A PROMESSA EM UM BEIJO

  • Finalizada
  • Kakyuu
  • Capitulos 17
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 8

    furia

    Linguagem Imprópria, Sexo

    Na manhã seguinte. Serena passeava por seu quarto; com os olhos entrecerrados, julgava os acontecimentos da noite anterior. Refletia sobre o inesperado ponto de vista adotado por Darien. Recordava seus sonhos.

    Perguntou-se de novo o que sentiria ao acariciar o peito nu do duque, ao tocar seus firmes músculos...

    ?Não, não, não e não!

    Furiosa, ficou a lhe dar chutes à diante dela.

    ?Ele conseguiu fazer isto!

    Para fazê-la sonhar, desejar, desejar... Querer. Para fazê-la ir até ele, para rendê-la como se fosse uma tola donzela loucamente apaixonada.

    Uma conquista, turva.

    A sós em seu quarto, pôde admitir que podia ter funcionado.

    ?Mas agora não. Não agora, quando tinha compreendido qual era o verdadeiro objetivo do duque. Tinha vinte e três anos... E quando se tratava dos jogos dos homens, não era nenhuma inocente sonhadora. Uma sedução podia conseguir por mais de um caminho; com toda segurança, o duque conhecia todos os caminhos.

    ?Cada curva desses caminhos. Não a apanharia.

    Logo restaria uma semana para que a alta sociedade abandonasse

    Londres; sem dúvida, poderia mantê-lo longe até então.

    ?Mignonne, é de costume prestar alguma atenção ao cavalheiro com

    quem se dança.

    Serena olhou para Darien e abriu os olhos arregalado.

    ?Só me estava olhando nas jóias das damas.

    ?por quê?

    ?por quê? ?Riscou um círculo ao redor dele e logo voltou para enfrentar, de novo o olhar posto nas próximas damas ?. Porque a qualidade das damas daqui é notável.

    ?Dado seu patrimônio, deve possuir o resgate de um rei em jóias.

    ?A maioria as deixei no porão de Cameralle.

    ?Com a mão assinalou o singelo colar de safiras que brilhava?. Não trouxe as peças mais pesadas... Não tinha sentido.

    ?Sua beleza, mígnonne, eclipsa qualquer jóia.

    Sorriu, mas não a ele.

    ?Excelência, tem uma língua muito rápida.

    Na manhã seguinte. Serena estava sentada à mesa do café da manhã quando chegou um pacote.

    ?É para você. ?Louis o deixou cair junto ao prato de Serena.

    ?De quem é? ?perguntou satsuna

    Serena deu a volta ao pacote.

    ?Não sei.

    ?Abra-o. ?satsuna posou sua xícara?. Contém uma carta.

    Serena rasgou o pacote e colocou a mão. Seus dedos tocaram a tampa

    de veludo de um estojo de jóia. O calafrio de um pressentimento recorreu sua pele. Ficou contemplando o pacote aberto, temerosa por tirar o conteúdo. Logo, armou-se de coragem e o tirou.

    Um estojo de pele verde. Abriu-o. Dentro, sobre uma base, descansavam duas fileiras das pérolas mais puras. As estavam interrompidas em três pontos por umas pedras solitárias, as três perfeitamente retangulares, esculpidas com simplicidade para exibir sua cor. A princípio lhe pareceram falsos, mas quando levantou o colar e o estendeu

    em suas mãos, as pedras cintilaram e a luz prendeu nelas, deixando descoberta sua cor de esmeraldas. Três grandes safiras puras, de um azul mais vivo que os olhos de Serena. Alguns pingentes, com uma safira menor engatada sobre a pérolas, e um par de braceletes que completavam o conjunto.

    Do resgate de rei que já possuía nenhuma peça lhe atraía nem a metade que daquela. Deixou cair o colar como se lhe queimasse.

    ?Devemos devolvê-lo. ?Afastou a caixa.

    Louis tinha estado examinando o pacote e agora deu uma olhada no estojo.

