-Diana? - escuto alguém me chamando.
Uma voz preenche a escuridão. Será possível? Alguém por aqui? Faz tanto tempo que estou nessa escuridão silenciosa, parece que já sou parte dela.
A voz me desperta, tento lembrar porque fui parar lá. Ah lembrei.
Eu morri.
Lembranças me invadem, lembro de brigar com meu irmão mais novo Tete, como eu o chamo. Lembro de me despedir de meus pais, da festa que eu e minha amiga Mina ficamos totalmente bêbadas. E quando eu estava dirigindo brigava pelo celular com meu namorado Thailes. Aconteceu tudo rápido demais, um clarão branco me cegou e perdi o controle do carro. Lembro de ainda ser levada ao hospital, toda minha família,Mina e Thailes também estavam lá, eu não sentia nada mas podia saber que algo tinha acontecido comigo. Todos ao meu redor choravam. Thailes segurava minha mão pedindo para eu falar algo. Mas eu não conseguia, era uma espectadora, que não podia fazer nada além de observar. Então meu mundo ficou negro e estou nessa escuridão até agora.
Não tenho hora nem noção, para mim parece que fiquei horas aqui, mas pode ser minutos ou até dias.
Estava desesperada, se eu soubesse que iria morrer, teria feito tudo diferente naquele dia? Para me despedir daqueles que eu amo? Sim com certeza, tentaria. Até deixaria meu querido maninho brincar Serena (minha gata). Imaginei minha gata morrendo de medo quando ele a puxasse para um abraço apertado.
Ri entre lágrimas, as lembranças deles eram dolorosas demais.
Lágrimas ameaçam chegar aos meus olhos de novo. Meu Deus desde que morri só choro, vou parar com isso agora mesmo. Levanto e enxugo meus olhos com o braço.
-Diana? - a voz retornar a me chamar. Como ela sabe meu nome?
-Estou aqui, aquii!! - grito desesperada, não aguento ficar mais nessa escuridão que parece que a cada segundo me ela puxa mais para o fundo.
-Ah graças a Deus consegui encontra-lá - uma mulher me dizia e me abraçava ao mesmo tempo.
Fiquei chocada com a visão da mulher, em meio a toda essa escuridão ela brilhava. Sério mesmo, explicar sua aparência é impossivel, seus olhos passavam de verdes para azuis,para mel, para negros e assim vai. Seus cabelos mudavam também a todo instantes, assim como sua pele. A única coisa neutra nela era um vestido esvoaçante branco, que emoldurava perfeitamente suas curvas. A visão dela era realmente um espetáculo de beleza e cores, seria uma anja?
Ela percebendo meu choque riu.
-Você vai se acostumar com a minha aparência, vamos estávamos te aguardando - ela disse com uma voz maternal.
-Espere, qual é o seu nome e para onde está me levando? - eu finalmente saí do choque e consegui dizer.
-Aurora. Para onde estou te levando você irá descobrir- e como se lesse meus pensamentos ela disse - e sim você morreu Diana.
Eu não suportava a idéia, eu estava morta? Tudo fora tirado de mim, minha vida fora tirada.
Tentando não chorar de novo, me concentrei em seguir a mulher.
-Venha - sua voz era como uma melodia de alguma harpa.
Tentei segui-la e então ela parou bruscamente.
Com um sorriso nos lábios ela pediu-me.
-Diana segure minha mão, e imagine uma grande ponte. Tentei imagina-la com o máximo de detalhes que puder.
-Ok.
Me concentrei, imaginei uma linda ponte de pedra, com um riacho de águas cristalinas passando em baixo. E do lado da ponte haveria uma linda Sakura rosa, minha árvore preferida.
-Pronto pode abrir Diana, realmente impressionante que já saiba materializar tão rápido.
Abri os olhos e vi a mesma cena que imaginei, só que agora era real. Eu ouvia o barulho do riacho e sentia o aroma da Sakura. Fascinada, me aproximei e peguei uma flor da árvore, sem acreditar naquilo.
Olhei para Aurora cheia de perguntas, ela só fez um aceno com a cabeça como se falasse que me explicaria depois.
-Agora vamos atravessar a ponte Diana.
-O que tem depois dela?
-Você vai descobrir - ela sorriu- mas não se preocupe, tenho certeza que vai adorar. Sua mãe própria me disse que ia.
-Minha mãe? Mas ela ainda está viva.
-Calma, perguntas para mais tarde. Agora é hora de conhecer sua mãe 'verdadeira' - ela falou e sumiu, me deixando sozinha em frente a ponte.
Com a flor de Sakura em minhas mãos, respiro fundo e atravesso a ponte. Sabendo que minha vida nunca vai ser a mesma.
Afinal tudo muda quando você morre.