Harvest Moon Meus Amigos da Cidade Mineral

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    Capítulo 11

    O flagra da biblioteca

    - A dona Julie aqui ? disse Ann, apontando a fazendeira e olhando-a feio ? não lembra das instruções que Zack passou pra ela.

    - É, nossa fazendeira é mesmo um prodígio da cidade grande ? disse Gotz zombando.

    - Bem que você podia nos ajudar, afinal vive enfurnado nesse matagal? ? pediu Ann para Gotz

    - Olha, eu tenho toras pra cortar e deixar prontas como todo bom lenhador? ? disse ele, apenas continuando a caminhar em direção ao Lago da Mina.

    - Grosso! ? disse Ann, revoltada. ? O que vamos fazer?

    - Ué ? disse Julie ? O que íamos fazer antes: pegar um livro com a Mary.

    - Ann, Julie! ? Basil sorriu para elas. ? Que surpresa vê-las!

    - A Mary, onde ela está? ? perguntou Ann, pondo as mãos no bolso.

    - Bom, acho que ?tá? na biblioteca. Ela disse alguma coisa sobre preparar tudo pra quando ela abrir pra todo mundo. Inclusive acho que ela até deixou a porta aberta.

    - Tudo bem ? disse Ann, andando até a porta da biblioteca. ? Vou conferir.

    Sob os olhares de Julie e Basil, Ann virou a maçaneta e abriu a porta da biblioteca. Entretanto, o que ela não viu não foi uma jovem bibliotecária arrumando os livros nas estantes e sim uma bibliotecária presa em um caloroso beijo com o neto do ferreiro. Ao vê-la, os dois cessaram instantaneamente o beijo e olharam para Ann, assustados.

    - Ann, algum problema? ? perguntou Basil ao ver o espanto tomar conta da face da garota da longa trança ruiva.

    - Não? nenhum ? ela respondeu de forma nada convincente, imóvel, olhando os dois, que expressavam medo e pareciam igualmente sem ação.

    Julie também estranhara o comportamento de Ann e fez menção de se aproximar da amiga, mas Basil adiantou-se, descendo as escadas e se aproximando dela. Mary, todavia, havia sentido que a falta de ação de Ann poderia prejudicá-la e se adiantou para a porta ainda mais rápida que seu pai, que parou ao vê-la, e fechou a porta logo após sair de dentro da biblioteca.

    - Quanto livro, ?né?, Ann ? disse Mary, dando cotoveladas na amiga e um longo suspiro, enquanto passava a mão na testa.

    - Nem me fale! ? concordou Ann, passando a mão na testa também, tentando parecer tranqüila. ? Quase enfartei com o que vi!

    - Filha, você está bem? ? perguntou Basil, olhando-a com desconfiança.

    - Estou, pai ? disse Mary em tom bastante convincente. ? Só um pouco cansada, mas bem. Eu não sabia que tínhamos tantos livros pra arrumar!

    - Tem certeza que está? ? perguntou Basil, mais uma vez.

    - Claro ? disse Mary, afirmando com um aceno de cabeça. ? Aliás ? ela começou a puxar o ar pelo nariz para cheirar ? você não está fazendo almoço?

    - É, estou ? disse Basil. ? Sua mãe saiu, então ?tô? tendo que me virar.

    - Obrigada, paizinho ? disse Mary, sorrindo, e beijando o rosto dele, que sorriu ao recebê-lo. ? Estou morta de fome e? pai, você não ?tá? deixando algo queimar não, hein?

    - Ah! É mesmo! Que Droga! Tchau! ? e, ao dizer isso com pressa, Basil correu para dentro de sua casa, deixando as três meninas lá fora.

    - Julie! ? Mary sorriu ao vê-la. ? Olá! O quê faz aqui? ? e então dirigiu seu olhar para Ann, demonstrando um pouco de irritação. ? Ou melhor, o que vocês fazem? E por que abriu a porta desse jeito, Ann? Nunca ouviu falar em bater?

