Quando você passa

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capítulo único

    Heterossexualidade

    Olá, sou Tsurugi Yuki, sou prima de Kyosuke e Yuichi. Cheguei aqui em Inazuma um mês atrás para conhecer meus primos, mas acabei ficando aqui. Quando vim pra cá, estava na final do Holy Road. Eu ia todos os dias no hospital visitar Yuichi com o Kyosuke. Um dia antes da final do Holy Road recebemos uma notícia ótima: Alguém pagou a cirurgia de Yuichi. Ele ia voltar a andar! Fiquei tão feliz quanto Kyosuke. Agora, Yuichi já está andando e pode retomar a vida pouco a pouco. Ele começou a estudar na Raimon, então, ficávamos o tempo todo juntos. Só eu, Kyosuke e Yuichi. Eu sempre ficava com eles porque morava na mesma casa. Um tempo se passou e eu comecei a sentir algo diferente em meu peito. Toda vez que eu ficava perto de Yuichi meu coração disparava. Isso não é normal, é?

    Esse turu turu turu aqui dentro

    Que faz turu turu quando você passa

    Meu olhar decora cada movimento

    Até seu sorriso me deixa sem graça

    Toda vez que ele passava por mim na escola ou em casa eu ficava assim: coração disparado, sem graça e com as bochechas quentes. Isso era desconfortável pra caramba. Eu nunca senti isso na vida! Também... Faz apenas três meses que estou agindo como uma menina de verdade. Droga... Se eu não tivesse me disfarçado de menino por oito anos, não estaria passando por isso! Arrependo-me amargamente pelo que fiz. Olha, ele está vindo... Não paro de olhar para ele. Onde ele vai, meu olhar o está seguindo. Meu Deus! Ele olhou pra mim, e agora? Não sei o que fazer nessas situações! Acho que vou sair correndo! Ah... Ele só me deu um sorriso... Que susto, achei que ele tinha notado... Droga, por que estou tão sem graça assim? Odeio ficar desse jeito! Sai bufando da sala e fui para meu quarto.

    Se eu pudesse te prender,

    Dominar seus sentimentos,

    Controlar seus passos,

    Ler sua agenda e pensamento

    Mas meu frágil coração

    Acelera o batimento e faz turu turu turu turu turu turu tu...

    Depois que subi, deitei-me em minha cama e lá adormeci. Tive um sonho meio estranho e muito tenso. Sonhei que eu podia ler mentes. E que conseguia ler todos os pensamentos que povoavam a cabeça de Yuichi. Sonhei também que eu podia ficar invisível. Assim, ficaria fácil ver para onde ele ia e ficaria ainda mais fácil ler as coisas que ele escreve no caderninho dele. Sonhei que eu chegava cada vez mais perto dele, claro, em estado invisível, e depositava apenas um selinho nos lábios dele. Com isso, acordei assustada e com o coração à mil. Que tipo de sonho é esse menina? Não tem vergonha não? Levantei-me e fui até o banheiro lavar o rosto. Estava suando muito por conta daquele sonho doido que tive.

    Esse turu tatuado no meu peito

    Gruda e o turu turu turu não tem jeito

    Deixa a sua marca no meu dia-a-dia

    Nesse misto de prazer e agonia

    Sai do banheiro e fui pra cozinha beber um copo d?água. E o maldito do meu coração ainda continua batendo forte. O que eu tenho que fazer pra ele voltar ao normal? Isso já está ficando repetitivo demais. Desde a semana retrasada estou assim, estou ficando brava já. Parece que virou uma marca que não quer sair... Estou ficando louca porque, ao mesmo tempo em que eu gosto disso, odeio também. Estou ficando maluca. Acho que vou pra sala de novo assistir TV...

