O Legado do Filho de Hades

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    Capítulo 1

    O Recado de Lupa

    Bissexualidade, Heterossexualidade, Homossexualidade, Violência

    Hick corria rapidamente em seu cavalo, não era a forma mais rápida de chegar ao acampamento, mas era o que ele poderia fazer, todos olhavam para ele quando passava, afinal não era muito comum ver um garoto vestindo uma capa preta correndo em um cavalo pelas ruas da Baía de São Francisco, embora fosse muito bonito, Hick não se via assim, ele tinha 17 anos, cabelos castanhos lisos, intensos olhos azuis, tinha o corpo atlético e liso, seus lábios eram finos e rosados e sua pele era branca.

    Montado em um cavalo negro, o garoto tentava encontrar o acampamento romano, Lupa a deusa loba havia lhe dito que devia chegar lá se quisesse recuperar sua memória e descobrir seu destino. Quanto ao seu destino ele não se importava, ele só queria mesmo era sua memória de volta, era horrível tentar se lembrar de algo e ter sua visão embaçada como se tentasse ver através de uma poça de lama. Ele sentia que estava perto, não sabia como, mas sentia, agora podia ver o túnel e a pequena porta na colina guardada por dois adolescentes vestidos com armaduras romanas, uma camisa roxa e tênis esportivos brancos.

    O garoto andou em direção aos guardas, ao chegar perto ele percebeu que se tratavam de dois garotos, o da direita não parecia ter mais do que 15 anos, ele estava armado com uma lança e uma pequena adaga dourada pendia presa no cinto de sua armadura, o da esquerda parecia ser mais jovem, 13 anos no máximo, este estava armado com uma espada e um escudo de bronze.

    Ao tentar passar pela porta o garoto foi empurrado pelos dois guardas. Ele tentou se lembrar do que a deusa loba havia dito.

    ? Meu nome é Hyuukiye Oliver e fui mandado pra cá por Lupa, a deusa loba. Eu tenho uma mensagem para Reyna e necessito falar com ela o mais rápido possível. - disse o garoto fitando os guardas.

    Os jovens vestidos em armaduras romanas se entreolharam e resolveram deixá-lo entrar, mas o acompanharam, não podiam deixar um desconhecido entrar no acampamento sozinho, mesmo um enviado de Lupa, ele podia muito bem estar mentindo e ser um espião. Eles atravessaram o túnel juntamente com o cavalo e por fim o Pequeno Tibre chegando enfim ao Acampamento Júpiter. Se cavalo foi levado por uma garota até o estábulo.

    Assim que entrou no acampamento, Hick foi levado para Principia para falar com Reyna, os guardas continuaram acompanhando-o até a Principia, que era uma cunha de dois andares, feita de mármore branco, com pórticos de colunas, como um banco à moda antiga. Guardas romanos estavam em frente a ela. Em cima da porta, estava um cartaz grande e roxo com letras SPQR11 douradas bordadas dentro de uma coroa de louros. Antes de entrar, porém, o garoto retirou a capa preta, por baixo da capa ele vestia uma laranja sem estampa, calças jeans pretas e um tênis esportivo também preto. Ao entrar, o garoto reparou que Principia era mais impressionante por dentro. No teto brilhava um mosaico de Rômulo e Remo debaixo de sua mãe loba adotada, Lupa havia lhe contado essa história milhões de vezes. O chão era de mármore polido. As paredes estavam envoltas em veludo. Ao longo das paredes estava uma exposição de cartazes e varas de madeira cravadas com medalhas e bronze, símbolos militares. No centro estava um mostruário vazio. No canto, uma escada levava para baixo. Estava bloqueada por uma fileira de barras de ferro como uma porta de prisão. No centro da sala, uma longa mesa de madeira estava repleta de pergaminhos, notebooks, tablets, adagas, e uma tigela grande cheia de jujubas, que parecia estar fora do lugar. Duas estátuas de galgos em tamanho real, uma prata e uma dourada ladeavam a mesa.

    Atrás da mesa estavam sentados uma garota que devia ser Reyna e dois garotos que Hick não fazia a mínima idéia de quem eles eram, Reyna era muito bonita com aqueles cabelos negros longos presos em uma trança e aqueles olhos penetrantes, os garotos também eram muito bonitos Hick não deixou de observar, um com um cabelo curto louro, brilhantes olhos azuis, e uma bonita cicatriz no canto do seu lábio, tinha uma altura média e um corpo atlético, com braços musculosos e bronzeados, o outro com um cabelo curto preto, olhos verdes-água, altura media, magro.