    - Perdoe-me senhorita ?eu-me-amasso-na-biblioteca-com-meu-namorado? ? disse Ann, rebatendo a grosseria de Mary e fazendo Julie arregalar os olhos ao ouvir as últimas palavras de Ann.

    - O quê? ? perguntou, boquiaberta, a fazendeira. ? Você estava se amassando com alguém na biblioteca, Mary?

    - Calem essa boca! ? sussurrou Mary, fazendo sinal para Ann silenciar. ? Primeiro que eu não ?me amasso?, segundo que meu pai não sabe ainda nem minha mãe nem ninguém. Você é a primeira ? e então ela olhou para Julie ? e você é a segunda. Por favor, mantenham segredo sobre isso.

    - Tudo bem. Nós manteremos ? disse Julie, sorrindo para Mary, que retribuiu o sorriso como agradecimento. ? É que estamos atrás de alguma espécie de manual de instruções para uma fazendeira iniciante. Pra mim, sabe?

    - Hum. Eu tenho O Manual do Fazendeiro ? disse Mary, tirando os óculos do rosto e limpando-o na blusa que usava. ? Acho que deve ser o que procura.

    - Exato! ? disse Julie. ? Preciso dele com urgência pra fazer minha fazenda prosperar e o programa ?Vida na Fazenda? não é lá a melhor opção.

    - Tudo bem. Eu tenho esse, mas vou precisar de ajuda porque ele está no meio da bagunça ? disse Mary, recolocando os óculos no rosto, e então olhando para os arbustos que cercavam a árvore mais próxima. ? Julie, aquele cachorro é seu?

    - É sim ? afirmou Julie, vendo-o firmar suas patinhas sobre o tronco da árvore para tentar pegar uma lagarta que subia por ele.

    - Bom, não o deixe fazer cocô aí. Papai ficaria louco se visse cocô de cachorro em cima de alguma planta ou qualquer coisa do tipo. Quando ele estava no colegial, deixou todos de sua sala comovidos com seu livro Se Meu Jardim Falasse, onde ele transcrevia todos os sentimentos de um jardim pisoteado e mal-tratado e desde então ninguém mais daquela sala tratou mal algum jardim. Mamãe disse que foi assombroso ? contou Mary, fazendo com que Julie imediatamente se desculpasse e colocasse o filhote no colo.

    - Eu ajudo a procurar o livro também ? disse Ann, enfim. ? E prometo guardar segredo sobre você e o menino ? disse ao ver o novo sinal de Mary para que ela se calasse ? desde que você me mantenha bem informada sobre isso!

    - Ann, você não existe ? comentou Mary, fulminando-a com o olhar.

    Ainda que contrariada, ela reabriu a porta da biblioteca, convidando Ann e Julie para entrar. Ao passar, Mary fechou a porta atrás dela. O lugar estava cheio de poeira e livros espalhados por tudo que é canto, formando pilhas enormes. Alguns já haviam sido colocados nas prateleiras que cobriam as paredes do local. Havia também uma mesa à entrada com uma cadeira posta e um caderno grande fechado com a capa decorada com florzinhas artesanais de papel feitas à mão; atrás da mesinha ficava uma escada que conduzia ao segundo andar e uma mesa maior ficava encostada na parede do lado esquerdo, mais parecendo um enorme balcão, onde havia mais livros empilhados e alguns até derrubados para a parte de trás. Atrás dessa longa mesa, estava um armário velho e todo empoeirado com o chão afundado e rangia, emitindo um barulho irritante, dando a impressão de que se movia sozinho. Julie procurou o garoto com quem Mary estivera e imaginou que ele tivesse subido as escadas no desespero de se esconder de Basil, mas para sua surpresa, ele não estava lá em cima.

    - Gray, pode sair ? disse Mary após fechar a porta, colocando-se à frente de Ann e Julie. ? Está seguro agora.

