Os personagens de Saint Seiya pertencem a Masami Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.
MIT DIR
Chiisana Hana
Beta-reader: Nina Neviani
Consultoria para assuntos asgardianos, dramáticos e geográficos: Fiat Noctum
Capítulo 1 - Princesas?
Hospital de Narvik, Noruega.
? O que temos? ? uma médica pergunta à enfermeira, caminhando apressada para o centro cirúrgico, devidamente paramentada.
? São oito feridos, em estado muito grave, doutora ? explica a enfermeira.
? Oito? ? surpreende-se a médica. ?O que houve? Caiu um avião?
? Os ferimentos não parecem ser de acidente. Duas moças vieram com eles. São de Asgard.
? Asgard? Asgard não existe! ? ela afirma e abre um sorriso sarcástico. ? É só um reino mitológico.
? Pois eu acho que existe. E as moças dizem que são as princesas de lá. Devem ser mesmo, pois chegaram de helicóptero!
? Era só o que me faltava. Oito feridos vindos de um reino que nem existe. Você disse que estão todos em estado grave?
? Sim. Já mandei preparar os três centros cirúrgicos e chamei os médicos que estavam de folga. Mesmo assim não conseguiremos fazer todas as cirurgias ao mesmo tempo.
? Bom, vamos abrir primeiro os que estão em pior estado. Os outros podem esperar. Ou não.
-M -I -T -D -I -R -
Horas depois.
Na sala de espera, Hilda e Freya estão sentadas no sofá, a irmã mais nova deitada com a cabeça apoiada no ombro da mais velha. Uma enfermeira se aproxima.
? Senhoras, acabaram as primeiras cirurgias ? ela explica. ? Agora vão começar a fazer a dos que estavam esperando.
? Ah, como eles estão? ? Hilda pergunta, aflita.
? Não podemos afirmar que vão ficar bem. A situação é muito, muito delicada. Senhora, o que houve com eles? Nunca vimos nada parecido.
? Uma guerra ? Hilda diz, sem conter as lágrimas.
? Guerra? Não sabia que havia uma.
? Não poderia mesmo saber ? Hilda diz, com o olhar distante, lembrando-se dos fatos ocorridos há pouco em sua terra. ? Uma guerra. E por minha causa.
? Uma guerra por você, como a guerra de Tróia foi por Helena? ? a enfermeira pergunta animada com a ideia.
? Não, não foi nada disso ? Freya diz, enxugando as lágrimas da irmã. ? E a culpa não foi sua. Enfermeira, pode me dizer como o Hagen está?
? Hagen? ? a enfermeira questiona, sem compreender. ? Não sabemos quem são. Aliás, gostaria que as senhoritas preenchessem as fichas dos pacientes. Com essa confusão de gente ferida, acabei esquecendo.
? Hagen é o que estava de armadura vermelha e prata ? Freya explica.
? Ah, sim. Aquela coisa que ele vestia o protegeu um pouco da hipotermia, mas as mãos...
? O que têm? ? preocupa-se Freya.
? Os dedos ficaram em contato direto com o gelo por tempo demais. A médica acha que será necessário amputar alguns.
? Faça o que for preciso, desde que consigam salvar a vida dele, está tudo bem ? Freya afirma entristecida, porém certa de que o que importa é que ele sobreviva.
? Claro. Bom, aqui estão as fichas. Preencham, por favor. Enquanto isso, vou ver se temos novidades no centro cirúrgico.
? Obrigada ? Hilda agradece.
? Hilda, o que vamos fazer? ? Freya pergunta. ? Não podemos ficar aqui nesse hospital, precisamos de roupas e dinheiro. Saímos com tanta pressa que nem pegamos nada. Os guerreiros-deuses também vão precisar de roupas quando tiverem alta. Porque eles vão sair dessa situação, eu tenho certeza.
? Eu ainda não tinha pensado nisso, querida. Realmente não sei o que fazer.
? Bom, vamos cuidar logo dessas fichas. As cirurgias ainda devem demorar. Depois pensamos juntas no que faremos.
-M -I -T -D -I -R -
Mais algumas horas depois e uma das médicas que operou os guerreiros-deuses vem falar com Hilda e Freya.
? Boa noite. Sou a Dra. Ann Dagsland, chefe do setor de cirurgia do Hospital Municipal de Narvik, uma das cirurgiãs que acabou de operar os senhores feridos. Vocês são da família deles?
