Não passava de um simples domingo de manha, Shely morava com uma velha senhora, que a cuidou logo após a morte de seus pais, isso mais ou menos quando ela tinha cinco anos. Hoje, já com 17, Shely morava em uma casa, não chegava a uma mansão, mas tinha alguns empregados. Essa senhora já de cama, não conseguia nem ao menos se levantar para se lavar, então Shely cuidava dela como uma mãe, mesmo sabendo que ela seria apenas alguém que era empregada na mansão onde ela e seus pais moravam antes deles falecerem.
? Chamem Shely aqui!
A velha senhora falou para uma empregada que estava arrumando seus remédios.
Alguns minutos depois, aparece Shely, que naquele mesmo dia fazia seu aniversário, mas como os outros anos, não gostava de comemorar, pois ainda tinha lembranças dos aniversários que seus pais fizeram para ela.
? Você me chamou?
Pergunta Shely de um jeito carinhoso logo após entrar no quarto e se ajoelhar ao lado da cama da senhora.
? Sim Shely querida, esta na hora de você saber da verdade, pois não sei mais quanto tempo agüentarei viva para lhe contar.
Continua a velha senhora, falando e espirrando um pouco.
? Como assim a verdade? É sobre meus pais?
Pergunta Shely apenas olhando à senhora deitada na cama.
? Sim, é sobre eles, mas não sei se eu iria conseguir contar toda a história para você nesse estado. Mas em todo caso, vá ate o armário perto da porta, abra a terceira gaveta, dentro dele tem uma caixa vermelha, abra-a, ela possui um fundo falso.
Fala a velha senhora apontando para o armário com sua mão enrugada e dedos secos de pessoa idosa.
? Essa aqui?
Shely olhava atentadamente para o envelope branco, um pouco manchado, mas com o selo do anel que ela usava dês de que perdeu seus pais, esse anel era o símbolo da família Stabes.
? Sim, esta ai, leia e faça o que estiver escrito ai, foi seu pai e sua mãe que a escreveram antes de morrer, naquela noite deixaram a carta e você comigo. Mas leia-a com cuidado.
A velha senhora olhando pela janela aberta um pouco mais ao lado da cama.
Na carta dizia:
?Shely, se você esta lendo essa carta, e por que eu e sua mãe já estamos mortos, e o dia realmente chegou.
A algum tempo atraz, a empresa da família não era apenas uma forte influencia no mercado comercial e no negro, ela também servia de disfarce para algo maior. Apesar de algumas alas da Stabes Incorpore ainda estarem em funcionamento por ai, era uma maneira de eu e sua mãe continuarmos nossos estudos, e com eles realmente chegamos em algum lugar, e ao sua mãe comentar sobre isso com a Rainha Victoria algumas pessoas do palácio descobriram e com algumas más intenções queriam saber como que se conseguia. Com a desculpa da criação da Dinastia Iyka vieram atraz de nós para conseguirem saber como funciona tudo que estudávamos, e a Nova Britania foi a desculpa por quererem tacar fogo em nossa casa.
Com uma revolta imensa estavam todos atraz de nos, então nos livramos de tudo que tinha a ver com esse tipo de coisa, mas ninguem ficou satisfeito com isso e uma revolta está prestes a acontecer. No inicio achamos que daria tudo certo, pois eles apenas destruíram algumas partes da empresa, mas foi piorando, como sua mãe era como uma conselheira da Rainha,tínhamos algumas poucas chances de nos salvarmos, mas crio que não foi bem assim.
Todo esse nosso estudo era sobre os outros mundos, não os planetas que os estudiosos estudam, e sim os outros lados desse nosso, ou seja céu, inferno, purgatório, e tantos outros... Quando você era pequena sempre líamos para você alguns livros que falavam disso lembra? Eles estavam certos, tudo aquilo realmente existe, e temos uma prova disso, um Shinigami que conhecemos.
A filha da Rainha tem a sua idade, vocês brincavam juntas quando sua mãe ia ao palácio principal se lembra? Ela sim se lembrará de você, o nome dela é Princesa Charlot, não se esqueça desse nome, pois ela poderá te ajudar caso as coisas se compliquem.
Mas antes de você ir ate a capital da Britânia, preste atenção, como já foi tudo planejado aos mínimos detalhes, você também terá que seguir algumas coisas para ter mais chances.