    ?Não há nenhuma carta. Sabe quem o enviou?

    ?St. Ivés! Deve ser dele. ?Serena afastou a cadeira, com o impulso

    de sair correndo, de fugir daquele colar... De escapar da suas ânsias de tocá-lo, de acariciar as suaves fileiras... De imaginar que sentiria ao usá-lo no pescoço, como brilharia.

    Condenado Darien! Levantou-se.

    ?Por favor, encarreguem-se de que seja devolvido a sua excelência.

    ?satsuna tinha inspecionado o pacote?; se não tem carta, não podemos estar seguros da quem as enviou. E se não fosse o senhor duque?

    Serena olhou para Satsuna; quase podia ver o sorriso petulante de Darien.

    ?Tem razão. ?disse finalmente.

    Voltou a sentar-se. Depois de observar um momento as pérolas, repousando tentadoramente sobre a base de veludo, agarrou o estojo.

    ?Terei que pensar qual é a melhor forma de atuar.

    ?Enviou-me isso você, verdade?

    Helena voltou o rosto para Sebastián, enquanto com os dedos de uma mão acariciava as pérolas que rodeavam seu pescoço. A seda de suas saias azul produziu um sussurro sensual; deixou que os dedos passassem com delicadeza pelas pérolas, perseguindo as fileiras que caíam sobre os seios.

    Com um ligeiro sorriso, Darien observava cada movimento. Serena foi incapaz de ler algo em seu rosto e em seus olhos.

    ?Brilha muito bem em você, mignonne.

    Ela se negou a pensar o bem, que a faziam sentir.

    Só ele podia lhe haver entregue a tentação primitiva para levar adiante seu jogo. Serena nunca havia se sentido tão poderosa; bastante forte para cercar combate com um homem como ele. Sentiu um estremecimento de excitação, de insidiosa atração; virou,

    começou a dar voltas, incapaz de ficar quieta.

    Quando ele tinha aparecido a seu lado no salão de lady Cariyie, seus olhos tinham ido diretos ao colar, precavendo-se logo com rapidez das demais peças que também se pôs. Serena tinha acessado a visão ao passear pelo salão. Em efeito, como só ele era capaz, o duque tinha encontrado uma sala de espera fora do salão. Uma peça vazia, mal

    iluminada por uns spots, ladrilhado e uma fonte no centro.

    Os saltos de Serena ressonaram contra os ladrilhos quando começou a dar voltas diante da fonte; lançou ao duque um olhar descaradamente duvidoso.

    ?Se você não... Possivelmente tenha sido Were? Ao melhor sente falta de.

    Darien não respondeu, mas inclusive a débil luz serena viu como endurecia seu semblante.

    ?Não. ?acrescentou?. Não foi Were... Foi você. Que espera ganhar com isto?

    Darien a observou. ?serena não pôde ficar pensando em uma resposta ou simplesmente pondo a prova seus nervos? e logo disse:

    ?Se eu lhe tivesse enviado semelhante presente, esperaria receber... A

    mesma resposta que, naturalmente, daria a você a qualquer um que tivesse

    sido tão cortês.

    Serena deixou que seus olhos relampejassem que aparecesse seu caráter. Ao longo das semanas, foi-se acostumado a não ocultar-lhe agora parecia não haver razão para lhe esconder seus sentimentos. Com um revôo de saias, rebolou para encará-lo e levantou o queixo.

    ?Quem quer que fosse tão generoso comigo lhe daria obrigado...

    O que só poderia fazer se soubesse quem era o cavalheiro.

    Darien sorriu. Com sua habitual maneira sigilosa de caminhar, cortou

    a distância que os separava.

    ?Tenho que reconhecer mignonne, que me traz sem cuidado se me considera ou não o merecedor de seu agradecimento.

    Deteve-se diante dela e enredou seus largos dedos nas fileiras, por debaixo do pescoço. Levantou as pérolas, até reunir as extensas fileiras na mão e as encerrar em seu punho, situado em cima do decote de serena.

