Perto Demais ? Parte Três

Ruka entrou na casa dos Kurosaki respirando fundo e com um olhar curioso. A entrada era pela clínica; e logo a sala da casa era vista após passar uma segunda porta de vidro fumê. Aparentemente, não havia uma viv?alma presente na casa; e Ichigo confirmou as suspeitas ficando vermelho após ler um bilhete deixado por seu pai com os dizeres: ?As meninas foram dormir em casa de amigas de escola; e eu fui para um onsen relaxar. Vai fundo e aproveita filhão! Com amor, Papai.?.

-? Meu pai quer me matar de vergonha!!!

- Por que diz isso, Ichigo? ?perguntou Ruka, ao tentar ler o bilhete por sobre os ombros de Kurosaki.

-N? Não é nada, Atsuchi!

Ruka sentiu-se contrariada ao ouvir Ichigo chamá-la formalmente pelo sobrenome. Numa atitude dominadora, ela puxou Ichigo pela beirada da camisa do uniforme e ficou a poucos centímetros de seus lábios. Ele corou fervorosamente:

- Pode parando com as formalidades, Ichigo. Você sabe que tem toda liberdade do mundo pra me chamar pelo primeiro nome sempre que quiser!

Sentir o cheiro do perfume doce que exalava do pescoço de Ruka começou a tirar o juízo de Ichigo. Ele sentia as mãos tremerem; o seu corpo parecia não querer obedecer. Tudo que sua mente ordenava era que agarrasse aquela garota; que a beijasse e a possuísse sem a menor piedade. Mas seus instintos gritavam loucamente enquanto lutava contra sua timidez e escrúpulos. Respirar fundo era a única opção de calmante naquela hora?

A cada passo ao subir as escadas, o rebolado dos quadris de Ruka causavam arrepios e calores difíceis de explicar em palavras. Parecia que ela fazia de propósito; mas não. Já era dela tal maneirismo, mas agora se dava uma importância tão grande, estava tão óbvio, sedutor?

Mas o teste final ficava no quarto de Ichigo.

Com toda educação, Ruka sentou-se na cadeira da escrivaninha e dispôs-se a começar o trabalho, digitando o relatório com todo cuidado no seu laptop. Ichigo fazia os resumos e selecionava as imagens todo compenetrado, mas sem deixar de ruborizar vez ou outra quando reparava algo nela.

Tudo parecia tão tentador, tão especial em Ruka? Seus olhos, seus cabelos, seu sorriso, seu cheiro, seu corpo?

Estava ficando cada vez mais difícil ficar tão próximo dela, mas ao mesmo tempo tão distante.

Já batiam mais de dez horas da noite; e a fome também bateu. Ichigo ofereceu um lanche rápido para que pudessem prosseguir com o trabalho. Ruka aceitou prontamente, e logo em seguida levantou-se para espreguiçar e esticar a coluna. Assim que o jovem rapaz da cabeça laranja desceu as escadas, ela aproveitou para sentir-se mais à vontade; e começou sentando-se na beira da cama dele.

Cama de solteiro, colchão macio, travesseiro de espuma. O lençol estava limpo e alisadinho; cheirava a amaciante de roupas. O edredom tinha estampa quadriculada; era simples, porém de um colorido forte, coisa que não seria possível imaginar alguém como o Kurosaki tendo dentro de casa?

Assim que a porta se abriu, Ichigo apareceu com uma bandeja cheia de sanduíches e suco, porém sua expressão transtornada de tanta vergonha quase o fez derrubar tudo! Ruka estava sentada na beira da sua cama, como se o esperasse pra algo mais!!! Que sufoco?

- Sua cama é confortável, Ichigo!!! ? Dizia Ruka, com um sorriso largo e divertido. ? Vou querer que você me convide pra passar a noite aqui numa próxima!

- Não diga isso nem de piada?

- Disse alguma coisa, Ichigo?

- ?!

Assim que colocou a bandeja sobre a escrivaninha, Ichigo transfigurou. Avançou sobre Ruka sem a menor cerimônia, praticamente pulando em cima e prendendo seus pulsos. Os olhos da jovem mestiça estavam arregalados; talvez um misto de espanto e satisfação com a atitude inesperada.

-? Não vou te perder pra qualquer um.

- Então me surpreenda?

Ichigo não teve dúvidas; deu um beijo avassalador e afoito em Ruka, que correspondeu prontamente.

E mais uma vez, a noite e a lua foram testemunhas da primeira vez desse casal tão único.