    Nem estou dormindo mais,

    Já não saio com os amigos

    Sinto falta dessa paz que encontrei no seu sorriso

    Qualquer coisa entre nós vem crescendo pouco a pouco

    E já não nos deixa à sós isso vai nos deixar loucos

    Bom, fui pra sala, liguei a TV. Não estava passando nada de legal. Resolvi tentar dormir de novo. Não deu certo. Eu só pensava nele. Ele estava todos os dias em minha mente. Isso me deixava ?P? da vida. Vi Kyosuke descendo as escadas correndo em minha direção.

    - Ei Yuki, quer sair comigo e com a turma? Ele perguntou-me ofegante.

    - Sair? Pra onde vocês vão? Respondi com outra pergunta.

    - Vamos até a sorveteria! Está muito quente hoje... Ele me disse o local.

    - Ah, não quero não... Vou ficar aqui quietinha hoje... Muito obrigada por me convidar... Falei um pouco desanimada.

    - O que você tem? Ele foi direto agora hein?

    - Nada, só não quero sair... Respondi de olhos fechados.

    - Ta bom... Eu trago alguma coisa pra você depois... Depois que falou isso, ouvi ele saindo.

    Não queria sair. Só queria ficar ali, deitada pensando nele. Era o único jeito de esquecer as coisas que vivi com meus pais. Ele era meu refúgio. O sorriso dele me trás a paz que eu não tive morando com meus pais. Queria saber o porquê de todo esse batimento em meu peito. Ele cresce a cada dia que passa. Isso é desconfortável pra mim. Acontece isso dia e noite. Acho que estão tentando me enlouquecer...

    Esse turu turu turu aqui dentro (aqui dentro)

    Que faz turu turu quando você passa (meu olhar)

    Meu olhar decora cada movimento

    Até seu sorriso me deixa sem graça

    Abri meus olhos por um instante e o vi subir as escadas. Fiquei seguindo-o com o olhar inconscientemente. De repente, ele olhou pra mim de novo. Droga, por que ele sempre faz isso? Vi ele descer as escadas de novo e vir em minha direção. Estou perdida agora... Ele vai começar a fazer um monte de perguntas!

    - Ei Yuki, está tudo bem? Por que não saiu com Kyosuke e os outros? Ele perguntou-me.

    - Não quero sair hoje... Quero ficar aqui, quietinha, com meus pensamentos... Disse, fechando os olhos lentamente. Não queria encará-lo. Toda vez que faço isso, minhas bochechas esquentam.

    - Entendo... Você ainda não esqueceu o que viveu com seus pais né? Ele começou a acariciar minha cabeça.

    - É i-isso também... Disse apertando mais meus olhos e fazendo força pra não corar.

    - O que mais te aflige? Ele perguntou-me, ainda me acariciando.

    - N-nada demais, é sério, vou achar a solução pra isso! Falei com a voz um pouco alterada.

    - Então ta... Se precisar de mim, estarei no meu quarto fazendo a lição! Ele disse. Ouvi ele afastar-se do sofá e subir as escadas de novo.

    Droga, por que ele tem que ser tão fofo e tão atencioso? Olhei para a escada e ele ainda estava lá. Ele me deu mais um sorriso e subiu os degraus que faltavam. E, mais uma vez, aqui estou, corada que nem uma pimenta. Já mencionei que ODEIO isso?

    Se é amor, sei lá!

    Só sei que sem você parei de respirar

    E é você chegar

    Pra esse turu turu turu turu vir me atormentar

    Agora que parei pra pensar, refletir... Será que é isso que chamam de amor? Será que esse sentimento é tão agonizante assim? Tenho muitas dúvidas... Queria tanto esclarecê-las... Sinto que, quando estou longe de Yuichi, é como se me faltasse o oxigênio que necessito para viver... É como se... Sei lá... O mundo perdesse a cor. Droga, ele está chegando de novo! Vou tentar fingir que estou dormindo. Ouvi-o chegando. Acho que deu certo fingir que estava dormindo, ouvi-o subindo as escadas de novo! Sou um gênio! Opa comemorei cedo demais, vou voltar a fingir. Quando ele chegou perto de mim, senti um lençol envolver-me. Logo depois, senti os lábios dele em minha bochecha. Isso fez com que meu coração fosse à um milhão agora. Percebi que ele ainda estava lá, pois começou a mexer nos meus cabelos de novo. Que constrangedor!

