Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.
O CASAMENTO
Chiisana Hana
Capítulo I
Há três dias os cavaleiros de bronze estão na UTI do Hospital da Fundação GRAAD. Shun, apesar da aparência frágil, é o primeiro a se recuperar e ir para a casa de Saori e, com ela, vai todos os dias visitar os demais cavaleiros. O estado de Ikki é considerado gravíssimo, o que deixa Shun desolado.
(Shun, no hospital, olhando Ikki através do vidro da UTI) Ikki, meu irmão, se você morrer eu vou ficar sozinho. Não é justo! O que vai ser de mim? Como é que vai ser isso? (e ele chora, chora, chora...) Não morre, por favor, não morre.
(Saori, puxando Shun pelo braço) Vem, Shun. Ele vai viver. Tenho certeza. (pensando) Só não sei como ele vai ficar. Pode ser que fique com alguma seqüela e vai ser culpa minha. Não, não quero nem pensar nessas coisas.
(Shun, enxugando as lágrimas) Se você diz...
(Saori, meio insegura) Já disse que tenho certeza.
(Shun, chorando de novo) Mas já se passaram três dias! Shiryu e Hyoga reagem bem aos tratamentos enquanto Ikki e Seiya não têm melhora alguma! Isso está me matando, sabia? Não agüento mais.
(Saori, ligeiramente irritada) Tenha paciência! É difícil para todos! Marin e Seika estão aqui para cuidar de Seiya, e Shunrei está vindo para ficar com Shiryu. Você acha que é fácil para elas? Você acha que é fácil para mim?
(Shun, enxugando as lágrimas) Desculpe. Sei que não é fácil, mas o que vai acontecer com o Ikki? Não podemos ressuscitar a Esmeralda e trazê-la aqui.
(Saori, ainda um pouco irritada) Ikki tem um irmão que o ama. Acho que isso é o bastante. Vamos ver Hyoga. Esse sim não tem ninguém.
(Shun, envergonhado) É verdade. Estou sendo egoísta.
No quarto de Hyoga...
(Shun, sorrindo) Bom dia, Hyoga! Como vai?
(Hyoga) Estou melhor, Shun. Já retiraram aqueles tubos horríveis e parece que terei alta em poucos dias. Acho bom mesmo! Não agüento mais essa cama de hospital.
(Shun) Eu também não gostei.
(Hyoga) E a comida também é péssima!
(Shun) É verdade!
(Saori, meio irritada) Rapazes! Não reclamem, ok? Hyoga, quando você for lá pra casa eu mando prepararem os pratos que você gosta.
(Shun) Eu não recebi essa mordomia!
(Saori, muito irritada) Você só come salada! (séria) Desculpem... estou muito nervosa. Vou deixar vocês a sós. (saindo do quarto) Preciso falar com o Tatsumi. Até mais tarde.
(Shun) Até. (após ela sair) O que deu nela?
(Hyoga) Ela está assim porque o Seiya está na pior, Shun.
(Shun) É, né?
Ao sair do quarto de Hyoga, Saori encontra Tatsumi no corredor. Ambos vão até a UTI onde Shiryu está.
(Saori, preocupada, olhando Shiryu através do vidro) Tatsumi, tem certeza que mandou buscar Shunrei?
(Tatsumi) Sim, Srta. O helicóptero partiu para Rozan ontem.
(Saori) E por que ela ainda não chegou? Será que aconteceu alguma coisa?
(Shunrei, tocando o ombro de Saori) Bom dia, Srta. Kido.
(Saori, alegre) Ah, Shunrei! O que houve? Você demorou.
(Shunrei) O helicóptero não podia decolar por causa do mau tempo. Felizmente, correu tudo bem na viagem. (emocionada, olhando Shiryu através do vidro) Como ele está?
(Saori) Falei com um dos médicos ontem. Parece que ele reage bem aos tratamentos, mas não sei maiores detalhes. O médico que está cuidando dele poderá lhe informar melhor. (autoritária, para Tatsumi)Procure o médico responsável pelo Shiryu!
(Tatsumi) Sim, Srta. Saori!
