Ragnarok - O começo do fim.

Tempo estimado de leitura: 51 minutos

    14
    Capítulos:

    Capítulo 1

    O selo sagrado

    O Selo Sagrado

    HÁ muito tempo atrás, o mundo não era como a atual Rune Midgard que conhecemos, quase todo o mundo era governado por ele, o Senhor do Mal, o Lorde da Escuridão, o temível Senhor das Trevas. Com exceção das ilhas do antigo oriente, (Louyang, Ayothaya, Amatsu e Kunlun), e parte dos reinos ao noroeste do continente de Midgard não foram conquistados pela onda de terror do Lorde, como a Nação de Arunafeltz e um pedaço da República de Schwarzwald; de resto, era tudo posse dele e de seus aliados.

    Seu irmão demônio era um de seus aliados mais fortes, o Senhor dos Mortos, um paladino fantasma montado em um corcel branco ainda trajando sua armadura que usava em vida é realmente algo assustador, mais assustador ainda era seu exército de fantasmas e mortos-vivos que ele conjura com um simples estalar de dedos, sua armadura o protege completamente de todos os golpes, não dá para enxergar nada de seu corpo, embora não seja necessário proteger uma alma penada, mas armas com propiedades Fantasma podem feri-lo, e... leva-lo à morte!?!

    O outro aliado era tão temido quanto o Senhor das Trevas, porém, mais poderoso, o que não dá para entender, por quê ele se submetia as ordens de alguém inferior ao seu poder? Esse outro aliado era o Satan Morroc, um demônio marrom de 10 metros de altura, vários olhos saindo de seu corpo: um em cada ombro, um em cada bíceps e um no peito esquerdo, eram seus pontos fracos, tinha um rosto que lembrava a cabeça de uma formiga ou da medusa, com quatro fendas no lugar dos olhos, e uma boca feia, com dentes afiadíssimos, uma estranha coroa em sua cabeça fazia lembrar a besta grega, um rabo com escamado preto, vários espinhos desciam suas costas até as asas negras que não ocupavam mais do que apenas suas costas, o que o impossibilitava de um grande vôo, no máximo planava alguns metros, mas elas lhe davam um certo impulso para grandes saltos e para corridas, ele também tinha mãos do tamanho de um caminhão, unhas que mais pareciam garras, o começo de seus dedos tem pontas afiadas, o que torna seus socos muito mais perigosos, seus pés tinham apenas três garras no lugar dos dedos e pareciam patas de dinossauro, com uma unha para trás do pé, e um tipo estranho de proteção para as coxas, que eram ligadas por uma corrente, o que tornava sua aproximação algo completamente reconhecível.

    O Senhor das Trevas era alto em sua ?estatura humana? (alguns demônios gigantes podiam tomar forma humana, facilitando até suas vidas), 2,00 de altura, pele negra e uma armadura no mínimo ?diferente?, ela era feita de ossos, no ombro esquerdo um osso de demônio com chifres, no direito, ninguém sabe ao certo, mas parece um crânio humano, e seu capacete que não torna visível nada além dos olhos também tinham chifres, horizontais, parecendo dois cones para os lados. O estranho desse capacete era que ele fazia parte de seu rosto, sua boca não ficava a mostra, sua boca pertencia ao própio capacete, seu nariz também, ele tinha um sorriso branco assustador, uma boca sem lábios e um nariz arrebitado, mais parecendo duas fendas ligadas por um único ponto, suas luvas eram de liga de metal, inquebráveis e uma capa vermelha que esvoaçava quando ele caminhava. Ele não tinha muito o que vestir da armadura, já que exibia sua força a maior parte do tempo, então ele só protegia os pontos vitais do corpo, sendo que só tinha então as: Ombreiras, luvas, botas e a proteção das costas, além do capacete-cabeça.

