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DOIS mil anos se passaram desde a batalha entre Jonathan Mous e o Senhor das Trevas, o mundo sofreu muitas mudanças desde então: Primeiramente Glast Helm continuou sendo a capital de Rune Midgard, mas foi destruído devido a ambição humana na guerra contra os elfos, o que fez de Prontera a capital de Midgard até os dias de hoje. O demônio que restava ser selado finalmente teve seu fim quando um corajoso cavaleiro mágico conhecido como Thanatos batalhou e selou Satan Morroc. A lenda diz que como o resultado da batalha uma grande área na região sudeste do reino de Rune-Midgard foi devastada, criando o que hoje é conhecido como o grande deserto de Sograt. Para garantir a proteção do selo e manter o demônio preso, o povo de Rune-Midgard construiu um castelo sobre o selo. Após um tempo, construções e tendas foram se armando ao redor do castelo, e está recém-formada cidade foi nomeada com o nome do demônio, conhecida então como ?Morroc?. Após o fim da guerra contra os elfos, os humanos criaram uma cidade a partir da antiga cidade élfica de Geffenia, a cidade tem o curioso formato de um chapéu de bruxo, descendo os degraus a partir dos portões se encontra dois andares de ruas até o centro em que se encontra a Torre de Geffen onde estão aprisionados fortes monstros como o Drácula e o Doppelgänger. Em Geffen se localizava também a antiga Guilda dos Ferreiros que se mudou para Alberta por ser a cidade-porto de Midgard. Geffen é localizada ao leste de Prontera.
O atual rei de Rune Midgard agora é o sucessor de Tristan II, seu filho Tristan III, um homem já envelhecendo, lá para os 50 ou 60 anos, gordinho e com um rosto redondo como o gorpo, cabelos grisalhos e sempre usando aquela roupa de rei, uma capa extremamente grossa, vermelha e bordada com pelo de lunático (o coelho de Rune Midgard), por baixo da capa uma camisa de seda com botões dourados, uma calça de couro marrom, e botas até os joelhos. Era um homem generoso com o povo, mas severo com quem seguisse por fora suas ordens, gostava de ser respeitado, e respeitava quem o fizesse.
Um novo medo aterrorizava a população de Midgard, um espadachim bárbaro chamado Vladimir Van Basten estava atacando e saqueando cidades, começou pelas cidades do Sul como Alberta e Payon e tudo indicava que Morroc era a próxima, ele se protegia com sua armada de 20 homens que sempre andavam com ele, todos Cavaleiros rebeldes que matavam sem dó nem piedade quem afrontasse seu chefe.
Kyle Montbrudh é um jovem mercenário nativo de Morroc, com seus 16 anos e meio era alto, 1,75 de altura e magro, braços e pernas fortes, e um corpo definido por tanto treinamento na Guilda dos Mercenários, era bonito, um rosto fino e cabelos lisos até a nuca, uma franja mal feita cobria parte de seu rosto e fazia com que cobrisse um olho, parte de seu charme; olhos castanhos assim como seus cabelos. Kyle fazia exercícios nu da cintura para cima em seu quarto na casa de sua mãe no sudoeste de Morroc, ela não estava em casa pois era dia de feira e ela é feirante, mas mesmo sendo dia de feira poucos mercadores sairám para trabalhar com medo de Vladimir Van Basten.
O quarto de Kyle é espaçoso, as paredes eram verde escuro e o papel de parede estava gasto, a janela meio aberta dava ao quarto pouca luminosidade. Havia caixas transbordando em cima do guarda roupa marrom no canto do quarto, as portas mal fechadas devido a bagunça que Kyle ?organizava? alí dentro, tirando isso o quarto era bem organizado, o lençol de sua cama estava trocado e ela ficava no outro canto do quarto, de um modo que a luz da janela acertasse seu rosto ao amanhecer, fazendo com que ele acordasse sempre no horário certo. Num canto vazio do quarto estava a mochila do jovem garoto com seu uniforme e suas vestes todas passadas, provavelmente a mãe de Kyle já tivesse organizado aquilo para ele na noite anterior.
Kyle termina as flexões e para pra descançar um pouco, ele sai de seu quarto em direção à cozinha virando ao lado esquerdo do corredor. O corredor era forrado com um tipo de papel de parede diferente: metade pra baixo era verde escuro forrado, como se fosse um tapete sobre a parede e a outra metade era apenas um papel verde escuro normal, todo descascado, entre esses dois papéis tinha um divisor de madeira muito bonito com listras detalhadas. Do lado direito saindo do quarto tinha o banheiro que era pequeno, tinha apenas a pia, o vaso sanitário e um Box com o chuveiro. Os azulejos eram brancos e o banheiro era muito limpo que até brilhava.
