A Floresta

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    14
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Único

    Mutilação, Violência

    A floresta

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    Lá estava a criança albina. Seu vestido vermelho rodado contrastava muito bem com sua pele de um branco muito incomum.

    Ela rodava e rodava. Os poucos raios de Sol que passavam pelas densas camadas formadas pela folhagem das árvores, davam a visão de um lindo cenário.

    Era como se a magia habitasse aquele trecho da floresta.

    A folhagem era a única proteção da jovenzinha. A única coisa que separavam os severos raios solares, da sua pele branquinha e frágil.

    Ela cantarolava uma cantiga antiga, algo em uma língua estranha.

    Mas como uma garotinha poderia cantar algo assim?

    Parecia tão velha.

    E era.

    Ela parou de rodopiar e cantar. Ela olhou para o alto da árvore de tronco grosso a sua frente.

    Era a árvore mais velha daquela floresta.

    A garotinha estranha se aproximou da árvore e tocou em seu tronco com delicadeza.

    Ela seguiu, com seus olhos verdes, até o topo da mesma.

    Viu as poucas fendas que deixavam os poucos raios solares passarem.

    Ela sorriu.

    Seu sorriso era agonizante. Ele transmitia o mal que habitava o pequeno coração.

    Ela balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro, começou a cantarolar a melodia da cantiga que outrora cantava.

    Fechou os olhos como se sentisse a melodia passar por cada célula de seu corpo.

    Ela ainda detinha o sorriso maléfico.

    Ela caminhou lentamente em volta do tronco da grande anciã daquela floresta.

    Seu espirito parecia esperar algum acontecimento, o que não demorava.

    E ela cantarolava.

    Os fios de seu cabelo encaracolado eram vermelhos. Havia pequenas sardas em suas bochechas. A pequena não deveria ter mais de dez anos.

    Mas, ainda assim, era má.

    Ela sentiu os passos se tornando mais audíveis.

    Seu sorriso aumentava.

    ? Lá vem o caçador... Pela floresta sombria... Vem salvar a pobre garotinha... ? Dizia ela de forma cantada.

    A pequena se divertia com a situação que se formava.

    Ela parou de caminhar.

    Sua cabeça tombou de forma curiosa para o lado, olhava fixamente para a escuridão que se formava na parte mais densa da floresta.

    O sorriso dela só aumentava à medida que os passos se aproximavam.

    ? La vem o caçador, pela floresta sombria, vem salvar a pobre garotinha. ? Disse ela num sussurro rápido e cantado.

    E o homem apareceu.

    Ele parecia assustado.

    Olhou para a face da criança e chocou-se ao vê-la ali sozinha.

    ? Onde estão seus pais, jovenzinha? ? Perguntou ele demonstrando sua preocupação.

    Ela não respondeu.

    O sorriso se dissipou de sua face ao ouvir aquela pergunta. Ela olhou de forma desolada para o homem. Sua expressão foi se tornando abatida, frustrada, chocada... Agonizante.

    Ela encarou o chão, parecia pensar nas palavras do homem.

    ? Meu pai me abandonou... ? Sussurrou ela lentamente.

    O homem se aproximou.

    Ela não o observava mais, apenas ouvia os sons das folhas secas, que se despedaçavam a medida que ele caminhava.

    Ele detinha a respiração ofegante, o ar podia ser visto ao sair de sua boca.

    Estava frio.

    Mesmo com o Sol, o frio ainda podia ser sentido.

    ? Deves sentir frio, estou certo? ? Falou ele vendo que a pequena só usava um vestido vermelho e meias brancas.

    A garotinha não respondeu.

    O homem deu mais um passo em direção a ela.

    ? Estás bem? ? Perguntou ele preocupado.

    Ela levantou o olhar lentamente.

    Seus olhos verdes não demonstravam nada, eram vazios e apenas jaziam em sua face para proporciona-lhe visão.

    ? És tolo de caminhar sozinho por uma floresta como está, caçador. ? Disse ela apenas o fitando, sem expressar nada em sua face ou voz.

    O homem surpreendeu-se ao notar que a pequena tinha conhecimento de sua função.

    Mas como?

    Sua arma não estava consigo, na verdade estava perdido naquela floresta, perdeu-se após escutar gritos e correr desesperadamente até estes.

    Pobre homem.

    ? Uma menininha não pode falar assim com um adulto. ? Disse ele tentando parecer o mais amigável possível.

    Ela demonstrou, então, seu sorriso maléfico.

    O sorriso largo, mostrando seus dentes afiados.

    Seus olhos adquiriram um brilho sádico, pela primeira vez mostrando algo além da frieza.

    ? Não sou uma menininha, caçador.

    Ao terminar sua fala, pulou com destreza contra o caçador. Atacou, com seus dentes afiados, o pescoço do pobre homem.

    O sangue jorrou e manchou a pele da albina. Seus fios ruivos e encaracolados se sujaram com o sangue.

    O sorriso ainda era maléfico.

    Ela viu a vida sumindo dos olhos azuis do homem.

    ? O caçador se foi e não salvou a menininha... ? Disse ela com a perversidade de um demônio.

    O que de fato era.

    Bebeu a quantidade de sangue que achou necessária.

    Ao terminar levantou-se e andou em volta do corpo desfalecido.

    Sua face suja pelo sangue, seus cabelos com algumas folhas secas presas, seus olhos com o brilho sádico.

    Ela balançava a cabeça de um lado para o outro.

    E voltou a cantarolar a cantiga em língua desconhecida.

    Fechou os olhos, inalou o cheiro do sangue fresco.

    Estava perfeito.

    Ao terminar seu ritual bizarro, a jovem abriu os olhos novamente.

    Agora já estavam sem vida, sem expressão.

    Ela pôs-se a caminhar pela floresta, deixando o corpo do homem para trás, cantarolava calmamente.

    Seus ouvidos agudos detectaram novos passos ao longe.

    Ela sorriu maleficamente.

    ? AH! ? Gritou de forma amedrontada.

    E ficou ali parada.

    Seu sorriso maldoso estava presente.

    Ela mataria de novo.

    E o companheiro do caçador apareceu.

    Viu a menina ali e assustou-se.

    ? Quem és tu garotinha? ? Perguntou ele compadecendo do estado lamentável da jovem.

    Toda suja de sangue.

    ? Não sou uma garotinha. ? Ela disse fazendo uma expressão inocente. ? Sou um demônio. Estou com fome.

    ? Demônio? ? O homem falou assustado. ? Que tipo de demônio tu és?

    Mas o demônio não respondeu. Avançou contra o homem e, mais uma vez naquele dia frio, ela matou e se alimentou.

    Ao terminar seu ritual de caminhar em volta do corpo ela sorriu largamente, deixando todo o mal que existia em seu ser se mostrar.

    ? Sou o demônio desta floresta, o demônio sedento por sangue... Esperando a salvação de meu Pai... Chamo-me Lúcifer. ? E ela voltou a cantarolar.

    ?-


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