    Esses três demônios juntos governaram por 500 anos toda Midgard, e nesse tempo uma resistência humana foi se fortalecendo, haviam povos nos esgotos de Prontera (a capital de Midgard), nas montanhas, nas cavernas, mas a maior era nos continentes não conquistados, onde a magia e a fé eram mais fortes que o mal. Arunafeltz é o pólo-religioso do continente de Rune Midgard e lá se concentrava todas as forças de resistência contra o império maligno, e lá se encontrava o maior mágico de todos os tempos: Jonathan Mous.

    Um arquimago de 30 anos, suas roupas já estavam velhas, uma capa marrom por cima de uma camisa vermelha e calças da mesma cor de sua capa, sapatos velhos e dois cintos cruzados em sua cintura, onde carregava poções compactas e sua varinha, o que os bruxos não costumavam usar, eles conjuravam os mais poderosos feitiços sem usa-lá, o que a tornava quase apenas um objeto decorativo em seus cintos. Ele aparentava ter menos idade as vezes, mais idade em outras, era atraente, cabelos grisalhos (cabelos coloridos são comuns em Midgard), um rosto fino, olhos castanhos, os cabelos desfiados faziam uma franja interessante em seu rosto fino e bonito, era magro e tinha aproximadamente 1,75 de altura.

    Os arquimagos tiveram uma grande contribuição com o fim do império das trevas, e Jonathan Mous foi certamente a pessoa mais importante nessa luta.

    Já estava de madrugada, certamente o exército humano já começara a execução do plano, tentar entrar nos domínios de Glast Helm, onde o último demônio líder reinava, o Senhor dos Mortos já tinha sido mandado de volta para Niflhein, o reino do gelo e do frio, a terra dos mortos. Satan Morroc fugira para o sul não mais visto, embora boatos digam que ele foi visto zanzando pela região aonde a cidade de Morroc nascera anos depois.

    Mous estava dentro do castelo de Glast Helm, era a capital de Midgard antes de Prontera, mas só foi abandonada após uma batalha épica travada entre humanos e elfos. O castelo de Glast Helm era algo monumental, ele era feito de blocos de rocha cinza, pilares imensos sustentavam os tetos com detalhes gravados em sua frente, os portões eram enormes no castelo principal que dava direto em uma catedral, ao noroeste havia a Cavalaria, onde Mous estava, e ao nordeste era de onde seus companheiros iriam entrar, para finalmente tentar fazer algo que nunca nenhum homem tentou fazer, acabar com o sofrimente que já passava por décadas. Os corredores da cavalaria estavam silenciosos e muito escuros, a não ser pelas tochas que estavam presas em seus suportes nas paredes e um sopro de brisa apavorante. Mous não estava sozinho, ao seu lado sua mais fiel companheira Angela Khristiny, decendente de Yunianos, ela era uma Sábia muito talentosa, usava as vestimentas de Sábia, uma ombreira presa na frente do ombro circulava sua cabeça, não era um círculo completo já que era aberto na parte dos seios, um ?sutiã diferente? protegia seus seios, e uma saia com ?duas pontas? atrás, seguindo cada perna, e uma na frente entre as pernas, a roupa era um marrom mais claro, algumas fitas com símbolos desconhecidos saiam da roupa, na parte das costas, suas botas iam até quase os joelhos e eram bem confortáveis. Ela era muito bonita, tinha os cabelos verde-turquesa longos até a metade das costas, a pele branca como a neve e os olhos fundos e verdes como seus cabelos, bem opacos; uma boca fina e sensual, uma mulher que poderia ser facilmente confundida com uma deusa nórdica. Ela usava um cetro majestal, o que facilitaria essa visão.

    Os dois caminhavam em silêncio, ambos carregavam bolsas de água nos ombros, Mous estava em uma situação rara, carregava a varinha nas mãos caso precisasse abafar ruídos ou fazer algo levitar. O plano deles era: Encontrar o Senhor das Trevas e selá-lo no subsolo, o difícil era levá-lo ao subsolo, mas eles estavam confiantes, embora Mous não soubesse como encontrá-lo.