    ?Preferiria ter a segurança. ?murmurou, a voz deslizando-se para um sussurro perigoso? cada vez que usasse esta peça pensaria em mim.

    Abriu o punho, deixando cair às pérolas.

    Espalhando as grandes esmeraldas, as fileiras caíram sobre o decote, escorregando entre os seios.

    Ao sentir o calor da mão do duque, que mantinha quente as pérolas, Serena afogou um grito.

    ?Preferiria saber que cada vez que usasse isto, pensasse em outros. No que haverá entre nós.

    Não tinha soltado do todo o colar; um comprido dedo permanecia enganchado nas fileiras as observando, levantou-as e as deixou deslizar por toda parte, lhe acariciando os seios nus a despeito do vestido... ao que parece estivesse totalmente vestida. Fez subir e descer as pérolas com um ritmo lento e sensual que serena pôde imaginar muito próprio do duque.

    Serena ofegou e fechou os olhos por um momento. Sentiu que seus seios se erguiam, inchados e quentes.

    Darien se aproximou mais; serena, mais que viu, ouviu e sentiu ele, como

    uma chama sobre a pele. Abriu os olhos.

    ?Cada vez que as usar, mignonne, pense em... nisto.

    Tivesse desejado que não se aproximasse tanto, não levantasse o rosto e deixasse

    que a beijasse. Mas com a calidez embriagadora de Darien tão perto, o

    tom do sussurro de sua profunda voz no ouvido, a sensação das pérolas, ainda quentes, ainda movendo-se provocativamente entre os seios... Estava perdida.

    Os lábios de Darien se abateram sobre os seus. Ao primeiro indício de pressão, diante da primeira exigência, Serena se abriu a ele, não de maneira total a não ser desafiante, recusando, até então, a rendição.

    Podia lhe beijar e sobreviver; deixar que a beijasse e seguir sem afrouxar-se. Se Darien acreditava em outra coisa, já aprenderia. Serena lhe deslizou os dedos

    pelo cabelo e lhe devolveu o beijo com descaramento. Sua reação surpreendeu o duque por um segundo, mas não mais.

    A resposta foi inesperada: nenhum arrebatamento de paixão sufocante, de desejo incontido. Em seu lugar, pegou-se a ela, lhe dando o que desejava, insinuando-se mais. Atraindo-a para ele.

    Serena sabia, mas a resistência era impossível. A única maneira de conservar sua identidade, de reter alguma aparência de consciência e obstinação, era inundar-se no beijo, entregar-se a isso e seguir a iniciativa de Darien, notando-se em cada passo pelo caminho, dando cada um a certeza.

    Em segundos, tinha-a tirado deste mundo. Só ele podia trazê-la de volta.

    Fechando os braços a seu redor, atraiu-a para ele, até que aquele corpo suave voltou a ficar preso contra o seu, muito mais duro.

    Inflamado o desejo, os dentes chiaram como os de uma fera, querendo mais... Muito mais. Desejou tê-la debaixo dele, penetrá-la...

    Darien sabia que ainda não podia ser. Não aquela noite, nem no dia seguinte. Nem sequer se atrevia a acariciá-la com mais firmeza, sua intuição lhe advertia que ainda não, ainda não. Lentamente mas sem parar. Serena estava o levando a loucura. Se não

    a possuísse logo...

    Nunca tinha esperado tanto por uma mulher. ?nenhuma que tivesse

    desejado? lhe tinha negado jamais; nunca uma mulher tinha recusado andar no caminho com ele.

    Entretanto, apesar de que o corpo de serena fosse dele, de que seu

    pulso disparasse quando ele lhe aproximava, de que dilatassem as pupilas

    e a pele se esquentasse quando a tocava, sua mente fugia entregando-se; sua

    vontade permanecia obstinada.

    Cada noite que passava sem ela só aumentava seu desejo, aquele impulso primário de saciar a luxúria... De possuir.

