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Passamos um bom tempo daquela maneira. Hanako então saiu de cima de mim e ficou me olhando, tirou a fita que tampava minha boca e então sorriu. Acho que aquela não era a hora mais amigável para um sorriso, mas aquilo me trouxe conforto.
?Você consegue aguentar mais algumas horas? Vou tira-lo daqui?.
Senti que minha voz não iria sair, então acenei que sim.
?Esta bem, vou botar a fita de novo e, por favor, não morra.?
A voz dela soou calma e amorosa, então ela colocou a fita na minha boca. Por um momento pareceu que ela estava olhando as feridas e vendo se nenhuma estava infeccionada. Ouvimos algumas vozes e então eu estava só na sala. A porta se abriu, um rangido de metal velho passando no chão era o sinal, sinal de que ia começar outra sessão de tortura. Entraram o homem de antes e se me lembro bem o nome do infeliz, Eury.
Pareceram não notar que ela esteve aqui, achei isso por um lado bom. Usaram coisas novas para me torturar, objetos pequenos e que provocaram bastante dor. Fui preso em uma corrente e fiquei pendurado. Não sei qual deles começou a chicotear-me, as feridas que já estavam cicatrizando se abriram novamente. Para passar o tempo, fiquei contando quantas chicotadas eu levava. Foram 20 no total. Torturaram-me por mais algum tempo - no qual eu não sei bem -, então novamente me deitaram na mesa.
Fui torturado mais algumas vezes e então novamente a porta se abriu. Hanako entrou, disse alguma coisa em voz baixa e os homens saíram. Acho que era isso, ela iria me tirar dali só precisava de tempo. Quando me soltou daquela mesa eu levantei e sentei, respirei fundo e então levantei, ficando assim de pé.
?Temos que sair daqui antes que eles voltem!?.
Assenti e me apoiei nela. Saímos da sala bem rápido. Hanako parecia estar louca para sair dali e me libertar, porem algo ainda estava estranho. Os homens não deram sinal de vida, o lugar não era grande e dava para ouvir qualquer andar pesado ou bater de porta ? e a porta de onde eu estava fazia um senhor barulho. Quando saímos, pude ver luzes vermelhas e azuis piscando. Quando finalmente me toquei, notei que eram carros de policia que estavam ali. Hanako foi arrancada do meu lado e algemada e eu fui praticamente carregado por um policial. Colocaram-me deitado em uma maca de ambulância, deram uma rápida olhada em mim e então empurraram a maca para dentro da ambulância.
Enquanto eu era levado para o hospital cheguei a conclusão que Hanako ligou para a policia e entregou meus torturadores, e ela também. Então minha namorada era uma assassina eu realmente me meti em uma confusão. Apesar de que isso me fez ficar um pouco mais maduro do que eu já era. Já no hospital, limparam meus ferimentos e me encheram de ataduras. Meus pais vieram me ver, minha mãe soluçando de tanto chorar e meu pai com o olhar de preocupação. Novamente passei um bom tempo no hospital, tive que passar por algumas cirurgias, dar depoimentos para os investigadores que vieram me ver e ver a grande bagunça que me meti.
Quando finalmente sai do hospital, fiquei sabendo que Hanako e os outros foram presos. Ela por ter se entregado e não participado de todos os casos teve a pena aliviada um pouco, já os outros dois receberam pena de morte. Das vezes que me deixaram vê-la, descobri que aqueles dois eram parentes dela. O homem de capuz era seu pai e o outro um primo distante, todos com potencial genético para ser assassino, dessa parte eu não sei bem.
Fui mais fundo com as perguntas e pacientemente ela me respondeu. Descobri que todos da família dela não eram boas pessoas e que a maioria já estavam mortos, incluindo sua mãe que foi morta pelo próprio marido. Eles nunca foram pegos porque eram bastante cuidadosos, usavam luvas, tocas por causa dos cabelos e sempre mudavam de lugar. Meu caso foi diferente, pois - dizendo Hanako - seu pai planejava me queimar até não sobrar nada ou me jogar em um rio.
Nas outras visitas, chegou a meu conhecimento que Hanako queria sair dessa vida e ser normal. Acho que eu dei esse conforto para ela. Eu não era um adolescente normal ? digamos assim -, e com isso não ia estranha-la. Minhas visitas nunca eram muito demoradas isso porque não permitiam. Mas mesmo assim consegui recolher bastante informação.
Depois de um mês o primo e o pai de Hanako foram mortos, foram sentenciados com a pena de morte e minha Hanako com a prisão por bastante tempo, pois não havia provas de que ela tinha participado dos assassinatos. Foi um alivio ver aqueles dois morrerem. Foi uma pena eu não poder ter ido como testemunha de suas mortes, mas pelo menos fui testemunha de seus atos no tribunal e afirmei que Hanako era inocente. Mesmo não tendo provas, Hana foi presa em um hospital psiquiátrico para tratamento, já que foi comprovado seus genes assassinos.
Bom, resolvi escrever esse livro como um relato de mais uma vitima da crueldade do mundo e para provar que alguns deles querem sair dessa vida. Descrevi aqui as partes mais importantes e o que eu me lembrava. Levei bastante tempo para concluí-lo, já que não tenho uma memória muito boa! Hanako foi libertada, mas com a ordem de visitar um psiquiatra uma vez por mês e claro, me casei com ela. O lado bom? É que não terei sua família para se intrometer em nossas vidas!
E com isso termino esse livro...