Nessa casa de campo tem um grande lago atrás, provavelmente já percebeu, e dentro dele tem uma ilha, não muito grande, mas capaz de alguém se perder lá dentro, e como você esta lendo essa carta, eles logo estão atrás de você também, descobriram que você sobreviveu. Então você terá que ir ate o centro dessa ilha, lá tem algumas ruínas antigas, e lá você encontrará algo especial que será de grande ajuda para o que você vai querer fazer daqui para frente. Então primeiramente você tem que ir para lá, depois disso, você verá que as coisas ficaram mais fáceis. Só não pense que estamos lhe usando, pois isso tudo é a continuação do nosso trabalho duro. Um grande abraço, nós te amamos, tome cuidado filha! E desculpe...?
Uma lagrima escorreu do olho direito de Shely, e a velha senhora
apenas olhando para a garota.
? Você leu realmente tudo?
Ela pergunta.
? Sim.
Diz Shely não muito alto.
? Então faça o que diz ai, logo mais eles estarão aqui, sei que não está explicado quem são eles por que seu pai não teve muito tempo para escrever, apenas vá, e leve a carta com você.
Continua a velha senhora falando e olhando para a janela, quando viu um carro preto parar ao longo do portão que ficava mais ou menos trinta metros da casa e quarenta do lago.
? Mas como vou saber o que fazer? Não entendi muita coisa, me explique!
Fala Shely amarrando o cadarço esquerdo de sua bota que tinha desamarrado logo depois dela pegar a carta.
?Ande logo! Depois você saberá de tudo, e só prestar atenção e fazer o que está escrito na carta, agora vá! Você não tem muito tempo, eles estão atrás de você, pegue um barco a remo que esta perto do lago e vá!
Continua à senhora agora olhando séria para Shely.
Shely vai até a senhora que está deitada na cama, a beija na testa.
? Eu volto!
Shely fala indo em direção a porta e sumindo da visão da senhora.
? Adeus querida!
A senhora responde olhando novamente para a janela, cerca de quatro homens de terno preto saem do carro, e na metade do caminho tiram armas do paletó.
Shely já estava na cozinha, que dava saída para o lago, ela ouve um barulho na porta da frente, e passos muito apressados, de pessoas correndo, ela faz o mesmo, sai de casa e vai correndo até a beira do lago onde o barco estava.
Um dos homens que ia entrar pela porta de traz, viu Shely correndo, alertou os outros, que foram de atrás e já atirando.
Ela desamarra o barco da beira, e quando vai entrar nele para ir em direção a ilha no centro do lago um dos tiros que o homem deu a acertou de raspão no ombro esquerdo. Ela para por um segundo sentindo a dor, e ouve outro tiro, mas vindo do quarto da velha senhora.
? Não pode ser!
Ela fala baixinho, e passa por alguns centímetros de outro tiro, pega os remos e tenta remar mesmo com o braço esquerdo se movendo com dificuldade por causa do tiro.
Um pouco depois aparecem mais alguns homens perto do lago em quando ela remava para chegar à ilha.
Quando finalmente consegue com que a ponta do barco toque a grama da ilha, via apenas uma passagem pela mata fechada, e quando se levantou para sair do barco e entrar na mata, leva outro tiro. Agora um pouco ao lado da barriga, no lado direito, também de raspão, mas um pouco mais profundo que o do ombro.
Ela cai no chão perto do lago, mas logo com uma mão no tiro do ombro e a outra no tiro da barriga, ela se levanta e vai para dentro da ilha, que por sorte não dava para quem tava fora ver o que estava dentro, e vice-versa.
? Ela conseguiu entrar! Não desiste de modo nenhum, como os pais. Vamos pegar os outros barcos e vamos até ela!
Fala um dos homens de preto.
? Tem apenas um barco a motor, mas sem nada para movê-lo.
Responde outro dos homens que chegava ali no momento.
? Então arrumem algo para movê-lo nem que tenham que remar! Nos não podemos deixá-la escapar novamente!
Fala o mesmo que falou primeiro.
Shely já dentro da floresta, não tinha percebido por causa da dor dos dois tiros, mas ela havia tomado um terceiro tiro, em sua perna, ela pensou que o tombo que ela levou na margem da ilha era apenas pelo tiro em sua barriga, mas na perna também.
Mancando, e tentando encontrar cada vez mais rápido o lugar que dizia na carta, em quanto os homens de preto procuravam algo para usar para chegar até a ilha.
