I love you, wherever you go

  • Bia08
  • Capitulos 2
  • Gêneros Colegial

Tempo estimado de leitura: 19 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capítulo primeiro

    Álcool, Heterossexualidade, Violência

    Era o dia.

    Dia na qual eu teria que por o meu melhor sorriso falso, dia na qual eu teria que agradecer pessoas que odiava. Fingiria simpatia por todos, e sastifação por me acompanharem.

    Mas a verdade era que eu os odeio. Não acima disso, odeio a pena que eles sentem de mim, pena é um sentimento desprezivel que eles, arrogantes sentem por mim.

    Dia 27 de outubro, o dia em que virei órfão.

    Posso até lembrar com detalhes do dia que meus pais morreram, era uma quinta-feira e minha prima estava dando uma festa de casamento. Lembro me de gritar com minha mãe, pois não queria ir na festa. Na verdade eu queria ir no cinema com minhas amigas na época, queria ir no cinema com o menino que eu gostava na época, eu era tão fútil, mas só tinha 13. Enquanto eu esperneava ela falou ? Tudo bem Rebecca! Você venceu, vá no cinema, mas sua prima ficará muito chateada com você.? Enquanto eu ouvia aquilo começei a sorrir, afinal eu tinha vencido não?- eu pensava mas descobri que estava muito longe de vencer, eu só perdi.

    E enquanto eu e minhas amigas saíamos do cinema, lembro com perfeição a voz do locutor do rádio, uma voz rouca e sexy na qual as garotas amavam, falar que tinha acontecido um incendio no local onde era a festa de Lucy (minha prima) e quando ele falou os nomes das vítimas, entrei em choque.

    Minha família tinha morrido, não, não era possível eu pensava. Não queria acreditar. E a ficha só me caiu quando vi que minhas amigas tinha reconhecido os nomes, elas tapavam a boca com as mão e começaram a chorar, enquanto eu estava ali, imobilizada pelo medo e a negação.

    -Rebecca!- senti alguém me chacoalhando, no momento não sabia quem era que tinha me tirado do choque, mas depois de alguns anos refletindo sobre aquela voz que me ajudou a sair do choque descobri que era de Lucas. Meu melhor amigo de infância.

    Então a negação passou, o choque passou, e meu mundo desabou.

    Caí no chão chorando, lembro de braços fortes me segurando e de uma voz tentando me consolar.

    E só isso, depois não me lembro de muita coisa, lembro de flash backs de onde iria morar, de parentes distantes vindo com pena para me acolher e foi apartir daí que começei a odia-los, só me tratavam com pena e começei a abominar esse sentimento.

    Depois que meus pais morreram, meus tios distantes por parte de pai me acolheram em sua casa, em Tokyo.

    Minha despedida do Brasil foi cheia de lágrimas, promessas de manter contato e de voltar foram feitas, mas nunca cumpridas.

    E hoje faz 4 anos que eles morreram, por algum motivo meus tios me tratam com mais pena de mim hoje do que o normal. O normal deles de pena já o suficiente para desejar fugir desse lugar.

    Olhei meu quarto a minha volta, Samantha e Daniel são ricos sim, e pensam que me dar tudo suprime o meu sofrimento pela perda de meus pais. Ah eu não recuso, só acho muito exagero, pois nada preencherá esse vazio que sinto. É um quarto enorme que me deram, maior até que o deles. A parede é de um tom de rosa claro e a cama dossel branca também é enorme. No canto há uma janela de onde dá para ver Tokyo inteiro, e no outro lado uma escrivaninha, meus armarios, meu aparelho de som e meu violão.

    É, pois é, a garota órfão sabe tocar violão e eu me orgulho muito disso. Apesar de não cantar muito bem eu reconheço que sei tocar melodias muito boas, modéstia a parte.

    Ponho o uniforme e me dou uma olhada rápida no espelho.

    Deixa eu falar uma coisa sobre mim, odeio ser notada, prefiro ficar invisivel do que as pessoas ficarem prestando atenção em mim. Mas a primeira coisa que acontece comigo ao chegar no Japão é ser notada, que beleza! Por que? Imagina uma adolescente ruiva natural de olhos verdes e bem grandes ainda no meio desses japoneses com olhos puxados negros e cabelos pretos e castanhos? É como ligar um enorme outdoor que fica piscando ? Hey, olhem pra mim!? Sério esses japoneses não sabem que é falta de respeito ficar encarando? É eles me encaram na maior cara de pau.

    Ah esses japoneses com cada padrão de modos, até me enjoa. Tudo tem que ser seguido, até os uniformes escolares tem que ser iguais independente se você é de uma escola diferente que a outra pessoa. Mas nunca segui regras no Brasil, não será aqui que aprenderei a ser uma santa.

