A PROMESSA EM UM BEIJO

  • Finalizada
  • Kakyuu
  • Capitulos 17
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 13

    medos

    Linguagem Imprópria, Sexo

    Não se apresentou nenhuma ocasião propícia. Na realidade, os dias se passavam e serena se esforçava pouco por favorecer o objetivo de ken, centrada como estava em Darien, em suas qualidades mais deliciosas, em tudo o que teria conseguido estando a seu lado... a tudo o que renunciaria quando, chegado o momento, tivesse que roubar a espada e fugir.

    Sabia os dias que restavam exatamente quantas horas, e estava decidida a aproveitar ao máximo cada um minuto.

    Se fizer uma boa manhã, montariam a cavalo; de fato, Darien

    pareceu dar certo que, a menos que melhorasse a chuva, assim o fariam.

    serena estava muito agradecida pelos momentos de puro gozo e não se queixou da expectativa altiva do duque de que ela o acompanharia por norma.

    Entretanto, apesar de serena não se queixar. ?como ele advertiu perceptivamente, como dando-o por concluído. ? serena se sentiu decepcionada quando não apareceu em sua porta na noite seguinte. Nem na outra.

    Na manhã seguinte, quando retornavam dos estábulos passando pelo atalho habitual através do pequeno salão. serena reduziu o passo, parou-se e o encarou.

    Darien estudou seu rosto e arqueou uma sobrancelha.

    ?Eu... você... ?Helena levantou o queixo?. Não tornou a me ver .

    Tinha sido suficiente uma vez? Um pensamento perturbador...

    Tanto como a idéia de que ele tivesse encontrado a experiência pouco satisfatória. Não pôde ler nada, nem em seu rosto nem em seus olhos.

    Por algum momento, ele respondeu:

    ?Não porque não a deseje.

    ?Então por quê?

    Ele pareceu refletir prestar atenção em seu tom de voz, da confusão que serena se permitia. Suspirou.

    ?Mignonne, tenho mais experiência que você em semelhantes assuntos.

    A experiência me sugere... Não, garante-me que por mais que consinta, mais exigirei e esperarei obter.

    serena cruzou os braços e lhe olhou fixamente nos olhos.

    ?E isso é mau?

    Darien lhe sustentou o olhar.

    ?Espero de você qualquer possibilidade de escolha sobre a questão de que seja minha duquesa. ?Endureceu o tom?. Uma vez que leve meu filho em seu seio, não haverá dúvida, não poderá escolher. Sabe tão bem como eu.

    Helena sabia e aceitou, mas... Inclinou a cabeça, tentando ver o que refletia no rosto de Darien.

    ?Está seguro de que esta atitude sua não está, de igual modo, motivada pela esperança ?fez um gesto? de impaciente e consinta em responder a sua pergunta com rapidez e de maneira favorável a seus desejos?

    O duque riu com um tom cínico, não de diversão.

    ?Mignonne, se procurasse um estímulo para apressá-la ao matrimônio,

    pode estar segura de que não seria esse ponto de vista em que escolheste. ?Seus olhares se cruzaram?. O grau de impaciência que sentia não é nada em comparação com a tortura que eu padeço.

    serena vislumbrou em seus olhos. ?uma necessidade sigilosa, sentiu sua

    força antes que Darien voltasse a levantar seu desejo uma vez mais. Enrugou a testa.

    ?Eu não gosto da idéia de que se atormente por mim. Deve haver ao-

    Com uma mão, Darien lhe agarrou o rosto e a levantou para o seu.

    Atraiu seu olhar.

    ?Antes que leve essa idéia muito longe, considere que eu a conheceria e sem dúvida a teria utilizado. Mas, para aliviar minha tortura particular... Não, só há um remédio para isso. E antes que pergunte, não lhe direi o quanto a desejo, porque isso também é outra forma de coação. ?Estudou o olhar de serena?. Mignonne, quero que você

    se case comigo por seu desejo de ser minha esposa. Por nenhuma outra razão.

