(Cap. 2) Veredicto
POV?s Thor
Os olhos dele eram indecifráveis, eu tentava descobrir o que ele sentia, mas não conseguia nem saber o que se passava na minha cabeça quando mais na dele. Seus olhos rolaram para meu pai, mas eu me mantive lhe olhando; Sif agarrou meu braço, me mandando sentar bem baixinho, já que meu pai começava a falar.
Nas primeiras acusações pude ver Loki rolar os olhos, tomando uma postura despojada e aborrecida no salão. Sua perna direita estava dobrada apoiando o corpo, e se suas mãos estivessem soltas eu apostaria que as duas estariam na cintura.
Sorri bem de leve; eu nunca entendi o porquê ele causar tanto mal a Asgard, a Terra, a mim, ao meu pai... Digo o que o fez agir assim? Por quê? Mas ele nunca me diz nada, muito fechado, muito recluso, foram poucas as vezes que pude entender o que ele queria dizer apenas com os olhos, e olhe que sou ótimo nesse quesito.
? Pelo meu pai. ? a voz de meu pai soou grossa ? Pelo pai dele. Eu tiro de você seus poderes. Eu, Odin, pai de todos, bani-lo-ei de Asgard.
Loki soltou uma risada nasal que eu não compreendi. E de repente, meus olhos começaram a me enganar. Eu via sua pele branca como papel se tornar azulada, os olhos tomaram cor vermelhada em toda a extensão. Fiquei em choque. Ele era um gigante de gelo?! O que meu pai fez a ele? Como ele pode fazer isso?!
? Levem-no... ? Odin disse, batendo com a lança no chão.
Sif soltou suspiro alto de surpresa e meu corpo todo se moveu para frente. Ela quando viu o que eu pretendia fazer, segurou meu braço, mas eu me soltei e pulei da arquibancada, chamando atenção de todos na sala. Assim que me levantei e comecei a andar, dois guardas vieram até mim. Desviei de deles e mais vieram me impedir de chegar ao meu irmão.
? Soltem-me... ? quase rosnei.
E como da ultima vez eu o vi sorrir sobre a mordaça, apenas por seus olhos expressivos. Parei de andar assim que Frigga interveio em mim, segurando em meu peito.
? Guardas, levem o prisioneiro. ? Disse meu pai. Vi-os pegaram Loki pelo braço e puxá-lo para longe.
? Não! Parem! Parem agora! ? eu gritava, tentando me afastar dos braços de Frigga e agora de Sif, que a ajudava.
? Thor! ? bradou Odin para mim ? Isso não é assunto seu...
? Desde quando não é assunto meu?! Loki é meu irmão!
? Ele não é um de nós.
? Ele é meu irmão, teu filho! Ele é um de nós! ? gritei ? Não importa a forma que tenha!
? Mas isso não parece bastar a ele! ? Odin gritou. ? Estou banindo meu filho de minhas terras, sua mãe está chorando, todos não queríamos isso!
? Que não o fizesse! Traga-o de volta, meu pai!
? Não posso meu filho, não até que ele nos aceite... Ou melhor, se aceite...
Livrei-me das duas mulheres que me prendiam e dei as costas para todos. Ouvi meu pai ainda perguntar aonde eu ia, mas no momento meu coração e cabeça estavam confusos demais. Sif me gritou e ouvi uns passos, mas depois disso parou. Meu pai a havia chamado. E era melhor assim.
Pov?s Odin
Assim que Thor saiu da sala, me acusando em pensamento ? coisa mais fácil de deduzir não tinha ? me virei para Sif, a melhor amiga dos meus filhos pelo que eu sabia.
? Sif, deixo aos seus cuidados a guarda de Loki. Você só precisa me manter informado se ele está bem ou não, sem detalhes.
? Tudo bem, meu rei.
? E ainda não diga nada a Thor, está terminantemente proibido que ele saiba de qualquer coisa sobre Loki, entendida? ? eu disse bem ameaçador.
? C-certo...
A guerreira se curvou diante de mim antes de sair pela porta. Frigga olhou para mim e suspirou cansada. Soltou um gemidinho de choro e me abraçou. Abracei-a de volta, também culpado. Não acredito que está acontecendo de novo. Meu coração está ainda mais aflito.
