Fugindo da Tentação

Segunda semana. Novamente o final de semana estava chegando e nada tinha mudado. Tinha sido igualmente a semana anterior, sem tirar nem por. Foi até pior. Ele não se sentou com ela, estava sentando com uma outra garota. Mari ficou perplexa. Então ela se sentou com Itachi, eles tinham ficado muito amigos. Ela não suportava mais essa situação. Então tomou uma decisão. 5:30 da manhã, sexta-feira, Mari já estava acordada e pronta pra escola, estava deitada ouvindo música em seu celular. Não conseguira pregar olhos, durante toda noite. Pensando em como seria, esse dia. Conclusão, diferente dos outros. Ela não iria pra escola. Não ficaria ali nem mais um segundo. Passando todos aqueles minutos ao lado do garoto que ao mesmo tempo amava e odiava. E que nem sequer se importava com os sentimentos dela. Pelo menos era o que ela pensava. "Meu Kami, me perdoe pelo que eu vou fazer. ", pensou ela.

Se levantou, foi até o guarda-roupa, pegou todo o dinheiro que tinha, que não era pouco. Tirou todo o material de dentro da bolsa, e colocou umas roupas. Olhou para o relógio, eram 6:30. Respirou fundo e desceu pra cozinha. Seu irmão e seus pais, já estavam tomando café. Ela sentou, em silêncio. E começou sentir a culpa, corroer por dentro de seu peito.

? Bom dia, minha filha. - Disse o pai dela.

? Bom dia otousan - Disse Mari tentando não transparecer a tristeza, em seu rosto.

? Mari, o que esta acontecendo?

? Como assim? - Deu uma de desentendida, ela sabia muito bem o que ele queria dizer.

? Mari, você está diferente. Já tem duas semanas, que você está trancada naquele quarto, as vezes nem desce pra jantar. Não conversa mais comigo, com a sua mãe. Sinceramente, nós dois estamos muito preocupados com você.

? Não é nada otousan. Eu só tô me concentrando nos estudos. Começo do mês tem prova, e ainda por cima de matemática. Eu não quero me dar mal.

? Tudo bem. Você sempre foi boa aluna, vai tirar de letra essa prova.

? Talvez. Otousan, mudar pra uma escola nova, já atrapalha nos estudos. E ainda por cima do outro lado do mundo, atrapalha muito mais. Tudo é diferente. Por isso eu tô pegando pesado. Não tem mais nada. - Mari mantinha a cabeça baixa, não conseguia olhar nos olhos de seus pais.

? Só não esquece que além dos estudos, você tem uma vida. E na vida precisamos de amigos, um pouco de diversão, ás vezes, nem sempre viu mocinha, e o principal de tudo, da família. Chegamos aqui duas semanas antes das aulas começarem, por isso mesmo, pra vocês poderem fazer amigos aqui no condomínio, saber quem estuda na mesma escola que vocês. E eu só vi o Naruto sair. Você nunca foi assim, sempre amou fazer amigos.

Naruto permanecia calado, não disse uma palavra se quer desde que a irmã se sentou na mesa. Ele sabia o que se passava com Mari. E como irmão fiel que era, não contou nada, pelo menos sobre o que aconteceu com o Kakashi. Ele não sabia da fuga dela. Mari engoliu o choro. A sua garganta ardia. Ela não podia estragar o que estava planejando. Nada iria impedi-la de voltar pra Tóquio.

? Mari, hoje quando você chegar da escola, eu vou tá aqui te esperando pra você ir pro salão comigo. Você precisa se ocupar, fazer alguma coisa. Tudo bem? - Disse a mãe dela.

? Tá. E eu prometo que vou mudar. Bom, eu preciso ir, marquei com a Sakura de estudar na biblioteca, antes da aula. E eu já tô atrasada.

? Mas tá muito cedo ainda? Bom, deixa que eu te levo. - Disse Minato.

? Não pai, não precisa. Eu vou caminhando, assim eu conheço melhor o bairro. E a escola é só duas quadras daqui, não tem perigo. E além do mais eu sei me defender, as aulas de artes marciais não foram em vão.

? Tem certeza?