(Shunrei, segura, para Saori) Tenho certeza de que ele vai ficar bom logo.
(Saori) Com você por perto, eu também acredito nisso. Nas outras vezes (tom culpado) em que você esteve aqui eu não percebi que sua relação com Shiryu era tão forte... (tentando falar naturalmente)Preciso ir. Tem um quarto preparado para você lá na minha casa e meus motoristas estão 24 horas à disposição de Seika. Você poderá usá-los também. (ao perceber o olhar surpreso de Shunrei) Seika é a irmã de Seiya. Ela estava desaparecida...
(Shunrei) Eu sei. Shiryu falou sobre o desaparecimento dela. Fiquei surpresa porque não sabia que ela tinha sido encontrada.
(Saori) Foi. E sabe onde ela estava? No Santuário! Ela está cuidando do Seiya na terceira UTI desse corredor. Vocês poderão fazer companhia uma à outra. Agora eu já vou.
(Shunrei) Está bem. Obrigada por tudo, Srta. Kido (sozinha no corredor, olhando Shiryu através do vidro) Graças a Deus ele está vivo. Eu tinha tanto medo de que ele não agüentasse...
(Médico, aproximando-se dela) Você é da família do rapaz, mocinha?
(Shunrei) Sim. Como ele está?
(Médico) Teve ferimentos muito graves, um corte enorme no pescoço, perdeu muito sangue, mas vai sobreviver.
(Shunrei) Posso entrar lá? Queria ficar perto dele. Por favor!
(Médico) Você vai ter que vestir uma roupa especial e não pode demorar muito lá dentro.
(Shunrei, emocionada) Ah, obrigada! Eu juro que fico quietinha! Juro! Só quero ficar perto dele!
(Médico, sorrindo) Está bem...
Shunrei retorna já devidamente vestida com a roupa especial e entra na UTI.
(Shunrei, emocionada, tocando levemente o rosto de Shiryu) Rezei tanto para que você sobrevivesse. Tenho certeza que também dessa vez você pôde sentir minhas preces. Talvez você não esteja me ouvindo agora, mas tudo que eu pedia a Deus era que Ele me trouxesse você de volta com vida, não importava de que jeito. Bastava que estivesse vivo. Eu cuidaria de você pelo resto da minha vida, mas para isso você tinha que voltar vivo. Eu te amo tanto, Shiryu. Tanto. Perdê-lo para sempre seria uma dor insuportável.
Seika, a irmã que Seiya procurava desde que voltou de seu treinamento na Grécia, está com ele na UTI. No início, ela estava meio desorientada por causa da perda da memória. Agora, já lembra de tudo e cumpre com carinho sua missão de cuidar do irmão mais novo. Passa os dias no hospital, esperando ansiosamente por algum pequeno sinal de melhora de Seiya. Marin veio da Grécia com ela e também tem passado bastante tempo no hospital. Mesmo agora, que já se sabia quem era a verdadeira irmã de Seiya, ela ainda se sentia tão próxima de seu discípulo como se ele fosse alguém de sua família. Saori e Minu também visitam o rapaz várias vezes ao dia. Shina também está no Japão e, sorrateiramente, aproveita os poucos momentos em que Seiya fica sozinho para vê-lo. Um dia, no entanto, seu esquema de visitas falha e ela é descoberta por Marin.
(Marin, irritada, segurando o braço de Shina) O que é que você está fazendo aqui?
(Shina, assustada) Me deixa! Não se meta na minha vida!
(Marin) Por que você veio pra cá? Está querendo machucar o Seiya?
(Shina) Não seja imbecil! Eu não vou fazer nada contra ele porque eu...
(Marin) Você o quê? Fala!
(Shina) Você sabe...
(Marin) Fala!
(Shina) Eu o amo...
(Marin, soltando o braço de Shina) Ah, isso eu já sabia. Só queria ouvir você falar com todas as letras.
(Shina) Idiota!
(Marin) Não me ofende, tá? Olha, você não precisa vir aqui escondida. Você pode vir comigo.
(Shina) Não! Nem pensar!