Para chegar na cozinha era preciso atravessar a sala e virar a direita. A sala era a parte mais desorganizada da casa depois do quarto de Kyle que nessa ocasião estava arrumado porque sua mãe havia feito faxina, mas não demoraria em aparecer roupas jogadas no quarto. A sala era a maior parte da casa também, as paredes seguiam o mesmo modelo dos corredores e chegando em casa, o corredor dos quartos (Kyle e sua mãe) e do banheiro ficavam na parede da direita, na parede da esquerda tinha um quadro muito bonito da paisagem de Morroc vista de cima de uma duna no deserto e na parede da frente era a cozinha. No centro da sala tinha uma mesinha de vidro com a base e as pernas de madeira de alta qualidade muito bem detalhada, havia dois sofás ao lados, um virado de costas ao corredor dos quartos e outro de costas para cozinha, sofás verde escuro também. O sofá virado para cozinha tinha dois acentos e o outro tinha três. Do lado esquerdo do sofá grande tinha uma mesinha grande, como se fosse uma mesinha de telefone, mas como não existia telefone em Midgard só podia ser para colocar papéis e objetos mesmo. Para ir da sala para cozinha não era preciso entrar em corredor algum ou abrir porta alguma, era aberto da cozinha pra sala.
Kyle chegou à cozinha, ela também era um pouco grande, tinha os azulejos brancos e à direita se encontrava a pia, estava sem nenhuma louça suja e no escorredor havia apenas dois copos de cristal, um prato de vidro e um pote branco um pouco amassado, desgastado pelo aparente uso constante. No centro tinha uma mesa de madeira com quatro cadeiras mesmo que naquela casa só morasse duas pessoas, Kyle mora em Izlud e ia pra Morroc de vez em quando estava em missões enviadas pela Guilda dos Mercenários, ou quando estava com saudade de companhia. A irmã de Kyle mora na Estalagem cedida pela Cavalaria de Prontera, um lugar bem aconchegante.
Ao lado da pia se encontrava o fogão à lenha, uma lixeira que estava vazia e uma caixa de isopor com muito gelo que era usada para congelar carnes e bebidas. A caixa estava em cima de uma fruteira parecida com a mesinha ao lado do sofá, tinha três prateleiras carregando todo tipo de frutas: Bananas, maçãs, uvas, morangos, laranjas, mastelas (uma fruta muito comum em Kunlun. Muito saborosa e o vinho feito dela é muito caro também) e até frutos de Yggdrasil (a árvore da vida, se você estivesse ferido e comesse um pedaço já se sentiria muito melhor, não importa a gravidade do ferimento e se comer o fruto todo se sentiria como novo. Antes um fruto dessa árvore era muito caro, mas abaixou de preço radicalmente fazendo com que a maioria dos aventureiros andassem com poções compactas presas ao cinto, algumas na bolsa e pelo menos cinco desses frutos na bolsa), Na parede da frente tinha um armário branco com várias portas e algumas gavetas, ele tinha um tipo de mesa embutida e em cima dessa ?mesa? tinha um enfeite de bolinhas coloridas, um jarro de flores e uma cesta de frutas que se encontravam na fruteira que já estava pronta ali como se tivesse sido feita para entregar de presente. Na parede da esquerda tinha alguns avisos colados na parede com fita adesiva, eram da mãe de Kyle que era muito esquecida.
Kyle pegou um copo no armário e a garrafa de leite que estava em outra caixa de isopor, essa abaixo dos avisos na parede. Pegou o jarro de café que sua mãe havia preparado antes de sair e colocou uma fatia de queijo em um pão que estava na cesta ao lado da cesta de presente. Ele foi para sala e se sentou no sofá grande. Kyle viu o jornal na mesa e só aí se surpreendeu com sua mãe, agora que ele percebeu que ela havia arrumado tudo antes de sair para trabalhar. Pegou o jornal e começou a ler. O jornal era o Morroc Diário, o nome era escrito bem grande no topo da primeira página, e embaixo a manchete:
Vladimir Van Basten: O que o torna temível?
Pelo menos 10 motivos para entender como um simples velho espadachim coloca medo até na Cavalaria de Prontera.
Kyle mudava de página rapidamente sem ler o resto, ele queria saber aquilo também. Kyle não sentia medo algum de Vladimir, ele sentia algo mais parecido com nojo na verdade. Ao olhar um pouco mais abaixo ele vê uma notícia com a foto de três Lordes e um outro acima, morto; e o título acima:
Votação para novo Chefe da Cavalaria de Prontera hoje!