    Enquanto possa não a apressarei para que tome essa decisão, não manipularei seus sentimentos de maneira nenhuma. Inclusive lutarei para protegê-la de qualquer pressão que outros possam tentar exercer.

    ?por quê? Por que, se me quer como duquesa, por que ser tão paciente? ?Dada a natureza do duque, esta era uma observação pertinente.

    Os lábios de Darien se curvaram em um sorriso ironicamente cínico.

    ?Há algo que desejo em troca. Mas, por minha paciência, só peço uma coisa. ?O azul de seus olhos se intensificou quando observou o olhar de serena. ? Quero que a simples resposta que finalmente me dê, mignonne, seja sua. Que não seja a lógica dedução da correta valorização dos fatos, a não ser a verdade do que realmente deseja. ?Fez uma pausa e acrescentou?: Olhe em seu coração, mignonne... A resposta que quero está escrita nele.

    Estas palavras retumbaram na cabeça de serena. Ao redor, tudo era silêncio e quietude. sustentaram-se o olhar por um momento. Logo Darien inclinou a cabeça.

    ?Isso é o que quero, o que corresponderei generosamente para obter. ?Suas palavras revoaram como plumas nos ouvidos de serena?. Quero que me responda sinceramente, que seja sincera com você e comigo.

    Beijou-a, mesmo que sabendo que era uma imprudência que pagaria caro.

    Cedendo ao impulso de tranqüilizá-la, e de limpar sua mente de qualquer duvida sobre o amor que lhe professava. Pagaria, e ela era demasiada inocente para saber o preço: o esforço que requeria deter-se em um só beijo e deixá-la partir.

    Os lábios de serena se separaram dos de Darien; mas este a atraiu para si e voltou a beijá-la, cativando seus sentidos com toda sua perícia.

    Reteve-a entre seus braços, suave, cálida e vibrantemente viva. A promessa contida no beijo de serena foi confirmada por seu viçoso corpo e pela sensual tensão de suas costas. Darien se conteve de tirar mais partido da circunstância que tinham chegado meia hora antes, por isso ninguém os esperaria ainda; de que o salão era privado e afastado. Do fato que, se ele queria, a faria sua ali e então.

    Um tortura é obvio. O desejo insatisfeito era um demônio em cuja submissão tivesse grande experiência. Nesse caso, com ela, Darien tinha decidido reprimi-lo, enjaular à besta. No momento. Dessa maneira no final seria sua para sempre. Toda dele.

    Dele, como desejava que fosse, até o mais profundo de sua sensual alma.

    Ele era um perito; reconhecia a perfeição feminina quando a tinha debaixo. E também estava bastante convencido de que acabaria querendo tudo. Tudo dela.

    A paixão de serena. Sua devoção. Seu amor.

    Tudo.

    Queria apropriar-lhe sem mais, mas o que desejava não podia ser tomado pela força.

    Tinha que ser entregue.

    O choque da vontade e do desejo pôs a prova seu caráter, dócil, esticou-o e estendeu até quase rompê-lo.

    Com um ofego, separou-se dela. Enquanto esperava que martelasse em suas veias, observou como, agora que ele os tinha liberado, serena recuperava os sentidos e a consciência.

    Ela agitou as pestanas e levantou as pálpebras. Olhou-o sem alterar-se, com olhos cristalinos nos quais se lia a confusão e certa desconfiança dele.

    Ato seguido piscou e baixou o olhar.

    A mão de Darien ainda lhe segurava o queixo; levantou seu queixo para poder vê-la.

    Os olhos de serena se nublaram. Mesmo que sustentasse o olhar com calma, as nuvens voltaram. Com um leve sorriso, retirou o queixo da mão do duque e lhe roçou os dedos com um beijo.

    ?Vamos. ?largou-se do braço de Darien ?. Será melhor que nos

    reunamos com outros.

    E se voltou para a porta. O duque tragou o impulso de lhe pedir que voltasse, de lhe perguntar o que lhe preocupava. Depois de um instante de vacilação, seguiu-a.

