Acordei lentamente, ao meu redor nada reconheci. Aonde estaria? Vi Tsubaki sentada numa cadeira com o queixo apoiado na mão com cotovelo a fazer de suporte. Seu cabelo liso dançava suavemente com o vento. Isto seria um sonho?
- Tsubaki? ? Num tom baixo.
- Daryl?! ? Levantando-se até mim. ? Como te sentes? Tens alguma dor?
- Não.
- Fiquei muito preocupada, pensava que não voltarias acordar mais, depois de teres desmaiado. ? Pondo a sua mão em cima da minha.
- A quanto tempo, estou aqui?
- Mais ou menos há três dias.
- A serio?! ? Surpreendido.
- Sim de verdade. ? Rindo-se. ? Jiro deve estar quase a vir para ver-te.
- Jiro?
- Sim meu ex-noivo, já tinha falado dele, não?
Por algum motivo senti uma leve ira dentro de mim.
- Sim claro. ? Retirando a minha mão debaixo da dela.
- Pode-se? ? Diz um homem há porta com traços asiáticos com cabelo curto de cor castanha, seu olhar era semicerrado e um pouco serio.
- Sim entra, Daryl já acordou. ? Ajudando-o a trazer as coisas.
- Prazer em conhecer Daryl. ? Dando-me um pequeno sorriso. ? Fico muito agradecido por teres a salvo e trazido até aqui em segurança. ? Fazendo uma pequena vénia.
Nada disse apenas acenei a cabeça.
- Vamos haver como está a tua ferida.
Viro-me para o meu lado direito ficando de costas para eles.
- Não te preocupes seremos breves. ? Diz Tsubaki.
Eles os dois começaram a falar japonês, é claro que não percebe nada, mas pelo seu tom de voz percebi-me que estava tudo bem.
- Mais uns três ou quatro dias estarás bom. ? Diz Jiro dando-me uns últimos toques.
- Hum, ok... Aonde está Merle?
- Deve estar ao pé das vossas tendas. ? Diz Tsubaki. ? Vou chama-lo. ? Saindo do quarto.
- Ela é sempre assim, preocupa-se sempre com o bem estar dos outros. ? Olhando para chão com ligeiro sorriso nos lábios.
Vi que a sua expressão tinha tornado-se ligeiramente um pouco mais pesada é como se estive-se lembrado de algo ou com receio.
- Pergunto-me se isto é o castigo de deus? ? Continuando a olhar para o chão. ? De qualquer forma já é tarde de mais para estarmos a lamentar-nos do que aconteceu. ? Suspirando. ? Bem, vou-me embora gostei de conhecer-te. ? Arrumando as coisas para ir-se embora.
Admito que fiquei um pouco intrigado com a sua pergunta de Jiro. Passado um bocado Merle entra no quarto.
- Então, meu rapaz, São Pedro expulsou-te do paraíso? ? Num tom irónico.
- Nem por isso.
- Então o que disse, o doutor chinoca? ? Olhando pela janela.
- Tenho que ficar aqui pelo menos três ou quatro dias antes de partir-mos.
- Hum..., umas minis-ferias, até calham bem. ? Contente. ? Pareces um pouco tenso, não me digas que é por causa da miúda? ? Olhando para mim. ? Tiveste a tua oportunidade.
- Tu sabes que eu não sou assim.
- Claro que não, talvez porque herdaste a personalidade da mãe, e tornas-te numa rapariga sentimental. ? Provocando-me. ? A única coisa que importa agora é sairmos daqui o mais rápido e regressar-mos á nossa vida antiga. Nós não pertencemos aqui. ?Olhando serio para mim.
Nós aprendemos que a lei do mais forte para sobreviver neste inferno é o que sobre põe-se a tua as outras.
- Merle, ainda bem que ainda estás aqui. ? Diz Tsubaki a entrar no quarto. ? Queria pedir-te um favor.
- Qual é? ? Não muito interessando.
- Será que podias ensinar ás minhas amigas um pouco sobre a batalha de campo?
- Hum...
- Posso pagar-te com mantimentos ou munições.
- Ok, combinado. ? Sorridente.
- Elas estão lá embaixo á tua espera.
Merle sai do quarto.
- Vocês são quantos afinal?
- Deixa-me ver... ? Pensando. ? Sou eu, Jiro...três....quatro. Somo nove no total. Nós damos abrigo aos sobreviventes que aparecem ou queiram juntar-se a nós.
- Hum...estou haver.
- Sabias que existe um lugar, aonde não existe efectuados e a onde há mantimentos para todos nós.
- Interessante o que dizes.
- Foi uma das minhas amigas que disse-nos, fica em Atlanta. Já imaginas-te podermos voltar as nossas vidas outra vez. ? Puxando a cadeira até mim, sentando-se. ? O nosso grupo esta pensar em ir lá, mas ? Rindo-se. ? como vês, nós mulheres ainda não estamos muito bem preparadas para isso.
- E achas que vão estar a tempo?
