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Acordei com o som do despertador, como ódio esse som irritante. Ao dirigir-me á cozinha senti um leve cheiro a comida preparada aproximei-me, Seiji estava de tronco nu, reparei como era bem definido os abdominais deles, antes de vestir a camisola de tons escuros, o que fez-me ficar um pouco enjoado pois a sua silhueta era um pouco idêntica a de Yuzo-senpai.
- Bom dia.
- Bom dia. ? Sentando-me na mesa sem grande vontade.
Seiji sentou-se a minha frente esboçando um largo sorriso nos seus lábios. Pergunto-me se tenho algo escrito na minha testa para esta a sorrir para mim. Comemos os dois em silencio.
- Deixa ai a louça no balcão que eu depois trato disso. ? Levantando-me da mesa. ? Arranja as coisas que precisas de levar.
Fui até ao meu quarto vestir. Vesti uma t-shirt de cor preta, por cima dela uma camisola xadreza de cor avermelhada, uns jean azuis escuros e finalmente uns tenis desportivos de cor preta. Peguei na mochila e no quispo de cor preta que estavam em cima da cama para ir para a faculdade. De volta á sala Seiji estava sentado no sofá á minha espera.
- Estás pronto? ? Disse.
- Sim. ? Levantado-se.
Pelo caminho fomos os dois em silencio, á entrada informaram-me para ir falar com o director, Seiji acompanho-me por livre vontade, sentou num dos bancos de espera e pôs os headfones brancos nos ouvidos.
- Posso? ? Batendo á porta.
- Sim claro entra. Taro ainda bem que viste cedo. ? Diz o director num tom preocupado.
- Passa-se alguma coisa? - Intrigado.
- Infelizmente sim. ? Olhando para mim serio. ? Taro queria pedir-te se Seiji poderia ficar a morar no teu apartamento durante estes 3 anos?
Fiquei sem reacção, o director apanhou-me desprevenido.
- Mas porquê?
- Eu sei que devia ter falado contigo com mais calma mas, Taro és o único aqui nas redondezas mais perto da faculdade em relação aos teus colegas. ? Diz o director. ? Ele veio de muito longe, para fazer este curso de desporto.
- Será que posso pensar no assunto? ? Perguntei.
- Se é por causa de gastos poderei falar com Seiji sobre isso se bem entenderes. ? Num tom mais tranquilo.
Não era por causa do dinheiro que queria pensar, mas sim em ter outra presença em minha casa, já faz algum tempo que não convivo com pessoas da minha idade. Mas agora que penso, isto fez-me lembrar de quando eu vim para Tokio, se não fosse o Isan-san acolher-me em casa dele não sei aonde teria ficado naquela altura.
- Não vai valer a pena falar com ele.
Por mais que não estive-se de acordo com a proposta do director, não sou egoísta o suficiente ao ponto de lhe dizer não.
- Ele pode ficar em minha casa, não se preocupe director.
- A serio Taro?! Muito obrigada. ? Agarrando-me as mãos felicíssimo.
Saí da sala do director a olhar o chão pensativo, no meu lado esquerdo lá continuava ele ouvir musica com os headfones brancos, com as mãos nos bolsos no casaco, com a perna abater ao ritmo da musica que ouvia, aproximei-me dele, este sente a minha presença, olha para mim tirando os headfones.
- A partir de hoje, ficas em minha casa a morar. ? Disse num tom firme.
- Ok.
Devia faltar pouco minutos para a entrada, nós os dois encaminhamo-nos para sala eu fui sentar-me ao canto ao pé da janela como sempre e Seiji na outra ponta ao pé da parede, reparei que ele começou a falar com os colegas da turma. Por mim ainda bem é de maneira que não me incomoda. Com de correr da aula por vezes olhava pela janela a contemplar a paisagem. No final da aula avisei a Seiji que voltarei um pouco tarde a casa, por causa do trabalho.
Na loja o movimento era sempre igual. Por vezes pensava se o meu Karma seria assim tão mau.
- Taro, se quiseres podes ir embora, hoje não há grande movimento...- Diz Isao-san sorrindo-se.
- Obrigada.
Após ter aberto a porta da loja uns headfone brancos foram aquilo que sobressaltou mais aos meus olhos. Mas que raio faz ele aqui?