    Queria sua confiança, desejava que se justificasse com ele, e isso não se podia

    forçar. Por fim, enquanto ela não se sentisse segura com ele, Darien

    ainda estaria menos com ela.

    Em muitos aspectos, a visita de serena estava se desenvolvendo melhor do que previsto. Tierry Louis eram aficionados à caça, e nessa época os bosques de Darien estavam a transbordar; havia caça de sobra para mantê-los entretidos e fora do caminho do duque. satsuna e Clara tinham feito amizade e, distraídas por seus próprios entretenimentos, estavam mais que dispostas a deixar serena nas mãos dele.

    O qual teria resultado perfeito. Por desgraça, a única pessoa que não estava disposta a secundar seus planos era a própria serena.

    Darien não estava seguro de que fosse aceitá-lo; e era incapaz de entender o porquê.

    Mas tinha que fazer algo com aquelas malditas cartas.

    ?É aqui onde passa a maior parte do tempo?

    Levantou o olhar da página que supostamente centrava sua atenção e se dirigiu para serena, que entrou no quarto com desenvoltura. «aqui» era seu quarto. Sim, serena tinha evitado unir-se a satsuna e Clara em uma estendida conversa ao redor da lareira,

    preferindo distrair ele enquanto tentava trabalhar.

    ?Geralmente, sim. É grande e cômodo, e quase sempre tem em mão o que necessito.

    ?Sério? ?O olhar dela posou no livro de contabilidade que ele tinha diante.

    Darien se deu por vencido; fechou o livro e o afastou. Não era nada crucial; não em comparação com ela.

    serena sorriu e rodeou a mesa. Darien afastou a cadeira com cuidado e ela se apoiou contra o móvel.

    ?Uma vez você me perguntou por que, faz tantos anos, estava no jardim do colegio, embora nunca me contasse o que estava fazendo ali.

    ?Cai do muro.

    ?depois de abandonar a cela de minako Marchand, verdade?

    ?Ah, sim... a inestimável. ?Sorriu ao recordar.

    uma sobrancelha castanha se levantou com altivez na testa de serena.

    ?estava bem?

    ?Era uma aposta, mignonne.

    ?Uma aposta?

    ?Recordará que, quando freqüentava Paris, eu era mais jovem e mais rústico.

    ? jovem admito, mas qual foi o objeto dessa aposta que lhe fez enfrentar os muros do convento?

    ?antes que terminasse aquela semana tinha que conseguir da senhorita Marchand uns brincos de certa singularidade.

    ?Mas estava previsto que ela se fosse dois dias mais tarde, e de fato partiu na manhã seguinte, depois de sua visita.

    ?Em efeito; era parte do desafio.

    ??Você ganhou?

    ?É obvio.

    ?E que recompensa obteve?

    Darien sorriu.

    ?Quer maior recompensa que o triunfo? E, ainda melhor, sobre um não francês.

    serena emitiu uma leve exclamação de desdém, embora seu olhar exibia uma expressão estranhamente distante.

    ?Passou muitos anos cortejando em Paris?

    ?Oito, nove... Todos enquanto você ainda crescia.

    Hummm, pensou serena. Darien adivinhou em seu rosto; as nuvens, lhe obscurecendo o olhar. Tinham algo a ver as cartas com suas pretéritas façanhas na França? O duque não recordava haver cruzado sua espada com algum Daurent.

    Observou-a , contemplou sua luta com os demônios interiores. Acostumou tanto com a presença de Darien que, quando não se concentrasse mais com ele, sua máscara se deslizaria e o duque veria mais. O suficiente para lhe fazer estender a mão para ela.

    ?Mignonne...

    serena se sobressaltou; esqueceu-se de que estava ali. Por um instante, Darien vislumbrou... Horror, terror, mas, a cima de tudo, flutuando, uma tristeza profunda e dolorosa. antes que pudesse raciocinar, serena recompôs a máscara e sorriu, com muita alegria.

    O duque aumentou a pressão sobre sua mão, temeroso de que fosse tentar fugir.

    Com apenas uma pausa para pensar, serena afastou-se da mesa e se deslizou em seu colo.

