O tique-taque do relógio já estava começando a deixar-me agoniado. Horas passavam-se e ele continuava com os olhos fixos naquele livro mofado. Quanto tempo se passaria até ele dar importância a minha presença?
_Camus... - Resmunguei.
Nada. Ou ele não me ouviu ou me ignorou mesmo. Remexia-me de um lado para outro no sofá do Templo de Aquário só para ver se ele, pelo menos, olhava para mim... Fracasso. Pelo amor de Athena! Odeio ser ignorado!
_Camyuu... - Disse entre dentes. Estava começando a perder a paciência que, aliás, nem ter eu tenho.
Finalmente ele desviou o olhar para mim, aqueles belos olhos azulados me fitavam com intensidade, seu rosto, agora, formava sua típica expressão interrogativa.
_O que quer Milo? - Perguntou-me enquanto fechava o livro e depositava-o em cima da Mesa de Centro.
_Só quero sua atenção! ? Respondi, simplesmente, cruzando os braços e fazendo bico. Definitivamente, eu adorava provocá-lo... Era um dos meus prazeres.
Vejo-o, então, fechando os olhos e, calmamente, levantar-se e se por a caminhar até mim, que estava do outro lado da Sala. Ao ficar próximo, bem próximo, ele ajoelha-se e começa a acariciar meu rosto... Amo quando ele faz isso... É muito bom entrar em contato com aquela pele macia, dava-me arrepios. Instantes depois passo a sentir o peso de seu corpo sobre o meu, ele junta nossos lábios em um beijo apaixonado, sinto a sua língua invadir minha boca e começar uma dança sensual envolvendo a minha, consequentemente, me perco em pensamentos, emoções e sinto um prazer enorme explodir dentro de minha pessoa. Mas, tudo que é bom, dura pouco, né? O maldito ar há de faltar fazendo-nos separar nossos lábios. Lentamente abro meus olhos e visualizo seu rosto, meu francês estava sorrindo, cena que apenas eu tinha o privilégio de presenciar e, sinceramente, tenho certo orgulho disso.
_Você sempre teve minha atenção, Milo de Escorpião. ? Mordo os lábios após ele sussurrar meu nome, sempre com aquele sotaque carregado irresistível e delicioso de se ouvir.
Retribuo-lhe o sorriso e brinco com aqueles belos fios de cabelo azulados, enrolando-os em meio aos meus dedos.
_Eu amo você... ? Disse distribuindo vários beijos em sua face.
_Je t'aime aussi, mon cher.
E foi naquela noite em que Camus me mostrou que, realmente, eu sempre tive a atenção dele... E tenho plena certeza de que, disso, não duvidarei pelo resto da vida.