Finalmente Shely vê o lugar, se apressa e vai até lá, mas não passava de ruínas de uma casa antiga. Se sentindo sem salvação ela nem procura por nada, apenas se senta em um banco de pedra ali mesmo, atrás do banco dava para mais partes da ruína, e a frente algumas plantas diferentes das da beira da ilha.
Por um leve minuto, ela vê uma marca no chão, com o mesmo símbolo do anel da família que ela trazia junto.
? O que é isso??? Por que não deixaram mais explicado na carta, agora sim estou morta! Poderia ter fugido para qualquer outro lugar!
Ela diz irritada, deixando algumas lágrimas escorrerem que se misturaram com seu sangue e caírem em cima da marca no chão.
? Mesmo que pudesse, para onde você iria? Não tem mais lugar para morar não é mesmo? Parece uma gata perdida em seu próprio mundo.
Diz uma voz masculina vinda do nada, e a imagem no chão brilha levemente, num tom de bordo.
? Quem está ai? O que você quer? Por que esta aqui? E como assim uma gata perdida?
Shely começa a perguntar muitas coisas, preocupada caso fosse algum dos homens de preto. E quando ela vê, a imagem no chão brilha por causa de seu sangue, que por causas de seus ferimentos escorreu até o chão, preenchendo as pequenas aberturas e formando símbolos inteiros.
? Não se preocupe, não estou aqui para lhe matar, seu sangue me chamou.
Fala a voz, e Shely ainda não descobriu de onde ela vinha.
? O que você quer? Qual seu nome?
Pergunta Shely, um pouco preocupada, mas não dando muita atenção para esse sentimento, já que estava com raiva, raiva do que aconteceu com seus pais, raiva de seus pais por não terem explicado o que fazer a todos os detalhes, raiva dos homens que a faziam sentir dor dos três tiros, e por eles terem matado aquela senhora, até mesmo da rainha mesmo não sabendo o porquê.
? Me desculpe, foi falta de educação minha não me apresentar para você Shely Aiki Stabes. Eu sou Lief Fley Zikmwaiptellion.
Em quanto à voz vai falando isso, uma mancha preta, grande, se junta à frente de Shely, e quando ela percebe aquilo pega a forma de um garoto lindo, de cabelos brancos como a neve.
? Como você sabe meu nome?
Ela pergunta tentando não parecer assustada com o que acaba de ocorrer, mas era quase impossível pois aquilo era fisicamente impossível.
? Conheci seu pai, ele me falou que talvez algum dia você fosse me chamar, só não pensei que fosse tão cedo.
Fala Lief se sentando ao lado de Shely no banco.
? Como assim lhe chamei?
Pergunta Shely olhando atentadamente o garoto.
? Seu sangue, e essa marca, foi sem querer, mas você acabou me chamando para cá, bem, eu estava no meio de um jantar importante, mas não faz mal algum.
Diz Lief olhando fixo para frente, apenas para as arvores.
? Espera ai, jantar a essa hora? Mal passou do meio dia.
? No inferno e um pouco diferente o horário...
Comenta Lief agora olhando para Shely e sorrindo de um jeito bobo e idiota.
? Inferno?? ?
? Sim, mas não é como os livros daqui falam, e bem melhor, mas já vi que vou ter que ficar um tempo longe de lá.
? Mas por que isso tudo? Não estou entendendo...
? Seu pai, digamos que fez algo parecido com um acordo, não chega a um pacto, era apenas para ele saber como é la em baixo, mas no fim acabou descobrindo mais coisas que deveria, se ele já não sabia, eu não poderia matá-lo naquela época nem se eu quisesse por causa de um monte de coisas, então eu deixei ele me selar aqui, e do mesmo jeito ele me explicou tudo que estava acontecendo e o que aconteceria até esse dia, então eu aceitei ajudá-lo, mas falei que quando o dia chegasse à resposta para tudo que iria acontecer seria sua escolha.
? Acho que entendo, mas por que minha escolha?
? Bem, como posso te explicar... Seus pais sabiam que iriam morrer, então queriam te salvar, e agora, aquelas pessoas que os mataram estão atrás de você, também querem te matar. Aqueles homens de preto cruzando o rio são prova disso, e a verdadeira razão deles quererem te matar é fazer você pagar pelo que seus pais fizeram, tanto a ver com aquela pesquisa...
Fala Lief olhando agora para frente novamente, como se pudesse ver através das arvores.