    -O que será que está acontecendo lá fora? ?Perguntou Angela quando os primeiros ruídos de batalha pareciam penetrar as grossas paredes de concreto do castelo, Mous jurara ter visto uma pequena quantidade de poeira caindo do teto ao virarem o corredor que dava ao Hall principal da Cavalaria. Catapultas, Torres, armaduras e um arsenal de todos os tipos se encontravam alí por todos os lados, alguns guardas que faziam vigia também estavam mais quietos para tentar entender a repentina barulheira do lado de fora.

    -Com certeza algo mais emocionante do que aqui dentro. ?Disse Mous levando a garota para trás de uma caixa à direita no momento que um guarda olhava para onde eles tinham acabado de estar de pé. Mesmo sem ter visto nada o guarda resolveu conferir quando Mous susurrou ?Petrificar? e o guarda ficou alí, como uma estátua em uma pose constrangedora.

    -Precisamos sair daqui rápido antes que alguém veja isso aí! ?Sussurou Mous na orelha da colega correndo para o outro lado do saguão, sempre por trás de estátuas e armaduras.

    -Mas precisamos achar o Lorde, ele deveria estar aqui! Aonde será que ele está? ?Reclamava Angela quando a resposta apareceu. Uma enorme parte da Torre da Cavalaria desabou sobre o teto, vários escombros ameaçaram Mous e Angela, mas a magia deles foi o suficiente para protegê-los, mas não aos guardas que caiam aos montes pelo saguão gritando desesperados, o engraçado desses guardas é que eles eram armaduras que caminhavam por aí, invisiveis, eram os Raydrics, cavaleiros fantasmas em suas armaduras cor de vinho.

    A razão do desmoronamento não era outra além do Senhor das Trevas em seu tamanho gigante, 15 metros de altura e urros de raiva a cada golpe que brandia sobre os humanos na noite estrelada que se fazia naquele dia, era possível enxergar boa parte do céu pelo teto que desabara sobre a cabeça dos guerreiros humanos alí dentro.

    -Como vamos chamar a atenção dele, Ange? ?Perguntou Mous, era possível ouvir os gritos de seus companheiros do lado de fora, o barulho das espadas brandindo enquanto uma das batalhas mais sangrentas da história de Midgard estava sendo travada, talvez não tanto quanto a famosa Geffenia, mas com certeza a mais importante.

    -Tive uma idéia! ?Disse ela rapidamente levitando uma rocha enorme e arremesando-a com facilidade sobre a cabeça ainda visível do Lorde do Mal.

    Ele urrou de dor e virou-se para a arremesadora, com um sorriso estranhamente malicioso ele se jogou para cima dela, fazendo eles correrem mais do que nunca para o corredor de que haviam vindo, as paredes caiam a cada movimento do Lorde, até que ele decidiu tomar o tamanho normal, enquanto encolhia Mous e Angela ganharam tempo. Mous abriu um buraco na parede a direita no correrdor grande o suficiente para um corpo passar de cada vez e ofereceu-o a Angela, que passou ligeiramente por ele e Mous a seguiu.

    Eles estavam a beira de um desfiladeiro ao noroeste de Glast Helm, o vento batia fortemente nos rostos dos dois magos que alí estavam, Mous suava bastante enquanto Angela aparentava uma certa calma que até incomodava, como poderia estar calma em um momento daqueles?

    -Beleza, agora precisamos apenas achar uma caverna nesse desfiladeiro. ?Ironizou Mous olhando ao redor, as pedras eram altas alí, é como se ligasse o castelo a um lugar totalmente diferente do resto, as paredes de pedra faziam uma curva de 90 graus, tornando aquele lugar um apertado e aterrorizante. -Ei, você domina a terra! Vê se acha alguma caverna nesse subsolo, abre um buraco, sei lá, mas faz alguma coisa! ?Disse Mous rapidamente ao lembrar desse detalhe: Sua amiga era mestra em magia da terra, era seu elemento mais forte e o que ela comandava com uma facilidade imensa.

