E lá estava eu, deitado em uma cama, coberto por um lençol branco e macio. Debruçada na cama, encontra-se uma garota, por volta de seus 15 anos, cabelos loiros, olhos azuis com o sol refletindo em seu rosto angelical, dormindo. ?Ela deve ter ficado esperando eu acordar ? penso?.
Levanto-me da cama e enquanto estou indo até a porta, a garota atrás de mim acorda. Paro. Olho para trás e espero alguma reação da garota.
? Você deve se deitar! Você está ferido! ? ela diz.
Antes mesmo dela terminar a frase, me deparo com um enorme corte em meu abdômen e assim que toco o ferimento, minha cabeça começa a rodar, minha visão embaça e a última coisa da qual me lembro antes de desmaiar é da garota desesperada tentando me ajudar.
? Então você acordou. Se sente melhor?
? Acho que sim. ? digo, observando a luz, que suponho ser de alguma magia, brilhando em cima do ferimento e aliviando a dor ? Você é uma maga?
Ela balança a cabeça positivamente e pergunta:
? Qual seu nome?
? Kai. O que houve comigo? ? pergunto, examinando todo meu corpo que está coberto de ferimentos.
Kyoko, a garota que me cura, diz que ela e seu pai me encontraram desmaiado num riacho próximo a casa dela quase morto e me trouxeram para cá. Tenho apenas algumas memórias vagas do que me aconteceu. Um monstro enorme, sangue, gritos desesperados, vozes conversando, discutindo.
Logo que termina de me curar, Kyoko recomenda que eu fique em repouso enquanto sai do quarto. Fico sozinho observando a luz do sol pela janela ao lado da cama e tentando me lembrar do que me acontecera. De uma coisa tenho certeza, o pessoal da Ponytail, minha guilda, deve estar preocupado comigo. Tenho que sair daqui o mais rápido possível para me encontrar com eles.
Depois de várias sessões de tratamento com Kyoko, descubro que ela está procurando uma guilda para fazer parte. Conto sobre a Ponytail, sobre como nos divertimos lá, como os membros são amigáveis, às vezes barulhentos e vejo que ela se interessa pela guilda.
? Você acha que eu conseguiria entrar para sua guilda?
? Mas é claro! Com um poder de cura desses, com certeza você seria uma ótima companheira! ? digo, observando a satisfação dela com minha resposta ? Você gostaria de ir para lá comigo?
Não preciso de uma resposta concreta para saber a resposta dela.
? Então é isso! Você será nossa mais nova companheira!
Assim que me recupero de meus ferimentos, iniciamos nossa jornada. Ela se despede do pai, pega suas coisas e vamos em direção a Magnolia, a cidade dos magos.
? Será uma caminhada longa, cerca de 2 dias. Teremos que acampar no caminho. Você trouxe bastante comida? ? pergunto.
? Sim, mas acho que não será o suficiente para a viagem toda.
? Tudo bem. Teremos que arranjar comida na floresta então.
Está anoitecendo. Decidimos montar acampamento. Kyoko prepara nossos sacos de dormir no chão, enquanto eu recolho madeira para fazer uma fogueira. Ela utiliza uma magia que cria uma barreira ao nosso redor. A barreira parece nos deixar invisíveis, o que impede qualquer animal de perturbar nosso sono. Faço uma fogueira, comemos algumas frutas e então adormecemos.
Enquanto durmo, tenho alguns sonhos que parecem revelar certas coisas do que aconteceu comigo, mas é tudo muito vago. Não vejo pessoas, apenas escuto as vozes e gritos delas. De repente acordo. O grito não era do meu sonho, era Kyoko! Quando abro os olhos, a vejo sendo levantada pela gola da camisa por um homem, um pouco mais velho que nós. Ele usa um sobretudo preto com um capuz, o que me impede de ver seu rosto.
Corro na direção dele, pensando: ?Ele só pode ser um mago. Nenhum humano normal seria capaz de quebrar aquela barreira mágica!?. Não tenho tempo nem mesmo de alcançá-lo quando uma magia, um punho de pedra sai do chão e me joga para trás. Me recomponho e vou novamente em sua direção, mas eles não estão mais lá. A única coisa que restou foi um emblema, caído no chão. Pego-o, reconheço o emblema, mas meu cérebro se recusa a acreditar no que meus olhos estão vendo. Em minha mente, me pergunto repetidamente: ?Por que o Conselho Mágico faria uma coisa dessas?!?