Saint Seiya Future: A New Beginning

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    Capítulo 2

    A lição do Mestre

    Spoiler

    Asmita se posicionou flutuante no ar, em posição de meditação e com os olhos fechados. Elane estava tranqüila logo à frente do Mestre e atenta às ordens, mas apenas um sorriso discreto surgiu nos lábios do cavaleiro que logo em seguida, falou naquele tom manso e sereno.

    - Seu objetivo não é me dar um golpe. ? E eu observei o pulso dele que continuava sangrando. Senti certo aperto no coração, mas aquilo não era nada para o Asmita, eu sabia, mas mesmo assim... ? Você terá de suportar e sair do Golpe Ilusório. ? E ao erguer a mão direita com os dedos em posições especiais, murmurou algo e abriu os olhos de repente, fazendo uma rajada de cosmo brilhante atingir Elane e jogá-la contra o que restou da casa de virgem. Meu queixo caiu e senti um aperto no coração. Eu sabia o que era aquele golpe. E não tinha defesa contra ele. Simplesmente não existia. Foi então que compreendi o que ele quis dizer com "suportar".

    Por alguns instantes achei que ela estava desacordada, mas ergueu-se e ficou apoiada no chão com um joelho e pretendendo levantar, mas algo a impedia.

    Do ponto de vista da Elane, o golpe ocorreu da seguinte forma:

    Observava o corpo do mestre flutuante e aguardei as ordens, do tipo ?ataque, se defenda, corra, fique?, qualquer coisa assim. Mas isso não aconteceu. Ao invés de dar-lhe um golpe, eu deveria suportar um ataque especial dele. Um dos piores, diga-se de passagem. E eu não poderia fazer nada com ele abrindo os olhos e me atacando. O resultado? Voei alguns metros, bati nos destroços da casa e cai em uma pilha de pedras sentindo o corpo todo pegar fogo. Calor. Eu estava em chamas e algo me sufocava e eu não conseguia respirar. Estremeci de leve, sabendo que aquilo era uma ilusão criada por Asmita, mas as sensações eram terríveis. Ele me confundia todos os sentidos humanos. O cheiro de algo queimando e a idéia de que precisava fugir, mas a falta de forças não permitia. Eu queria levantar e não conseguia.

    Ouvia vozes, vozes de pessoas gritando, vozes de crianças pedindo por socorro. Mas a consciência ia se perdendo, confundindo-se com tudo e um desespero enorme tomou conta do meu ser ao perceber que havia um incêndio e que eu precisava salvar aquelas pessoas. Mas onde estavam?

    Tentei me erguer, mas algo me jogou contra a parede de destroços novamente. Uma voz fria dava risadas, chamando-me de inútil, que eu veria morrer um orfanato inteiro sem fazer nada. Mas tudo estava escuro. Eu só sentia e ouvia e... Maldição, cheiro de churrasquinho. No instinto, puxei a máscara e de repente vi. Várias crianças nas mãos de alguns espectros e um inferno de fogo ao redor. Ergui-me cautelosa e perguntei.

    - Porquê isso? Porquê estão incendiando tudo? ? Minha voz saia rouca, pela sensação de falta de ar.

    - Ora, Ora... ? Respondia um deles. ? Porquê? Diversão! Olhe para eles! Não são lindos gritando? ? E uma crueldade implícita na voz. Uma garotinha linda parecia um anjo de tão fofa, me encarou nos olhos chorosa pedindo por ajuda. Aquilo partiu meu coração e senti vontade de chorar e estrangular aqueles infelizes até a morte.

    - Eu vou... MATAR vocês! ? E instintivamente avancei com tudo. E mesmo sem saber, eu lutava contra Asmita. Ele fazia os movimentos das ilusões. E Akemi observava sem compreender nada, pois não estava imersa no teatro ilusório.

    Asmita me segurou firme pelos braços imobilizando-me e sussurrou em meu ouvido.

    - Pense. Resista. ? Era suave, manso, e aquilo me soou como a voz da minha consciência. Pensar? Resistir? Mas ao que? Para que? As crianças precisavam de ajuda. Com um chute bem no meio da fuças do maldito, me afastei e profundamente irritada comecei a demonstrar que sabia uma técnica do meu mestre. Usando o rosário, queimei meu cosmo para flutuar um pouco e fechei os olhos. Queria intensificar as coisas e concentrar-me naquilo tudo. Na posição da flor de lótus, falei em alto e bom som.