Hoje as 15h00 em frente a Cavalaria de Prontera acontece a votação para o substituto do Lorde Dirk Hudek, morto em uma batalha aos arredores de Geffen. Os motivos da morte não foram revelados até agora, e nem o suposto assassino. Os candidatos a vaga de Chefe da Cavalaria são: Ki Kariuky, Sean Beni e Cadogan Evans Bontik, o favorito por ser filho de Thomas Evans, Conselheiro da Suprema Corte de Magia e diretor da Escola de Magia de Geffen.
Kyle dá um pequeno sorriso ao ler o final da matéria, Cadogan é um grande amigo de sua irmã que está na carreira de Cavaleira a anos, e tinha certeza de que se ele ganhasse, sua irmã também ganharia, então apesar de não gostar daquela gente, Kyle torcia nem que fosse bem pouco para que Cadogan ganhasse a eleição. Kyle lembrou-se da matéria de Vladimir ao bater o olho na manchete novamente e antes de chegar na página certa, Kyle ouve um ruído vindo de seu quarto, e claramente um esforço para tentar abafá-lo, então larga o café na mesa e corre para a cozinha e pega uma faca qualquer, depois se esconde na parede que leva ao seu quarto. A primeira regra de um Mercenário é a Furtividade, e a de Kyle é que qualquer coisa pode ser usada como arma, mas se tiver uma de verdade é melhor ainda. Kyle aguarda o dono dos passos que vinham de seu quarto vir ao corredor, e isso acontece; um homem de 1.80 saí de dentro do quarto sorrateiramente, era um Mercenário trajado e aparentemente jovem, da idade de Kyle, ele usava um manteau velho por cima do uniforme e um capuz de seda escondia seu rosto junto com a mascara de sicário.
Ao passar do lado de Kyle ele é surpreendido, os dois vão ao chão e derrubam um vaso que estava ali, o mercenário invasor consegue se livrar de Kyle, mas não antes de sofrer um corte feio no braço, ele retira as laminas de sua Katar (a arma dos Mercenários, ficavam presas nos ante-braços e o usuário segurava em um tipo de punhal, as lâminas eram retraveis e era possível utilizar adagas mesmo com uma dessas equipada, dependendo do modelo) e parte para cima de Kyle. O jovem consegue desviar dos golpes enquanto recua, ele espera uma brecha para atacar o invasor, enquanto este dispara, ao tentar desviar de um golpe que atingiria o braço o invasor aplica uma rasteira, e quando ia finalizar com Kyle o jovem Mercenário consegue derrubá-lo também e sobe em cima do invasor para desarmá-lo, ao fazer isso os dois sofrem vários ferimentos de seguidas tentativas de esfaqueamento e degolação, mas Kyle consegue dar um nocaute em seu oponente, o homem fica zonzo com o golpe e Kyle aproveita para tirar as Katares de seu oponente.
-O que está fazendo aqui? ?Perguntou vorazmente Kyle, apesar de não ter a voz mais ameaçadora do planeta. -RESPONDA! ?Berrou ele.
O mercenário olhou para Kyle com um pequeno filete de sangue descendo do canto de sua boca e começou a relinchar. Kyle sentou-se em cima dele e começou a dar-lhe um soco a cada vez que ele fazia isso ao ouvir a pergunta de Kyle até que lá pela quinta vez ele respondeu.
-Olhe pela janela, vai adivinhar na hora. ?Apenas isso o disse. Kyle levantou-se e correu para a janela mais próxima, a da porta. Ao olhar deparou-se com uma Morroc em chamas, pessoas correndo desesperadas e uma gritaria, e era incrível como não ouviu aquilo enquanto estava lutando, e incrível também como escapou da batalha apenas com alguns arranhões e poucos cortes mais profundos; ele virou-se para o Mercenário e ele estava fugindo para o quarto de Kyle, seguindo-o deu para ver apenas a janela do quarto aberta e mais pânico.
Kyle correu para suas roupas e vestiu-se rapidamente, a única coisa que conseguia pensar era em sua mãe, em quanto tempo a Cavalaria de Prontera demoraria para chegar ali e para socorrer quem precisasse, ele só conseguia ver pessoas correndo e Mercenários e Arruaceiros incendiando casas e barracas, até que vê o que esperava, mas não queria enxergar.
Vladimir tinha uns dois metros de altura, usava uma cota de malha preta e um elmo Orc (um elmo que tipicamente é roxo ou lilás, com chifres saindo das laterais para o alto, particularmente ridículo), parecia bem forte, tinha os ombros largos que apenas com três Kyles um do lado do outro conseguiria dar um Vladimir inteiro. Ele levantava um feirante com seu braço direito enquanto socava-o com o esquerdo, ele ria enquanto fazia isso, e Kyle via sua mãe no chão segurada por dois Arruaceiros.
