A tarde já caminha para o crepúsculo. O calor estava ameno para hora. Uma chuva começava a nascer no céu que se recobria de sombrias nuvens.Ela dormia profundamente mal encostada no sofá.O casulo suavemente foi se rompendo, violentamente a coisa de dentro lutava naquele ?sarcófago crisálido? para sair, se libertar e viver.Se tivesse asas tentaria abri-las.Mas o ser ali não as tinha.O corpo estava fraco, a parede do casulo era forte e resistente.A luta foi desgastante, teve força para quebrar o casulo.Mas será que teria para sair dele?
A coisa teve. Primeira saiu um membro, depois o outro e depois a cabeça, o tronco e os outros dois membros.
A coisa dentro do ?sarcófago crisálido? saiu completamente esgotada, recoberto de suor e dor e gosma. Tentou se levantar, o cansaço era extenuante, caiu,machucou-se na parede dura da crisálida. Tentou novamente e novamente, a respiração da coisa entrecortada por uma dor lacerante, no lado do tronco, levantou-se.A coisa de dentro do casulo que agora estava fora abriu os olhos e a viu deitada no sofá, foi vagarosamente até ao seu encontro e a tocou.
Ela acordou de sobressalto, olhou em direção ao casulo, ele estava lá quebrado. Olhou para cima de si e viu a coisa olhando para ela. E o susto que tomou, o medo que sentiu nunca mais sentiria em toda a sua vida. Aquele seria o momento único, nunca mais se repetiria. A coisa que tanto ansiava em saber o que era estava agora ali na sua frente, respirava profundamente, via-se dor, via-se a fraqueza, notava-se fome, sentia-se o medo, a agressividade e a violência pingando por toda a sala. A coisa que ela tanto ansiava em saber e que se revelara á amedrontou, a coisa não era simplesmente uma coisa qualquer ou um bicho qualquer .A coisa era um homem! Que tentava lembrar como havia chegado ali, caindo demoradamente desfalecido por cima dela.