Harvest Moon Meus Amigos da Cidade Mineral

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    Capítulo 8

    Despertando velhas mágoas

    - Manna! Que bom que chegou, meu amor. Esse vinho delicioso ? disse o marido de Manna num tom meio debochado, mostrando a garrafa para ela ? eu só devo a você ? ele manda um beijinho pra ela. ? Nem precisa de copo!

    Julie, Ann e as outras pessoas do recinto olharam para a cena, completamente chocadas e temendo o que estava por vir. Julie viu que o olhar de Manna unia um misto de fúria e vergonha e se sentiu mal por ela.

    - Qual é, amor? Por que essa carinha? Por que não me ajuda a convencer a nova fazendeira do pedaço a tomar um golinho? ? disse ele, apertando a bochecha de Julie, que se afastou dele com Ann.

    - Duke ? disse Manna, séria e autoritária. ? Deixe a Julie em paz e venha comigo pra casa agora mesmo!

    - Que isso, ?mô?! Eu não ?cato brotinho? não ? disse Duke, tomado pela bebida. ?Sabe, por que a gente não ?adota ela? como nossa filha hein?

    - Cala essa boca, Duke ? Manna começou a dizer.

    - Julie ? Ann pegou a mão de Julie, no mesmo instante que Manna recomeçara a falar com Duke e disse em seu ouvido. ? não se assuste com o Duke. Ele é um cara legal. Só não está em seu melhor momento. Vamos sair daqui com calma.

    - Nós temos uma filha ? disse Manna ?, somos uma família completa e você está estragando essa família. Vamos pra casa, você pára de beber e nossa Aja volta pra nós, mas por favor, vamos embora daqui, Duke. Se vier comigo, prometo te perdoar e vamos voltar a viver como uma família unida e de verdade. Pra que jogar fora tantos anos de casamento?

    - Pobre Manna ? disse Julie a Ann, enquanto elas se afastavam deles aos poucos. ? Desde quando Duke bebe assim?

    - Desde que eu me entendo por gente ? disse Ann, enquanto as duas se aproximavam dos dois homens que jogavam damas.

    Julie percebeu que eles também falavam sobre a humilhação de Manna diante de um bêbado Duke e duvidava que o quer que Manna dissesse convenceria Duke a sair da Hospedaria naquele estado.

    - Pra que jogar fora? Ué, Manna! ? disse Duke, um tanto rude. ? Porcarias se jogam fora e é isso que nosso casamento é! ? disse, deixando todos ainda mais horrorizados.

    - Duke ? gritou o velho barbudo indignado ? olha como fala!

    - Calma Saibara ou vai piorar a situação ? disse o homem mais moço com ?roupa de escoteiro?, enquanto Manna encarava Duke, completamente horrorizada e começando a chorar.

    - Nosso casamento é um lixo? ? perguntou Manna, inconformada.

    - É! Um grande lixo! Nosso casamento é um lixo, nossa casa é um lixo, essa cidadezinha é um lixo, todas essas pessoas ? e ele olhou para todos os que estavam ali ? são um grande lixo e aquela mimada da nossa filha é um lix?

    TAP.

    A reação de todos foi instantânea. No momento em que Manna deu um tapa na cara de seu marido, Julie, Ann, Saibara e o homem com roupa de escoteiro soltaram uma exclamação e ao ver a reação furiosa de Duke ao se virar para Manna, o mais moço correu e se pôs entre os dois.

    - Já chega, Manna ? disse o homem olhando Manna, sério. ? E já chega Duke ? disse encarando-o.

    - Essa vaca me deu um tapa ? disse Duke, reagindo de forma exagerada com sua fúria e querendo partir pra cima de Manna, mas o moço o parou.

    - Eu já disse que chega, Duke ? disse o homem, elevando o tom de voz.

    - Não se meta nos nossos problemas, Basil ? disse Duke ao homem. ? Você não sabe a infelicidade que é viver com essa tagarela!

    - Não fale assim dela, Duke ? disse o velho Saibara, enquanto Julie e Ann correram para trás de Basil, puxando Manna para ficar junto delas. Manna chorava amargamente.

    - Você também, seu velho. Cale essa boca. Vai arrumar um ferro pra martelar e me deixa em paz. E você, Basil, vai estudar suas porcarias de plantas ? disse Duke, se afastando dos dois. ? Mulher nenhuma bate na minha cara! ? disse, aumentando o tom de voz e batendo no peito. ? Mulher nenhuma!

    Neste instante, Julie viu um garoto loiro usando boné e um garoto de cabelos longos e escuros aparecendo ao pé da escada, curiosos, e começou a pensar em quem eram eles.

    - Manna, venha comigo ? disse Ann, tentando consolá-la. ? Você precisa de um pouco de água para descansar.

    - Eu concordo, Manna. Você passou por coisas terríveis hoje ? disse Julie a ela. ? Eu não quero descanso, Ann. Eu quero ir embora. Ir embora deste lugar ? disse Manna, chorando. ? Eu quero minha filha.

