(Cap. 4) Semelhança
Notas do capítulo
Oie! Desculpem a demora, acabou que meu cabo de fonte de modem queimou (mais uma vez T^T).
Boa leitura!
POV?s Aileen
Acordei com Loki ao meu lado, ele, porém, já estava acordado. Fazia carinho no meu cabelo, retirando-o de meus ombros. Sorri, me espreguiçando. Dei-lhe beijo rápido, bocejando logo depois.
? Ainda está com sono, preguiçosa? ? ele disse, rindo.
? Na verdade cansada... Mas olhar para você já me anima!
Loki estava sem roupa, e eu também. Já havia se tornado um costume entre nós, não havia pudor nem vergonha de nossos corpos. Eu gostava da sensação de acordar e ver os olhos dele me encarando. Eu estive por longos anos alimentando um desejo que jamais pensei que se tornaria realidade: ver o meu irmão. E agora ele estava ali, e nos conectávamos da mais linda forma.
Não falávamos sobre nossos passados, mas eu tinha uma necessidade de compartilhar com ele os detalhes de nossa família de sangue. Eu sempre vivi no reino, escondida é verdade, mas nunca fui impedida de estar ali. Já ele, foi privado de tudo, da nossa historia, da sua casa, da sua família.
? Loki, já é hora de você saber...
? Aileen, não comece de novo...
? Mas meu irmão, eu preciso te contar...
? Eu não quero saber...! ? ele deitou-se, virando o corpo.
Eu só queria o bem para ele, como ele não podia entender?!
Ah, realmente, amo Loki com todas as minhas forças, mas ele é tão cabeça dura que me dá raiva. Tão bobo, inseguro, desconfiado... Toquei em seus cabelos, passando o dedo indicador em seu pescoço e descendo para o ombro, aproximei-me dele, deitando minha cabeça no seu braço.
? Loki...
? Eu não quero saber...
? Você precisa saber se não vai nos odiar eternamente...
? Eu não te odeio Aileen.
? Mas odeia o restante de nós... Quero que saiba de tudo, para que não sinta mais essa dor... ? coloquei a mão onde fica o coração dele ? Isso está te destruindo, irmão...
? Aileen, não quero já disse!
Ele se levantou da cama, me deixando lá sozinha. Agora eu havia ficado com raiva.
? Mas que saco! Do que raios você tem medo?! ? eu gritei ? É a sua historia no final das contas!
? Tenho medo de perceber que estou maluco... ? ele me disse calmo.
Saiu do quarto, e apesar de eu tê-lo seguido, ele foi mais rápido e fugiu de mim. Voltei para meu quarto, e vesti-me adequadamente. Comecei a arrumá-lo, mas não deixando de pensar em como estaria ele.
Por que tudo tem que ser tão difícil assim para ele?
POV?s Loki
Eu estava na frente daquele precipício onde Hogun, Sif, Volstagg, Frandal, Thor e eu lutamos, anos atrás. Naquela época, ?unidos?.
Eu ri.
As lembranças daquela batalha me vieram à mente. Quando aquele gigante de gelo havia me tocado, me fazendo parecer com ele; e aquela estranha sensação de pertencer a um lugar surgiu em mim de forma avassaladora. Eu não sou uma pessoa covarde, sou corajoso até demais. Mas naquela hora, eu senti medo.
Aileen estava certa, eu odiava os gigantes de gelo, mas não era como se eu os odiasse sem motivo. No começo, fora apenas uma pequena trapaça para cancelar a coroação de Thor, porém, naquele dia, eu senti uma eletricidade terna passar por meu corpo e o sentimento de ?pertencer? havia invadido meu corpo como eu jamais sentira em toda a minha vida.
Não pude deixar, confesso, de me sentir culpado pelo que fiz na hora em que cai no limbo. O olhar decepcionado de meu pai, os olhos azuis de Thor. Aquela voz grossa gritando meu nome soou em meus ouvidos durante muito tempo, e as palavras de Odin dormiram em meio as minhas lembranças.
