Pokémon "Fairy Tale"

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    Capítulos:

    Capítulo 3

    "Another Brick In The Wall pt2"

    Drogas, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Cap 03 - "Another Brick in the Wall pt.II" - "Outro Tijolo no Muro pt.II"

    Ato I

    ?Eu tenho mais a perder, mais a perder do que você

    Porque eu sou o único apaixonado entre nós dois...?

    ?...Porque eu sou um tolo maior com um coração maior para quebrar

    Você me empurra para longe, um impulso se transforma num empurrão

    E eu fui morto por amor?.

    O cintilante brilho prata da lua tocava gentilmente o rosto inexpressível do garoto. Passavam intermináveis horas desde aquele falso pôr do sol. O uniforme de Ross estava um pouco molhado. Apesar de estar em piores estados horas antes, o gélido vento da madrugada ajudava a carregar algumas gotas de água, o seu custo era uma exorbitante queda da temperatura corporal do garoto, mas não sentia o frio. Aquela noite passava junto ao brilho das estrelas e da lua.

    O movimento era o habitual de dias anteriores, mesmo que fosse sábado havia algumas aulas. E que sábado era aquele! O céu estava limpo de nuvens, revelando uma linda coloração azul, o brilho do sol destacava de qualquer outra luz, deixando a sensação térmica mais agradável possível. Além disso, os ouvidos eram abençoados pela bela sinfonia que os pássaros compunham.

    - Bom dia a todos ? o professor adentrava a sala. Aquela seria só mais uma aula de artes com foco na música barroca. ? Um dos mais belos exemplos são As Quatro Estações que fazem parte de um conjunto de doze concertos, a Opus nº. 8. Nessa aula daremos enfoque na estação da Primavera ? o professor ligava uma espécie de datashow, revelando um media semelhante ao do Windows. Tocava-se então a bela melodia proveniente de violinos. ? Realmente é uma grande melodia! ? apesar de o professor deliciar com a musica, muito dos alunos não compartilhavam tal catarse.

    Os pés arrastavam no chão, as mãos pálidas poucos balançavam com o lento movimento do corpo, esse parecia estar sem vida, aparentava como uma assombração ou um zumbi. As mãos tocavam a maçaneta com grande dificuldade. Ao abrir a porta da sala, muito dos alunos direcionavam a atenção.

    - Há essa hora, Sr. Niels? A aula começou há quinze minutos, faça o favor de virar e sair da sala! ? o momento catártico do professor era interrompido, deixando o mesmo irritado.

    Do mesmo modo que Ross chegara à sala, descia os degraus em direção ao quadro. Seu estado já era triste e doentio. Assustava não só os colegas como também o professor daquela aula que, inutilmente, tentava parar o garoto com ameaças. Próximo ao quadro, sentava em seu lugar, esse era perto da lousa e um dos primeiros da fila. Alguns dos alunos afastavam, criando um círculo de carteiras vazias ao redor de Ross. O professor tentava manter a ordem e continuar com sua aula, mesmo com a presença do jovem atrasado. Imaginava em sua cabeça uma suspensão merecida por tal ato.

    - Continuando a aula após desagradável presença. A obra-prima de Vivaldi, a estação das flores, uma alegre melodia interpretada pelos violinos mostrando o despertar, o renascer da Natureza. Como podem perceber, há uma ascensão progressiva descrevendo o nascimento de uma natureza transbordante de vida... ? o professor novamente entrava em seu processo catártico, enquanto as atenções dos alunos iriam para Ross.

    O garoto naquele momento só processava informações de memórias que surgiam aleatoriamente, todas com um mesmo ponto, Luiza. Durante o tempo em que a bela música barroca tocava, uma das lembranças dele era ativada. O jovem possuía nove anos e encontrava em uma das chatas festas que sua família organizava regularmente. Em um canto, enquanto comia alguns salgadinhos, Ross quase engasgava com a surpresa que tivera. Luiza vestia um belo vestido azul claro, talvez fosse à única criança alem de Ross e sua irmã. A jovem convidara Ross para dançar, esse aceitara assim que recompunha. Alguns achavam graça ver as duas crianças tentando dançar como os adultos enquanto tocava a alegre musica de Vivaldi.

    - Alguém poderia me dizer os movimentos que constitui essa obra? ? o professor olhava para Ross. ? Talvez o senhor especial, que pode chegar atrasado, saiba responder! ? desafiava-o.