    A porta do armário velho se abriu, a parte afundada rangeu ainda mais forte e se moveu um pouco para cima. De dentro dele, saiu o neto do ferreiro, o rapaz loiro que Julie vira aparecendo ao pé da escada na estalagem. Gray era maior que elas e usava uma roupa meio suja que mais lembrava um uniforme de supermercado, tinha um boné azul cobrindo os cabelos loiros e os olhos azuis. Quando saiu do armário, sua face transparecia preocupação e quando ele olhou para Ann e Julie, não olhou de forma simpática, muito pelo contrário. Tinha no rosto um misto de chateação e incômodo pela presença das duas ali e a fazendeira até compreendia o porquê disso.

    - Oi meninas ? ele deu um aceno de cabeça meio tímido para elas, forçando um riso simpático.

    - Deus! ? Ann disse, rindo num tom de incredulidade ? Eu nunca ia esperar isso de vocês dois. Muito menos de você, Mary ? e ela deu uma cutucada na amiga, que não riu e estava visivelmente constrangida. Ann parece não ter notado e continuou. ? Faz toda essa pose de certinha, mas na verdade hein!

    - Ann, ? Julie decidiu intervir ao ver que ela estava sendo novamente inconveniente ? por que você não deixa a Mary procurar logo o livro? Estamos com pressa, lembra?

    - Claro! ? disse Mary, feliz por ter uma desculpa para sair daquela cena constrangedora. ? Eu pus os livros sobre fazendas e essas coisas lá em cima. Esperem só um momentinho que eu já volto, tudo bem?

    - Tudo ? concordou Julie, assentindo com a cabeça e sorrindo para ela.

    - Espera um pouco! ? disse Ann, logo depois, erguendo a mão direita rapidamente. ? Eu te ajudo, Mary!

    - Ahn ? Mary pareceu hesitar por um instante, passando a mão nos seus longos cabelos pretos. ? Tudo bem desde que realmente me ajude.

    - Pode contar comigo! ? disse Ann, ajeitando o macacão no corpo e subindo com Mary as escadas para o segundo andar.

    - Ah! Mary? ? chamou Julie e ela olhou ? posso colocá-lo no chão?

    - Pode sim ? disse Mary, sorrindo gentilmente. ? Só não o deixe fazer cocô e nem fazer nada de mais com os livros.

    - Tudo bem ? respondeu Julie, enquanto Mary terminava de subir as escadas.

    Julie ajeitou o filhote, que já se debatia nos seus braços, e então o colocou no chão. Rapidamente, ele correu em direção aos livros e Julie se abaixou para impedi-lo e distraí-lo com carinhos. Gray deu um longo suspiro e começou a ajeitar os livros da pilha caída sobre a grande mesa. Julie o olhou por uns instantes e podia ouvir os sussurros de Ann para Mary chegarem aos ouvidos deles. Provavelmente ela estaria querendo saber os detalhes do namoro de Mary e Gray.

    - Ela é? uma figura, não é? ? comentou Julie, tentando puxar assunto, enquanto tentava evitar as mordidas de seu cachorrinho.

    - Mary? ? perguntou Gray friamente, sem olhar Julie, ainda ajeitando os livros.

    - Ann ? respondeu Julie. ? Ela fala as coisas meio sem pensar às vezes.

    - Ela sempre foi assim ? ele terminou de empilhar uma quantidade de livros e agora fazia isso com uma segunda pilha. ? Fala mais do que deve.

    - Hum? eu não sabia ? disse Julie e então o local mergulhou no silêncio, a não ser pelos cochichos audíveis de Ann e Mary no andar de cima.

    - ?e por que não me contou nada? ? perguntou Ann, sussurrando para Mary em meio a livros espalhados no chão e a quatro prateleiras praticamente vazias que cercavam o andar de cima.

    - Eu não contei nada pra ninguém, Ann ? respondeu Mary, procurando o livro pelo título entre as pilhas. ? E nem quero que isso se espalhe.

    - E por quê? ? perguntou Ann, intrigada. ? Você não é do tipo de pessoa que faz as coisas às escondidas.