? Tenho. Arigatô, otousan.

Mari se levantou, deu um beijo e um abraço em cada um, até no seu irmão, que ela "achava" um baka. Pelo menos não mais. "Eu amo vocês", pensou ela. E saiu porta a fora. Parou em frente de sua casa, olhou para a casa de seu amado irritante. Tinha uma pessoa parada em frente a casa dele, numa super moto vermelha. Mas não dava pra saber quem era, o capacete não deixava. " Minha tentação, o que me resta agora ? O que me resta, é fugir de você.", pensou ela. Ela detestava a ideia de amar. Ainda mais alguém que não dava a minima pra ela.

No meio do caminho, ia pensando como seria sua volta para Tóquio. Bom, ficaria na casa da Konan, sua melhor amiga, desde infância, até as coisas se ajeitarem.Terminaria os estudos e depois arrumaria um emprego. Sentiria falta da família. Seus pais iam ficar loucos quando soubessem. Tinha que fazer aquilo, não importavam as consequências. Mari andava distraída, e nem percebeu que estava sendo seguida por dois caras, um tanto estranhos. Ela só percebeu que estava sendo seguida quando um dos caras mexeu com ela.

? Que gracinha, olha Deidara. - Falava batendo no braço do amigo.

"Gracinha, gracinha, que otário! Eu vou mostrar a gracinha pra eles!", pensou Mari.

? Oh, lá em casa, em Sasori? - Mari apertou o passa. - Espera gata, a gente só quer falar com você. - Eles saíram correndo e alcançaram ela. E os dois a encurralaram. Eles começaram a passar as mãos no cabelo dela, no rosto, a puxavam pelo braço de um lado para o outro, e isso começou a irritá-la. E quando ela fica irritada, ela vira o bicho.

? Me soltem!!! - Gritou Mari.

? Oh, tá irritadinha. - Falaram os dois juntos, olhando um para o outro.

? Ah cara, vocês não me viram irritada...e por sinal, eu não fico irritadinha, eu fico irritadona. - Ela tirou a mochila das costas, jogou no chão, e sem pensar duas vezes, segurou pelo braço do loiro com franja na cara, e lhe deu um soco na boca do estômago, que fez o cara cair de joelhos. - Ah... Ajoelhou... tem que rezar. E pra finalizar... - Sem terminar a frase Mari deu uma joelhada no queixo do cara, que caiu inconsciente. Se virou para o outro. - Agora é a sua vez! - Disse para o ruivo, que se tremia de medo.

? Não, por favor deixa a gente ir embora.

? Tá com medinho, de mim? Que bom, aprenderam a lição, né? Nunca mexam com garotas, que vocês pensem que são indefesas. Poderão ter uma surpresa....nada agradável. - O cara mal conseguia se mexer. - Agora você pega o seu amiguinho, e leva ele para um hospital. Vai precisar de muitos analgésicos. Aiiii... Coitadinho. - Dizia Mari com cara de deboche. O cara não pensou duas vezes, pegou o amigo, e o colocou nas costas. Só não saiu correndo porque a bagagem era muita. - O que esses caras tem na cabeça? Nossa...olha a hora, preciso sair correndo. - Mari pegou sua mochila do chão, e quando se virou, pra sair correndo, bateu a cara em alguma coisa, colocou a mão na testa e gritou ao mesmo tempo.

? Aiiii minha cabeça, droga, não olha pra onde anda não, caramba. - E quando levantou a cabeça o inesperado.

? Você não deveria falar assim com as pessoas que você tropeça na rua. Pode ser algum doido.

? Ahhhh, não, só pode ser brincadeira, o que eu tô vendo na minha frente...que legal, só faltava essa pra estragar com o meu lindo dia. Cara como você apareceu aqui? Não era pra você tá na escola uma hora dessas?

? Eu apareci de moto. E olha quem fala, matando aula pra bater em garotos indefesos.

? Você viu?! - Mari ergueu uma sobrancelha. - Pera aí você tá me seguindo? Eu te pedi pra vir atrás de mim? Deixa eu pensar......Ahhhh....agora eu lembrei....NÃO....eu não pedi. Agora se você me der licença, eu tenho que ir. - Virou as costas pra ele e saiu andando.