    -... Torta de maça... ? a fraca voz do garoto passava por toda a sala. A inusitada resposta retirava dos outros alunos incansáveis risos. Porém tais palavras não era uma resposta. Na cabeça do jovem, encontrava-se sentando em uma mesa junto a Luiza, ambos estavam comendo deliciosos pedaços de uma torta de maçã.

    - Chega! Isso é um desaforo! ? o professor já possuía uma imensa raiva, porém antes que fizesse algo, o sinal tocara encerrando a aula. O enfurecido saía da sala, seguido por alunos. O jovem perturbado parecia não mover, estava igual a uma pedra.

    Ato II

    ?Nós não precisamos de educação

    Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento.?

    Uma majestosa e chamativa limusine parava frente à Academia e alguns alunos próximos aos portões percebiam a presença daquele belo automóvel. Do mesmo, saía um casal muito elegante, era Peter e Marie Niels. Interrompendo uma importante reunião de trabalho, os dois eram convidados a comparecer no recinto. À causa, o péssimo comportamento de um dos filhos. Toda a família Niels tinha o conhecimento do que ocorria naquela Academia como também a fama que o filho caçula possuía, sendo uma ferida que não fechava em sua orgulhosa moral. Não era precipitado chegar à conclusão de que o filho em questão era Ross.

    - Sejam muito bem vindos. Por favor, sentem-se aqui ? um dos diretores recebia com uma simpatia quase não vista por alunos. ? Aceitam algo? Café? Chá?

    - Nós agradecemos, mas viemos resolver assuntos mais importantes. O que ele fez para nos chamar novamente? ? o pai do garoto estava sério, não compartilhando da mesma simpatia do professor. Na verdade estava com raiva de estar naquele local, sentia-se envergonhado.

    - Infelizmente Ross não conseguiu enquadrar no nível de nossa Academia. Ao contrário de Carrie, ele não enturmou com os demais, além de suas notas estarem muito abaixo do aceitável, pelo menos em matérias de vital importância. Mais cedo envolveu em uma discussão com um de nossos professores. Esse ficara muito nervoso e por pouco quase perdemos um excelente profissional ? o diretor então terminava de expor o que acontecia, mesmo que sua visão fosse parcial e favorável a Academia.

    Próximo à uma das arenas, um pequeno grupo conversava alegremente. Eram quatro amigos.

    - É claro que você iria concordar, só porque você é um mulherengo! ? um dos amigos exaltava em relação a uma abordagem que outro garoto concordava com uma das garotas daquela roda.

    O exaltado chamava Brian. Era um garoto com a idade por volta dos quinze anos, seu rosto confirmava a idade. Em seu olhos pretos, existia um inocente brilho, porém o mesmo era ofuscado por ridículos óculos. Seu cabelo era da cor de seus olhos, preto, o formato do corte revelava o seu lado nerd. Porém as características físicas não eram mais exóticas que sua personalidade. Além do seu lado exagerado, normalmente o garoto encontrava conversando com sua pequenina pokémon, Ralts. Para muitos, aquela cena poderia causar estranheza e a precipitada imagem de louco, mas tratava-se de um dom. Brian era capaz de comunicar com os pokémon, como se a linguagem daqueles que treinava fosse à mesma do jovem.

    - Não perturba! Por que não vai conversar com Ralts? ? o garoto tocava no ponto fraco do amigo, por mais que fosse apenas uma brincadeira. ? Não fica assim... ? o jovem sentia o seu amigo mal, esse, porém, armava uma armadilha em que o jovem tarado viria a cair. ? Eu pago o seu almoço se você não ficar assim.

    - Oba! ? Brian falava com certa exclamação de forma a comemorar o sucesso do seu plano.

    - Ei, espera... Você armou tudo isso! ? era tarde demais, a promessa já tinha sido feita.

    O grupo locomovia-se até o grande refeitório. Apesar de ser muito freqüentado, a tranqüilidade para comer era incrível. O jovem paquerador mal compreendido, que prometera o almoço, chamava Taylor. Possuía um enorme carisma, sendo gentil, principalmente com belas garotas. O seu principal alvo era Rebecca, uma das inúmeras jovens exemplares da Academia. A garota não era só tanto boa aluna, como uma bela jovem. Seu cabelo castanho, junto aos seus olhos cor de mel colocava em exposição à beleza da jovem. Por fim, a última integrante do quarteto chamava Yasmin. Era uma aluna comum e diferentemente de muitas garotas do local, passava despercebida dos olhares desejosos dos jovens maliciosos.