(Marin) Deixa de ser teimosa! Você vem comigo! A gente evita encontrar a Srta. Saori e fica tudo certo. Você deve saber que ela tem uma quedinha pelo Seiya. É melhor vocês duas não se encontrarem.
(Shina) Eu não faria nada com ela! Ela é Athena! Eu sou só uma amazona de prata.
(Marin) Mesmo assim é melhor evitar o encontro.
-C-H-I-I-
Dois dias depois.
Segundo cavaleiro a sair do hospital, Hyoga também se hospeda na mansão Kido. Lá ele utiliza seu tempo livre para pensar e retomar os exercícios devagar. Também faz longos passeios pelo imenso jardim e, às vezes, senta embaixo de alguma árvore para ler um livro. Em vários desses passeios, ele encontra Shun choramingando.
(Hyoga, andando e olhando o jardim atenciosamente, pensa) Gostaria que minha mente e meu coração estivessem em paz como esse jardim... (ao encontrar Shun mais uma vez, ele pensa) Meu Deus! Mas ele só chora! (falando com Shun) Pára com isso. Vai dar tudo certo. O Ikki vai sair logo do hospital. (pensando) Se ele tivesse de morrer já tinha morrido...
(Shun, chorando) Você não pode imaginar como está sendo difícil para mim.
(Hyoga, abraçando Shun) Ah, eu posso imaginar sim. Mas não dá pra ficar só chorando, né, Shun?
(Shun, enxugando as lágrimas) Você fala isso, mas ainda chora a morte da sua mãe todos os dias.
(Hyoga, um tanto magoado) É diferente. O Ikki não morreu, tem chance de ficar bom. E minha mãe, o que tem?
(Shun) Está bem. Desculpe. Não vou mais chorar. Eu estava pensando que seria bom se a gente fosse ao orfanato se distrair brincando com as crianças. O que você acha?
(Hyoga) É uma boa idéia.
(Shun) Podemos ir depois do almoço?
(Hyoga) Claro. Vou ligar para Eiri e avisar que nós vamos dar uma passada lá.
Após o almoço, Eiri os recebe no orfanato.
(Eiri, muito entusiasmada) Hyoga! Shun! Que bom ver vocês!
(Hyoga e Shun, ao mesmo tempo) Oi, Eiri.
(Eiri) Hyoga, estou muito feliz porque você já se curou. Fui visitá-lo no hospital, mas acho que você nem lembra.
(Hyoga) É, não lembro. De qualquer forma, obrigado pela visita.
(Shun, saindo impaciente) Eu vou brincar com as crianças. Você não vem, Hyoga?
(Hyoga) Daqui a pouco, Shun.
(Eiri, um pouco envergonhada) Já faz tempo que não conversamos, não é?
(Hyoga, tentando parecer distraído) Aconteceram tantas coisas que acabamos nos desencontrando.
(Eiri) E o que você pretende fazer agora que tudo acabou?
(Hyoga) Vou voltar para a Sibéria. Só fico aqui no Japão até que todos saiam do hospital. Volto para a minha terra logo depois.
(Eiri, bastante envergonhada) E o que você vai fazer amanhã à noite?
(Hyoga, surpreso) Hã? Eh, não planejei nada especial.
(Eiri) Que tal irmos ao cinema? Tem um filme ótimo em cartaz!
(Hyoga) Pode ser. Preciso mesmo me distrair.
(Eiri, muito feliz) Ótimo! Então eu passo na mansão Kido amanhã às seis! Não se atrase!
(Hyoga) Eiri! Sou eu que devo ir buscá-la e não você a mim! Eu passo aqui amanhã! E não vou me atrasar!
Hyoga vai brincar com as crianças. Estampando um largo sorriso no rosto, Eiri dirige-se aos que não estão participando da brincadeira, controlando-se com muito custo para não sair pulando de alegria.
(Hyoga, pensando) Como ela é direta! Mas talvez seja mesmo bom ir passear um pouco.
(Shun) Pensei que você ia ficar o tempo todo lá com a Eiri.
(Hyoga) E se eu ficasse? Algum problema?
(Shun) Não, claro que não.
(Hyoga) Ela me convidou pra ir ao cinema amanhã.
(Shun, sorrindo maroto) O amor está no ar?