    Hick se perdeu observando-os até que o garoto loiro despertou-o à realidade.

    ? O que te traz aqui? - perguntou o lindo garoto loiro.

    ? Venho trazer um recado de lupa para Reyna. É de extrema importância que esse recado seja entregue. - respondeu o jovem recém-chegado.

    ? Um recado de Lupa? O que está acontecendo? Fale, o que ela disse? - perguntou a garota preocupada.

    ? Lupa pediu-me para dizer este recado à você e somente você, mande-os sair. - respondeu Hick apontando com a cabeça para os dois garotos ao lado da jovem.

    ? Jason e Percy são meus pretores, tudo que você tiver a dizer pode ser dito na frente deles. - disse Reyna por fim.

    ? Não acho que seja uma boa idéia, mas já que é o único jeito de você me ouvir, vou dizer. Lupa mandou-me avisar-lhe que a Oráculo do Acampamento Meio-Sangue deve ser trazida para cá o mais rápido possível pois tem uma segunda parte da Grande Profecia que não foi revelada e só ela pode dizer qual é. Ela também pediu-lhe que me acolhesse aqui no Acampamento de Júpiter. - disse o garoto.

    Percy que estava calado até o presente momento resolveu se pronuncia.

    ? Eu sei como trazê-la, a Oráculo, eu a conheço e sei exatamente onde ela está, basta mandar uma mensagem de Íris e ela virá. - ele pareceu bem confiante ao dizer isto.

    Rayna pediu a Hick que se retirasse, pois ela precisava fazer uma reunião de emergência com seus pretores, mas antes de sair ele ouvia-a perguntar aos outros o que fariam com ele, pela primeira vez, Hick se sentiu rejeitado, como se ele não fosse desejado ali, mas era ali que ele devia ficar, ele foi instruído por Lupa a ficar lá até que seu pai o reclamasse, o que poderia demorar, ou não, talvez estivesse mais perto do que ele imaginava.

    O céu estava escurecendo quando Hick finalmente deixou Principia, o garoto apalpou os bolsos a procura da única lembrança que tinha de casa, embora não se lembrasse exatamente onde era sua casa, era uma miniatura de um escudo e uma espada feitos de Ouro Imperial, Lupa havia lhe dito que quando o perigo se mostrasse, essa pequena miniatura o ajudaria a sobreviver. Ele não fazia a mínima idéia de como aquela miniatura iria salvá-lo, mas confiava na deusa loba, se ela havia dito isso, é porquê era verdade.

    Ao sair ele percebeu que os guardas não estavam mais lá na frente, na verdade não havia ninguém por perto, resolveu então sentar-se em uma pedra grande que havia ali perto. O garoto contava as estrelas que apareciam no céu, até que alguém tocou seu ombro, era o pretor loiro, Jason. O pretor fez menção de sentar-se na pedra e o garoto se afastou um pouco para o lado para que este coubesse. Jason sentou-se e ficou calado por um tempo, mas por fim, após alguns minutos, ele quebrou o silêncio.

    ? Você não é daqui né? - perguntou o jovem pretor.

    ? Sinceramente eu não sei, as únicas coisas que sei sobre minha vida são meu nome e minha idade. - respondeu o garoto fitando o chão.

    ? Então diga-me seu nome e idade. - disse Jason rindo.

    ? Hyuukiye Oliver, mas pode me chamar de Hick, tenho 17 - respondeu-lhe Hick - E você?

    ? Sou Jason Grace e tenho 18 anos - respondeu o pretor. - Você sabe quem é seu descendente divino?

    ? Não! - respondeu o jovem com um sorriso triste e completou - Lupa sabia, mas ela disse que eu não poderia saber até que o momento certo chegasse. O problema é que esse momento certo não chega nunca.

    ? Não se preocupa Hick, eu tenho certeza que isso vai acontecer logo. - consolou Jason colocando um braço em volta do pescoço do garoto. - Vamos comer, se chegarmos muito atrasados perderemos a janta e ficaremos com fome. Amanhã você vai ter um dia longo então tem que estar bem alimentado e descansar.

    Jason e Hick se levantaram e foram juntos para o refeitório. Antes, porém, Hick deveria ser colocado em probatio e teria que fazer parte de alguma Coorte, a única que se ofereceu para aceitá-lo foi a Quinta Coorte, que havia sido a Coorte de Percy antes dele se tornar pretor. Jason levou-o até perto da cozinha do refeitório, era lá que a Quinta Coorte ficava. O jovem pretor não querendo deixá-lo sozinho com um monte de gente desconhecida resolveu sentar-se com ele em uma mesa que estava vazia. Todas as pessoas que passavam pela mesa falavam com Jason e encaravam Hick. Pelo visto não era muito comum pretores se sentarem junto com novatos ou com o pessoal da Quinta Coorte.