    - Não escolhe muito! Meu orçamento já está quase indo pro espaço, isso se já não estiver orbitando Marte... ? lamentava Taylor.

    - Quer dizer que você não pagará o meu? ? Rebecca olhava para o garoto com os olhos cheios de carência.

    -... Ahn!!! ? o garoto lamentava não possuir dinheiro e então se punia.

    - Calma, eu estava só brincando ? Rebecca dava um belo sorriso para o jovem e então seguia até o balcão para poder escolher o que iria comer. ? Venha você também vai comer certo?

    - Sim! ? após ficar deslumbrado com o sorriso da jovem e, consequentemente, inúmeras fantasias brotassem em sua cabeça, o jovem voltava à realidade, indo de encontro a jovem.

    O tempo passava enquanto saboreavam a deliciosa comida e jogavam conversa fora. Uma cena fora de contexto chamava a atenção de um dos garotos. Um motorista carregava duas malas, andando até o portão principal.

    Os dois adultos irritados esperavam sentados em confortáveis cadeiras. A porta da sala enfim era aberta. O lastimável jovem caminhava até um dos assentos.

    - Como podem ver este lugar não é o mais propício para o filho de vocês ficarem ? dizia o diretor. De certa forma estava sensibilizado pela situação do garoto, mas seu principal objetivo era livrar-se de um problema.

    - Sim, nós podemos perceber e já sabemos para onde iremos mandá-lo. O nosso motorista já deve ter arrumado os pertences, logo nossa reunião chegou ao fim ? o pai de Ross dizia friamente aquelas palavras, já sua mãe nem as tinha. ? Exceto se for a nossa filha o assunto ? o homem olhava para o diretor.

    - Não, não... Carrie é uma aluna modelo, não temos nada a falar sobre a mesma, exceto exaltá-la.

    - Certo. Então iremos. Obrigado e tenha um bom dia ? o homem já não agüentava ficar naquele local, levantando da cadeira seguido por sua esposa.

    Ato III

    ?Eu espero que seu desejo tenha se realizado

    O meu me traiu.?

    O monótono corredor lotado de alunos ganharia, em algum curto intervalo de tempo, um motivo para que as incansáveis línguas espalhassem a nova notícia.

    Ultrapassando a camada de alunos que acumulavam nas laterais, os dois sérios adultos mantinham o passo em ritmo acelerado. Poucos importavam com os olhares direcionados. Ross, com um ritmo oposto ao de seus pais, encerrava o show de horrores que aquela Academia tornara palco. Talvez como forma de amenizar toda aquela situação, o sinal tocava, indicando o reinício das aulas. A aglutinação de alunos tornava menor, mas nem por isso os três centros de atenção mudavam seu comportamento. Um estridente som retirava a tranqüilidade do local. Muitos levantavam, reclamando do susto que levavam.

    - Como eu odeio esse som, por que eles não poderiam colocar algo mais audível? ? um dos que reclamava era Taylor.

    - Se o fizessem ninguém iria para a aula né? ? Brian respondia de forma debochada a pergunta do amigo, esse retrucava com um fraco golpe na cabeça.

    - Melhor irmos logo ? quem dava o ar da graça era a jovem Yasmin. A garota era realmente calada e um pouco fechada, porém tais características não afetavam sua relação com a melhor amiga, Rebecca.

    - Vamos então ? a garota concordava com a amiga. ? Fiquei sabendo que mais cedo houve um problema de atraso. Eu acho que era aquele irmão da Carrie... Esqueci o seu nome ? Rebecca complementava.

    - Rossi... Ou Ross, não sei também. Eu sei que o chamam de ?garoto-morcego?. Ele é muito estranho... ? Taylor tentava responder, apesar com certas incertezas, a dúvida de Rebecca. Essa rapidamente repreendia o garoto.

    - Não é legal chamar as pessoas por apelidos, ainda mais pejorativos ? a garota olhava séria para o jovem, esse estava um pouco surpreendido.

    - Você tem razão, desculpe-me ? o jovem garoto dava um sorriso que levava a Rebecca fazer o mesmo.