? E PRA ONDE VOCÊ VAI?? Gritava ele, enquanto ela ia se distanciando.

? PRA CASA!

? EU TE DOU UMA CARONA.

? HAHAHAHAHAHA.? Mari caiu na gargalha. Virou de frente pra ele, que já estava um pouco distante e gritou. - MAS NEM QUE VOCÊ FOSSE A ULTIMA PESSOA DO MUNDO, EU SUBIRIA NA SUA MOTO. E ALÉM DO MAIS, NÃO TEM COMO CHEGAR EM TÓQUIO DE MOTO.? E voltou a andar.

? Ela falou Tóquio? Essa garota só pode tá maluca. - Disse ele pra si mesmo. - ESPERA AÍ!? Gritou e saiu correndo atrás dela. Se aproximou dela e a segurou pelo braço. - Você disse que vai pra onde? - Ela não disse nada. - Tóquio, foi isso mesmo que eu ouvi, Mari? Você quer voltar pra lá? Porquê? - Pela primeira vez ele a chamou pelo nome. Mari olhou dentro dos olhos dele. - Porquê?!!

? Pra ficar longe de você. Olha, eu não devo satisfação, nenhuma pra você. Ah, e agora você tá falando comigo?

Ele soltou o braço dela. E dessa vez ele quem olhou dentro dos olhos dela.

? Ué, tô!

? Essa sua mudança de humor, tá me matando. Você ficou duas semanas, sem falar comigo.

? Agora eu tô falando.

? Parece que quanto mais, eu tento me distanciar de você, mais próximos ficamos. Isso é muito estranho. - Ela olhava fixamente dentro dos olhos dele. - Eu preciso ir, Kakashi. Não me impeça.

? Eu não vou deixar você ir para o outro lado do mundo. Como eu disse uma vez " você é minha prisioneira, e eu não te solto nunca mais."? Ele a abraçou chegou com a boca bem perto do ouvido dela. - Você é minha!

? Não, eu não sou sua. Onegai, me solta.

? Não adianta pedir por favor.

? Nossa, você me entende, pra quem só sabe lê um livro, é impressionante.

? Aquilo não é um livro, você sabe muito bem que é um mangá... hentai. - Ela a abraçou mais forte. E ele sentiu o corpo dela amolecer.

? Você tá me atrasando.

? Que bom. Assim eu fico mais tempo com você. Sabia que você tem um cheiro de rosas.

? Você é louco.

? Só porquê eu te acho cheirosa?

? Não. Porque uma hora, você me beija, outra me despreza, me deixa falando sozinha, me insulta, diz que não podemos ficar juntos, sem me dar um motivo, você me deixa confusa.

? Nossa tudo isso. Desculpa então. - Mari encostou a testa no peito dele. - Eu quero ficar com você, você não sabe o quanto. Eu te desejei, desde do instante que eu te vi. Eu fiz tudo isso pra te afastar de mim. Eu não quero que você se machuque.

? Porquê eu me machucaria?

? Mari, por favor, agora eu não posso te falar nada.

? Nós vamos ficar juntos?

? Bem que eu queria. Mas não podemos.

? Kakashi...

? Pelo menos não agora. Eu preciso resolver algumas coisas antes.

? Você me dá medo falado desse jeito.

? Eu não quero que você sinta medo de mim, por favor?

? Eu não posso ficar aqui! Sem poder te ter perto de mim! Eu prefiro ir embora.

Mari se afastou dele, e saiu correndo, o mais rápido que pode. Só que o mais rápido dela não foi o suficiente. Ele a alcançou, e dessa vez a prendeu nos braços com mais força. Os dois se olharam, e ele a beijou. Mari tentava resistir, só que não conseguiu, e acabou abrindo passagem para a língua dele. Ela entrelaçou os dedos no cabelo dele. E dessa vez foi um beijo demorado. Não perceberam quando, um carro preto parou perto deles. A pessoa desceu, e pigarreou, fazendo os dois pararem de se beijar. Kakashi levou um susto, ao ver quem era.

? Kakashi?!