As memórias daquela batalha em Bifrost, quando ele dizia que tudo que eu fazia era loucura, estavam ainda vivas. Eu chorava. Não consegui suportar a dor de agir contra a pessoa que eu mais amava na vida, e mesmo me sentindo o mais louco e possesso, eu continuei. Queria provar ao meu pai, à Thor, que eu era digno. Digno de ter o trono, de tê-los como minha família...
Descobrir que eu era filho de Laufey foi um choque muito grande. Sempre soube que eu não era irmão de Thor, algo em mim gritava essa verdade. E isso não era o pior: fui ensinado a amá-lo incondicionalmente.
Eu já havia escutado boatos estranhos pelas bocas das pessoas que diziam que eu e Thor éramos as esperanças de paz. E desde pequeno, vi-me cercado por tudo que o envolvia. E quem me alimentou este desejo foi o próprio Odin. Com suas palavras ambíguas e misteriosas.
Lembranças me voltavam à mente, de uma vez em que eu escutava uma conversa de meus pais escondido.
? Eles se completam... ? comentou Frigga ? A força foi dada a Thor, mas a prudência, à Loki... Você os criou assim Odin...
? Sabe mais do que ninguém que não devia ser assim... Não podia... ? Odin começou a falar e ela o cortou.
? Mas foi você quem lhes deu o destino, lembra-se... Uma aliança irrompível entre Jotunhein e Asgard; Thor e Loki juntos; tudo correu como você planejou, não é como se eles tivessem a escolha.
? Mas sabe melhor que ninguém por que trouxe Loki para cá...
? Pare de iludi-lo, Odin! Já é hora dele saber seu propósito neste reino. Você nunca faz nada a toa. Não é possível que agora vá errar! ? ela elevou a voz ? Conte a eles, já são adolescentes e maduros...
? Este é o problema... ? Odin olhou para a porta.
Voltei para meu quarto, encontrando lá Thor. Ele estava de pé, observando minha estante de livros com a mão direita no queixo e a esquerda apoiava o cotovelo junto ao corpo. Os cabelos estavam curtos - ele havia acabado de apara-lo ? e a roupa não era uma armadura de quando treinava o que me levou a crer que ele estava aqui há pouco tempo.
? Profundas reflexões sobre os mistérios da magia, irmão? ? indaguei, dando um meio sorriso.
Ele abriu um grande sorriso, mostrando os dentes brancos. Virou-se para mim, abrindo mais o sorriso.
? Divagando, na verdade, sobre como você consegue ler tanto...
? É por que eu gosto... ? eu me aproximei dele, ficando ao seu lado ? Mas diga o que faz aqui? Pensei que estaria com Sif; soube que ela seguiu a carruagem.
? Sim, mas quando disse que estava vindo encontrá-lo ela logo fechou a cara e disse que tinha que ir embora...
? Entendo...
? Diga... ? ele voltou a fitar a estante ? Você gosta... Dela...?
? Bem, houve uma época que achei que sim... ? sentei-me na cama ? Mas eu percebi que era apenas apreço. Por que a pergunta? ? cruzei minhas pernas, dobrando os braços ? Não precisa se preocupar, eu não pretendo rouba-la de ti, irmão...
? Não é disso que tenho medo... ? ele disse baixinho.
? Então, do que... ? fui calado quando a porta se abriu e pude ver Hovenna entrando no quarto.
Ela era minha professora de magia, e tinha permissão minha para entrar e sair do meu quarto quando quisesse.
? Oh, perdão, príncipe...
? Tudo, bem, eu já estava indo para a sala Hovenna... ? eu me levantei
? Te espero lá então...
Ela saiu do meu quarto, e eu voltei minha atenção a Thor. Ele agora se sentava na cama, com as pernas meio abertas e os braços cruzados.
? Eu preciso ir estudar... ? eu disse ? E é melhor que vá treinar também, afinal, ainda tem que competir comigo pelo trono... ? brinquei.
? Pensei que íamos nos divertir hoje...
? Se tiveres sóbrio até a noite, talvez eu possa lhe acompanhar a uma taberna local...
? Ih... ? ele coçou a cabeça ? Combinei de ir com Volstagg...
? Fica pra próxima então... ? passei por ele, pegando meu casaco que ficava na cabeceira da cama. ? Até mais, irmão...