    - Ann, eu não costumo desobedecer meus pais nem quebrar regras nem nada. Sou gentil e educada, mas não sou só isso, sabe. Eu gosto do Gray e eu acho ele bonito, gosto de conversar com ele. Sinto algo de diferente por ele e não é o mesmo que sinto por algum amigo ? e então ela deu uma risada feliz baixa e continuou. ? É mais que isso. É como se ele fosse meu irmão, mas um irmão que eu gosto e posso namorar.

    - Uau! Isso soou tão estranho! ? disse Ann, rindo, num fingido tom horrorizado, do comentário da amiga. ? E incestuoso também!

    - Ai, Ann! Não é assim! Quando eu estou com o Gray tudo fica diferente. É como se eu estivesse lendo um livro e vivendo nele ao mesmo tempo. Eu posso confiar nele, posso chamá-lo de ?meu? e dizer que eu sou dele. É algo que eu sempre quis e agora eu tenho? esse carinho, essa atenção. Ele se importa comigo e eu me importo com ele e um cuida do outro.

    - Mary, se isso não tivesse soado tanto como um diálogo decorado de ?Eu No Teu Corpo?, eu poderia até chorar ? disse Ann, sorrindo para a amiga.

    - Ann, que seja! Eu gosto mesmo do Gray e apenas expressei meus verdadeiros sentimentos ? Mary deu uma pausa longa, olhou para o andar de baixo e suspirou, dizendo: ? Ann, eu o amo e isso é o que importa. Agora me ajuda a achar o livro! ? mas Ann continuou olhando a amiga, com os olhos marejados.

    Julie continuava com Gray no andar de baixo. Enquanto ele colocava os livros nas estantes, separando-os por nome, aparentemente, já que lia seus nomes e depois os guardava em seus respectivos lugares, Julie acariciava a barriga de seu cachorrinho, que estendia a língua molhada para fora da boca, animado e feliz.

    - Ainda não fomos apresentados. ? disse, quebrando o silêncio e olhando para ele.

    - Você é a Julie ? ele respondeu, indiferente. ? Eu sou o Gray. Apresentados.

    - Nossa! Como você sa?? ? perguntou Julie, intrigada e então seu olhar confuso de tornou um olhar de compreensão. ? Já sei! Todos falam de mim por aí! Eu já suspeitava. A Anna tem alguma coisa a ver com isso. Aposto! Aquela metida ficou dizendo que eu moro num barraco!

    - Meu avô me contou sobre você, não foi a Anna ? disse ele, frio, ainda guardando os livros sem olhá-la. ? Aliás, sabia que não é educado fazer um comentário desses na biblioteca que pertence à filha da tal ?metida??

    - Ai meu Deus! ? disse Julie, levando a mão à boca e sentindo-se constrangida por ter falado de Anna, lembrando-se que ela era a mãe de Mary, logo, a possível futura sogra de Gray. ? Me desculpe.

    - O.k. ? disse Gary, sem emoção, encerrando o assunto e Julie perguntou-se se ele tinha ficado chateado com o comentário sobre Anna e começou a chamar a si mesma de ?burra?, mentalmente, por ter cometido uma gafe dessas.

    - Mary ? Ann então pegou as mãos de Mary agora. ? Isso é tão lindo! Você e o Gray. Eu nunca pensei, sabe. Ele é tão delicado quanto um cachorro do mato, não consigo pensar nele dizendo ?eu te amo? ? Mary riu do comentário de Ann e a amiga prosseguiu. ? Mas agora vejo que é amor verdadeiro. É como uma pêra, uva e salada mista, sabe.

    - Ah! Achei! ? comemorou Mary, triunfante, olhando para o livro que estava guardado numa estante e soltando-se das mãos de Ann, em seguida, para correr para pegá-lo. ? Por isso eu não achei! Ele já estava numa estante, não entre os livros empilhados ? e então, repentinamente, ela olhou para Ann, desconfiada ? O que você quer dizer com ?pêra, uva e salada mista?? E não tinha uma maçã também, Ann?

    - É que? ? ela parou diante de Mary, pensativa ? bom, são três coisas diferentes que se encaixam: você e o Gray, sabe.

    - Mas aí são duas - questionou Mary, confusa.