(Hyoga) Acho que não. Muita coisa aconteceu em pouco tempo na minha vida. Minha cabeça está confusa. Eu gosto da Eiri, mas creio que não é o suficiente para chamar o que eu sinto de amor.
(Shun) Sem querer me meter, mas já me metendo, eu acho que você combinava mais com a irmãzinha da Hilda.
(Hyoga) Que nada. Chega desse papo. O que você estava fazendo com as crianças?
(Shun) Ah, vamos jogar vôlei. Vai lá pro outro time para equilibrar.
(Hyoga) Vou mesmo. Seu time contra o meu, é? Você não vai ter chance!
(Shun) Vamos ver!
Jabu acaba de chegar ao orfanato.
(Jabu, para Eiri) Humf... Esses dois agora estão se interessando pelas crianças?
(Eiri, ligeiramente irritada) O que tem de mais?
(Jabu) Nada.
(Eiri) Eu acho ótimo que eles venham brincar com as crianças. Isso aqui está uma loucura. A Minu vai ver o Seiya no hospital umas três vezes por dia e quando está aqui pode ter certeza que a cabeça dela está lá com ele.
(Jabu) Não sei o que ela vê nele. Aliás, não sei o que as três vêem naquele otário magricela metido a todo-poderoso.
(Eiri) Três? Que três?
(Jabu, irônico) Nada. Esquece. Você está adorando ter o Hyoga por perto, né?
(Eiri) Estou mesmo! Vamos sair amanhã.
(Jabu, irônico) É... que ótimo... (pensando) Essa aí vai se ferrar com esse loirinho antipático, individualista e problemático. Coitada.
Mais tarde.
Shun e Hyoga vão embora do orfanato. Antes, concordam em repetir esse programa todos os dias logo após irem ao hospital ver os irmãos. Ao brincar com as crianças eles podem esquecer, ao menos por alguns momentos, que passaram por todas aquelas batalhas sangrentas.
-C-H-I-I-
Dia seguinte.
Hyoga e Shun acabam de voltar de mais uma visita ao orfanato e vão direto para a cozinha. Lá, Tatsumi conversa com uma empregada.
(Tatsumi) Daqui a pouco a Srta. Saori vai abrir um asilo aqui na mansão. É um absurdo! E ainda enche esses moleques de mordomia! Tudo bem que eles são os cavaleiros dela e que a protegem, mas ela parece nem se lembrar que eles são só uns filhos bastardos do Sr. Kido! Eles são aqueles moleques do orfanato e...
(Hyoga, interrompendo) E? O que você disse, Tatsumi?
(Tatsumi, assustado) Ah, nada, Sr. Hyoga.
(Hyoga, irônico) Que bom. Pensei que você estivesse falando de nós.
(Tatsumi, assustado) Não, eu não faria isso.
(Hyoga) Assim espero. Em todo caso, se eu pegar você falando mal da gente, congelo sua língua. Eu congelaria seu cérebro, se você tivesse um.
(Tatsumi, pensando) Moleque ordinário. Continua um moleque ordinário! Que ódio!
(Shun, para Hyoga) Não precisava ter dito isso. Ele não faz por mal.
(Hyoga) Você tem que parar com essa mania de achar que todo mundo é inocente! Isso ainda vai acabar com você, Shun!
(Jabu, entrando na cozinha) Aí, vocês estão sabendo que o Mestre do Santuário vai fazer uma visita relâmpago à Srta. Saori?
(Shun e Hyoga) O Mestre? Que Mestre?
(Jabu) O novo Mestre do Santuário! Está todo mundo louco pra saber a identidade dele! Só se sabe que é um dos dourados, como manda a regra, mas qual deles?
(Hyoga) Deve ser Dohko, o Mestre de Shiryu.
(Shun) Será?
(Hyoga) É o óbvio! Vocês dois não pensam, não? Dohko é o cavaleiro dourado mais antigo e agora que a missão dele de vigiar o selo de Hades acabou, ele só pode ter sido elevado ao posto de Grande Mestre.
(Jabu) Faz algum sentido, mas eu ainda continuo achando que o Shaka é novo mestre.