    -Eu não sei se consigo, mas... Tentarei! Terá que distrair o Lorde! ?Disse ela já erguendo o cetro e se concentrando em sua magia. Não demorou muito para que começasse o efeito da concentração de Angela, um terremoto se iniciou de repente um perfeito círculo se abriu na frente de Jonathan, foi se abrindo aos poucos, muito profundo e uma escada começou a surgir nas laterais do buraco, modeladas perfeitamente com a força da mente de Angela, desciam em espirais até o fim daquele enorme rombo que não estava alí segundos antes. Angela ainda não terminara o serviço quando a parede se quebrou, o Senhor das Trevas surgia alí, Angela continuou conjurando o feitiço, sussurrando palavras inaudiveis, talvez ela estivesse confiando em Mous, o arquimago lançou um feitiço que ricocheteou sobre o Lorde, que apenas apontando o braço para o mago fez com que ele ficasse imóvel, Mous começou a levitar sozinho, tentando afastar mãos invisíveis de seu pescoço enquanto o Lorde circulava o buraco até chegar perto o suficiente para sentir aquele bafo podre de demônio a centímetros do rosto. Era como se o buraco e a garota não existissem, apenas Mous e o Lorde.

    -Conheço você de algum lugar, rapazinho. ?Disse o Lorde passando levemente o dedo indicador sobre as bochechas de Mous, sua voz era assustadora, era como se penetrasse na alma da pessoa, era uma voz debochada, desprezível, e ele tinha o poder de amplificá-la naturalmente quando quisesse, era assim que ele avisava que estava chegando à algum lugar. Mous tentava se libertar, mas era inútil qualquer esforço, ele apenas debatia as pernas até que acertou um chute no peito do Lorde, fazendo com que o demônio prendesse também suas pernas em uma corda invisível.

    -Você deve ter vindo aqui separado dos demais vermes de sua espécie, deve ser o ?Enviado? não? Você e sua amiguinha alí que terei o prazer de conhecer logo logo. ?Dizia ele dando risadas pausadas durante a frase, um pequeno sorrisinho no canto da boca fazia Mous desejar ser mais forte, ele não podia deixá-lo pegar Angela, ele devia segurá-lo até que Angela terminasse o feitiço.

    -Me diga seu nome, verme! ?Disse em tom de ordem, era como se falasse com um dos seus escravos humanos. Mous sentiu as mãos invisíveis enfraquecerem em seu pescoço, mas continuava suspenso no ar, o lorde ainda com uma mão arranhando Mous e a outra atrás das costas.

    -Jonath..... Jonathan Mous. ?Disse ele voltando a respirar aos poucos.

    -É o verme que mandaram para me destruir, ou melhor, para morrer tentando, não é? ?Debochou o Lorde rindo muito de sua própia piadinha.

    Antes que Mous respondesse, uma rampa surgiu do nada e empurrou os dois para dentro do buraco, Mous viu apenas Angela indo em direção as escadas e uma quantidade razoavel de gelo começando a escorregar por elas.

    Mous estava em queda livre com o o Lorde à alguns metros, ele estava livre do feitiço e os dois caiam em uma velocidade imensa, Mous pensou rapidamente na proteção mágica do Lorde e então tentou uma coisa, retirou uma faca comum de sua bolsa e banhou-a em água benta, se esticou e fincou-a nas costas do Lorde que soltou um urro de dor que provavelmente pode ter sido escutado em todo os arredores do castelo, ele ficou se contorcendo em queda livre, Mous voltara a atenção para a queda e antes que caisse no chão, Angela Khristiny o agarrou no ar, surfando em cima de uma ave de gelo que desmaterializou ao chegar ao solo. O Senhor das Trevas estava caido no chão, sua proteção mágica havia sido quebrada e agora era vunerável aos feitiços de Mous.

    O arquimago parou um segundo para olhar para a base do buraco que havia caído, era como um templo, desenhos no teto e um altar no meio aonde estavam de pé (um grande rombo havia se formado abaixo de onde o Lorde caira), quatro grandes colunas detalhadas com anjos batalhando com demônios estavam alí como se estivessem já a séculos, Mous custava a acreditar que tudo aquilo fora construído agora, apenas com a força da mente de sua amiga.