? Oi. ? Tirando headfone dos ouvidos. ? Vim buscar-te. ? Sorrindo-se.
Mas que raio... como sabia que trabalhava aqui? E porque motivo veio-me buscar que eu saiba não lhe pedi nada.
No caminho para casa olhava para as costas dele irritado. Eu não preciso que ninguém me leve a casa, já sou maior e vacinado.
Quando entramos em casa vi que o jantar já estava feito.
- Seiji quero esclarecer uma coisa contigo. ? Olhando furioso após fechar a porta da entrada.
- O que passa? ? Tirando o casaco de cabedal.
- Eu não quero que vais mais esperar-me á porta da loja. ? Num tom serio.
- Mas porque?! Pensei que não houve-se mal como somos companheiros eu--
- Sim há mal!!!! ? Interrompendo-o.- Eu não preciso que ninguém me leve a casa, já sou maior e vacinado.
Seiji surpreendeu-se com a minha reacção.
- Ok todo bem, se queres assim, por mim é na boa. ? De costas para mim.
- Eu vou para o meu quarto, estou sem fome.
Reparei que Seiji observou-me a ir para o quarto agora um pouco mais pensativo por causa da minha reacção. Lá deitei-me em cima da cama a pensar se teria feito a escolha certa de o ter aqui em minha casa, alias eu não quero ter nada haver com ele.
Lembrei-me de que hoje saia um novo numero da minha revista mensal favorita. Sentei-me ao computador, fui ao site oficial deles, isto porque como o dinheiro não dá para tudo, tive de arranjar está maneira.
A revista ?Fiteness Plus? fala acerca um pouco de tudo como por exemplo sobre a alimentação ou novos tipos de exercícios que toda a gente pode fazer em casa. O tópico com exercícios com demonstrações, é o meu favorito pois demonstra com pormenor cada movimento que se deve fazer correctamente e arranjam varias maneiras criativas de por toda a gente a fazer desporto, comecei a desfolhar, até que vi Seiji como o demonstrador do exercício.
- Mas que raio?! ? Disse intrigado e furioso ao mesmo tempo. ? Nem na minha revista favorita ele deixa-me em paz?
No final de cada revista vem sempre uma mini biografia da pessoa que demonstra os exercícios. Li atentamente o que dizia, descobri que trabalhava como modelo para a agencia Sogo, muito conhecida aqui em Tokio, também fazia diversos desportos o seu maior sonho era poder tornar-se num futebolista profissional. Achei estranho não ter mencionado a família dele.
Agora percebo porque estava só rodeado de raparigas. Aposto quando fui-me embora uma delas terá contado a Seiji a onde trabalhava. Como as raparigas podem ser linguarudas. O meu estômago começou a roncar por ter fome, saí do quarto reparei que o silencio invadi-a a casa, as luzes da sala em si estavam apagadas supôs logo que Seiji estive-se a dormir, continuei até á cozinha sem fazer muito barulho, o respirar de Seiji era cause inaudível parecia que eu era a única presença em casa.
Em cima da mesa estava uma sandes e um copo com leite, envolto com uma película aderente para proteger, posei o meu olhar em direcção ao sofá.
Apesar de lhe ter respondido mal ele ainda preparou-me está pequena ceia.
Levei o tabuleiro para o meu quarto e lá comi a ceia. Quando acabei arranjei-me para ir deitar-me, lembrei que amanhã é meu dia de folga do trabalho, por isso vou ter treino de kyujutsu.
Sonhei que estava nos campeonatos de tiro ao alvo, toda a gente do publico incluindo a minha mãe gritavam pelo meu nome. Na secundaria reconheciam-me como sendo o melhor do clube de kyujutsu pois tinha um talento natural para o desporto. Yuzo-senpai também era membro, talvez foi por causa dele que entrei no clube não sei bem. Mas depois do que aconteceu deixei-me desleixar dos treinos até desistir do clube por completo.
Mas desde que entrei na faculdade vim a descobrir que tinha um clube de kyujutsu ainda tive alguns dias a pensar seriamente se me inscrevia-me ou não no clube. Pensei para mim próprio porque não começar outra vez. E foi o que fiz. Poucos colegas conhecem o meu talento para este desporto, mas eu é que quis assim, eu não preciso de provar a ninguém aquilo de que sou capaz só a mim me diz respeito.