    - Como sempre concordando com garotas... ? Brian aparecia entre os dois, causando surpresa. Tal ato desencadearia outro golpe em sua cabeça. ? Ei! Você quer que o seu dinheiro saía da Via Láctea? ? Por tal resposta, um terceiro e final golpe o acertara. ? Está bem, já entendi...

    O deslocamento de alunos em direção as salas aumentava, porém um pequeno grupo ainda permanecia naquele labirinto de corredores. Os integrantes marcavam o local onde iriam encontrar futuramente, então se despediam. Luiza e uma amiga seguiam uma trajetória muito diferente que o restante. Durante o percurso, colocavam a conversa em dia.

    - ... Mas é verdade, eu vi durante as atividades fìsicas... ? as duas garotas conversavam sobre a vida alheia até Luiza distrair com duas pessoas. Como estava um pouco longe, não conseguia focalizar os rostos, porém tinha a sensação de que os conhecera. Enfim sua dúvida viria a ser esclarecida, quando um corpo sem vida seguia o mesmo caminho. O morto vivo em questão era Ross. A garota não sentia arrependimento, mas sim pena do pobre coitado. Não gostava de vê-lo daquela forma. Talvez fosse compaixão, talvez fosse o seu orgulho, que sentia o aumento de uma mancha negra em seu passado.

    - Ei, você está ai? ? a amiga tentava chamar a atenção de uma Luiza desligada, pelo menos naqueles segundos que passavam. ? Nossa aquele garoto ficou um trapo! E olha que já não era grandes coisas. Fez muito bem sair fora dessa enrascada ? a garota então percebia que a amiga observava-o caminhar em um corredor paralelo por meio de uma junção na perpendicular.

    - Vamos logo ou então atrasaremos ? Luiza finalmente retornava a realidade após uma série de pensamentos. A amiga da jovem concordava com a sugestão, logo ambas aumentavam o ritmo do andar.

    - Bom dia pessoal! ? um jovial professor finalmente iniciava a aula sobre a História de Johto. ? Antes, de fato, começar a aula, gostaria de lembrá-los que o nosso torneio qualificatório será na próxima semana e o prazo de sua inscrição irá terminar amanhã ? tal torneio era uma iniciativa que a Academia selecionava dezesseis alunos para competirem em um oficial organizado pela mesma entidade da Liga Pokémon, possibilitando a presença de treinadores na maior competição mesmo sem a obtenção das oito insígnias. Era uma forma que a Confederação de Johto incentivava os mais jovens e diminuía os riscos de uma longa jornada. ? Hoje abordaremos o caso da Burned Tower, em Ecruteak...?A aula finalmente começara, era um assunto interessante e, portanto, prendia atenção de quase todos os alunos.

    Esse era o grande objetivo dele... ? Luiza era uma dos poucos que não prestava atenção na aula. Seu pensamento estava direcionado para o antigo desejo de Ross. Os dois formariam dupla para aquele torneio, porém com os recentes acontecimentos a nova dupla da garota seria Baynes.

    Os membros da família já estavam fora daquele insuportável ambiente. O casal esperava dentro da luxuosa limusine o filho caçula que ainda atravessava o portão. Ross olhava para trás, a majestosa Academia não causava mais o enorme entusiasmo da primeira vez em que estava parado no mesmo lugar. Uma última memória retirava do garoto uma pequenina, porém, significativa lágrima. Era um sinal de vida do garoto que não se via durante dias.

    Talvez fosse o pôr do sol mais belo que o casal presenciava. A noite que viria a suceder o dia também tinha o seu valor. O céu limpo de nuvens revelava brilhantes estrelas. Aquele momento fascinava os dois jovens.

    - Olha! Uma estrela cadente! Rápido, faça um pedido! ? um risco luminoso atravessava o azulado céu, Luiza estava animadíssima. Para não decepciona-la, o jovem também fazia um pedido.

    - Aposto que você desejou ser o melhor de sua família ? a bela garota recostava no jovem, olhando as estrelas.

    - Se eu lhe dizer, o desejo não será realizado ? o garoto olhava apaixonadamente para a amada e em seguida voltava a observar as estrelas.

    As estrelas são testemunhas que o meu desejo é permanecer para sempre ao seu lado... ? pensava o jovem.

    ?Oh, tchau tchau amor?


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