    -Você... Você fez isso? Tudo...? ?Perguntou assustado.

    -Sim. Ficou bom, não? ?Perguntou ela orgulhosa, Mous assentiu com a cabeça e se virou para o Senhor das Trevas, sendo surpreendido com um soco na cara.

    O Lorde se levantou furioso, dava um soco em Mous, erguia de novo o rosto do pobre bruxo e dava-lhe outro até que foi lançado longe por um feitiço desconhecido de Angela, que provavelmente sabia muito mais já que era uma maga incomum.

    Mous estava caído no chão se recuperando quando ouviu um grito de desespero de sua amiga, agora ela estava suspensa no ar enquanto uma onde de eletricidade iluminava aquela caverna (Mous reparou agora também que a caverna tinha uma pequena abertura no teto em que a luz lunar refletia nos cristais na parede e davam uma iluminação natural a caverna) atravessava o corpo da garota.

    -Nevasca! ?Disse ele já de pé, e o que aconteceu não foi bem uma nevasca, mas um raio de gelo direcionado, Mous sugara toda a nevasca com a mão e impulsionara contra o Lorde, ao colidir com o corpo do demônio, muitos dos flocos de neve ricochetearam para as paredes, agora dando um brilho peculiar à caverna.

    O Senhor das Trevas soltou a garota e olhou para Mous surpreso com o feitiço desconhecido.

    -Me surpreendeu, garoto. É melhor do que eu esperava. ?Disse caminhando calmamente em direção à Mous, agora a sensação daquele altar era a de um ringue de luta livre, com um detalhe a mais: Era humano contra demônio, feitiço contra feitiço e força bruta.

    -Seus dias de Imperador das Trevas acabam hoje. ?Disse Mous confiante, as palavras saltaram de sua boca. O Lorde gargalhou.

    -Você não deve saber do que está falando, rapaz! Você está sozinho aqui, apenas com essa vadia... ?Mous ameaçou avançar ao ouvir o insulto. -...que nem consegue se levantar, acha mesmo que tem alguma chance contra mim? ?Perguntou ele ironicamente, Mous já estava surpreso de estar vivo ainda, ele tinha uma missão muito difícil pela frente: Ele tinha que selar o Senhor das Trevas, tinha que prender o demônio alí, naquela caverna, estava explicado o por quê que Khristiny tinha construído aquilo como um templo.

    -Você não sabe o que diz... ?Rosnou Mous, suava frio, mas o calor da batalha era o suficiente para ficar em pé, todo o corpo trabalhando e nenhum músculo funcionava sem ser necessário, concentração total no que tinha que fazer.

    -Vocês humanos são realmente desprezíveis... Sabe... Quero acabar logo com isso... MORRA! ?Disse o Lorde do Mal ao avançar com um punho em chamas negras para cima de Mous.

    Antes que Mous pudesse fazer algo para se proteger o punho o acertou na barriga e foi empurrado até a parede pelo Lorde. Mous caiu no chão sem ar, seria seu fim? Ele começava a enxergar uma luz em sua frente, seus olhos começavam a desfocar enquanto seu corpo tentava inconscientemente se recuperar. Mous via sem foco o sorriso medonho do Senhor das Trevas a dois dedos de seu rosto, verificava quanto tempo mais o arquimago aguentaria vivo, Mous não sabia se caso fechasse os olhos, abriria-os novamente, mas seu instinto de sobrevivência o fez fechá-los.

    O lorde deu uma gargalhada bizarra e se virou, Mous o observava com os olhos cerrados, seu ar voltava devagar aos pulmões.

    -Agora chegou a vez da garota, pensou que não ia chegar não é? ?Brincou o Lorde, fazendo Mous respirar mais rapidamente. Mous entendeu agora o poder daquelas chamas negras no punho do Lorde do Mal, quando Mous respirou rapidamente seus pulmões arderam como uma lareira recém acesa, ele se contorceu e o Lorde parou a caminhada para assistir a tortura de Mous.