    Eu desisto de entender

    É um sinal que estamos vivos

    Pra esse amor que vai crescer

    Não há lógica nos livros

    E quem poderá prever

    Um romance imprevisível

    Com um turu turu turu turu turu turu tu

    Depois de um tempo, senti que ele tinha parado. Ouvi barulho de passos subindo as escadas. Quando vi que era seguro, levantei-me atordoada. O coração ainda batia fortemente em meu peito. E se eu consultasse algum livro de romance? Talvez eu ache a resposta para esse enigma! Mais uma vez eu mostro minha genialidade... Ta bom, eu paro de me achar... Fui até a estante de livros que eles tinham na sala e peguei um. Romeu e Julieta, esse parece bom... E parece explicar bastante coisa! Sentei-me no sofá e comecei a folheá-lo. Nossa, que livro grande... Fiquei tão entretida na leitura que levei a tarde e a noite inteira para lê-lo. Quando terminei de lê-lo, olhei o relógio. Eram cinco horas da manhã. Sorte a minha que era domingo, porque senão eu ia sofrer na escola. Deitei no sofá mesmo e lá adormeci. Quando acordei era meio-dia e meia. Assustei e levantei correndo. Fui para o banheiro fazer minha higiene matinal pensando em tudo o que li. Aquele livro não me ajudou... Nele só estava escrito uma história de amor, mas... Não me explicou o que é esse sentimento... Afinal, não vi lógica nenhuma ali. Julieta fingiu-se de morta para fugir com Romeu, mas ele mesmo não estava sabendo. Achei isso muito tenso pra falar a verdade. Enquanto eu tomava meu banho, ouvi alguém bater à porta.

    - Yuki-chan? Ouvi a voz de Yuichi. Fiquei estática.

    - H-hai? Respondi gaguejando.

    - Só vim avisar que o almoço está pronto, apronte-se rápido e venha, senão esfria! Ele falou.

    - Ta bom, já vou descer! Respondi.

    Terminei meu banho rapidamente e fui pra cozinha depois de me trocar. Cheguei lá e só vi Yuichi sentado em uma cadeira. Ué, cadê o Kyosuke? Ele nunca sai assim, na hora do almoço... Estranhei um pouco. Fui sentar-me perto de Yuichi e perguntei ode estava Kyosuke.

    - Onde o Kyosuke-kun está? Perguntei meio confusa.

    - Tenma-kun passou aqui e arrastou Kyosuke para almoçar com ele... Depois iriam treinar... Ele falava encarando o garfo que estava em suas mãos e começou a rodá-lo na mesa.

    - Entendo... Vamos almoçar então? Sorri para ele e fui pegar um prato pra mim.

    Não ouvi ele me responder. Resolvi ignorar isso. Fui até o armário para pegar o prato, mas senti duas mãos quentes segurarem as minhas. Senti também um corpo quente encostando-se ao meu. Não dava para me virar para encará-lo, pois ele me abraçou por trás e ficou roçando seu nariz no meu pescoço. Com isso, fiquei muito corada.

    - Y-Yuichi, o que é isso agora? Perguntei sentindo seu toque no meu pescoço.

    - Yuki-chan... Eu sei que somos primos, mas... O seu jeito de ser me cativou... Não sei como nem quando, mas... Apaixonei-me por você... Ele sussurrou em meu ouvido.

    - ... Nada falei, estava assustada e ao mesmo tempo feliz. Essa mistura de sentimentos me deixava nervosa.

    - Estranhei um pouco na primeira vez que te vi, mas... Depois, fui me acostumando ao seu jeito... Yuki... Eu te amo... Ele me virou e me encarou fundo nos olhos.