    - Ohm! ? E uma intensa luz vermelha saiu do meu corpo, expandiu-se e atingiu na minha ilusão os espectros infelizes que caíram longe, fazendo as crianças correrem e ficarem atrás de mim. Na real, o cosmo se expandiu e afastou o Mestre de perto de mim alguns metros. Ele pareceu surpreso, mas sorriu em seguida. Akemi ainda não compreendia nada. Então, ergui a mão direita na direção deles, fazendo o rosário flutuar de acordo com a movimentação bonita que meu cosmo fazia e dois feixes de luzes brilhantes e douradas atingiram os espectros e reduziram a pó suas armaduras do submundo.

    - Mas o que...? ? Sussurrou Akemi para si mesma, confusa. ? Ela está tentando destruir uma armadura de ouro? ? Okay Akemi, você é esperta, pense um pouquinho. ? Ela está em que tipo de ilusão? ? Ela sabia que se aquele ataque fosse usado contra qualquer um menos o mestre, poderia dar certo.

    - Eu quero despertar o oitavo sentido nela, Akemi. ? Explicou o mestre e meu queixo caiu.

    - Mas isso é atingir o Nirvana! ? Grunhiu de forma dolorida, como a achar meio tenso aquilo daquele jeito.

    - Ela é capaz disso. ? Defendeu o mestre com carinho, calando-se em seguida. Mantinha os olhos fechados, reflexivo na posição de lótus e era bem interessante vê-lo assim e logo à frente Elane da mesma forma, só que enquanto um tinha cosmo-energia vermelho sangue, o outro tinha em um tom dourado e lilás. Bem bonito.

    E na minha mente, se processavam imagens doloridas das crianças chorando machucadas e se protegendo atrás de mim, enquanto eu preparava o golpe final, tendo o coração dolorido e manchado pelo ódio. Então virei a mão direita no ar e os corpos deles foram retorcidos em cada milímetro. E o som deles gritando era agradável, soava como uma vingança doce... Então algo, como um flash, surgiu em minha mente. Sem notar, eu gastava energia jogando cosmo na direção de Asmita que estava completamente protegido por uma bola de luz pelo Kahn. E eu senti que aquela não era eu. Abaixei a mão lentamente, enquanto procurei pelas crianças. Elas não estavam mais ali. E o que antes era calor tornou-se frio, congelante e cortante. Abri os olhos curiosa e notei que estava na Sibéria, Alasca, Polo Norte ou coisa semelhante.

    - Eu não estava em chamas a poucos instantes? ? Sussurrei para mim mesma e voltei a ficar de pé. Eu pisava na neve fria. Estremeci e comecei a queimar meu cosmo com o intuito de me esquentar e comecei a caminhar vagando pelo nada. Nada. Solidão. Frio. Uma sensação de desprezo, de depressão e de desânimo. Passei próximo a Akemi e senti uma presença. Olhei ao redor e não vi nada. A japonesa se levantou e saiu de perto de mim chegando até Asmita, para não atrapalhar o treinamento. ? Alguém...? Algo...? ? E um pânico surreal começou a tomar conta da minha mente.

    ?Porquê sente tanto medo?? Asmita! Asmita... Onde você está? ?Meu cosmo sempre estará com você. O que te assusta?? Bom, acho que estou com frio e congelando. ?Sinto ódio dentro de você. O que aconteceu?? E sem esconder nada, contei-lhe tudo por aquela telepatia estranha e logo me vi largada no chão chorando feito criança. Eu queria voltar, mas algo me impedia de recordar o que acontecera. Como se eu quisesse me libertar de um pesadelo e não conseguisse. E quanto mais eu sentia frio, mais eu jogava cosmo no lixo para me esquentar. Eu não era uma fonte eterna de energia...

    - Vou morrer congelada. ? Sussurrei amargurada, riscando a neve com os dedos. ? O que eu devo fazer?

    - Lute. ? Era a voz de Akemi. ? LUTE! ? Mas parecia a voz da minha consciência. Lutar pelo quê? Para quê? Eu matei, perdi o controle e matei... Sem necessidade. Eram espectros sim, mas e daí? Na frente das crianças? Isso me levava ao mesmo nível deles!