    -Se acalme verme, isso é temporário, não te matarei ainda, quero fazê-lo na frente de seus companheiros de esgoto. ?Disse rindo e agarrando Angêla pelos cabelos. A partir disso tudo ocorreu muito rapidamente, a bruxa sacou tão rapidamente a bolsa de água benta que nenhum dos dois conseguiu ver e jogou todo o conteúdo sobre o corpo do demônio fazendo ele derrubá-la e cair ao chão se contorcendo como Mous segundos antes. Mous tentava se levantar quando Angêla levantava o Senhor das Trevas com cordas invisíveis até o centro do altar, uma fumaça quase invisível saia de suas feridas causadas pela água. Mous olhou quase sem forças para a garota e viu que ela sangrava, algum feitiço lançado pelo Lorde havia atingido ela, a garota sangrava muito e parecia fraca já.

    -Angêla! ?Gritou Mous se levantando mais rapidamente, parecia que o medo de perder a garota fazia o feitiço do Senhor das Trevas enfraquecer. O lorde se levantava com sua armadura e parte do corpo corroído, como se tivessem jogado ácido em seu corpo e não água.

    Mous se levantou e correu até a garota, mas antes que pudesse falar com ela, a bruxa apontou para o topo do altar, o Lorde se levantava e Mous entendeu o que ela quis dizer: Tinha que selar o monstro antes de qualquer coisa. Ele penou em deixar a amiga alí sofrendo, mas subiu as escadas como um lutador ansioso para a batalha.

    Chegando no alto do altar Mous se deparou com um lorde deformado e mais feio do que anteriormente, os dois estavam de pé, um de frente pro outro, e um ódio incomum subia as veias de Mous.

    Depois de alguns segundos se olhando o Lorde sussurrou algumas palavras para si mesmo e o ambiente ficou mais escuro, nesse momento os dois soltaram magias direcionadas, relâmpagos ricocheteavam nas paredes de cristal daquela sala agora escura. O raio de energia vindo das mãos de Mous era azul celeste, cristais de gelo pulavam de dentro daquele raio direcionado, enquando o do Lorde era negro, os relâmpagos que saiam dalí eram escuros com faíscas vermelhas: Era travada agora a mais famosa, e também a mais comentada batalha daqui a dois mil anos em Midgard.

    No momento que os raios se chocaram o bruxo foi emburrado centímetros para trás com o impacto, era notável a força que fazia para não perder no ?braço de ferro? que travavam alí, sua expressão facial assustava. Passava pela cabeça de Mous o que aconteceria se perdesse essa batalha, o que aconteceria se sua magia cedesse a do Lorde do Mal; será que jamais veria Angela? Ou seus amigos que o esperava a dezenas de metros acima novamente? A imagem de que Angela estava morrendo voltou em sua mente, o que fez o raio se mexer centímetros para frente, mas o Lorde sumirá dalí juntamente com sua magia, fazendo com que o raio de Mous atingisse a parede, abrindo um buraco extremamente gelado, a fumaça do frio saia dalí como se tivesse sido aberta a porta de um congelador. O Lorde apareceu logo em seguida levantando Mous do chão pelo pescoço, o bruxo conseguia sentir as unhas de osso do Senhor das Trevas perfurando levemente sua carne.

    -Agora não tem mais o que fazer Mous! ?Berrou o Lorde, não ria mais, agora estava irado, era possivel ver sua fúria, uma aura negra irradiava de seu corpo e as mesmas faíscas vermelhas de sua magia agora saiam da aura.

    Mous tentou sussurrar palavras, mas não conseguia, então ele fez oque devia: Levou a mão benzida ao punho do Lorde fazendo-o queimar, Mous caiu em cima do Senhor das Trevas pressionando as mãos contra o rosto do demônio, o Lorde berrava desesperadamente que nem parecia mais aquele monstro que causará séculos de terror aos humanos, era como uma pessoa comum, um bebê chorando por ficar sem mamadeira. Mous socava o Lorde, descontava toda a furia, mesmo não sendo um grande lutador no aspecto físico ele socava-o bem, sempre acertando o rosto, uma espécie de sangue demôniaco saia de suas narinas.