    Aquilo me deixou sem graça pra caramba. A única coisa que consegui fazer foi tampar meu rosto com as duas mãos. Senti que ele aproximou mais ainda nossos corpos, abraçando-me pela cintura. Continuei com as mãos no rosto. Acho que ele estava gostando disso, porque logo ele pegou minhas duas mãos e as prensou contra o armário. Tive que olhá-lo nos olhos agora. Não tinha como me esconder.

    - Yuki... Sabia que você ficou mais linda depois que começou a vestir-se como menina? Ele sussurrou no meu ouvido de novo. Meu coração não parava de bater forte.

    - O-onde quer chegar com isso? Perguntei. Eu realmente não sabia onde ele queria chegar com aquilo tudo.

    - Já falei Yuki-chan... Eu te amo... Ele falou isso e depois começou a beijar meu rosto. Fiquei quieta só recebendo as carícias. Depois, percebi que ele foi aproximando-se de meus lábios. Não demorou muito para ele toma-los para si. Foi um longo beijo. Um beijo apaixonado e quente. Separamo-nos por falta de ar. Eu ainda estava tentando assimilar o que tinha acontecido.

    - Yuichi eu... Falei receosa.

    - Gomen Yuki! Eu não devia ter feito isso... Sinto muito! Eu sou um idiota! Ele falou, virando-se e ameaçando sair da cozinha.

    - Ei, você ainda não ouviu o que eu tenho a dizer! Falei séria, segurando a manga da blusa dele.

    - Tudo bem... Você vai me encher de tapas agora e... Interrompi-o.

    - Claro que não, não é porque eu já me vesti como um menino que eu vou sempre agir como um! Bom... Só de vez enquando, mas... Isso não vem ao caso agora! Eu só quero dizer que... Eu também te amo... Disse abaixando a voz e a cabeça ao mesmo tempo.

    - V-você me ama também? Ele parecia não acreditar no que ouvira.

    - Eu te amo também Tsurugi Yuichi! Eu estava confusa, mas agora sei que te amo! Falei alterando um pouco o tom da voz.

    - Confusa? Por isso você varou a noite lendo Romeu e Julieta? Ele me perguntou, olhando pra sala.

    - ... Eu estava envergonhada demais para responder a isso.

    - Yuki, não tem como descrever o amor em livros... Eles só contam histórias de pessoas que amam outras... Isso é com o tempo que você vai aprendendo... Ele falou, acariciando meu rosto.

    - E quando eu vou aprender então? Falei cruzando os braços.

    - Se quiser, posso te ensinar a partir de hoje... Ele falou em meu ouvido, dando uma mordida na ponta do mesmo.

    - ... Arrepiei com o que ele fez. Fiquei sem reação.

    - E aí, topa? Ele me perguntou, com um sorriso no rosto.

    - T-topo... Falei.

    Depois disso ele abraçou-me pela cintura de novo e beijou-me novamente. Esse foi um pouco mais demorado que o outro. Dei passagem para a língua dele, que explorou cada canto de minha boca. Ele começou a acariciar meus cabelos e eu só dava espaço para ele aprofundar mais o beijo. Ficamos sem ar. Hora de separar. Separamo-nos, mas ele continuou a beijar meu pescoço. Entrei um beijo e outro, ele mordiscava vários locais de meu pescoço.

    - Y-Yuichi... Pare com isso... Falei ofegante.

    - Por quê?

    - Porque estou ficando sem graça já... Falei.

    - Yuki... Ele falou, mas continuava a me beijar.

    - Fale... Respondi ao chamado ofegante.

    - Eu te amo... Ele parou de me beijar e agora me encarava.

    - Eu também te amo... Falei olhando-o nos olhos.

    Depois disso, demos mais um beijo apaixonado. Eu sei que somos primos, mas... Não me importo com isso, afinal... Eu o amo muito.


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