    ?Você matou porquê quis ou porquê foi necessário matar?? Era óbvio que fora por vingança, pois eu poderia ter vencido os dois sem ter usado o ataque que sabia contra eles. O mestre era tão sereno, tão tranqüilo, tão contra a violência... Parecia piada ele ser o cavaleiro mais forte das doze casas depois de peixes. ?Você matou porquê quis. E agora sente-se como?? Eu sabia que um dia isso ia acontecer, mas não reconhecia o quão duro e difícil seria a crise de sentir-se uma assassina. Na frente das crianças ainda! Soquei o chão, irritada, derretendo a neve ao redor de onde dera o soco e então algo apareceu. O meu rosário. Peguei ele admirada, confusa, perplexa. ?Meu rosário...? E o enrolei no braço e pelos dedos, feliz. Eu o ganhara de Asmita, era especial. E então algo parecia querer me recordar para lutar, não desistir, resistir. E ali naquela concepção era resistir ao frio, lutar e superar o que eu havia feito sem reclamações. Suspirei meio vencida e me posicionei em flor de lótus e comecei a meditar. Rapidamente me ergui meio metro no ar e meu cosmo vermelho vivo começou a rodopiar de leve ao redor do meu corpo, aquecendo-me. Sussurrei mantras, sentindo o coração querer tocar o céu e compreender Deus melhor. Ou Buda. Ou os Deuses. Não sei, a essência divina apenas.

    O desenho de uma linda flor de lótus começou a se formar ao redor do meu corpo, fechadinha e flamejante, brilhante, escondendo meu corpo de tão luminosa.

    - Awesome! ? Sussurrou Akemi ao lado de Asmita, perplexa. ? Ela está meditando? ? Era universal que ela seria aspirante a ocupar a casa de virgem no lugar do mestre quando fosse possível. E que ela tinha um potencial muito forte para ser Amazona de Prata, e não apenas bronze.

    - Está lutando, como você sugeriu. ? Respondeu Asmita um tanto aliviado.

    As pétalas, uma por uma, iam se abrindo e revelando meu corpo sentado ali dentro e em profunda meditação. Dois feixes de luzes em espiral desceram do céu e se uniram à minha mente no topo do coronário. Chakra localizado no alto da testa, no terceiro olho ou terceira visão. Com isso havia quebrado o Golpe Oculto, mas permanecia em meditação. Não pensava, não ouvia, apenas sentia um calor gostoso e morno no coração e uma sensação de paz imensa. Não pensava mais nas crianças, no ?crime? que cometera, mas entrara em um estado de transe muito profundo.

    Asmita se levantara e de olhos fechados se aproximou de meu corpo no ar e tocou dois dedos da mão direita na minha testa. A flor de lótus se abriu e meu cosmo tornou-se prateado e vermelho. Ondas de energia começaram a varrer a casa de virgem e Akemi teve que saltar para o alto para não ser empurrada com força para fora dali. Alguns destroços voaram e uma área circular com o raio de sete metros foi varrida, tendo meu corpo no centro de tudo.

    Então tudo se apagou, meu corpo amoleceu e eu cai desacordada nos braços de Asmita. Akemi se aproximou preocupada.

    - Ela está bem? ? Quis saber enquanto pegava a mascara caída no chão e colocava-a gentilmente no rosto da amiga.

    - Sim, está. ? Respondeu ele aliviado. ? Isso é atingir o Nirvana. Mas agora ela vai ficar desacordada por dias até que volte a consciência. E ela vai compreender a lição dela.

    Não que Akemi tinha compreendido, mas a lição de Elane era aprender a controlar os impulsos de ódio e vingança durante a visão. Como ela falhara, foi lhe dada uma segunda oportunidade em um ambiente diferente, mexendo com suas emoções de solidão e desespero por ver-se sozinha e sem ninguém. Entregando-lhe o rosário e ouvindo a voz da amiga (que julgou ser sua consciência), decidiu lutar para não congelar de frio e o único meio era meditando e usando o cosmo para esquentar-se. O frio exigia níveis altos de concentração e por isso ela conseguiu obter o Nirvana. Apenas colocaram-na no ambiente propício, forçando a situação para que ela ocorresse.

    Como ainda não sabia controlar o próprio cosmo e estava um pouco exausta antes, precisou da ajuda do Mestre para sair do Nirvana, porém voltou inconsciente, mas viva. Teria morrido explodindo o cosmo daquela forma se Asmita não tivesse protegendo-a com o seu próprio.


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