    Mous sabia que a hora era essa, levantou-se e começou a conjurar uma magia secreta que aprendeu com os sábios de Juno na temporada que passou lá, correntes surgiram do chão e subiam como serpentes do chão, elas saiam do nada e se prendiam aos braços do Lorde que se debatia e berrava feito um louco. Mous molhara as mãos com a água que restou e antes de terminar, mergulhou um pergaminho antigo na água e então, começou a murmurrar palavras inaudíveis.

    A aura negra começara a sair do corpo do Senhor das Trevas e uma outra dourada e meio transparente aparecia por cima, o Lorde se levantava sozinho, flutuando, ele olhava ao redor com uma nítida feição de desespero, ele sabia que não podia fazer mais nada, mas não queria se dar por vencido.

    -O que acha que está fazendo, seu tolo?! Ficarei no máximo cinco minutos aqui até meus súditos virem aqui e me libertarem! Não pode me deter! ?Berrava muito alto, sua voz ecoava pela caverna e Mous pensava se era possível ouvir lá de cima. Mous não dava atenção continuava a conjurar sua magia, o Lorde começou a crescer e ficar em seu tamanho gigante, Mous percebeu que Angêla construiu os pilares para ficar exatamente a altura do Senhor das Trevas, ele debatia seus pulsos tentando se soltar da corrente, ela não fazia barulho nenhum, era algo imaterial, aquilo estava prendendo a alma do Lorde em seu corpo e o pergaminho selaria tudo dentro dele mesmo.

    Mous encaixara o pergaminho em sua mão, antes de acertar o Lorde com ele, o pergaminho flutuou no ar, ficou preso na aura, nesse momento o Lorde berrou para o pelo menos o continente inteiro de Rune Midgard ouvir, Mous tampou as orelhas e esperou os mais longos dez segundos de sua vida, no fim de seu último grito seus olhos vermelhos piscaram pela última vez e aquele brilho escarlate se apagou. Mous não acreditava, ele tinha concluído sua missão.

    Assim que terminou seu serviço ele correu para procurar Angêla, ela não estava mais aonde estava minutos antes; Mous rapidamente encoutrou ela encostada em uma parede da caverna, ela já não sangrava mais, provavelmente estacara o sangramento com magia.

    -Angy, você está bem? ?Perguntou ela, tocando todas as partes do corpo dela que conseguia como se procurasse algo que estivesse faltando.

    -Sim, sim, estou, agora se acalme! ?Disse ela sorrindo, Mous ainda procurava ferimentos em sua amiga. -Você conseguiu Johny! Selou o Lorde, finalmente vamos ter paz! ?Comemorava ela, mas era notável que estava fraca.

    -Não conseguiria nada se você não tivesse sido genial hoje, olhe esse templo que construiu aqui. ?Disse ele, agora segurando as mãos da amiga, os dois estranharam o clima, mas não pareciam querer se livrar dele.

    -Mas você que fez o mais importante! ?Exclamou ela bagunçando o cabelo de seu colega. -Mas, precisamos tratar esse seu ferimento, precisamos levar você agora mesmo para a Enfermaria de Juno! ?Disse ela se assustando ao olhar para o peito esquerdo de Mous. Ele levou seu olhar ao peito e viu algo que não havia percebido, uma mancha negra manchava sua roupa, quando bateu o olhar na mancha ele sentiu uma dor atravessar seu corpo, era muito intensa, ele caiu no chão e começou a se debater, ele olhava para todos os lados enquanto se debatia no chão para ver se achava quem lhe acertou aquele feitiço enquanto sua amiga gritava desesperada.

    -Tira essa roupa, rápido! Só a capa! ?Exclamava enquanto tentava tirar o sobrepeliz do bruxo, mas já era tarde, Mous acabara de desmaiar alí mesmo, sem capa, sem roupa da cintura pra cima, apenas com uma pequena mancha negra em seu peito esquerdo que se mexia no mesmo lugar.


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!