    ? Se tiver terminado de trabalhar...

    O corpo do duque reagiu imediatamente; com, o suave, cálido e inconfundivelmente com seu peso feminino e se instalou com tanta confiança, tanta segurança, que os demônios de Darien babaram. Enquanto lutava por refreá-los, soltou-lhe a mão e voltou o rosto para ela. Seus lábios se uniram.

    serena o beijou com ânsia e lentidão, com um desejo intenso que Darien sabia que era verdadeiro porque ele também sentiu.

    Tinha-lhe dado sua palavra de que não a manipularia, mas quando ela o fez se aprofundar no beijo, no prazer de sua boca, Darien compreendeu que teria sido necessário lhe exigir idêntica garantia.

    Estreitou-a entre seus braços e momentos depois procurava com a mão em seu peito.

    Podia tranqüilizá-la, agradá-la, deixar que o distraísse. Mas ele sabia o que tinha visto e não esqueceria.

    Assim definiu serena nos dias que seguiram. Amargo cada vez que pensava em selene, em, ken, na espada que tinha que roubar, na traição que tinha que cometer. Doces horas que passava com Darien, quando ele a abraçava, durante aqueles breves momentos em que se sentia a salvo, segura, livre do negro feitiço de ken.

    Mas tão logo que abandonava o abraço de Darien, na realidade seria escura sobre ela. E mascarar seu sombrio coração lhe supunha um esforço cada vez maior.

    Darien os tinha convidado por uma semana, mas esta havia transcorrido e ninguém se preocupou nem falava de partir. O inverno havia caído seu manto sobre campos e atalhos, mas em Somersham havia lareiras crepitantes e quartos acolhedores, e abundância de distrações que os mantinham entretidos.

    Quando, o ano chegasse a seu fim; dentro, da grande mansão parecia cobrar vida. Mesmo que não estivesse diretamente envolto, com serena não lhe aconteciam desapercebidas a excitação, a alegria antecipada que emanava de centenas de pequenos preparativos para as celebrações natalinas e a subseqüente reunião familiar. Clara logo deixava de sorrir, ansiosa por assinalar este costume ou aquele, por explicar de onde procediam o visgo e os ramos que decoravam

    os salões, por revelar os segredos dos ingredientes do ponche natalino.

    Uma e outra vez. serena se encontrou aparentando alegria, enquanto que por dentro experimentava a certeza do desespero.

    Depois daquele instante de desconcerto na biblioteca, quando, obcecada de quando tinha conhecido Darien e ken e lhe tinha ganhado a espada ?tendo em conta a ambos, aquela era a via mais provável pela qual o duque teria chegado a possuí-la?, tinha estado a ponto de tudo, para sua surpresa Darien ao que parece havia resolvido entre-la com as histórias de seus antepassados, sua família, sua infância e sua vida

    pessoal.

    Histórias que ?serena sabia? não tinha contado a ninguém mais. Como aquela vez que ficou entupido no enorme carvalho que havia junto aos estábulos e do que só pôde descer caindo. O medo que tinha passado. Ou o muito que tinha querido a seu primeiro pônei, e a terrível dor que lhe produziu sua morte, embora este último não o havia mencionado com palavras. Em seu lugar, interrompeu-se, passando bruscamente a outro tema.

    Se ele não tivesse tentando de forma tão impetuosa mostrar-se transparente, serena poderia haver-se perguntado se, apesar da promessa e inclusive de sua intenção de não lhe manipular os sentimentos, simplesmente era o estava fazendo. Em troca, tudo o que dizia, dizia-o de maneira direta, às vezes inclusive a contra gosto, como se estivesse depositando aos pés de serena tudo o que era, todo seu passado e, por dedução, todo

    seu futuro. Expor todos os fatos sem rodeios, sem julgá-los, confiando que ela o entendesse e julgasse. Como serena, em efeito, fez.

    Os dias transcorriam tranqüilos, e serena sucumbiu mais que nunca a seu feitiço, chegou a ansiar até com mais para poder ficar com tudo o que Darien lhe estava oferecendo, mas sabendo que não poderia.

