Rosae vermillus - O clã das rosas vermelhas

Tempo estimado de leitura: 2 horas

    14
    Capítulos:

    Capítulo 17

    Vero domino: Verdadeiro dono - parte 1

    Violência

    A noção de tempo dos vampiros deve ser diferente do que é para homens comuns. Mas como eu era um recém transformado, e tinha certos assuntos urgentes para cuidar, me sentia cada vez mais impaciente. Queria sair e procurar pelos monstros da cidade - e verdade seja dita eram mais monstros do que eu -, os malditos garotos que levaram a vida de Rose.

    Mas nada era tão simples, e tive que descobrir que vampiros também podem ficar de castigo. Então passei longos dias - e mais dolorosamente ainda, as noites - esperando. Havia sido abastecido com tanto sangue por Marcos que ainda não me sentia enfraquecido. Não pude ver nem falar com Karen, a moça que eu mesmo havia trazido para dentro daquela casa. Ela estava sendo interrogada cuidadosamente por Lucius, que decidiria no fim o destino da vampira. Por enquanto ficava presa em alguma parte da casa que eu não tinha conhecimento, achei melhor não ficar procurando para não me encrencar ainda mais com meus hospedeiros.

    Para minha surpresa, no entanto, Lucius era generoso. Encontrei um presente em meu ''quarto'' naquela semana. Um belo notebook HP na mesa, e logo Vinícius me ajudou com a conexão da internet. É claro que não era nada perto do super computador de Sara. Não apenas isso mas da vez que ela me permitiu ver havia tudo que eu nunca imaginei ter no meu quarto. A TV dela ficaria apertada numa das paredes de meu antigo quarto. Mas aquilo veio bem a calhar, um computador pessoal era algo que já me oferecia um antigo conforto e ainda mais naquele momento em que havia sido proibido de sair daqueles portões.

    Depois de muito ser atormentado por Vini, criei uma nova conta no face. E claro, adicionei o infeliz. Ele tinha um grupo de amigos estranho, com gostos duvidosos. Pareciam todos góticos e amantes de vampiros e Vinícios me desafiou a descobrir quais deles eram mesmo imortais. Fiquei surpreso ao saber que havia mesmo vampiros no face, e mais ainda com o fato de Vini ter amizades virtuais tão estranhas.

    Estávamos na conta dele até que uma garota com o nome ''Renatinha Succubus'' apareceu no bate papo e ele finalmente me deixou em paz, pediu licença e saiu apressado após fechar o perfil dele no meu notebook. Imaginei ele abrindo o perfil novamente no quarto dele, e ignorei o tipo de conversa que devia resultar, de um vampiro real e uma pseudo vampira.

    Não coloquei fotos, nem nome real. Apenas uma imagem de um personagem, e o nome de outro. Bobagem. Nada daquilo seria útil agora. Se antes já não usava, não seria esse o momento. Mas procurei por um tempo e consegui encontrar o perfil de Nanda. Chequei o mural, aparentemente ela não dava as caras fazia um tempo. Havia recados preocupados com seu recente desaparecimento da rede. Algumas amigas mais entendidas, que reconheci da escola, diziam ''força amiga''.

    Tentei não pensar naquilo mas era complicado. Minha culpa? Passeando um pouco vi algumas fotos. Nanda era linda e eu era... um vampiro. Melhor seria ela não me ver nunca mais. Não importava o que ela sentia. Era melhor que acreditasse nisso, que eu havia ido embora, talvez morrido por ai.

    Visitei o perfil de Tiago, e olha só... com algumas centenas de amigos, os recados eram quase os mesmos dos de Nanda. Mas eles se referiam à Rose. Mensagens bonitas e outras toscas. Algumas eu sabia que eram declarações falsas e vulgares. Ele também estava sumido, não respondeu ninguém. Havia trancado a si mesmo em seu luto.

    A raiva era o único sentimento realmente verdadeiro e que beirava sempre a superfície do que eu era agora. Ao pensar em Rose tudo voltou. Sem perceber, esmaguei um pequeno pedaço da mesa do computador. Enquanto pensava em como explicaria aquilo, alguém bateu na porta.

    - Entre! - disse, e me virei para ver quem era.

    - Oi menino! - disse Sara ? Vim só trazer a moça, ela quer falar um pouquinho com você. Lucius deixou ela ficar com a gente tá? Ele não é de fazer isso assim tão fácil, acho que ele gosta muito de você para permitir isso.

    Sara sorriu e virou-se, indo pelo corredor tão silenciosa quanto veio. Um rosto familiar surgiu na porta, a garota cujo sangue corria pelo meu corpo fazia uns dias. Graças a ela, mesmo que indiretamente, é que eu estava ali. Sara devia ter cuidado de vestir a moça assim como Vini havia feito comigo. Só agora reparava nela.

    - Olá... - disse ela, com seus olhos castanhos e tristes, e tive a impressão de que aquela era a expressão que ela usava em quase todos os momentos - Sou a Karen.

    - Eu sei! - disse, e sorri pra ela tentando mudar sua expressão, mas não deu certo - Eu sou o Leandro, fui eu que trouxe você pra cá.

    - Sim... é disso que vim falar.


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!