    As mãos de serena lhe tocaram as bochechas, segurando seu rosto com firmeza quando apertou os lábios contra sua boca em um beijo em resposta a sua última incursão.

    O controle de Darien fraquejou quando lhe provocou e incitou...

    E respondeu; por um instante deixou que escorregasse seu escudo, deixou-a vislumbrar o que desejava dela: que compartilhasse a desenfreada paixão oculta atrás de sua máscara de galã.

    Diante do arremesso de Darien, toda resistência desapareceu; na coluna vertebral de serena, até então penetrada em sua teimosa vontade, afrouxou-se. Derreteu-se.

    Ele se afastou rapidamente, antes de que o desejo e a paixão o descontrolasse... Descontrolassem-nos a ambos. Respirando com dificuldade, levantou a cabeça. Sentiu a dificultosa respiração de serena, os seios apertados contra seu peito.

    A condessa piscou; sob suas largas pestanas, Darien viu o brilho de seus olhos, mais precioso que o das safiras que radiavam seu pescoço, penduravam em suas orelhas e circundavam seus braços...

    Apesar da frustração, sentiu uma reconfortante satisfação. Afrouxou a pressão. serena voltou a piscar e se afastou. Olhou-o com receio.

    Darien conseguiu não sorrir.

    ?Vamos, mignonne... Temos que voltar para salão.

    Serena lhe ofereceu a mão e se deixou conduzir até a porta. Ao chegar

    junto a ela, o duque parou. Enganchou um dedo nas fileiras de pérolas e as tirou debaixo do corpo, as posando sobre a seda uma vez mais.

    ?Recorde, mignonne. ?Leu-lhe o olhar?. Sempre que as usar, pense no que terá que ser.

    Ao despertar à manhã seguinte, a primeira coisa que viu serena foi as

    pérolas caindo em cascata fora do estojo de veludo verde. Estavam sobre a

    penteadeira, onde as tinha deixado... E pareciam zombar-se dela.

    ?Jesus.

    Com um gemido, deu-lhes as costas, mas, como se fossem fantasmas, sentiu como se ainda lhe rodeassem o pescoço, pendessem de suas orelhas e de seus braços.

    É obvio, tinha sido uma louca ao pensar que, pudesse ter esperanças de plantar-se diante de Darien e impor-se.

    Com os olhos entrecerrados, repassou todo o episódio. Virando-se, voltou a olhar as pérolas. Seu primeiro impulso tinha sido as enterrar no fundo do baú, mas o orgulho lhe ditou que as pusesse todas as noites. Aquele jogo já tinha ganho Darien de maneira esmagadora, mas ela não podia deixar que soubesse.

    O que significava que, é obvio, recordaria cada contato das pérolas. ?mornas pelas mãos de Darien ? contra seus seios nus. E é obvio, perguntaria-se...

    Estava muito perto de perder o controle. Não podia deixar ganhar o seguinte

    assalto. E não podia pôr fim ao jogo

    Estava fazendo-o de novo: tornando-se atrás, pondo obstáculos no caminho.

    No outro extremo do salão de lady Cottiesford, Darien observava Serena com algo muito parecido a uma ofensa a ponto de estourar.

    Estava acabando o tempo. Quando se tinha proposto fazê-la admitir que o desejava, não se imaginou que lhe custaria tanto. Ficavam só cinco dias para o baile de disfarces de lady Lowy, o acontecimento que nos últimos anos anunciava o êxodo londrino da alta sociedade.

    Assim, tinha cinco dias mais. ?cinco noites, mais concretamente,para fazê-la capitular, para conseguir algum indício de que ela consentiria seus avanços, completamente à margem de uma proposição formal do matrimonio. Isso seria o mínimo que aceitaria.

    Cinco noites. Em circunstâncias normais, tempo de sobra. Exceto com ela, a qual já levava assediando durante sete. Embora tivesse feito tremer as muralhas, ainda não as tinha desmoronado, ainda não a tinha convencido para que descesse a ponte levadiça e o deixasse entrar.