    Desejou, até além do desespero, poder lhe contar o vil plano de ken, mas suas tenras histórias de infância faziam esquecer o tipo de homem que o duque era. Desumano, duro e, em certa época, rival de ken; nada era mais provável. Se contasse a verdade de sua situação, podia esperar que ele perguntasse se serena não tinha sido cúmplice de ken desde o princípio, e se agora, com o esplendor da vida de duque se abrindo diante dela, não teria escolhido mudar de aliança.

    Tinha-lhe deixado claro que nível de compromisso procurava nela, esclarecendo

    que não queria que o aceitasse por causa dos enormes benefícios materiais de que poderia desfrutar. Depois da confiança que ele tinha depositado nela, agora serena não podia aceitar sua proposta, contando a verdade, reclamar seu amparo e lhe deixar para sempre achando que são suas verdadeiras motivações.

    E o que aconteceria se ele recusava ajudá-la? O que,ela contasse ele negasse ajuda? A natureza da relação do duque com ken fora tal que ele a recusasse por completo?

    Nunca conseguiria a espada, e selene...

    Dizer era um risco que não podia assumir.

    Em seu lugar, via como se desvaneciam os dias, contemplando aproximar-se inexoravelmente o momento de agarrar a adaga. Agarrou-se a um último

    arrebatamento de desafio com obstinação, recusando negar-se aqueles últimos

    e preciosos instantes na companhia de Darien, em seus abraços.

    Suas últimas horas de felicidade.

    Uma vez que o traísse e fugisse de Somersham, uma parte de sua vida morreria. Nenhum outro homem poderia significar jamais o que agora significava Darien para ela, nenhum outro poderia ocupar seu lugar no coração de serena.

    O duque tinha razão nisso. A resposta a sua pergunta já estava gravada ali, e serena sabia qual era. E também sabia que jamais tería a oportunidade de dizer a Darien.

    A culpa e um terrível sentimento de incipiente perda lastravam seu em seu espírito, até nas horas que passava, rindo, falando, passeando pela enorme casa em companhia de Darien. Sentia-se na escuridão, encerrou-a em um pequeno canto de sua mente, mas seguia ali.

    Também o fato de que já não voltariam a amar. Darien era que tudo aquilo, tinha que ser digna, e serena não era tão cruel para pressioná-lo; não tinha direito a isso, a tirar dele

    aquilo ao qual serena só tinha direito se estivesse decidida a ser sua esposa. Sem dúvida, a maneira de fazer as coisas Darien era melhor, mais prudente e realista.

    Mas ela seguia chorando a perda da intimidade que haviam compartilhado. Só então compreendeu o verdadeiro significado da palavra «intimidade»; o ato lhe tinha afetado de maneira mais intensa do que houvera imaginado, vinculando-os de algum jeito em algum plano mais profundo. Depois de experimentar uma vez, sempre desejaria voltar para experimentar a sorte.

    Sabia que nunca conseguiria.

    Mas não tinha escolha: selene era sua irmã e sua responsabilidade.

    Darien a observava, desenganado de seus sorrisos. Depois, serena se via cada vez mais frágil; pelo dia, a luz de seus olhos se fazia mais escuro. O duque tinha tentado por todos os meios animá-la e que confiasse nele. Em todos os níveis lógicos sabia que serena confiava, mas no emocional...

    Sendo que, não podia pressioná-la, já não por falta de confiança em si mesmo a não ser simplesmente por ele ?que nunca antes se absteve de realizar um ato necessário por causa dos sentimentos alheios? não podia torturar os sentimentos de serena.

    Não mais do que já estavam.

    Duvidava de se ela sabia o que ele sabia; se serena tinha alguma idéia do que via Darien cada vez que seu olhar se fazia distante e pensativa, antes que ela reparasse que a estava observando e então subia a máscara, compondo um sorriso.