(Shun, olhando pela janela) É, Hyoga, seu raciocínio foi perfeito. Lá vem o Dohko!
(Hyoga, indiferente) Eu não disse? Eu sempre estou certo.
(Jabu, pensando) Imbecil convencido. Só porque acertou essa não quer dizer que acerte sempre.
Na entrada da Mansão, Saori recebe Dohko. Os dois precisam cuidar de questões práticas como a reconstrução do Santuário que agora não passa de um monte de ruínas.
(Dohko, fazendo uma reverência) Athena.
(Saori, sorrindo e dirigindo-se à biblioteca da Mansão) Dohko! Entre, por favor. Você é fantástico! Mais de duzentos anos e corpinho de dezoito!
(Dohko, acompanhando a garota) Athena, você conseguiu me deixar encabulado.
(Saori) É só para descontrair um pouco. Estou precisando dizer coisas alegres. Conte como estão as coisas no Santuário.
(Dohko) Já começou a reconstrução. Creio que em um ano tudo estará melhor do que o que era antes.
(Saori) E como estão os cavaleiros de ouro?
(Dohko) Recuperam-se bem, não se preocupe com eles. E Mu fará um ótimo trabalho com as armaduras danificadas, inclusive a minha. Enquanto isso, estão todos lá para defender o Santuário, ou o que restou dele.
(Saori, displicente) Não creio que haja algum perigo agora.
(Dohko, muito sério) Nunca se sabe.
(Saori, assumindo uma postura séria) Você pressente alguma coisa anormal?
(Dohko) Algo muitíssimo remoto. Pode demorar anos ou mesmo séculos para acontecer. Por isso quero manter os treinamentos de novos cavaleiros. Muitas armaduras estão sem dono. Os meninos de bronze praticamente acabaram com a estirpe de prata.
(Saori) É verdade!
(Dohko) Athena, tem uma coisa que acho imprescindível fazer.
(Saori) O quê?
(Dohko) Abolir o uso das máscaras das amazonas
(Saori, surpresa) Não seria um trauma para elas terem de expor seus rostos depois de tanto tempo escondendo-os?
(Dohko) Para algumas talvez, mas garanto que a maioria vai adorar poder exibir seus belos rostos e respirar livremente sem algo que lhes bloqueie o nariz. As máscaras continuam a ser usadas hoje em dia simplesmente por uma questão de tradição e, na minha opinião, funcionam muito mais como um fetiche que como uma coisa que esconda a identidade e a feminilidade delas.
(Saori) Você tem razão. De que adianta esconderem os rostos se os corpos torneados são exibidos em malhas justíssimas? Então, que sejam abolidas as máscaras.
(Dohko) Ótimo! Ah, tem mais uma coisa. Vou fundar uma escola dentro do Santuário para que as crianças em treinamento recebam aulas normais além das lições de seus mestres. Andei pensando nisso por causa da dificuldade que eu sei que os garotos de bronze vão enfrentar agora para retomarem suas vidas. Como você sabe, eles nunca foram à escola e se algum deles quiser estudar agora vai sofrer. Não só eles, os dourados também. Mas claro que isso não vai ser agora. Apenas quando o Santuário estiver devidamente reconstruído.
(Saori, rindo) Dohko, você devia se candidatar à presidência de algum país!
(Dohko) Nada! Apenas quero deixar o Santuário bem organizado para entregá-lo ao meu sucessor.
(Saori, entusiasmada com o assunto) E você já escolheu alguém?
(Dohko) Tenho pensado muito nisso. Acho que nunca tivemos tantas opções excelentes, mas somente observando com calma é que poderei decidir. Essa escolha não pode ser precipitada.
(Saori) Mu, Aiolia e Shaka são as opções?