Pov?s Sif
Sinceramente, eu não tinha cabeça para procurar Thor. Não agora, eu tinha que ver Loki, falar com ele, olhar em seus olhos e procurar uma verdade imutável naquele ser escorregadio. Sabia que Odin o havia levado para a prisão por que ainda cogitava a possibilidade de perdoá-lo, mas pelo visto ela idéia se foi. Corri pelo palácio até o estábulo, pegando meu cavalo negro e corri para Bifrost. Ele não estava lá, voltei com meu cavalo para a prisão e finalmente o encontrei.
? Saiam. ? ordenei aos guardas.
? Com a ordem de?
? Odin. Agora, saiam. ? ordenei paciente aos guardas.
Eles saíram de caras torcidas; dei um pequeno sorriso e entrei na cela. Procurei Loki e o vi parado, olhando para a parede. Sua boca ainda estava tampada, mas eu sabia que se ele pudesse falar, não diria nada.
? Loki... ? eu o chamei.
Ele se virou vagarosamente para mim. Seu rosto foi iluminado pela luz da pequena janela da cela, podendo assim ver o azulado que cobria sua pele. Assustei-me novamente, levando minha mão na boca.
Dei alguns passos a frente, estendi a mão para seu braço e toquei com o dedo. Era diferente. Retirei o dedo na hora com medo de me congelar. Mas não, era apenas gelado, nada mais. Ele pendeu a cabeça para o lado, com um sorriso irônico que eu conhecia.
Levei a mão para o rosto dele, vendo-o crescer levemente os olhos. Afastou-se no começo, mas eu lhe puxei pelo cabelo, fazendo os olhos dele se fecharem em dor. Sorri e peguei em sua bochecha.
? Loki... Eu... ?
Ele balançou a cabeça negativamente para mim
? Por que nunca me contou? Ou mesmo a Thor? - Ele não podia me responder, eu sabia, mas eu tinha que perguntar. ? Por que não confiou nos seus amigos?
Ele me olhou incrédulo. Eu sabia ler seus olhos como ninguém. Ele dizia claramente: vocês nunca foram meus amigos. Eu lhe olhei triste. Meus dedos desceram para sua nuca, fazendo carinho ali. Aproximei meu rosto do dele, colando nossas testas.
? Não faça nenhuma bobagem, Loki... ? ele balançou de leve a cabeça.
Ele forçou seus braços a se abrirem pelo barulho das correntes.
? Eu amo a Thor tanto quanto você, então, por favor, Loki... Por ele...
Ele forçou novamente os braços a se abrirem, mas nada deu certo. Eu sorri triste. Beijei seu rosto e me afastei, vendo que seus olhos vermelhos estavam fechados. Eu ainda lhe acariciei os cabelos, arrumando a bagunça que lá estava. Afinei as sobrancelhas dele, penteando-a e passei a mão no seu nariz, coisa que ele odiava.
Afastei-me dele, tomando postura séria. Ele riu me olhando com cara de quem não acredita que posso dar um chute em seus sacos. E ele sabia exatamente que eu seria muito capaz de fazer isso.
Peguei-o pelo braço, arrastando-o de falsa má vontade para fora, os guardas me olharam e eu lhes disse que estava na hora de mandá-lo para Bifrost, e Heimdall fazer o seu dever.
Acompanhei-os até a ponte arco-íris, mas eu não fui muito longe, senti a presença de Thor lá, e não iria enfrentar a fúria daquele homem insano. Principalmente quando o assunto era o irmão mais novo: Loki.
POV?s Loki
Senti a presença de Thor quando ia me aproximando de Bifrost, senti novamente meu estomago se revirar. Meus olhos estavam se cansando e eu olhava de um lado para outro procurando uma ultima vez os olhos azuis de meu ?irmão?. Não os vi, mas podia senti-lo ao meu lado. Quando Heimdall abriu os portões de Bifrost, senti minha alma deixar o meu corpo e meus olhos se fecharam um sono profundo. E a viagem demorou mais de que deveria.