    ?Como vai a caça de esposa?

    Andrew. Darien se voltou quando seu irmão mais novo lhe deu um tapa no ombro e andrew deu um passo atrás.

    ?Ninguém sabe de nada, juro-o.

    ?Reza para que seja verdade. ?Outro inconveniente mais.

    ?Esta tudo bem? Segue com os olhos postos na condessa? Uma peça tentadora, admito, embora ardilosa, não te parece?

    ?Que te ouça falar assim dela e é possível que me peça que quebre seus polegares. Ou algo pior.

    ?Vá.

    ?Seu jogo é ligeiramente melhor que o meu.

    ?De acordo. Já deixei de brincar. Mas não pode negar que o assunto tem certa importância pessoal. Mal pode esperar que me desinteresse do tema.

    ?Que lhe desinteresses, não. Que te interesse menos, sem dúvida.

    Andrew ignorou isto e olhou em redor.

    ?Viu a rey?

    ?Acredito ?disse Darien, estudando o encaixe do punho? que nossa querida irmã abandonou a capital. Hundy avisou esta manhã.

    Andrew o olhou bruscamente.

    ?Encontra-se bem?

    ?OH, é obvio. Mas ambos decidiram que rey já havia ficado o suficiente, e como lhe pedi que organizasse as festas em Somersham, tinha bastante no que distrair-se.

    ?Ah! ?andrew fez um gesto de aprovação com a cabeça. ?. Excelente estratégia.

    ?Obrigado. ?murmurou Darien ?. Faço o melhor que sei. ?Quem me dera pudesse fazê-lo melhor com certa condessa.

    ?Aqui vem Arnold; tenho que falar com ele. ?andrew lhe deu um tapa no ombro?. Boa sorte; não é que precise dela, mas, por amor de Deus, não falta.

    Darien reprimiu o impulso de enrugar a testa; em seu lugar, voltou

    a olhar para o outro extremo do salão, e percebeu que Serena já não estava ali.

    ?Maldita seja!

    Ela devia ter estado lhe observando, um bom tempo.

    Embora... Observoou o salão em todas direções, em vão. Com os lábios preparado, saiu da penumbra e se misturou com a multidão.

    Levou-lhe uns dez minutos para sorrir, saudar e escapulir-se da conversa e poder avistar à senhora Thierry, estava sentada em uma espreguiçadeira. Estava presa em uma animada conversa com lady Lucas; a Serena não a via por nenhuma parte.

    Darien esquadrinhou uma vez mais a concorrência, até que seu olhar

    se posou em Louis de Sévres. Era o acompanhante nominal de Serena, até que todo mundo sabia que era o protetor enviado pela família. Sévres estava comendo com os olhos a uma das irmãs Britten. Darien se aproximou dele.

    Sua sombra alertou a Sévres, que levantou a vista e, para surpresa de Darien, sorriu e inclinou a cabeça com obsequiosidade.

    ?Ah... Excelência. Procura a minha prima? Acredito que foi à sala dos refrigérios para receber a seu corte de admiradores.

    Darien estudou Sévres e reprimiu o impulso de lhe atiçar na cabeça. supunha-se que tinha que protegê-la... Mas a senhora Thierry Também tinha mudado de registro. Enrugou a testa. Se ninguém na alta sociedade tinha intuído ainda suas verdadeiras intenções ?e sem dúvida, que assim fosse, Darien se inteiraria, era muito estranho que os Thierry e Sévres tivessem visto através de sua máscara.

    Sévres assinalou com a mão sob o olhar observador do duque, que decidiu aceitar a inesperada ajuda até que tivesse Serena.

    Então sim, investigaria o que se escondia depois da boa disposição daquele

    homem. Olhou por cima da cabeça de Sévres, pelo que se acessava à sala de refrigérios.

    ?Seriamente? Se me desculpa...

