Anjo Caído

Tempo estimado de leitura: 29 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Capítulo 03

    Heterossexualidade

    Disclaimer: Naruto e seus personagens pertencem à Masashi Kishimoto. Fanfiction sem fins lucrativos.

    Sinopse: "Às vezes acho que estou sonhando. Você mudou a minha vida!"

    Anjo Caído

    by: Pixie Cheryl

    Capítulo 03

    "A neve refletia toda a essência pura que a cor branca representa com seus miúdos flocos. Os lagos encontravam-se congelados, perfeitos para os patinadores. As pistas estavam cobertas por uma fina camada de gelo bastante escorregadia, e por esse motivo ninguém ousava transitar nas ruas, nem a pé, nem a carro. Porém, um único automóvel desafiava aquela tempestuosa tarde de inverno. Esse era o carro da família Uchiha.

    Uchiha Fugaku dirigia, mantendo sua atenção dividida entre a família e a estrada facilmente deslizante. Todos vinham sorridentes, conversando alegremente sobre temas aleatórios. Itachi estava com a cabeça encostada na janela gelada do carro. Escondia o rosto parcialmente com a sua franja, não querendo que os familiares vissem o sorriso que brincava em seus lábios finos. Tinha que manter a pose séria e austera sempre, havia aprendido desde cedo com seu pai. Já seu irmão mais novo, Sasuke, gargalhava gostosamente sentado ao seu lado. O pequeno Uchiha estava com lágrimas nos olhos e dor na barriga de tanto rir. A mãe contava um acontecido da época em que morava na fazenda com sua família, antes de casar-se com Fugaku, quando a avó dos dois garotos fora derrubada por um cabrito saltitante. Sasuke intensificara ainda mais os risos.

    O celular, posto sobre o painel do veículo, começou a tocar. Ainda rindo um pouco, Mikoto deixou que o celular escorregasse de sua mão, indo parar debaixo de seu banco. Retirou o cinto de segurança e inclinou-se sobre as pernas, tateando o solo do carro coberto por carpetes atrás do pequeno objeto.

    ? Pare de procurar esse celular, mulher. Quando chegarmos você retorna essa bendita ligação ? indagou o patriarca Uchiha, voltando toda a sua atenção para a esposa, lançando-lhe um olhar reprovador. Ela poderia machucar-se se não recolocasse o cinto.

    ? E se for importante? ? rebateu ela, utilizando um tom de voz imperioso, mostrando que não queria ser questionada quanto a sua atitude.

    Fugaku apenas revirou os olhos e resmungou, fechando a cara, emburrado. Itachi, que estava sentado no banco atrás de si, inclinou-se para frente, apoiando as mãos nos bancos dos pais, gritando em seguida:

    ? Pai! O carro! ? os faróis do enorme caminhão de neve vinham em sua direção, iluminando todo o veículo e, principalmente, os três pares de olhos negros."

    Os olhos negros de Sasuke fitaram os primeiros tímidos raios de sol que tomavam o lugar da escuridão da noite. Coçou os olhos inchados, resultado de uma noite mal dormida. Xingou-se por ter adormecido no banco do jardim interno do hospital. Ao levantar-se, sentiu uma dor tremenda nas costas. Alongou-se, escutando alguns de seus ossos estalarem. Admirou o céu por poucos instantes, pois logo uma fina chuva começou a molhar o pequeno jardim e a si. Resolveu voltar para o quarto do irmão, apesar de a última visita que tinha feito não ter sido nada agradável.

    xxx

    Neji e Ino corriam desesperados pelas vielas imundas do subúrbio de Tóquio. Atrás deles, sete homens corriam armados com correntes e pedaços de pau. Proferiam diversas frases agressivas e ofensivas, ora atacando Ino chamando-a de vadia ou algo do gênero, ora chamando Neji de "franguinha" ou "mariquinha". O moreno de olhos brancos estava ficando cada vez mais irritado com essas alcunhas ? com toda a certeza essa ira era devido ao seu atual estado como humano ?, não sabia brigar, era um ser puro de luz, e não um arruaceiro qualquer.