    Eram as cartas, estava seguro. Ainda seguiam na cômoda, colocadas

    debaixo do joalheiro. Quando serena estava lá embaixo tranqüilamente, ele tinha

    entrado em seu quarto numerosas vezes. Ambas mostravam marcas de ter sido lidas e pregadas inumeráveis vezes. Tinha tentado, mas não as tinha lido.

    Ainda. Se ela não confiasse nele logo, faria.

    Tinha esperado que confiasse nele o suficiente para contar-lhe por própria iniciativa, mas não o tinha feito. E, então, Darien temia que não o faria. O qual deixava com a pergunta do que ?ou quem? era tão poderoso e tinha um domínio tão grande sobre serena, para exigir uma obediência tão absoluta.

    Uma devoção tão inquebrável.

    ?Villard diz que a espada não está no quarto de St. Ivés.

    serena seguiu com o olhar fixo na paisagem invernal que se abria além das janelas da biblioteca. Umas sombras ocres surgiam através da geada que havia coberto a terra. Louis a tinha encontrado ali, sozinha, onde se tinha retirado para permitir que Darien terminasse em paz alguns negócios inadiáveis.

    Louis agarrou serena pelo braço e quase a sacudiu.

    ? disse, tem que fazê-lo logo. ?Ao não obter resposta, aproximou

    o rosto no dela?. Ouça-me?

    serena se serenou, virou a cabeça e olhou Louis nos olhos.

    - Tire as mãos de cima de mim. ?Disse com uma voz baixa, tranqüila, sem inflexões, depois haveria séculos de autoridade. Louis o fez.

    ?Acaba o tempo. ?Olhou ao redor, comprovando que seguiam sozinhos?. Estamos aqui mais de uma semana. Ouvi que se espera a chegada de outros membros da família nos próximos dias. Como seja quando esgotará a paciência de St. Ivés e dizer que devemos ir?

    ?Não fará.

    Louis soltou uma exclamação de incredulidade.

    ?Isso diz você. Mas uma vez que esteja aqui sua família... ?Olhou para serena.

    ?Se fala de bodas, como podia esperar, mas tudo isto não me custa. Perder o tempo é tentar a sorte. Deve encontrar essa espada em seguida... Esta noite.

    ?Já disse que deve estar em sua biblioteca. ?serena voltou a cabeça e o olhou? por que não pega você?

    ?Faria, mas o tio manifestou que tem que ser você e ?se deu de ombros? posso compreender suas razões.

    ?Suas razões?

    ?Se você roubar, St. Ivés não apregoará o assunto no estrangeiro. Não fará acusações públicas nem procurará uma vingança ostentosa, porque não vai querer que saiba que foi roubado por uma mulher.

    ?Entendo. ?voltou-se uma vez mais a sua contemplação.?. Assim deve ser eu?

    ?Sim... e tem que fazer isso logo.

    serena sentiu que a rede se fechava ao redor dela, sentiu a pressão.

    Suspirou.

    ?Tentarei nesta noite.

    Antes de sair, serena esperou que todos os relógios dessem as doze. Até então, não estava segura de que Darien tivesse abandonado a biblioteca, mas da metade da escada poderia olhar por cima do corrimão e ver se filtrava luz por debaixo da porta. Decidida, saiu; não era tão estúpida para andar às escondidas, assim percorreu o corredor, com confiança, deixando que os tapetes amortecessem seus passos.

    O corredor conduzia à longa galeria. Chegou ao final e virou no alto da escada...

    E se virou contra um muro de músculos. Soltou um grito. Darien a agarrou antes que caísse de costas.

    ?Mas a que...

    A débil luz que entrava pelas janelas sem cortinas, precaveu-se de que o duque usasse um roupão de seda e supôs que nada mais. Seus olhos se dilataram e suas mãos se estenderam pelo peito do duque quando este a atraiu para si. serena levantou o olhar e se encontrou com a de Darien.

    Viu como arqueava uma sobrancelha castanha.

    ?Mignonne.

    Aonde vai? Não perguntou, mas as palavras, entretanto, estavam ali, implícitas no olhar do duque.