    Não esperou uma resposta e pôs-se a andar.

    Uma olhada através do arco, e viu o que estava fazendo Serena: fortificando suas defesas. Rodeou-se, não de cavalheiros como Were ou outros que estivesse considerando, mas sim da última colheita de petimetres e mozalbetes que procuravam deixar sua estampagem.

    Eram como ele doze anos atrás, como traças atraídas pela chama, e bastante desenvolvidos e ousados para considerar qualquer loucura, incluída a de lhe desafiar. Em especial, por ela. Não estavam à altura de Darien, claro, mas nunca o reconheceriam, e menos na presença de Serena, algo que o duque entendia.

    Refletiu sobre a situação, calibrou aos cavalheiros aglutinados ao redor de Serena e observou as pérolas que a condessa usava no pescoço, nas

    orelhas e nos braços. Logo se virou e fez gestos a um criado. Serena suspirou aliviada para ao ver que Darien abandonava o círculo. Estranha vez lhe estava inadvertida ao olhar do duque; durante a última semana se converteu em um pouco familiar, como um

    quente fôlego que lhe acariciava a pele.

    Reprimiu um calafrio diante da idéia e concentrou sua atenção no jovem lorde Mariborough; embora era, pelo menos, cinco anos mais velho que ela. serena o seguia considerando um jovem. Sem experiência, sem... fascinação. Nada absolutamente.

    Por mais aborrecida que pudesse sentir-se, ao menos estava segura. Assim sorriu, e animou os cavalheiros a que se espalhassem sobre suas proezas.

    Suas últimas carreiras de tílburis, a última incursão em uma casa de jogo clandestina, o último espetáculo pugilístico... Eram tão infantis.

    Estava relaxada, quando um criado se materializou junto a seu cotovelo com uma bandeja de prata na mão. Continha uma simples carta. Serena a pegou. Depois de dirigir um sorriso ao criado, que se retirou com uma reverência, sorriu rapidamente ao círculo protetor que a rodeava; fez-se para um lado e abriu a carta:

    Qual será, mignonneí Escolha um e arrumarei tudo para que fique comigo. Porque quando me aproximar para tirá-la daí, nada há mais certo que algum do grupo não poderá conter-se e me desafiará.

    Agora bem, se prefere que ninguém encontre a morte em uma pradaria ao despontar a alvorada, então reúna-se comigo na sala de espera que dá a entrada principal.

    Serena leu as últimas palavras através de uma neblina escarlate.

    Quando voltou a dobrar a carta, tremiam-lhe as mãos e em seguida, meteu-a no pequeno bolso de seu vestido. Teve que deter um instante, respirar e reprimir a fúria.

    Contê-la até que pudesse dirigi-la contra quem a tinha provocado.

    ?Devem me desculpar. ?Sua voz lhe soou tensa, embora nenhum dos

    absortos jovens pareceu precaver-se?. Tenho que voltar para a senhora Thierry.

    ?Acompanharei você ?se ofereceu lorde Marsh.

    ?Não, obrigado... Rogo-lhes isso, não se incomode. Madame está ali mesmo, no salão de baile. ?Disse com tom autoritário, enquanto e com um olhar cheia de aprumo.

    Chegou a entrada principal sem atrair excessivos olhares. Um criado a conduziu à sala de espera através de um curto corredor. Com os olhos cravados na porta, tirou a carta do bolso, tomou ar e concentrou todo sua fúria sobre o duque. Abriu a porta e entrou com passo majestoso.

    A sala de espera estava iluminada; um abajur que ardia com uma fraca chama sobre uma mesa e o fogo crepitante era as únicas fontes de luz. Duas poltronas flanqueavam o fogo; Sebastián se levantou, movendo-se com sua habitual elegância autoritária.

    ?boa noite, mignonne. ?Seu sorriso ao incorporar-se foi levemente triunfante.

    Serena fechou a porta sem voltar-se e ouviu o fecho.

