Sora Lusting

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    12
    Capítulos:

    Capítulo 7

    O MESTRE FERREIRO E O TREINAMENTO DA MORTE

    Violência

    Quando acordou estava no chão de uma caverna e logo que abriu os olhos viu um ferreiro ali na frente. Um homem gordo, barbudo, calvo, com aparência bruta e nada simpática. Ele vestia uma regata branca toda suja, calças surradas e tinha um avental por cima de tudo isso. Mais parecia um açougueiro. Estava ali batendo em algum metal ainda quente que fazia faísca a cada batucada. Ela esfregou os olhos, mas ao perceber que não se tratava de um sonho lunático, sentou-se cruzando as pernas e com um pouco de medo dele perguntou:

    - Quem é o Senhor? Onde estou?

    Ele continuou batendo aquele metal sem olhar pra ela, depois o enfiou numa espécie de bacia de pedra cheia d'água que caia aos pingos do teto da caverna. Levantou aquele metal olhando-o fixamente e colocou-o no fogo novamente. Depois retornou às marteladas até ficar satisfeito com sua obra e enfiá-la novamente na água. Sora olhou atentamente aquele metal que agora, realmente, parecia uma espada magnífica. Chegou a ficar tentada a pedir pra ele para que pudesse vê-la bem de pertinho, mas ficou ali quietinha olhando fascinada o cuidado daquele homem com sua obra. Foi quando ele virou-se olhando fixamente pra ela com seu olhar não menos assustador. Ela estremeceu de dentro para fora. Quando ele começou a caminhar em sua direção ela tentou se acalmar e não fugir. Então ele deu um sorriso magnífico que mudou completamente seu semblante e disse como uma criança que acabou de ganhar um brinquedo:

    - Eureka! Essa é a única espada no universo capaz de capturar a alma daquele que a empunha usando a força de seu mestre para tomar forma e vencer o inimigo. Apenas eu sou capaz de criar algo assim! Vou chama-la de "Soul armor"! Não é tão criativo, mas ela será sua se você conseguir terminar seu treinamento comigo.

    - Treinamento?

    - Pensei que aqueles dois haviam explicado a você que serei seu mestre a partir de hoje. Eu sou o Mestre Ferreiro. Seja bem vinda à Caverna da Criação. Não vou pegar leve mocinha, é melhor estar preparada.

    - Isso só está piorando. O que falta acontecer agora?

    - Sei que a coisa não está sendo fácil pra você, mas vou tentar simplificar o máximo possível: Você é o ponto de equilíbrio e não está preparada para salvar o universo. Meu dever é fazer com que aprenda o básico da criação.

    - Defina "CRIAÇÂO" Senhor.

    - Até que você está aceitando bem as coisas.

    - Não é querendo insultar, mas nos últimos dias nada mais me surpreende.

    - Que tal isto?

    Ele estendeu a mão direita e uma bola que parecia um tipo de metal apareceu flutuando sobre a mão dele. Derrepente ela materializou-se numa enorme foice que ao ser tocada foi transformando-o. Uma roupa preta como um sobretudo de capuz que cobria-lhe a cabeça e todo o corpo. Ela olhou aquilo quase paralisada de surpresa. Ele parecia a idealização da morte bem na sua frente.

    - Ok. Parece que ainda existem algumas coisas que podem me surpreender. Mas o que exatamente é isso? Concurso de Cosplay?

    - Pensou que fosse a única que pudesse se transformar? A verdade é que a maioria dos seres possui a capacidade de transformar-se, mas o poder dorme dentro de cada um e não pode ser despertado facilmente.

    - Quer dizer que eu já nasci com esse poder?

    - Todos possuem algum poder. Você foi escolhida porque possui as características corretas. E você precisa treinar para que suas personalidades cresçam em harmonia. Eu vou treiná-la para isso. Para que você evolua positivamente. Em alguns mundos eu sou conhecido como "A morte". Isso é apenas um apelido por causa da minha habilidade de manipular e guiar espíritos. Fui escolhido para ajudar os espíritos a se "desprenderem" dos corpos quando chega a hora de partir. Mas, possuo muitas outras habilidades. E você conhecerá muitas delas aqui.

    - Quer dizer, que você é mesmo a Morte?

    - Pode me chamar de Mestre daqui pra frente.

    - Egocêntrico...

    - Disse alguma coisa?

    - Não... Estava apenas falando sozin...

    Quando Sora ainda nem tinha terminado de falar, sentiu o corte da foice em sua garganta. O sangue escorria por seu corpo e ela colocou as mãos sobre o ferimento tentando entender porque El tinha feito aquilo. A dor era terrível e ela mal conseguia respirar. Aquilo deveria ser alguma ironia mesmo do destino, porque a morte estava querendo matá-la e literalmente a morte, ali em sua frente, parada, estática e olhando fixamente e friamente para ela.

    - Por quê?

    - Sora, a morte é somente algo que assombra o coração das pessoas. Isso na verdade não existe. Como eu disse, eu sou responsável por guiar os espíritos e ajudar-lhes a se desprenderem de seus corpos físicos. Eu não mato ninguém. Concentre-se. Isso não é nada para alguém como você. Concentre-se em curar o ferimento. Pense apenas que é algo que pode ser revertido. Aliás, pense apenas que é algo que simplesmente não aconteceu. Você tem um poder imenso. Aceite esse poder e use-o a seu favor. A não ser que você queira mesmo morrer.

    Ela já estava de joelhos e sua visão escurecia. Naquele momento ela não havia decidido se queria simplesmente morrer e deixar tudo isso de lado ou se queria viver. E a morte continuava olhando-a fixamente e friamente enquanto o sangue escorria por seu corpo.

    Continua...


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