Umbra - Trilogia das Fases da Sombra

  • Finalizada
  • Nina00
  • Capitulos 29
  • Gêneros Aventura

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    10
    Capítulos:

    Capítulo 9

    Segundo Dia.

    Álcool

    Acordei e ainda estava escuro. Endireitei-me e sentei na beirada da janela, percebendo pelo silêncio que os outros ainda não tinham voltado

    Podia ouvir as ondas de onde estava, a lua nítida e cheia me encarando. Tive vontade de sair andando na orla da praia, mas sabia que se Jacob chegasse e não me encontrasse a situação ficaria feia.

    Fiquei muito tempo ali, divagando, quando ouvi o som do carro dos Black se aproximando, logo depois muitos sons se misturaram adentrando a casa. Podia distinguir claramente Charlie e Billy discutindo, mas lesados, como se tivesse uma mola em suas bocas.

    Jacob ajeitou Charlie no sofá antes de levar Billy para sua cama. Sue aparentemente tinha voltado para casa com uma carona.

    Eu esperei ereta sentada na balaustrada da janela que ele terminasse e viesse ao meu encontro.

    Jacob abriu a porta vagarosamente, mas quando me viu adentrou e fechou a porta atrás de si.

    - Achei que você estivesse dormindo.

    Eu dei de ombros.

    Ele começou a soltar o nó na gravata e atirou ela no chão assim que se viu livre.

    - Cansado? ? adivinhei.

    - Cuidar desses dois marmanjos foi mais difícil do que cuidar de você. O que houve? Está sem sono?

    Ele sorriu para mim na penumbra. Acho que nunca esteve tão bonito.

    - Vou lá no banheiro me trocar e já volto tá?

    Eu sacudi minha cabeça. Havia um colchão no chão, saí de onde estava saltando por sua cama e sentando no colchão. Não queria deixa-lo desconfortável.

    Quando ele voltou estava de bermuda e camiseta. Pulou na cama e se cobriu em um segundo.

    - Que sono!

    Eu passei minha mão em sua cabeça.

    - Então dorme, ué.

    Ele balançou a cabeça quase adormecido. Eu ainda contemplei seu rosto por um tempo antes de decidir voltar a dormir.

    Só acordei novamente com o sol me atingindo da janela, pela intensidade calculei que deveriam ser quase meio-dia. Eu havia entreouvido Charlie quando partiu mais cedo, mas não me dei ao trabalho de abrir os olhos quando ele veio se despedir, me beijando na testa antes de deixar a casa.

    De qualquer forma agora eu me sentia fraca. As leves fragrâncias de Jacob e de Billy, no outro quarto, encheram minha boca d água.

    Eu sacudi Jake.

    - Ei!

    Ele resmungou, se remexendo e eu ri baixinho.

    - Eu tô com fome.

    Ele continuou desmaiado.

    Então uma idéia maluca me ocorreu. Coloquei minha língua para fora e levemente toquei atrás de sua orelha.

    Ele tremeu e se sentou de imediato, colocando a mão esquerda onde eu tinha lambido.

    O gosto era levemente salgado. A veia de seu pescoço pulsando fez meu coração bater agitado. Eu lambi os beiços, sentindo-os formigar.

    - O que você tá fazendo?

    - Eu tô com fome, você não me ouviu, então eu decidi tentar saber qual o sabor que você tinha.

    Ele ficou levemente corado.

    - Você tem algum parafuso solto.

    Eu levantei meus ombros.

    - Acho que não. Só tô com fome mesmo. Daqui a pouco eu ia checar o gosto do Billy

    Ele soltou uma gargalhada.

    - Só você pra me fazer acordar tão cedo... ? disse, enquanto esfregava o rosto.

    - Como assim, é quase meio-dia!

    - Você entendeu...

    Ele foi ao banheiro e enquanto isso eu peguei o short e a blusinha que tinha trazido.

    Tirei o pijama e guardei junto da sacola com o vestido de festa que usara na noite anterior, dentro da bolsa que Alice me dera.

    Eu ouvi a água do chuveiro correndo no banheiro do outro lado do corredor e cheirei a mim mesma para saber se precisava de um banho. Não senti nada além do cheiro habitual, todos os outros resíduos estavam na roupa da festa. Imaginei se por ter o corpo de uma criança influenciava nisso, então dei de ombros e pulei para fora pela janela de Jacob.

    Uma leve chuva fria caía, refrescando minha pele, comecei então a andar em direção a orla e de repente senti uma enorme vontade de correr. Obedeci ao instinto e corri o mais rápido que pude, mas ainda faltavam uns 10 metros para chegar à vegetação que levava até o mar quando ouvi Jacob se transformando atrás de mim, enquanto saltava sua janela.

    Continuei correndo, precisava chegar antes dele... Eu o ouvia se aproximando em minha direção, o barulho do vento sendo cortado pela sua velocidade. Tentei aumentar o passo, inclinando meu corpo e quase perdendo o equilíbrio, mas quando ainda faltava um metro ele puxou minha blusa pelos dentes e me jogou facilmente em direção às suas costas.

    Me segurei em seus pêlos para não cair.

    - Droga!

    Ele rosnou baixo, numa risada.

    Eu bufei contendo minha decepção, então quando finalmente me contentei pus minhas mãos em seu focinho mostrando imagens de ursos e leões que tinha visto na televisão, a visão encheu minha boca d´água.