Sai de meu quarto, deixando-o lá sozinho e fui para as minhas aulas de magia. Como Hovenna era uma das únicas e mais habilidosas de Asgard, eu fazia o impossível para ter aulas com ela sempre que lhe parecesse conveniente.
Fiquei lá o restante da tarde, e a própria Hovenna disse que eu estava aéreo naquele dia. Pedi desculpas e voltei a treinar com mais afinco. À noite, quando ia para meu quarto, vi Sif saindo dele. Ela me encarou e eu fiz o mesmo, mas partiu dela a iniciativa da conversa.
? Teu irmão me encheu o saco para ficar em seu quarto; está na cama, cuide dele agora, eu já fui sua babá hoje...
? Ah, sim. Obrigado... ? disse somente.
Ela voltou a andar, saindo do castelo. Entrei em meu quarto, e vi Thor jogado ali de qualquer jeito. Peguei-o pelo braço, suspendendo-o, e fazendo-o ficar sentado. Ele me abraçou o pescoço, e então eu o arrastei para o banheiro. Mandei que ele retirasse a roupa e entrasse embaixo d?agua.
? Assim que terminar me chame. Não durma.
Sai do banheiro. Minutos depois a agua parou e eu entrei depois de ele me chamar. Ele vestiu apenas a calça e o tronco ainda estava meio molhado. Os cabelos estavam grudados no rosto, e o olhar embriagado.
Arrastei-o para a minha cama e o deitei nela. O cobri, e quando chegava a seu pescoço ele me abraçou, me jogando na cama. Tentei levantar, mas mesmo bêbado ele era mais forte.
? Eu te transformaria num sapo se tivesse acordado... ? eu disse levemente irritado.
Ele sorriu não me deixando sair dali. Rendido, entrei embaixo das cobertas ficando próximo a ele, já que seu braço em meu pescoço não me deixava afastar muito. E depois de um tempo, ele adormeceu finalmente.
Eu ainda estava acordado, fitando seus olhos fechados, o nariz, a boca...
Aproximei meu rosto do seu, quase fazendo-nos tocar pelos lábios, mas me afastei quando ele mexeu cabeça. Gelei. Mas ele apenas ajeitou-se mais, agarrando mais um pouco a mim. Meu coração acelerou, e mais uma vez eu me aproximei dele, desta vez na segurança de que ele não acordaria, e vagarosamente, aproximei nossos lábios.
Eles já se roçavam, e ironicamente, foi Thor o agente da ação. Agitado, ele me puxou para perto e sem querer fez nos beijarmos. Uma onda elétrica percorreu todo o meu corpo, e eu já formulava uma desculpa para que quando ele acordasse acreditasse em mim. Mas nada, ele não acordou.
Continuei aquele contato, ousando mais um pouco nele. Movi minha língua de encontro aos seus lábios, e permiti que ela quase entrasse na boca dele. E quando a ponta dela tocou nos lábios dele, senti que tudo que eu precisava na vida, era daquilo. E me afastei atordoado.
Naquela noite, eu não preguei os olhos, eu apenas fiquei encarando o rosto cansado de meu irmão no travesseiro.
Minha mão se moveu aos meus lábios, e eu os toquei, lembrando-me da deliciosa sensação de beijar Thor. Meus olhos estavam fechados e vinha em mim uma brisa fria que fazia meu corpo se arrepiar. Minha língua saiu, tocando o dedo indicador, como se desejasse sentir o calor dos lábios dele. Abri meus olhos, balançando a cabeça para fazer todas aquelas lembranças se afastarem.
? Não posso... ? eu disse a mim mesmo.
? Irmão... ? ouvi a voz de Aileen me chamar, tão macia.
? Você venceu minha cara... ? eu me virei e caminhei para ela ? Talvez eu encontre alguma verdade em teus olhos carmim... ? eu disse, lhe fazendo um acarinho no rosto, e ela logo abriu um sorriso.
Beijei-a, não sentindo a mesma sensação. Mas seu beijo era o que mais se comparava ao dele. Talvez, em tudo nela me lembrasse um pouco Thor.