    ? Não acredito que não irei cumprir minha primeira missão na Terra! ? Ino choramingava. Com certeza o arcanjo Hiruzen nunca mais a mandaria para missão alguma, e todo o seu treinamento como anjo da guarda seria inútil, uma vez que seria tachada de irresponsável e lhe seria negada a oportunidade de vigiar um humano ? "Se bem que os anjos da guarda deles devem ter faltado na aula de como não transformar seu protegido em um deliquente".

    ? Isso é tudo culpa sua ? Neji retrucava às lamurias dela, mas não poderia realmente culpá-la pelo acontecido. Era a primeira vez de Ino na Terra. Como diabos a loira iria saber que não se diz para um projeto de gangster que ele é um "filho da puta" e em seguida lhe dar um chute na virilha.

    A loira havia visto uma cena parecida com essa quando entravam em um bar para pedirem informações. Dois caminhoneiros discutiam e um deles usou tal xingamento para ofender o adversário, que como resposta socou-lhe a face. Ino observava tudo nos mínimos detalhes, como nunca havia vindo ao solo terrestre, pretendia seguir os nossos costumes à risca.

    ? Nem tudo que os seres humanos fazem deve ser seguido.

    ? Acho que agora eu aprendi ? disse Ino sorrindo sem graça. O olhar que Neji lhe lançava não era dos melhores.

    ? Ei, vocês não vão fugir! ? berrou o homem que Ino havia acertado um chute, correndo manco com a mão sobre o local atingido.

    xxx

    Sasuke estava parado há meia hora em frente ao quarto do irmão mais velho. Tinha receio de se encontrar com Itachi e novamente acabarem discutindo. Quando revelou ao Uchiha mais velho sobre a morte dos pais, ele teve uma crise. Tentou bater no irmão caçula, mas foi impedido por Kabuto, que mandou que Sasuke deixa-se o quarto. Logo chegaram enfermeiros para ajudar o médico e foi aplicado um sedativo, fazendo com que Itachi se acalmasse gradualmente e acabasse por adormecer.

    Quem sabe ele ainda não estava em um profundo sono? Resolveu arriscar. Encontrou um Itachi lúcido, sentado na cama e enconstado no espelho da mesma. Olhava para o céu, os primeiros raios de sol surgiam e clareavam o quarto. Seu semblante era sereno, muito diferente do transtornado da noite anterior. Os olhos negros do mais velho olharam de soslaio para os negros do mais novo, que se acuou um pouco, não iria começar uma nova discussão.

    Diferente do que Sasuke imaginava, Itachi esticou o braço fino e bem pálido, chamando-o em um pedido mudo. Um sorriso miúdo era visto na face de ambos os irmãos.

    Um recomeço para Itachi, que agora trilharia um novo caminho em sua vida. Para Sasuke, uma lacuna em sua vida sombria seria preenchida. Apesar de a solidão ainda prevalecer, mesmo que pequena, uma luz agora lhe dava esperanças de dias melhores.

    xxx

    A cabeça de Naruto latejava como se o mesmo houvesse sido atropelado por um enorme caminhão. E o semblante de Jiraya não era dos melhores. Estava furioso! Havia chegado em casa há pouco por conta de um problema que um dos redatores cometeu na edição e seu mais novo volume Icha Icha. Saiu do trabalho e veio direto para casa, encontrando seu afilhado caído na frente do portão de casa. Preocupou-se, achando que ele havia sido espancado ou algo parecido, mas ao aproximar-se e constatar o cheiro de álcool que emanava do loiro, agarrou-o pelo colarinho e arrastou-o pela casa até o banheiro.

    Encheu a banheiro com água bem gelada e jogou Naruto lá dentro, que enfim acordou, resmungando algo incompreensível ao padrinho.

    ? Seu irresponsável! ? bradou Jiraya e Naruto se encolheu. Já havia feito milhões de besteiras, mas nunca viu seu padrinho perder a compostura ? O que você tem na cabeça, seu imbecil? Merda, só pode ser isso! ? após dizer essas palavras, Jiraya abandonou o recinto.

    O Uzumaki abaixou a cabeça e deixou que suas lágrimas se misturassem com a água gelada da banheira. Era um idiota mesmo. Todos achavam isso dele, até mesmo Jiraya, a única pessoa que admirava em sua vida.