    Ele chacoalhou a cabeça em negativa e correu mais rápido em direção aos meus conhecidos habituais ? os cervos.

    Jacob seguiu o cheiro dos herbívoros enquanto eu em suas costas imaginava como seria o gosto de uma caça diferente, então chegamos próximo o suficiente para ele parar.

    Os animais estavam a alguns metros de nós, mas não podiam nos ver devido à vegetação alta. O vento também estava ao nosso favor impossibilitando-os de nos identificar pelo cheiro.

    Eu desci de suas costas e me postei ao seu lado. Mirei um jovem macho e dirigi um olhar ao Lobo ao meu lado para que ele soubesse qual seria minha mira, um som saiu pelas narinas de Jacob e ele chacoalhou a cabeçorra apontando o focinho para dois machos adultos do lado esquerdo.

    - Certo ? eu fiz - Eu estou mesmo com fome...

    Então, eu silenciosamente me aproximei por entre a vegetação para a esquerda, onde estavam os adultos. Fiquei a uns dois metros na frente de Jacob, geralmente ele me dava uma pequena vantagem para nossas disputas terem alguma graça.

    Olhei para trás e ele sacudiu seu focinho assentido.

    Eu rapidamente ataquei, então. Os machos a que mirávamos assustados, correram em direção ao resto do grupo que estava à esquerda e eu fui a seu encalço.

    Pulei rapidamente no lombo de um dos adultos que estava mais próximo, atacando sua garganta e forçando seu pescoço com uma mordida firme para que ele caísse. Então, surpreendentemente o outro macho veio em minha direção, Jacob ainda estava à distância e não teria tempo de chegar.

    Tive uma reação totalmente instintiva: dei um salto de costas por sua galhada que mirava minha cabeça (era como se eu pudesse prever o momento exato em que me alcançaria) e então, enquanto caía, puxei com as duas mãos seu focinho para cima ao mesmo tempo em que aterrissava em suas costas.

    Os segundos haviam passado lentamente, antes de seu pescoço quebrar o primeiro macho finalmente estava no chão e eu abocanhei a garganta do cervo que me atacara.

    Jacob chegou um milésimo de segundo antes de eu conseguir morder o segundo macho. Ele saltou sobre o cervo que estava no chão, devorando seus pedaços rapidamente e depois partiu correndo em direção ao resto do grupo que partira:

    A Primavera de Vivaldi automaticamente começou a tocar em minha mente, o presente de meu pai estava me fazendo sentir as coisas de maneira completamente nova.

    Me senti habilidosa.

    Eu terminei de me alimentar do macho que havia colhido certo tempo depois e saciada persegui o cheiro de Jacob até encontrá-lo alguns metros adiante, se alimentando de uma fêmea adulta que estava repartida ao meio.

    Comecei a me aproximar lentamente, a música ainda em minha cabeça, mesmo que não compreendesse completamente seu significado.

    Só corri em sua direção depois de chegar a um metro dele, havia caminhado cuidadosamente para que não me percebesse. Pulei então em seu dorso, mordendo sua orelha esquerda.

    Ele se levantou um pouco sobre as patas traseiras...

    - Hahahaha, eu te assustei!

    Ele chacoalhou a cabeça de lobo em negativa, mas continuei rindo.

    - Quer que eu acabe com o seu? ? eu estava brincando, aquele macho já tinha me alimentado o suficiente.

    Ele aparentemente ficou irritado, por que rosnou de leve para mim.

    - É mesmo? ? eu disse - Não consigo entender uma palavra, mas sei que você perdeu vergonhosamente!

    Ele sacudiu a cabeça de novo e quando terminou de se alimentar da fêmea correu em direção à mata.

    Eu fiquei sentada na grama ouvindo ao longe os cervos ainda correndo e Jacob se transformando e se vestindo.

    Ele se aproximou de mim com um olhar carrancudo

    Eu ri.

    Ele chacoalhou a cabeça, irritado.

    - Você venceu Nessie, está bem?

    Ele sentou alguns metros na minha frente e eu andei até ele, ficando em pé na sua frente passei as mãos em seus cabelos curtos.

    - Você tá chateado?

    - Não é isso... ? disse ele, me puxando em um abraço para o seu colo.

    - Eu fiquei assustado quando aquele bicho tentou te acertar.

    Eu me senti feliz em seus braços quentes.

    - Pára de ser bobo Jacob. Eu sou mais esperta do que você pensa.

    - Eu acho que é mesmo.

    - Eu venci?

    - Você venceu Nessie ? repetiu ele, mais enfático.

    Me senti exultante. De todas as apostas e brincadeiras essa era a primeira que eu vencia.

    Depois de um tempo em silêncio, em que obviamente eu me sentia presunçosa, perguntei:

    - O que vamos fazer agora?

    Ele olhou para a mata ao redor antes de responder, ouvindo os sons que eu não captava, vendo o que eu não alcançava.

    - O que você acha de vermos o velho Quil Ateara?

    Eu dei de ombros, havia gostado dele.

    Sorri para Jacob, encorajando-o

    Ele me pegou no colo e começou a correr por entre as árvores, quando eu acabava de me alimentar ficava mais lenta para correr e ele não estava com paciência para me esperar. Eu não liguei.


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