    - Você é a pêra, o Gray é a uva, a maça é? ? Ann parou, mais uma vez pensativa e então prosseguiu ? mais alguém é a maça e isso forma uma salada mista!

    - Mais alguém? ? Mary estranhou ainda mais o comentário da amiga. ? Quem é ?mais alguém?? Você quer dizer que mais alguém gosta do Gray? Ou de mim?

    - Não é isso. É o amor, aquela musiquinha do abraço, do aperto de mão, apesar de que parece que você e o Gray pularam algumas etapas e já foram logo pro ?me amassa que eu gosto?.

    - Ann, por favor ? disse Mary, olhando a amiga constrangida. ? Eu e o Gray não ?nos amassamos? por aí nem quebramos os ?limites?. Além do mais, você falando desse jeito me faz parecer uma? mulher qualquer que fica se amassando com homens no meio das moitas da vida!

    - Só ?tô? brincando! ? disse Ann, fechando a cara. ? Mas eu não entendo, Mary. Se você e o Gray se gostam tanto, por que namoram às escondidas na biblioteca?

    - Culpa da minha mãe e do avô dele ? respondeu Mary, fazendo uma expressão de chateação e abraçando O Manual do Fazendeiro. ? Mamãe vai dizer que eu tinha que me preocupar com o meu futuro e não namorar o neto de um ferreiro que nem futuro tem; e o avô dele diria que eu só sou mais uma distração para o trabalho dele e que também não temos futuros juntos. Nossas famílias são difíceis, só que o Gray parece sofrer mais porque eu pelo menos acho que posso contar com meu pai, mas ele?

    - Então por que ainda não contou ?pro? seu pai? ? indagou Ann.

    - Não estou pronta ainda ? e então a bibliotecária se levantou. ? Vamos logo. A Julie já deve estar cansada de esperar.

    - O.k. ? concordou Ann, levantando-se também.

    - Gray ? Julie chamou-o mais uma vez, tentando tirar o peso da consciência e deixando de acariciar o cachorrinho

    - Julie ? Gray disse, agora olhando para ela primeira vez.

    - O que é? ? perguntou Julie, olhando-o também, intrigada.

    - Estou fazendo uma coisa, sabe, e você está me perturbando com tantas perguntas. Será que é difícil demais você só acariciar esse bicho de boca fechada ou você tem essa grande necessidade de falar enquanto faz alguma coisa? ? disse Gray, rudemente.

    - O quê? Seu grosso! ? perguntou Julie, revoltando-se contra ele. ? Eu só estava tentando ser gentil com você, ?tá? legal?

    - Eu não preciso de sua gentileza, obrigado ? disse, ríspido.

    Julie sentiu muita vontade de dizer àquele garoto o que ela achava que ele merecia ouvir, mas os passos de Mary e Ann descendo as escadas a fizeram se calar e agradecer a Deus que ela não teria que esperar mais na presença daquele sujeito desagradável.

    - Encontramos ? disse Mary, erguendo o livro.

    - Ah! Que ótimo! ? comemorou Julie, levantando-se e apertando o cachorrinho nos braços, fazendo-o dar um gemido agudo. ? Ops, me desculpe, pequeno!

    - Aqui está ? disse Mary, se aproximando dela e lhe estendendo o livro. ? Espere que seja útil. Quem me doou esse livro garantiu que ele tem tudo o que um bom fazendeiro deve saber para fazer sua fazenda prosperar.

    - Ah! Muito obrigada ? disse Julie, pegando o livro com a mão livre, enquanto a outra mantinha o cachorrinho em seus braços. ? Vai ser realmente muito útil pra mim. Valeu mesmo.

    - Que isso. Não tem que agradecer. Afinal se sua fazenda render boas colheitas, logo essas frutas estarão disponíveis no mercado pra gente comprar e aí nós teremos que agradecer à nossa fazendeira da cidade por cultivá-las por nós! ? disse Mary, sorrindo e indo até Gray, fazendo-o parar de guardar os livros nas estantes ao abraçá-lo de lado.