    ?Como se atreveu?

    Avançou e, quando a luz iluminou seu rosto, viu desvanecê-la sorrindo Darien.

    ?Como se atreveu a me enviar isto? ?Estendeu bruscamente a mão que segurava a carta. A voz lhe tremeu de pura fúria?. Porque me persegue? Embora desde o começo lhe havia dito que nunca serei tua, milorde. ?Não tentou dissimular a cintilação dos

    olhos, a agressividade do tom, deixando que a máscara da cortesia caísse por completo. Indignada, avançou um pouco. ?Como era tão difícil aceitar minha decisão, minha categórica recusa por você, me deixe que lhe diga por que estou aqui, em Londres, e por que jamais conseguirá você nada de mim. ?A cada palavra se sentia mais forte; seu gênio se endurecia, seu tom de voz atinava quando se deteve dois metros de Darien ? Estou na Inglaterra a procurar marido, isto já sabe. A razão de que seja assim não foi outra que a de escapar dos tentáculos de você, um homem poderoso, rico, nobre, de vontade inflexível e ambição desmedida. Me diga, excelência, resulta-lhe familiar esta descrição?

    Serena levantou uma sobrancelha olhando-o, com a expressão desdenhosa, serenamente furiosa.

    ?Estou decidida a aproveitar esta oportunidade para escapar dos homens como meu tutor, dos homens como você, dos homens aos quais não lhes importa utilizar as emoções de uma mulher para manipulá-la e conseguir o que desejam.

    A expressão de Darien tinha perdido qualquer ar de diversão.

    ?Mignonne...

    ?Não me chame assim! ?disse ela furiosa, levantando os braços?. Não sou dessas! Nem dessas para que me ordene, nem dessas para que você jogue comigo como se fosse um peão de xadrez! ?Olhou de novo a carta do duque?. Sem pensar, sem ter em conta meus sentimentos, ao tirar o chapéu zombando agarrou uma pluma e se valeu da culpa e o medo para que eu fizesse o que você desejava. Outra vitória!

    Darien tentou falar, mas ela o deteve com um violento tapa.

    ?Não! Desta vez vai me ouvir. Os homens como seya... É elegante, rico, poderoso, e a razão de qual seja assim é sua afeição a dobrar a quantos lhe rodeiam para que satisfaçam sua vontade. E como consegue? Manipulando! É sua segunda natureza. A manipulação é para você tão importante como respirar. Não pode evitá-lo. Olhe se não,

    como «dirige» a sua irmã... Estou segura de que se diz a si mesmo que é pelo bem dela; da mesma maneira, sem dúvida, que emprega meu tutor para convencer-se de que, também, todas suas maquinações são para o meu bem.

    Darien se conteve. Seu aborrecimento ardia com uma chama apenas visível.

    Serena se refreou, erguendo-se. Seguia olhando-o fixamente.

    ?vivi a metade de uma vida com semelhante controle e manipulação... Não sofrerei mais. Em seu caso, como a de meu tutor, manipular os outros, em especial às mulheres, é parte de sua natureza. É parte de seu caráter. Não podem mudar. E ao último homem ao qual consideraria como possível marido é a um tão imbuído do mesmo traços do qual desejo fugir.

    Pegou a carta. Darien a apanhou com ar pensativo.

    ?Nunca mais ouse me enviar uma mensagem como essa. ?Sua voz vibrou com

    fúria e desprezo; os olhos cintilavam com idênticas emoções.

    ?Não desejo ouvir falar de você nem vê-lo nunca mais, excelência.

    Virou e se dirigiu altivamente para a porta. Darien observou como a abria e saía.

    A porta se fechou atrás dela. Desceu o olhar para a carta que sustentava. Abriu-a com dois dedos e a acariciou. Voltou a lê-la.

    Logo a espremeu e a jogou no fogo. As chamas se avivaram por um instante; logo, empalideceram. Darien as contemplou. Deu-se a volta e se dirigiu para a porta.


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