    O motivo para a bebedeira da noite anterior tinha um único motivo: seu pai. Ah, mas como tinha raiva de Namikaze Minato. Era um empresário rico e poderoso, porém Naruto repudiava o próprio pai. Quantas vezes ele não o culpara pela morte da mãe, que viera a falecer no parto? E o loiro ria sem emoção, achando irônico o fato do pai não querer tê-lo assumido e abandonado sua mãe quando soube de sua gravidez e, agora, fingir um arrependido e um sofrimento que, sabia o loiro, não existia.

    Ele iria chegar para visitá-lo esta noite, como faz uma vez a cada seis meses. Somente por dois dias. Como odiava estes dois dias em que era obrigado a ficar com o pai. Levantou-se bruscamente da banheira, tremendo de frio e com as roupas encharcadas, mas não ligou. Passou pela sala e viu os longos fios grisalhos de seu padrinho em sua poltrona preferida, que estava de costas para ele. Viu a fumaça que emanava de seu charuto, vendo que realmente ele havia ficado aborrecido. Jiraya não tinha o hábito de fumar, fumava para espairecer, como ele mesmo afirma.

    Pegou as chaves do carro de Jiraya, que ele sempre deixava sobre a mesinha próxima a porta, e saiu, batendo a porta da frente com cuidado, para que seu padrinho não percebesse. Entrou no carro pingando e molhando completamente o banco do motorista. Ligou o veículo e partiu. Olhou para a janela da sala e de lá viu a face de seu padrinho, observando-o enquanto tragava mais uma vez.

    xxx

    O pequeno anjo estava afastado dos demais. Desde aquele episodio que havia se isolado de todos. Temente, esperava apenas o veredito de expulsão. Seu crime fora horrendo e acreditava que não conseguiria o perdão de ninguém, mas, mesmo assim, se pudesse voltar atrás, faria tudo de novo. Não conhecia o significado da palavra arrependimento, e tampouco queria senti-la.

    Um grupo de anjos passava por perto, comentando a perda de Hinata. Sentiu o sangue ferver-lhe nas veias. Fez de tudo para se livrar dela e, mesmo assim, ela ainda continuava à espreita, atormentando-a. Iria enlouquecer.

    Tocou a cabeça com as mãos quando a sentiu latejar, um dor quase insuportável. Fechou os olhos brancos com força, como se aquele ato fosse amenizar àquela sensação angustiante. Então, da mesma forma repentina que veio, a dor se foi.

    Ao abrir novamente os olhos, suas íris possuíam agora um tom amarelado, e as suas pupilas apresentavam um risco vertical. O sinal da traição.

    xxx

    ? Esplêndido! Esplêndido! ? ele batia palmas, enquanto cantarolava uma música da vitória. Passava a língua ofídica sobre os lábios miúdos e muito pálidos, como se conseguisse sentir o sabor daquela palavra. Estava sentado um grande trono vermelho, onde duas criaturas sinistras, aos seus pés, o abanavam com duas plumas brancas. Sempre ria com ironia ao observar suas pequenas criações bizarras segurando a cor da pureza para refrescá-lo daquele calor "infernal".

    Mais um aliado acabara de entrar na sua lista; por bem ou por mal, deixá-la-ia decidir de que modo se juntaria a ele, ao senhor do submundo. Levantou-se de seu trono imponente, chutando uma das criaturas que ousou encostar sua mão horrenda em seus belos pés brancos.

    "Hunf... Hoje em dia é difícil conseguir arranjar bons servos!" ? pensava ele. A cada passo que dava, um carpete vermelho felpudo surgia debaixo de seus pés, a última coisa que queria era sujar-se. Olhou para o lado e visualizou sua bela face em um espelho opaco, passando os dedos esqueléticos nos longos e sedosos fios negros. Um grande portal se abria diante de seu senhor supremo. As grandes labaredas de fogo incandesceram quando ele passou e o portal foi novamente fechado.

    A figura esquálida atendia por vários nomes, mas, seu preferido, era Orochimaru.


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!