    - Eu vou tentar o meu melhor ? disse Julie, sorrindo e passando o livro para Ann segurar. ? Acho que agora é hora de irmos. O que acha, Ann?

    - Acho que é uma boa idéia ? disse a garota, folheando O Manual do Fazendeiro. ? Uau! Tem até gravuras bonitas! ? e então ela parou de repente de folheá-lo e fixou seu olhar surpreso numa página ? Existem vacas com seis tetas?

    - Sei lá! Nós vemos isso depois. Tchau Mary e, mais uma vez, muito obrigada e tchau sr Gray. Devia pegar com a sua namorada depois algum manual sobre boas maneiras ? disse Julie, abrindo as portas e fazendo Mary afastar-se dele de repente, com um olhar intrigado sobre o que Julie dissera.

    - Fazendeira, você não consegue mesmo fechar a boca, não é? ? perguntou Gray, rudemente e ela meramente sorriu com desdém pra ele.

    - Nossa! Acho que vocês já se conheceram ? disse Ann, surpresa com as alfinetadas trocadas entre eles. ? Tchaaau! E ? ela baixou a voz ? boa sorte com o namoro de vocês!

    Ann saiu logo atrás de Julie, fechando a porta ao passar, enquanto Mary acenava para elas, afastada de Gray, que apenas olhava para a porta sem demonstrar qualquer emoção ao vê-las ir. Logo após a porta ser fechada, a bibliotecária olhou para o neto do ferreiro com um olhar meio preocupado.

    - É melhor tomarmos mais cuidado ou mais gente vai acabar descobrindo ? disse ela, olhando pra ele, demonstrando seriedade e preocupação.

    - É. Você tem razão. Se essas duas enxeridas descobriram, então nós corremos riscos demais. Seria um desastre se meu avô ou sua mãe descobrissem ? Gray comentou, olhando sua namorada, que se aproximou dele e lhe deu um selinho.

    - Pelo visto não foi com a cara de Julie, ?né?? ? comentou Mary, rindo para ele, ao afastar-se e pegando algumas pilhas de livros no chão para pôr nas estantes.

    - Não. Ela fala mais do que devia. Chega a ser irritante, sabe. É aquele tipo de pessoa que tenta forçar um assunto ? disse ele, voltando a organizar os livros também. ? E como foi lá em cima com Ann?

    - Ah. Ela me encheu de perguntas, mas nada demais. Ela foi simplesmente a Ann de sempre ? ela então parou de guardar os livros e olhou para Gray. ? Aliás, eu acho que ela está gostando de você.

    - Ela quem? Ann? ? indagou Gray, intrigado e Mary confirmou com um aceno de cabeça. ? E por que você acha isso?

    - Hoje ela veio com um papo estranho de salada mista e citou ?mais alguém? no meio de nós dois. Eu acho que ela quis deixar escapar algo, sabe. Como se ela fosse esse mais alguém.

    - Hum? Vai ver é só um comentário bobo vindo dela ? disse Gray, com naturalidade.

    - É, vai ver foi ? disse Mary, tentando convencer a si mesma, embora essa desconfiança continuasse a arder em seu peito.

    - Hum. Que droga! Está fechado ? exclamou Julie ao ver a placa na porta do Supermercado de Jeff.

    - É ? confirmou Ann. ? Ele deve estar no horário de almoço. Aliás, por que não vamos "pro" nosso horário de almoço também? Andamos o dia todo, corremos atrás de livros, fofocamos e não comemos nada! Almoçamos e depois voltamos aqui.

    - Tudo bem, mas eu não tenho muito dinheiro pra almoçar ? disse Julie.

    - Ah! Tudo bem! ? disse Ann, sorrindo. ? Você pode almoçar lá na estalagem de graça! Afinal só eu e papai almoçamos e o resto fica pra vender, mas nem sempre vendemos tudo, então tem de sobra pra você!

    - Obrigada pelas sobras ? disse Julie em tom de brincadeira.

    - Vamos logo e não reclama, guria!

    CONTINUA

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