The Game

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    Capítulo 7

    Hiver, wer bist Du?

    Sob a manhã fria de inverno, as flores adormeciam dentro de camadas de gelo, a imensidão branca. Ah tão branca. Uma leve brisa gelada percorria a terra, os animais se escondiam, o Sol estava escondido atrás das nuvens, era impossível ver o dia. Na margem de um rio congelado, um ser trajando uma capa preta aos farrapos caminhava, seu andar era vagaroso e sem pressa. Seu rosto era ocultado por um tipo de máscara, com sigo carregava uma sacola marrom, feita de pele de urso.

    Uma camada de neve descansava sobre seus ombros, algumas vezes um pouco caia no chão, mas logo a crosta se formava de novo. A figura parou e olhou para o norte, onde por coincidência uma ponte coberta de neve esperava por ele. Caminhou com o passo mais acelerado, assim ficando mais próximo da ponte a cada passada. Em frente à ponte, observou as árvores congeladas. Cristais de gelo brilhavam sobre o topo da vegetação, tanto o solo quando o céu estava branco, dando contraste com os troncos das árvores. Quando atravessou a ponte, já dentro da mata de gelo, a figura pode avistar uma velha cabana de madeira escura e velha. Com apenas a porta e uma janela, era a única fonte de calor ali por cauda da lareira que tinha em seu interior, assim expelindo fumaça pela débil chaminé.

    Um ranger agudo foi solto pela porta quando esta foi aberta, no interior da cabana havia uma cama ? que na verdade estava mais parecendo um amontoado de peles -, uma mesa pequena de madeira, uma cadeira feita com armação de carvalho e peles de animais. No canto da cabana, ficava a lareira, na frente, tinha uma cesta também com peles dentro, algo se movia ali. Ao adentrar na cabana, o ser tirou a capa, ficando apenas com um vestido preto simples, logo após retirou a máscara. Longos cabelos pretos deslizaram por suas costas, sua silhueta era feminina. Era uma bela mulher no final. Ao ver que a cesta se mexer, ela correu até lá e pegou um bebê no colo.

    Com o olhar sereno, olhava a cria com amor, estava de volta ao lar. A criança que antes se mexia, agora estava quieta, graças ao calor do colo da mãe. Aninhou o bebê e sussurrou ?Estou em casa?. A criança esticou os pequeninos braços na tentativa de encostar-se ao rosto da mãe, foi parado antes disso. A mulher botou o bebê na cesta, observou um pouco e depois saiu.

    Ela era uma sacerdotisa das neves, mesmo podendo ter filhos, não podia dar muito amor à cria. O importante era apenas ensinar, cuidar e manter a criança viva até sua morte. A mulher de cabelos pretos foi até a sacola de pele que segurava, de lá tirou um pedaço de carne banhado em sangue. Jogou em uma panela com água e botou no fogo da lareira para cozinhar, depois de um tempo estava pronto o cozido. Puxou o caldeirão de cima do fogo, com uma colher de madeira mexeu a sopa e depois botou um pouco em uma tigela. Enquanto comia, não tirava o olho da cesta imóvel. Queria beijar a criança, dar amor e carinho, mas era proibida de fazer isso.

    OITO ANOS DEPOIS

    A criança já estava grande, tinha os cabelos castanhos e os olhos vagos. Passava a maior parte do tempo sentado em frente da lareira, olhando o fogo dançar. Abraçando os joelhos, ouviu a posta se abrir, não se moveu, pois já sabia quem era. Um vento frio entrou na cabana, mas logo cessou quando a porta foi fechada. Com sua voz suave, a mulher comentou:

    - Consegui arroz e carne de cabra, os aldeões da vila gostam de você.

    O menino não respondeu, nem desviou os orbes do fogo. Vendo que seu filho não emitia nenhuma reação, a sacerdotisa sorriu, ele continuava o mesmo. Era normal ela sair de passar dias, meses ou em raras ocasiões anos fora de casa. Onde moravam sempre nevava, isso dificultava as viagens. Um dos trabalhos da mulher era guiar os camponeses, mercadores e andarilhos pelas neves. A criança sabia que era adorada pelos homens e mulheres, mas mesmo assim agia com indiferença.

    A mulher de longos cabelos serviu o menino, que recusou a comida. Ela deu de ombros, iria acabar morrendo de fome. Solitária como sempre, comeu aquilo que foi oferecido, respeitando a vontade do filho não ofereceu novamente. Já era noite quando foi dormir, a mulher deitou-se na cama esticando os braços como se estivesse chamando o menino, porém esse de novo não se moveu. Estático em frente da lareira ele pode ouvir a respiração fraca da mãe, o barulho dos cristais de neve que batiam na madeira, o estalar do fogo e alguns animais noturnos.

    A lua pálida e cheia estava no topo do céu estrelado, a tempestade de neve continuava, o vento vindo do leste fazia com que a cabana fica-se encoberta de neve, assim prendendo mãe e filho lá dentro. Já devia ser de madrugada quando o menino finalmente levantou, olhou ao redor, aquela casa lhe causava nojo. Como sua mãe, uma das maiores sacerdotisas das neves aquentava morar ali? Receber doações? Ela podia ter mais, poderiam morar em um lugar melhor, ele poderia receber amor.

    Apesar de só ter oito anos, já era avançado na arte da magia. Olhou para a figura imóvel que dormia e esticou o braço direito, abriu a mão e com os olhos semicerrados balbuciou algumas palavras:

    - Kraa makoreo...

    Ao término a mulher, a sacerdotisa, sua mãe, começou a se mexer em agonia. Uma fumaça era exalada por seu corpo, os olhos sangravam, da boca saia fogo, estava queimando por dentro. Estava sendo assassinada pelo próprio filho, notando isso com esforço conseguiu se levantar. Ignorando a dor de estar queimando, a mulher sussurrou algumas palavras, que a principio o feitiço não surgiu efeito. Diante do fogo que dançava na agonia da falta de madeira, a mulher caiu no chão. Ainda viva, fitou pela última vez o filho que não pôde dar amor.

    - Te dou de presente a liberdade, minha mãe. ? finalmente o menino chamou-a de mãe.

    Com um sorriso no rosto, ela morreu.

    Passaram-se anos depois do ocorrido. A casa fora queimada e tudo foi coberto pela neve, o menino cresceu, virou um homem. A única lembrança que tinha da mãe, era a capa preta com a barra esfarrapada. Também adotou o costume da mãe de usar máscaras, o feitiço que a mulher lançou antes de morrer surgiu efeito. Corroendo a carne sem o matar, seu rosto era apenas pele morta. Parado em certo ponto do mundo, sentiu algo esbarrar nele. Ao olhar, notou ser uma menina de cabelos pretos.


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