    Confesso, adorei a cara de espantos dos adolescentes japoneses quando apareci no primeiro dia de aula, com o uniforme totalmente modificado. Em vez das saias azul-marinho até os joelhos, peguei uma saia xadrez mais curta e muito fofa, a gravata que deveria ficar bem arrumada e puxada para trás, deixei folgada no pescoço. E em vez daqueles tênis horriveis que teria que vestir ( não me forçe a descreve-los, posso não ser vitíma da moda mas pelo menos tenho bom senso do que é bonito ou não e acredite aquilo é feio mesmo) coloquei uma sapatilha preta. E para completar o look coloquei meus dois brinco de caveirinhas ( que mesmo sendo caveiras são muito fofas).

    Foi mais cômico ainda a reação da diretora, ela logo iria falar algo, acho que me dar uma suspensão, mas quando me reconheçeu engoliu e seco e meu deu um falso sorriso.

    Afinal ser sobrinha de um dos poderosos de Tokyo lhe dá algumas vantagens.

    -Rebecca, escola, AGORA.

    Lá vem Samantha com seu humor bipolar de novo, Deus me ajude para aguenta-la durante o caminho. Ela geralmente muda o humor bem rápido, até me fez pensar que era bipolar mesmo mas os médicos falam que não, se eles falam não então não sou eu que vou falar sim.

    Desço correndo as escadas, dou rapidinho um tchau para os funcionários da cobertura e chego no elevador.

    Aperto esperando.

    1, 2, 3, 4 ?.

    Nossa que demora, bom hoje é o dia do povo sentir pena de mim, então acho que Samantha não me matará pelo atraso.

    12, 13, 14, 15....

    É melhor esse elevador ir mais rápido se eu me atrasar mais posso perder a primeira aula e o lugar do lado de Sakura.

    Sakura é a minha única amiga aqui em Tokyo, acho que em toda minha vida nunca tive uma amiga verdadeira, mas quando vim pra Tokyo, isso mudou. Mesmo eu tendo causado um espanto sobre os japoneses, eles sabiam minha história e ficam com pena de mim. E como eu já disse antes, odeio pena e ela foi a única que não sentiu pena de mim e foi realmente uma amiga durante meu sofrimento. Ela é a típica garota japonesa, olhos castanhos levemente puxados e cabelos negros. Antes eu achava eles todos iguais (afinal nem dá pra ver muitas diferenças), mas quando passei a conviver mais tempo vi que cada tem uma beleza única. Sakura tem traços mais delicados, parece aquelas garotas fofas dos animes (só que sem aqueles cabelos coloridos).

    15

    Por que esse elevador não chega logo? Ai Deus ele parou, que legal. Quer saber? Vou de escada mesmo.

    Abro a porta com escrito em japonês que significa ?escadas?, olha admito que foi super difícil aprender japonês quando vim pra cá, eu nunca nem tinha ouvido essa língua quando mais falar, meu japonês é bem imperfeito mas ao longo dos anos estou melhorando.

    Escada, escada, escada, quanta escada, vou tentar pelo elevador de novo.

    Cheguei ao andar 24° que progresso já que moro no 26°, ok, odeio esportes e sempre odiarei e desçer essas escadas não é tão fácil como pensei.

    Aperto o botão de novo.

    20, 21, 22, 23 e..

    Finalmente! Solto um suspiro de alívio sem querer, e acabo surpreendendo o garoto ali dentro.

    Entro e ficamos quietos enquanto o elevador desçe, que vergonha, epa! Por que estou sentindo isso? Não sou de sentir vergonha na frente de ninguém, deve ser a TPM, não sei. Estou sentindo os olhos dele em minhas costas, nossa por que ele tem que ficar me observando? Já deveria estar acostumada afinal aqui em Tokyo sou praticamente o centro de atenções desse circo de horrores.

    -Então.. você mora aqui?

    -Han? Ah eu moro sim. - respondo, fui pega de surpresa não esperava que ele quebrasse esse silêncio.

    -Há quanto tempo?

    -É tão evidente que sou de fora? - digo e logo rio, minha primeira risada nesse dia.

    -Ah não, é super comum encontrar ruivas de olhos verdes aqui no Japão ? ele diz e com essa resposta começo a rir mais.

    Não é que o cara tem senso de humor?

    Me viro para olhar-lo.

    Meu coração dispara assim que seus olhos encontram o meu, eles são negros assim como os de todos japoneses, mas nesses há algo que nos dos outros não têm, há um calor reconfortante neles, e uma simpatia que me faz querer ser sua amiga.

    -Faz 4 anos que moro aqui, sou brasileira.

    -Uma brasileira? Conheço Brasil só de fotos, parece ser um lugar bem bonito.

    -E é sim.

    Biiippp!

    O som do elevador me tira do transe que estava enquanto conversava com ele.

