparece no horizonte, e eu entro de novo no restaurante.
? Afinal o que aconteceu? ? Pergunta Toyo intrigado.
? Nada demais, é que quando sai de casa esqueci-me que só havia uma chave de casa. ? Rindo-me um pouco envergonhado.
? É mesmo típico teu, mas num bom sentido. ? Rindo-se também.
? Para dizer a verdade não esperava que ele viesse aqui procurar-me.
? Porque dizes isso?
? Ontem viemos cá jantar e contei-lhe que este restaurante era o meu sitio favorito no tempo da elementar e secundaria. ? Sorrindo-me. - O que me espantou foi ele de se ter lembrado disso.
? A presença dele faz feliz, não?
? De certo modo sim, afinal somos amigos.
Toyo nada disse apenas sorriu-se com o rosto apoiado na mão direita a olhar lá para fora. De algum modo a expressão dele deixou um pouco intrigado. O relógio do restaurante marcava já quase 10:15.
? Bem tenho que ir para oficina, trabalhar. ? Levantando-se, com alguma preguiça.
Por insistência da proprietária nós não pagamos a conta. Agora o restaurante começava a ficar um pouco mais movimentado que de manhã. Toyo despede-se de mim bem como ele.
O calor do sol continuava a aquecer um pouco mais o dia de hoje, o que é reconfortante. A caminho de casa os parques vazios que estavam de manhã, agora estão preenchidos pelas crianças. Toquei á porta de casa da minha mãe para entrar. Seiji recebeu com largo sorriso dizendo-me ?bem vindo a casa Taro? . Perguntei se precisava de alguma ajuda este disse que não. Fui para o meu quarto, lembrei-me que na estante do meu quarto tinha um calendário, foi busca-lo. Reparei que tinha fica no mesmo ano quando fora para Tokio. Nele marcava sempre as datas de aniversario dos meus amigos daqui. Reparei que o dia de natal estava cada vez mais próximo e ainda não tinha comprado nada para a minha mãe, para Seiji ou mesmo para Toyo. A minha mãe nunca ligou muito a presentes de natal , ela diz sempre a presença da família já era um grande presente. Mas de qualquer forma tinha de comprar algo para Seiji e Toyo. Para Toyo já sabia o que oferecer-lhe, estava a pensar numa pulseira da amizade a ele e a Seiji....ainda não faço a mínima ideia.
? Ei!!! Taro vamos comer? ? Diante da porta do meu quarto.
? Comer? Mas já são horas? ? Olhando para o relógio do telemóvel. Já marcavam 12:30. Nem me apercebi do tempo a passar. ? Vamos a isso.
Como sempre a comida de Seiji estava óptima. Ajudei-o a lavar a louça. Preparamo-nos para irmos visitar a minha mãe. Pelo caminho comprei-lhe um ramo de rosas brancas, a flor favorita da minha mãe, admito que estou ansioso por vê-la. Pelas montras de roupas e bijutarias que passava-mos dava sempre uma olhadela para ver o que tinham. Notei que Seiji intrigava-se um pouco com a minha acção.
? Taro, sentes-te bem? ? Voltado para mim com as mãos dentro dos bolos.
? Sim não te preocupes.
Tenho de ser mais discreto, talvez seja melhor vir cá um dia a estas lojas quando tiver sozinho.
? Se o dizer. ? Começando a caminhar.
Por fim chegamos ao hospital, comecei a sentir um aperto no peito franzindo ligeiramente o sobrolho.
? Taro ? Pondo a sua mão no meu ombro tirando daquele estado. ? não te preocupes eu estou aqui contigo e tudo correra bem. ? Sorrindo-se.
Como a pequena frase dele fez-me sentir muito mais calmo e tranquilo. Dirigimo-nos á recepção perguntei-lhes em que quarto estava a minha mãe. Disseram-me que estava na ala B no quarto 45. Agradeci-lhes. A medida que passava-mos pelos vários quartos olha por todos os lados para ver se via Yuzo-senpai, mas nada. Por vezes via algum doutor a passar pelo corredor com uma certa rapidez.
? É aqui quarto 45. ? Diz Seiji olhando para o numero e nome da pessoa.
Quando entramos a minha mãe via TV, sem muito interesse.
? Mãe? ? Disse.
Ela olha-me espantadíssima, as lágrimas começam a correr-lhe pelo rosto abaixo.
? Taro, meu filho. ? Com as mãos no rosto ainda não acreditando.
Dei-lhe um abraço forte que perdurou alguns minutos.
? Toma isto é para ti. ? Dando-lhe o ramo de rosas brancas.
? Oh!!! Filho não precisavas de ter gastado dinheiro a tua presença já é o suficiente. ? Pegando o ramo.
? Mãe queria apresentar-te o meu colega de quarto. ? Aproximando-me de Seiji.
? Este é Seiji Noburo.
? Prazer. ? Disse minha mãe fazendo uma pequena vénia.
? Seiji é a minha mãe Mayumi Yamato.
? O prazer é meu senhora Yamato . ? Retribuindo também com uma vénia.
? Como tens passado? ? Olhando-a com sorriso.
? Bem, as minhas amigas tem vindo visitar-me, com regularidade.
? Ainda bem, fiquei um pouco preocupado contigo. ? Agarrando uma das mão dela com gentileza.
? Não era a minha intenção, filho. ? Pondo a sua mão por cima da minha. ? Desculpa-me.
? Agora o que interessa é recuperares o mais rápido, possível. ? Num tom confiante.
A minha mãe apenas sorriu-se com largo riso nos lábios.
? É verdade quase esqueci-me de dizer-te, na semana passado tivemos um tornei de kyujutsu e ganhamos.
? Como fico feliz, por ti meu filho, Toyo nunca se enganou a teu respeito.
? Já sabes quando te dão alta?
? Pelas previsões deles só depois do natal.
Fiquei um pouco desapontado com a resposta dela, por que não queria que passa-se sozinha o natal.
? Não fiques assim meu filho, para mim o natal é todos os dias, só basta queres-mos, não é? ? Acariciando-me o rosto com a delicada mão dela.
? Sim é verdade.
No corredor ouço passos de alguém aproximar-se, do quarto.
? Talvez seja o meu médico. ? Disse minha mãe. ? Sempre dia sim e dia não o médico tem de vir cá ao meu quarto ver como estou. ? Explicando-se.
? Compreendo.
Os passos da pessoa aproximavam-se cada vez mais, até que por fim pararam, sentir um leve arrepiou na espinha.
? Taro-kun?
A voz dele fez-me congelar todo o meu corpo por momentos, está voz não pode ser, os minutos que demorei a voltar-me para entrada para ver o rosto dele pareciam uma eternidade.
Não pode ser....O meu maior receio tinha concretizado-se.
? Yuzo-senpai.... ? Sem reacção.