- Talvez elas sim, mas eu....receio que não esteja. ? Apertando as suas mãos.
- Porque dizes isso?
- Sabes a minha mãe... ? Um pouco hesitante.- ela, não morreu por causa natural ela foi.... ? Pausando. - ....assassinada pelo meu pai a sangue frio, pois pensava que ela andava atrai-lo. E eu assisti a tudo quando tinha dez anos. ? Franzindo o sobrolho. ? Por isso sempre que ouço o som de disparo vindo de qualquer arma simplesmente bloqueio, acho que de alguma maneira traumatizou-me, mas estou atentar ultrapassar isso. ? Olhando para mim. - Desde desse dia cada vez que vinha da escola, as lagrimas vinham sempre aos olhos. ? Com sorriso amargo. ? Porque era com ela que contava tudo e mais alguma coisa.
- Hum.... ? Semicerrando os olhos.
- E tu tens saudades da tua mãe? ? Pergunta Tsubaki.
- Sim algumas, era com ela quem desabafava tudo o que me preocupava. Ela foi vitima de violência domestica por parte do meu pai.
- Oh... ? Espantada.
- Numa tarde após vir da escola, a minha mãe normalmente encontrava-se sempre no quarto, por isso fui ter com ela, para sauda-la. Mas.... ? Ficando serio. ? foi nesse dia em que abri a porta do seu quarto e via a baloiçar de um lado para o outro com uma corda ao redor do seu pescoço.
- Meu deus.
- Fique sem reacção, naquele dia, ainda belisquei-me para ver se era verdade, o que se tinha passado. ? Olhando para o tecto. ? Nunca mais foi o mesmo.
Tsubaki agarra-me na minha mão com gentileza.
- Sabes uma coisa Daryl, apensar de aparentares ser um homem duro e por vezes um pouco brusco, não vejo-te como má pessoa de todo.
Olhei-a sem dizer nada.
- De verdade - Sorrindo-se.
- Se o dizes. ? Dando um pequeno sorriso.
- Queres comer algo? Eu preparo.
- Obrigada, mas não tenho fome.
- Mas Daryl tens de comer, o teu corpo precisa. ? Um pouco preocupada. ? Nem mesmo um snack. ? Amostrando-me.
- Ok, vences-te. ? Aceitando o snack.
- Não me arrependo de ter conhecido. ? Num tom baixo.
Surpreendi-me com a sua honestidade.
- Como conheces-te Jiro? ? Com certa curiosidade.
- Foi na secundaria, para dizer a verdade éramos cão e gato. ? Rindo-se. Os três anos da secundaria ficamos sempre na mesma turma. E depois... ? Semicerrando os olhos com alguma nostalgia. ? numa visita de estudo, nós perdemo-nos num bosque e ai vimos que não éramos assim tão diferentes um do outro. ? Dando um pequeno riso. ? E depois tempo fez o resto, ainda namoramos alguns anos, até ficamos noivos, mas depois do surto, Jiro simplesmente mudou, de personalidade, não estou a dizer que seja violento comigo nada disso, mas apenas tornou-se um pouco mais inseguro e amargurado e agora somos só bons amigos.
- Hum...
- E tu também tens alguém que gostes ou gostasses?
Por algum motivo o meu coração acelerou um pouco com a sua pergunta, que estranho pergunto-me o porque de ter acelerado.
- Então vais dizer-me ou vais deixar-me na expectativa? ? Insistindo.
- Nem por isso, aliás não tenho grande coisa a contar. Ela deixou-me após ter descoberto que a tinha traído. Arrependo-me de tê-lo feito, mas é tarde de mais para estar a lamentar-me de algo que aconteceu á anos. ? Rindo-me.
- Talvez a melhor maneira para emendas-te é não fazeres o mesmo erro, quando encontrares a tal pessoa especial, não achas?
- Talvez tenhas razão.
- Posso? ? Diz Jiro abater á porta.
- Sim claro.
Os dois começaram a falar em japonês, é claro que mais uma vez não percebi nada do que diziam, mas pelas expressões dos seus rostos, não parecia ser algo grave.
- Jiro-san!!! ? Chama uma voz feminina vindo de lá fora.
Ele aproxima-se da janela.
- Eles estão de volta. Parece que encontraram mais sobreviventes.
Jiro e Tsubaki saem do quarto, enquanto Merle entra nele.
- O que se passa? ? Disse confuso.
- Talvez o inicio de problemas quem sabe.
- Problemas? ? Não percebendo.
- Sim. ? Olhando pela janela serio.
Levantei-me com cautela sem esforçar-me muito, olhei pela janela os quatro rapazes que vinham a sair do carro, deixavam muito a desejar, não só pela sua roupa mas também pela sua postura. Apareceu-me ver alguma malícia nos seus olhos, mas posso estar a julga-los mal logo á partida. Mas das coisas que já vi desde do começo da exterminação da raça humana, o meu instinto de alerta, quase nunca falha.