(Dohko) Mais ou menos. Mu tem qualidades indiscutíveis, é discípulo de Shion e mestre de Kiki. Esse menino, aliás, será um ótimo cavaleiro. É poderoso, perspicaz e tem uma língua afiadíssima. O problema é que Mu nunca permaneceu muito tempo no Santuário, não conhece como aquele lugar funciona. E nesse sentido, Aiolia é imbatível. Nasceu lá, conhece tudo muito bem. Sua personalidade impulsiva, no entanto, pode ser um problema. E de qualquer forma, ele manifestou a vontade de ter um discípulo e treinar um novo cavaleiro toma muito tempo. E Shaka, o que posso dizer dele? É um predestinado, reconhecido por muitos como a reencarnação de Buda, tem experiência com discípulos, é muito forte, equilibrado, sábio, um quase-santo como o chamam. E talvez seja esse o pior defeito dele no que se refere ao cargo de Grande Mestre. Perfeição e santidade demais são indesejáveis quando é preciso lidar com as vidas de humanos imperfeitos.
(Saori) Por Zeus! Essa vai ser uma escolha dura.
(Dohko) E ainda tem mais uma pessoa que eu considero um forte candidato...
(Saori, surpresa) Outra pessoa?
(Dohko) Sim. Tenho observado o comportamento dessa pessoa e, principalmente, o modo como as outras pessoas o vêem. Isso é muito importante. Não basta ser respeitável, tem que ser respeitado. Essa pessoa é admirada por todos aqueles que já lutaram com ele...
(Saori) Seria a mesma pessoa que Nikol(1) andou elogiando em determinada ocasião?
(Dohko) Sim.
(Saori) Puxa, estou realmente surpresa. Bom, os quatro são excelentes, cada um do seu jeito, mas eu gostaria que você ficasse no comando do Santuário por muito tempo.
(Dohko) Eu aceitaria somente se não houvesse boas alternativas. Athena, não se engane com minha aparência. Os anos que vivi não pesam nas costas porque esse corpo está novinho em folha, mas pesam muito sobre minha mente. Preciso de algum tempo de descanso, de um pouco de vida normal. Não conte a ninguém, mas logo vou me dedicar somente ao papel de avô babão.
(Saori, chocada) Avô?
(Dohko) É! Dos filhos que Shiryu vai ter com Shunrei!
(Saori) Ah, mas isso ainda deve demorar!
(Dohko) Não vai, não. Posso garantir. Conheço Shiryu.
(Saori) Se você diz...
(Dohko) É. Agora tenho de ir, Athena.
(Saori) Por que não fica para o jantar?
(Dohko) Obrigado pelo convite, mas prefiro voltar logo ao Santuário.
(Saori) Está bem! Quando for possível irei ao Santuário ver a reconstrução e os novos discípulos. Quem sabe até posso levar os rapazes e fazer uma bela festa lá? Ia ser ótimo para alegrar os cavaleiros de ouro!
(Dohko) Vou cobrar essa festa!
(Saori) Pode cobrar!
O Mestre vai embora e, mais tarde, Saori dá lição de moral em Shun, Hyoga e Jabu.
(Saori) Muito bonito, hein? Estavam tentando ouvir minha conversa com o Mestre! Pensam que eu não sei que vocês estavam com as orelhas grudadas na porta?
(Shun, choroso) Desculpa, Saori. Queríamos só saber o que ele veio fazer aqui.
(Saori) Não foi nada relacionado a vocês.
(Jabu) Para quê tanto mistério, senhorita?
(Saori) Nenhuma razão especial. Agora cuidem de suas vidas que eu vou cuidar da minha.
(Hyoga, pensando) Vai é cuidar do Seiya.
Mais tarde, Hyoga encontra Shun chorando na escada.
(Hyoga, irritado) O que foi agora?
(Shun, chorando) Nada não.
(Hyoga) E por que você está chorando de novo?
(Shun) Já disse que não foi nada.
(Hyoga) Ah, enxuga essas lágrimas, ok? Não dá pra ficar sempre nesse chororô. Já falei isso mais de mil vezes. Já estou perdendo a paciência com você.
(Shun, enxugando as lágrimas) Está certo.
(Hyoga, pensando) Pelo menos a pessoa por quem ele chora ainda está viva, ainda tem uma chance. Minha mãe não pode voltar para mim. Só me restam esses meus meios irmãos... (para Shun) Agora vou ter de subir, certo? Vou sair com a Eiri hoje, lembra?
(Shun) Ah, sim.
Continua...