    -Ah, tenho que ir, até mais ? digo e saio correndo em direção a BMW preta de Samantha que já deve estar furiosa pelo meu atraso.

    -Até mais brasileira.

    Quem sabe o dia de hoje seja melhor do que os do ano passado? Começou bem, conheci um cara legal, talvez um novo amigo ou quem sabe algo mais....

    -Deixa de besteria Rebecca- falo para mim mesma.

    Ele vai ser só um amigo e pronto, não superei Lucas, ainda não..

    Lucas era meu melhor amigo no Brasil, depois que fui embora perdemos o contato, mas sempre uma vez por ano mandamos e-mails do que acontece em nossas vidas, só depois que fui embora percebi a falta que ele fazia para mim, ele não era só meu melhor amigo, era o cara por quem estava apaixonada só que não percebi a tempo. Mesmo distantes nesses últimos meses ele se distanciou mais ainda, se isso é possível. Nem responde meus e-mails, será que já me esqueçeu? Deve ter achado outra garota melhor do que eu e me esqueçido completamente.

    Lágrimas começam a surgir em meus olhos, não! Não irei chorar, prometi para mim mesma que não seria fraca, não ficarei chorando, se ele me esqueçeu vou superar, sei que vou.

    Nossa, minto tanto pro outros falando que estou bem, que estou começando a mentir para mim mesma. A verdade é que nunca o superarei, uma olhada aqui, uma paixão ali, nunca serão iguais ao amor que sinto por Lucas.

    Engraçado o tempo não? Sempre pensamos ter certeza do que faremos amanhã, que haverá um amanhã. Por isso fazemos planos, alguns pequeno e outros grandes. Eu tinha planos, iria casar com Brad (minha paixão da escola na época), meu pai me levaria ao altar, minha mãe me ensinaria como cuidar de seus netos e eu criaria uma familía enorme e feliz.

    Só que aprendi com a mais dura lição que não se pode controlar o tempo, mas mesmo assim nunca deixei de querer viver. Todo pareciam pensar que eu ia me suicidar, mas com tudo isso que aconteceu acho que me agarrei mais a vida do que era quando minha família estava viva. Como eu sempre digo, a vida é uma caixa de surpresas, sempre apareceram surpresas, sendo boas ou não elas viram.

    -Rebecca?

    O som da voz de Samantha me desperta do meus pensamentos.

    -Han?

    -Chegamos.

    Olho pela janela do carro, Instituto Laizer, famoso por manter seus alunos disciplinados e pelas suas normas rigorosas. Normas que eu quebrei com muito prazer.

    -Escuta Rebecca, se quiser conversar eu estou aqui... eu sei como esse dia é difícil para você. Eu e seu tio estamos preocupados com você.

    -Ah Samantha faz um favor pra mim? Me ajudaria muito se você esqueçesse que eu existo hoje. - assim que termino de falar sorrio pra ela, pego minha mochila e saio do carro.

    Passo por algumas pessoas e vou até a escadaria que fica em frente ao colégio onde minha amiga está sentada, recebo alguns olhares com pena, com curiosidade e até com inveja.

    -BECCA!! - ela grita enquanto me derruba com um abraço.

    -Hey ? falo enquanto a abraço, eu estava precisando mesmo, tudo o que eu mais preciso hoje é de um abraço amigo.

    Enquanto ainda estamos nos abraçando ela sussurra em meu ouvido:

    -Viu o garoto novo?

    -Quem?

    -Não sei o nome, mas é aquele ali ? ela diz então aponta para um cara um pouco mais distante que nós, ele está falando com os atletas metidos a bestas da escola, pena, o cara já começou com o pessoal errado dessa escola.

    Então ele se vira e olha pra mim.

    Oh não! Não, não, não! Não pode ser!

    -Hey brasileira! - ele diz me deixando constrangida, poucos sabem que sou do Brasil, só os mais intimos.

    -O queee? Ele te chamou de brasileira? Como ele sabe que você é do Brasil? Um minuto, para tudo, você o conheçe? - Sakura me bombardeia com suas perguntas.

    Não respondo a ela, só vejo ele se afastando e indo as salas.

    -Olá.

    Quase como um efeito instantaneo pulo, perai estou delirando? O dono dessa voz não devia estar aqui ele devia estar no...

    Meu coração para, será ele mesmo? Ou estou ficando doida?

    -Pelo jeito você não lembra dos velhos amigos?

    -Han.. Becca quem é esse?- Sakura me pergunta, mas estou chocada demais para responder.

    Fico paralisada, é, paralisada mesmo, o choque ainda está em mim. Sei que prometi não chorar mais, mas nesse caso é impossivel cumprir essa promessa, pois se Sakura ouviu isso, não estou doida.. O MEU Lucas voltou.


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