    Os espíritos do vento invisíveis (aurae) serviram os campistas e pareciam saber exatamente o que cada um queria. Eles sopravam pratos e copos na mesa rapidamente. Segundos depois de se sentar, Hick desejou comer um hambúrguer com suco de maçã e foi exatamente isso que os aurae sopraram para ele, ao seu lado Jason comia a mesma coisa, a única diferença era que seu suco não era de maçã e sim de uva. O jovem probatio terminou de comer rapidamente e ficou olhando em volta desejando dormir, ele estava realmente exausto, foram três dias de cavalgada até encontrar o acampamento, ele só queria dormir.

    Ao ver a cara de sono do novo amigo, Jason se levantou e disse que ia levá-lo ao quartel da Quinta Coorte para que ele pudesse descansar, Hick apenas se levantou e seguiu-o, ao chegar lá o pretor mostrou-o sua cama e disse que pela manhã viria buscá-lo para ler os agouros. Antes de sair, porém, deu-lhe um abraço e deixou-o para dormir.

    Assim que o mais novo amigo saiu, Hick sentiu-se solitário, ele gostava da companhia de Jason, embora não o conhecesse direito, o pretor havia sido o único a ser gentil e se preocupar com ele, ninguém fez nem questão de se apresentar para ele, foi como se ele não existisse, como se tivesse invisível que nem os aurae. O garoto decidiu para de pensar nisso e ir dormir, como Jason havia dito, ele teria um dia longo pela frente.

    Hick teve uma noite sem sonhos e acordou se sentindo renovado. Assim que abriu os olhos viu Percy sentado em uma das camas, o garoto se perguntou o que ele estava fazendo ali, mas não consegui encontrar um motivo, olhou em volta pra ver se Jason também estava ali, mas este não estava.

    ? Ele não está aqui! - disse Percy ao ver o garoto olhando em volta. - Ele teve que resolver um problema nas fronteiras com Rayna, mas me pediu pra te levar até Octavian. - completou cruzando os braços.

    Hick olhou pra ele meio atordoado, mas assentiu com a cabeça, ele tinha a impressão de que o pretor não gostava dele.

    ? Então, vamos? Eu não tenho o dia todo. - disse o pretor.

    O jovem probatio levantou da cama e seguiu-o para fora do quartel. Eles andaram em silêncio pelo resto do caminho para o Templo da Colina. Um caminho de pedra torto levava a uma variedade maluca de pequenos altares e grandes abóbadas. As estátuas dos deuses estavam em todos os lugares.

    Ele apontou para o topo. Nuvens giravam em volta do templo maior, um pavilhão redondo com um anel de colunas brancas suportando um telhado.

    ? Esse é o templo de Júpiter? É para onde estamos indo? - perguntou o garoto.

    ? É. - respondeu Percy irritado. - Octavian lê os agouros ali. - completou ele.

    ? Quem é esse tal Octavian? - perguntou Hick.

    ? Ele é um descendente de Apollo. - respondeu-lhe o moreno franzindo a testa.

    Os dois garotos entraram no templo. O chão de mármore estava repleto de mosaicos extravagantes e inscrições em latim. Cento e dez metros acima, o teto de ouro brilhava. O templo inteiro era ao ar livre. No centro ficava um altar de mármore, onde um garoto loiro em uma toga estava fazendo algum tipo de ritual na frente de uma estátua gigante de Júpiter, o deus do céu, vestido em uma toga púrpura, tamanho XXXL, segurando um raio.

    ? Octavian! - chamou Percy.

    O garoto loiro se virou e fitou-o.

    ? O que você quer? - perguntou ele por fim.

    ? Quero que você leia os agouros deste garoto. - respondeu ele apontando para Hick.

    Os olhos de Octavian brilhavam com uma curiosidade chocante, como se pudesse destripar Hick tão facilmente quanto os ursinhos de pelúcia que ele usava para ler os agouros.

    ? Claro! - respondeu Octavian pegando um ursinho de pelúcia e uma pequena adaga.

    Ele se virou na direção do altar e ergueu a faca, por fim cortou a barriga do ursinho e derramou a espuma no altar. Ele atirou a carcaça do panda para o lado, murmurou algumas palavras sobre a espuma e se virou com uma expressão assustada no rosto.

    ? O que foi? - perguntou o probatio vendo a expressão no rosto do loiro.

    Continua...


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