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A armadilha
- Ninguém mais apropriado do que você para ser a isca. Afinal, a tal da Yamada não vai sossegar enquanto não te matar. Ainda mais agora, que você ?sabe demais?...
- Saber demais? De onde eu sei alguma coisa, Gorila? A única coisa que sei é que aquela maluca tá tentando me matar há uns três dias! Isso tudo é só porque eu sei quem ela é?
- Até onde sabemos, ela pode ter ligação com o Harusame e o Kiheitai. Precisamos pegá-la de alguma forma para ?arrancar? essa informação, para poder complementar o que já sabemos através do Yamazaki e do Katsura. E como ela quer te matar de qualquer maneira, você é a isca perfeita, Yorozuya!
- E que garantias eu tenho de que vou estar seguro? ? Gintoki questionou o comandante Kondo.
Hijikata ficou impaciente, desembainhou a katana e a apontou ao albino:
- Você só vai morrer se eu sair do sério. E falta muito pouco pra isso acontecer.
- Faça isso que eu te deduro pro seu chefão!
- Faça isso... Pelo menos vai valer a pena tentar fechar a sua matraca!
Parecia que nada ali iria acalmar os ânimos exaltados de Gintoki e Hijikata. Só parecia, porque duas kunais surgiram, com destinos certos: as testas de ambos.
E assim a dupla caiu pra trás e ficou quieta.
*
Mais uma vez a noite cai em Edo. E, devido aos crimes recentes, o movimento das ruas do Distrito Kabuki havia caído drasticamente. Tanto que ali estava praticamente deserto.
Na verdade, quase. Alguém transitava sozinho por uma das ruas do Distrito Kabuki. Era Gintoki.
- ?Você é o Yorozuya?, me dizem... ?Você é o ?faz-tudo??, argumentam. ? resmungava. ? E aí eu acabo me ferrando, só pra variar... A pior parte sempre sobra pra mim! Só pra variar, sempre sobra pra mim, e eu ainda tenho que ouvir aquela velha me encher por causa do maldito aluguel...!
Enquanto ele fazia seu monólogo, um vulto o seguia de longe. A cada passo dado pelo ex-samurai, o vulto se aproximava dele. Gintoki ficou alerta e levou a mão esquerda à sua fiel espada de madeira. A sensação de ser seguido aumentava mais e mais, à medida que se aproximava de casa.
Apressou o passo, não queria ser atacado pela terceira vez em três dias. Segurava cada vez mais forte a espada, prestes a ?desembainhá-la? do seu cinto. Seus instintos de antigo Shiroyasha jamais o abandonaram e agora aguçavam a sua audição, que detectava o som de passos rápidos e abafados. Esses passos se aproximavam cada vez mais rapidamente do albino. Nisso, ouviu o som de uma lâmina sibilando logo acima de sua cabeça e, numa fração de segundo, sua espada de madeira segurava uma katana.
Gintoki acabava de bloquear a katana de Naru, que mais uma vez tentava atacá-lo. Seus olhos pareciam injetados de vermelho vivo e encaravam os olhos naturalmente avermelhados do Yorozuya. Jogou um pouco mais de força e conseguiu empurrar a mulher para trás e imediatamente moveu-se de forma a dar impulso à sua espada, para atingir a espada de Naru e tentar tirá-la da mão dela. No entanto, com o movimento brusco, a dor dos pontos do ferimento que ainda tinha voltou a aparecer.
- Mas que droga! ? praguejou.
Estava vulnerável. Ou, pelo menos, Naru pensou que ele estava. Num movimento rápido, sua espada caiu da mão e fincou-se no chão de terra. Alguém conseguira tirá-la de sua mão.
- Desgraçado!! ? ela disse entre dentes.
- Não é ?desgraçado?, é Katsura. ? o líder Joui tornava a embainhar sua katana.
- Há quanto tempo, Katsura. ? a jovem sorriu. ? Você nunca muda... Mas não pense que você vai me pegar antes de dar um fim em Gintoki. Ele sabe demais.
- Ei, qualé? ? Gintoki reclamou. ? Eu sei demais o quê?
Naru não respondeu. Apenas pôs-se a correr e a pegar a sua katana de volta, para sumir dali e planejar sem próximo ataque a Gintoki. Porém, não foi longe. Várias kunais vieram em sua direção e, logo que escapou delas, recebeu mais um ataque de katana, do qual conseguiu defender-se magistralmente com a sua.
Kyuubei mais uma vez foi ao ataque, para tentar desarmá-la novamente, porém Naru foi mais rápida e a desarmou, mesmo tendo muito trabalho para isso. Saiu correndo mais uma vez, enquanto a voz de Gintoki ecoou:
- Você pode correr, mas não vai poder se esconder... E muito menos escapar.
Após mais alguns passos, fora desarmada novamente, desta vez com um golpe ainda mais forte, que fizera até sua mão tremer. A voz áspera de Hijikata Toushirou soou:
- Yamada Naru, você está presa preventivamente por homicídios e tentativa de homicídio, com lesão corporal grave. Tem direito a permanecer calada e tudo o que disser pode ser usado contra você mesma. Sougo, me traga as algemas.
Okita Sougo entregou as algemas a seu superior, sem fazer nenhuma sacanagem. Porém, no momento em que Hijikata estava prestes a encaixar as algemas nos pulsos da mulher, este sentiu algo fazer um corte superficial em seu braço. Isso fez com que aparecesse uma chance de ouro para que Naru fugisse.
Okita logo sacou a katana para detê-la, mas outra pessoa bloqueou seu ataque. Fora um homem aparentando ter uns quarenta anos, olhos bastante opacos e com roupas tradicionais. Hijikata reagiu, pegando sua katana também, mas acabou sob a mira de dois revólveres de uma garota loira. Kondo apressou-se a fazer algo e, com espada em punho, foi atrás de Naru. Porém, fios de nylon prenderam seu braço de forma que qualquer movimento feito poderia resultar em um corte bem profundo.
Gintoki não quis assistir a tudo aquilo parado e correu atrás de Naru, com a espada de madeira em punho e seguido por Shinpachi ? com uma espada de bambu ? e Kagura. Mas logo o trio se deteve diante de dois homens, um dos quais Naru abraçava.
E aqueles dois o trio Yorozuya conhecia muito bem.