    A porta dos fundos se abriu e dela saiu um homem ruivo com barba e bigode bem-feitos. Parecia estar molhado ainda e Julie julgou que ele havia acabado de sair do banho. Ao ver Duke furioso encarando Saibara e Basil e Manna chorando com Ann e a fazendeira loira, o dono da Hospedaria do Doug, o próprio Doug, encheu-se de curiosidade e ao ver seus dois jovens hóspedes ali aos pés da escada, espiando tudo como duas galinhas acuadas, dirigiu a palavra a eles:

    - Cliff, Gray, o que está acontecendo aqui?

    - Nós não sabemos ? respondeu o loirinho chamado Gray. Parecia tão surpreso quanto o garoto calado que estava ao seu lado e tanto quanto o próprio Doug. ? Parece que Manna e Duke tiveram uma briga daquelas!

    - Era só o que me faltava! ? disse Doug, se aproximando do restante do pessoal. ? Vocês dois! ? ele disse, virando-se para Cliff e Gray, que atenderam instantaneamente. ? Preparem uma cama a mais no seu quarto.

    - Fala sério! ? reclamou Gray ? Somos hóspedes!

    - Gray, só faça ? disse Doug, repreendendo-o. ? Se importaria de ajudá-lo Cliff?

    - Claro que não ? respondeu o garoto e então os dois subiram na mesma hora.

    - Duke, vai pra casa descansar e depois você conversa com Manna com mais calma ? disse Basil, tentando segurá-lo para não avançar na própria mulher.

    - Quem é você pra me dizer alguma coisa, seu florista! ? disse Duke, grosseiramente, tentando investir contra ele mais uma vez, mas é barrado novamente por Basil e pelo velho Saibara. ? Me soltem seus idiotas!

    - Você é que está sendo idiota, Duke ? disse Doug, batendo na cabeça de Duke com um cardápio e o bêbado voltou-se pra ele, mostrando indignação.

    - O que acha que está fazendo, idiota? ? perguntou Duke.

    - Só o que você merece. Você vai pro quarto de cima sozinho ou terei que pedir que Saibara e Basil me ajudem? ? perguntou Doug.

    - Você não seria capaz ? desafiou Duke.

    - Ah não? ? perguntou Doug, em tom ameaçador.

    - Sem chance ? disse Duke.

    - Você que sabe ? disse Doug antes de, sem hesitar, socar o rosto de Duke com força, fazendo-o cair de vez no chão. ? Ao contrário de sua esposa, Duke, eu não tenho pena de socar você, seu verme estúpido.

    - Obrigado pelo que fez, Doug. Ele estava mesmo merecendo uma! ? disse Saibara. ? Aliás, o Gray estava aqui em baixo?

    - Desceu, mas já subiu ? respondeu Doug. ? Agora vocês poderiam me ajudar a levar Duke lá pra cima?

    - Pai ? Ann saiu de perto de Manna e Julie, que haviam sentado numa das mesas da Hospedaria para tomarem um pouco de água.

    - O que foi, querida? ? respondeu Doug, olhando-a.

    - Tem certeza que é uma boa idéia o Duke dormir aqui esta noite?

    - Bom, filha. Será melhor pra ele dormir aqui até as coisas se ajeitarem do que ir pra casa e arrumar mais confusão com Manna. Tudo bem pra você, certo? ? ao dizer isso, Doug olhou para a mulher que estava secando as próprias lágrimas com um lencinho, sentada perto da nova fazendeira.

    - Tudo bem. Não faço questão que ele volte pra casa ? ela se levantou e ajeitou seu vestido. ? Vou embora e? que ninguém comente o que aconteceu aqui esta noite. Entendeu fazendeira?

    - Claro ? respondeu Julie, ignorando a grosseria de Manna.

    - Tenham uma boa noite ? ela disse ao sair, tentando parecer forte.

    - Pobre Manna ? disse Basil. ? Às vezes é difícil entender o que se passa na cabeça dela. Por que fingir que nada aconteceu?

    - Porque é mais difícil lembrar que aconteceu ? disse Julie, triste com a situação.

    - E quem é você? ? perguntou Saibara, olhando para a nova fazendeira.

    - Sou Julie, a nova proprietária da Harvest Moon ? ela disse, cumprimentando os três homens, Basil, Doug e Saibara, enquanto se apresentavam.

    - Seja bem-vinda a este lugar rico em vida natural ? disse Basil, sorrindo pra ela.

    - Obrigada. Acabei conhecendo vocês na hora errada ? disse Julie a eles.

    - Não se preocupe. Teremos tempo para conversar na hora certa, mas agora temos um corpo para levar ? disse Doug.

    Doug, Basil e Saibara subiram as escadas levando o corpo desmaiado de Duke, deixando Ann e Julie no andar de baixo.

    - E então Julie? Já decidiu se vai querer vinho? ? perguntou Ann, de trás do balcão.

    - Não, Ann ? respondeu Julie. ? Nada de vinhos por hoje.

    E enquanto as coisas voltavam pouco a pouco ao normal na Hospedaria de Doug, Manna continuava chorando amargamente em seu quarto, sentindo-se solitária, fraca e sem anseios, naquele que havia se tornado o dia mais triste de sua vida.

    CONTINUA


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