Kyle não viu mais nada depois disso, ele pegou uma poção em sua bolsa enquanto corria, uma poção verde em um frasco de tamanho médio e quando bebeu em um só gole sentiu uma estranha sensação de leveza, seus reflexos estavam mais rápidos e agora mirava apenas Vladimir. O bárbaro carregava um enorme escudo com o emblema de Rune Midgard e um machado que era pelo menos da metade de seu tamanho, e talvez metade de seu peso também, com uma lâmina enorme. Os Mercenários e Arruaceiros de Vladimir que viram Kyle tentaram detê-lo, mas Kyle desviava e acertava-os com golpes certeiros, ele chega em Vladimir que nem percebe, Kyle pula e ainda no ar tira as lâminas da Katar para fora e acerta o ombro de Vladimir, o Mercenário cai no chão se apoiando para não se machucar e tenta uma rasteira, mas não adianta, o Espadachim é muito pesado e apenas ri, parecia nem sentir o ferimento, então pega Kyle e levanta-o no ar, deixando frente a frente, como se fosse para olhar nos olhos de sua presa.
-Meu jovem, eu sinto que devo perguntar... VOCÊ ENDOIDOU? ?Zombou Vladimir, berrando e babando todo o rosto de Kyle, ele tinha uma voz grave e não soava nada educado, além do bafo terrível de peixe. -Você não é um dos meus. É um desses que são contra mim e que não entendem nada sobre o que planejo, não é? Talvez se ouvisse o que tenho a dizer eu deixe sobreviver e limpar o caminho por onde eu vou passar. ?Caçoava de Kyle. -E então, o que me diz? -Perguntou ele sorrindo de leve enquanto os Arruaceiros que seguravam a mãe de Kyle riam das piadinhas do Bárbaro.
Vladimir parecia realmente esperar uma resposta de Kyle, mas o que recebeu foi uma cusparada caprichada na face, ele ficou irado e começou a puxar os braços de Kyle para lados inversos, como se tentasse arrancá-los com as própias mãos, Kyle fez um esforço e conseguiu girar, dando um mortal e acertando Vladimir com os pés. Ao cair no chão ele partiu para cima dos Arruaceiros, derrotando-os com apenas um golpe em cada e depois disso só conseguiu pensar em sua mãe.
-Mãe! Responde! ?Exclamava ele, sua mãe parecia muito debilitada, estava muito zonza. Vladimir se recuperara do golpe e partia para cima de Kyle.
-Seu desgraçado! ?Disse ele investindo como um búfalo para cima de Kyle e agarrando-o. Kyle sentia sua cintura se partir quando Vladimir o arremessou contra uma parede, Kyle bateu com as costas em uma sacada de alguma casa ali por perto e caiu de dois metros de altura, estava zonzo quando ouve um Desordeiro berrar.
-A Cavalaria está aqui! Vamos correr todos! ?Disse ele, e vários Mercenários e Arruaceiros corriam para o Sul. Vladimir olhou para Kyle e viu um tijolo de pelo menos cinco quilos no chão, então pegou com a maior facilidade e arremessou contra Kyle que conseguiu apenas rolar no chão, mas mesmo assim o tijolo acertou sua perna causando uma dor incrível, após isso o Espadachim fugiu.
Kyle não conseguia se mexer direito, apenas se arrastar e fez isso até chegar do outro lado da rua, ao corpo de sua mãe. Quando chegou lá a Cavalaria começava a resgatar os feridos e eles viram Kyle se mexendo entre os mortos e feridos, e como era um Mercenário, a primeira reação obviamente foi agressiva.
-Hey! Um deles aqui! Está se mexendo! ?Exclamava um Cavaleiro novato com uma felicidade por estar sendo útil.
-Qual o seu nome, jovem? ?Disse um outro Cavaleiro, desta vez um Cavaleiro veterano, com uma voz calma, mas autoritária. Kyle estava totalmente quebrado, não conseguia responder.
-Ele está muito ferido, quero que levem todos para a Enfermagem de Prontera, estes dois... ?Apontou para os corpos de Kyle e de sua mãe. ?... Quero que levem para a Enfermagem da Cavalaria, devem ter alguma ligação. Provavelmente este pobre coitado não faz parte da Armada de Vladimir, eles não abandonariam um deles aqui nesse estado. ?Argumentou o Cavaleiro veterano, apenas apontando e dando ordens.
Kyle estava um pouco mais relaxado de saber que iriam para uma enfermagem, mas não parava de pensar em sua mãe, e no que faria com Vladimir caso o pior acontecesse com ela, ele fechou seus olhos e esperou pelo socorro.