    Ela respirou com dificuldade, sentiu que seus seios inchavam contra o peito de Sebastián.

    ?O que está fazendo aqui? ?balbuciou.

    O duque estudo seu rosto. ?ia ver a. ?E você? Sugeriu seu silêncio subseqüente.

    O fato de que, em certo aspecto pelo menos, sua paciência havia se esgotado, se lia com facilidade em seus traços. Iluminados pela pálida luz mostravam-se gravados com um desejo brutalmente contido. Ao tato das mãos de serena, seu corpo confirmava: os amplos e quentes músculos estavam tensos de necessidade.

    ?Me... ?... Ia a vê-lo? Uma mentira. Umedeceu seus lábios e o olhou?. Queria vê-lo.

    As palavras mal tinham terminado de sair de seus lábios, quando

    Sebastián os selou com os seus. O beijo foi selvagem e intenso, justa advertência do que estava por vir.

    serena rodeou seu pescoço com os braços e, celebrando aquele beijo, beijou

    a sua vez com idêntico ardor.

    Condenou os planos de ken a uma última noite de prosternação.

    Com supremo gosto se entregaria. ?durante essa última noite de paixão.

    ?aos braços de Darien.

    Queria vê-lo, exatamente por esse motivo. Queria uma última oportunidade para lhe demonstrar tudo o que ele significava para ela, mesmo que não pudesse dizer-lhe jamais, não pudesse pronunciar nunca as palavras que Darien desejava ouvir. serena podia dizer de outras maneiras.

    Interrompeu o beijo que já começava a arder fora de seu controle.

    Tinha pensado, apesar de tudo, apesar da necessidade que o atendia, que os anos acumulados de experiência lhe permitiriam seguir sendo amo de seu desejo.

    Mas em dois de minutos serena tinha reduzido a cinzas toda sua contenção. E de maneira deliberada.

    Obstinada a seus braços, apertou-se contra ele, as curvas finas e suaves, os lábios exuberantes, os dedos em sua nuca, o sobe e desce dos seios contra seu peito... Tudo, um flagrante canto de sereia tão velho como o tempo.

    Os olhos de serena se elevaram reluzentes para ele.

    Muito bem.

    ?Vamos a seu quarto. ?A voz de Darien soou áspero pelo desejo?. Venha.

    Agarrou-lhe as mãos e a conduziu com resolução a seu quarto. Não

    se atreveu a um contato maior, tinha que mover-se com rapidez se quisesse alcançar a privacidade do quarto. serena correu atrás dele sem protestar, igualmente concentrada.

    Chegaram à porta e Sebastián a abriu. Ela entrou e ele a seguiu.

    Fechou a porta sem voltar-se, sem afastar o olhar de serena nem um instante. Ouviu o estalo do fecho; no mesmo instante em que ela se virava para ele e lhe sorria como uma virgem.

    serena estendeu os braços.

    ?Venha. Façamos amor. Sobre a penteadeira, um abajur ardia fracamente. Com a fraca iluminação, o resplendor do rosto de serena, de seus olhos, era impossível de confundir. Darien se aproximou dela sem pensar, atraído por tudo o que podia ler, por tudo o que lhe deixava ver. Tomou as mãos e as levantou até seus ombros, soltou-as, deslizou as suas ao redor da cintura de serena e a atraiu para ele.

    Inclinou a cabeça para ela.

    ?Mignonne, se lhe fizer mal, tem que me dizer, deslizou os dedos pelo cabelo.

    ?Não me fará isso. .

    Os lábios de ambos se encontraram, fundiram-se; qualquer intento de racionalidade, de controle, sumiu. Apertou-se contra ele, atraiu-o às profundidades de sua cálida boca, provocou-o com a língua, convidando-o sem nenhum disfarce a apropriar-se de tudo o que quisesse. Acompanhou-o em todos os passados pelo caminho; em cada passo para a voragem do desejo, ao interior do redemoinho de energias emocionais e físicas que estouravam sobre eles. Que os atraiu, sugando-os, a um mundo onde, triunfava, a

    paixão governava e o desejo reinava.


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