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Na manhã seguinte enquanto descansava no porão da grande casa do clã Rosae, mesmo em meu ''sono'', podia sentir algo no ar. Mudanças, problemas, peças no grande tabuleiro dos vampiros estariam em movimento. Era apenas uma sensação, mesmo assim meditei sobre isso e minha nova condição; vampiro digno de notoriedade mesmo sendo recém criado. E ''senhor'' de uma outra recém criada.
Karen não mudou seu humor como imaginei que fosse acontecer. Mas estava sempre por perto agora, embora tentasse não me deixar frustrado com sua presença.
Vini pareceu adorar a ideia de outra vampira na casa, mas não deixou isso transparecer para Sara, enquanto esta continuava tentando vestir a nova hóspede.
Lucius recusou-se a dar mais detalhes à respeito do sangue em meu corpo. Aparentemente não era hora de ninguém, nem mesmo eu ouvir sobre aquela verdade. Me perguntei se isso traria problemas no futuro, e senti como se fosse uma pergunta retórica.
Uma semana se passou. E nesse meio tempo Lucios deixou Sara encarregada de administrar nosso treinamento. Apanhei feito um imbecil. Vini, Sara e até o velho Pedro se empolgou e entrou vez ou outra nas lutas só pra ter o gostinho de me quebrar - e pra meu espanto o velho lutava bem, tinha muita força obtida devido ao sangue de vampiro que ingeria regularmente para se manter vivo.
Apenas Karen não me atacava. Ela se recusava apesar da insistência de Sara. Lutava apenas contra os outros, e notei que estava empolgada no treinamento também. Foi voluntária a correr dos cães de pedro, os animais alterados com sangue de vampiro que mais parecem monstros. várias voltas por toda a extensão do terreno e todos perceberam como a garota era veloz.
Aprendi muito no decorrer da semana. Me sentia bem com minha nova realidade. Era mais fácil aceitar as coisas tendo outros como eu por perto. Mas não havia me esquecido de coisas dolorosas e comecei a me sentir inquieto e impaciente outra vez. Precisava resolver assuntos pessoais antes que isso me consumisse.
Como acontecia sempre, Lucius estava fora por um tempo, resolvendo seus dilemas secretos. Agora eu havia recuperado minha permissão para sair da casa, mas deveria tomar cuidado extra, e não sair nunca sozinho pois seria alvo fácil.
Foi numa noite dessas que Natan apareceu. Falou com Sara, como era de costume e resolveu o que tinha pra fazer. Só agora eu sabia que ele tinha um acordo com o clã, e que regularmente buscava sangue de vampiro que Lucius deixava reservado. Era comum eles usarem o poder do sangue para potencializar sua força, velocidade e resistência, mesmo que temporariamente.
Mas naquela noite Natan veio trazer algo para mim. De Marcos, seu tio e mentor. Era uma carta que explicava tudo o que ele havia descoberto até agora sobre a morte de Rose e os envolvidos. Marcos não tinha tempo sobrando para continuar cuidando daquilo embora tivesse sido tentador resolver o crime de uma antiga aluna tão querida. O momento ainda não parecia tão apropriado, dizia ele, mas julgava que eu saberia o que fazer e deixava tudo em minhas mãos.
Mas era um presente. Para mim que sentia o dia e a noite como um só, aquelas poucas horas vividas como um vampiro se tornavam em uma pequena eternidade na espera pela resolução do caso mais importante para mim. A agonia teria fim. E fiquei ansioso para saber como me sentiria após tudo isso acabar.
No fim da carta Marcos fazia uma recomendação; '' Deve agir como uma sombra, tal como seus instintos sugerem. Não permita porém, que sua fúria tome as decisões por você. Tenha disciplina.''