? Entendo, mas não sei se vale a pena tudo que fiz até agora, perdi absolutamente tudo, a não ser esse anel e essa carta.
Shely fala olhando para o chão e sentindo suas feridas.
? Eu não entendo você...
? Como assim?
? Pode não ter nada, mas por que desistir mesmo sentindo e fingindo não estar com raiva, e querendo vingança por tudo que fizeram e estão fazendo a você?
Pergunta olhando para as arvores atentamente, a procura de algo, ou prevenindo ver algo antes que aconteça.
? Você pode ter razão, mas como vou sair dessa, há essa hora esta ilha já deve estar cercada, com muitos homens com armas por ai, e eu sou apenas uma garota sem nada...
? Você se esqueceu com quem esta falando?
Pergunta sorrindo de uma maneira um pouco estranha.
? Já que você é um demônio, aposto que não me tiraria daqui por nada.
Ela prestava atenção atentamente nele.
? Bem, isso é verdade...
? E provavelmente vai querer algo como minha alma...
? Bem, isso você também acertou, sua alma é muito, como posso dizer, um pouco diferente... E isso me parece divertido...
? Já era de se imaginar, mas se for para que você me tire daqui, e fazer com que eu consiga me vingar de todos, me proteger em quanto isso, e continuar no que eu querer e precisar, então eu aceito!
Ela responde enfim decidida.
? Nossa não pensei que iria te convencer tão rápido, mas tudo bem, e em troca disso, quando você morrer eu quero sua alma, necessariamente, não vou deixá-la morrer, mas quando você decidir que não tem mais nada nesse mundo que a faz ficar aqui, então eu serei seu guia.
Diz Lief levantando e indo para frente de Shely.
? Feito!
Ela fala tentando se levantar, mas não conseguindo, pois o tiro em sua perna doía ainda mais por causa da terra que estava em cima do machucado.
Lief puxa a bainha de algo que parecia uma faca, um pouco maior, e a tira. Ele corta sua mão, e em seguida pega a de Shely e a corta também. Ele pega seu sangue com a boca, fazendo com que Shely olhe e faça o mesmo com o que saia da mão dela. Nisso ele a beija, fazendo com que os sangues se misturem, e eles se tornem algo parecido como se fossem um só em corpos separados.
? Você é um pouco nojento...
Shely diz logo após ele parar de beijá-la, e ela acaba desmaiando após falar isso.
? Você não é a primeira que diz isso...
Lief fala, pegando Shely em seus braços, e saindo em direção a onde ela veio.
Logo mais ele chega ao local onde esta o barco que Shely tinha deixado perto da ilha, e os homens de preto já estavam ali perto, a menos de dez metros deles.
? Nossa como vocês são lerdos, antigamente Khan tinha pessoas melhores e mais rápidas para os trabalhos fáceis como este, pena que não vai ser tão fácil assim.
? Dê ela para nós se você não quer morrer também garoto!
Fala um dos homens.
? Desta vez tenho que recusar...
Diz Lief pulando em cima do barco deles.
? Maldito o que você é?
Diz o mesmo.
? Nada que pessoas como você devem saber, e se vocês não querem morrer e melhor deixar a gente ir.
Lief olha seriamente para os quatro homens que estavam no barco e um que estava escondido entre as arvores perto da casa.
? Não fale besteira pirralho!
Diz o homem pegando sua arma e atirando contra Lief e Shely. E os tiros param a cerca de meio metro deles.
? É uma pena, mas só com isso vocês não poderão me deter!
Fala Lief segurando Shely com uma mão e com a outra pegando aquela faca novamente, que ainda contém uma pequena quantidade de sangue dela. Ele o lambe e depois parte para cima do homem que teria atirado contra eles, e o mata.
? Demônio! Só poder ser! Isso não é humano!
Outro dos homens comenta de medo.
? Sim, um demônio, mas não adianta vocês guardarem como sou e o que sou, já que vão estar todos mortos!
Lief vai para cima deles, e mata os outros três, ainda com Shely desacordada em seu braço.
Demorou menos de meio minuto, e já não tinha ninguém vivo por ali, a não ser Shely e o homem que espiava tudo escondido na mata, pois necessariamente, Lief não era algo vivo. Mesmo Lief vendo o homem lá escondido, apenas olhando o que acaba de ocorrer, ele prefere não ir de atrás dele, para que a Khan soubesse que algo esta ocorrendo.