? Não. Eles são da nossa guarda pessoal. ? Hilda diz, sem perceber o quanto a frase soa incomum.
? Guarda pessoal? ? a médica questiona, intrigada.
? É. Sou Hilda, a princesa e sacerdotisa de Asgard e esta é a minha irmã, Freya.
? Então é verdade, Asgard existe e tem até uma princesa com guarda pessoal? ? a médica diz, um pouco sarcástica.
? Isso mesmo ? Hilda responde, ignorando o sarcasmo. Não estava em condições de discutir com quem quer que fosse. ? Como eles estão?
? Bom, me acompanhem até a UTI para identificá-los e eu vou explicando a situação de cada um.
? Claro.
? Ah, me diga uma coisa, como devo tratá-la? Alteza? ? Ann indaga, ainda sarcástica.
? Me chame pelo meu nome: Hilda.
? Pois não ? Ann ri.
Defronte à UTI, Hilda e Freya identificam os guerreiros-deuses um por um. A médica explica o procedimento médico que utilizara em cada um deles.
? Bom, o senhor Bado é o único que não corre mais risco de vida, só precisa ficar na UTI em observação. Já, já ele sai. Até porque esse tempo na UTI custa uma fortuna para o Estado. O gêmeo dele é que está bem mal, mas talvez psobreviva. O trauma na cabeça foi bastante sério e pode ser que ele fique com alguma sequela importante, mas só vou saber ao certo em alguns dias. O que atende pelo nome de Mime também não está muito mal. Conseguimos controlar a hemorragia interna e tratar a hipotermia, mas ele precisará ficar em tratamento intensivo por uns bons dias. O do cabelo pintado de rosa, o que é muito gay por sinal, está péssimo. Conseguimos controlar a hemorragia interna, mas o baço já era. Não sei se ele aguenta. O tal de Fenrir está numa fria. Conseguiu a proeza de fraturar os dois fêmures. E fratura exposta num deles. Colocamos uns parafusos nele. Vai sobreviver, mas ainda temos que ter extremo cuidado para não haver necrose nos tecidos, depois teremos de cuidar para os músculos não atrofiarem. Ele vai ter que fazer muita fisioterapia e mesmo assim, com as duas pernas quebradas não vai andar nem tão cedo. Vai precisar de ajuda pra tudo. Aliás, acho bom vocês duas irem se preparando para cuidar dele quando ele for para a enfermaria. As enfermeiras não vão ficar de plantão lá. Vão ter que dar comida na boquinha, ajudá-lo a fazer xixizinho... Hehehe!
? Ajudar a...? ? Hilda pergunta, envergonhada.
? É, isso mesmo. Enfermeira é para outras funções. A parte do xixizinho é com as acompanhantes, no caso, vocês. Continuando, o grandão teve uma lesão enorme no abdome, abrimos e o dano interno não foi tão sério quanto esperávamos. O maior risco que ele corre agora é o de ter alguma infecção. O loirinho bronzeado, aliás, uma pergunta: como ele se bronzeou tanto em Asgard? Asgard não é tipo, gelado pra caramba? Bom, esse não está muito arrebentado, mas chegou com uma hiportemia de dar medo.
? Vai amputar os dedos dele? ? Freya pergunta, aflita.
? Hum... a enfermeira já lhe contou? Bom, dois dedos estão em péssimo estado. Estamos tentando evitar a necrose, mas caso não consigamos, vamos amputar e pronto. Mas sem estresse. Tanta gente vive sem os braços, dois dedinhos não farão falta.
? E por último, senhor Siegfried. Esse é o que está pior. Sofreu duas paradas cardíacas, conseguimos reanimá-lo, mas não sabemos como ele ficará. Ele é duro na queda, hein? E que queda. Ele caiu de que altura? Do céu? Se não estivesse com aquela armadura, teria se espatifado no chão. Bom, ele tem algumas fraturas e o dano nos tímpanos é irreversível, ok? Vai ficar surdo como uma porta.
Hilda estava se irritando com a falta de sensibilidade da médica ao falar dos pacientes como se fossem pedaços de qualquer coisa, e quando ela começou a falar de Siegfried, a princesa de Asgard não aguentou ficar calada:
? Escuta aqui, por que fala deles assim com esse ar displicente? ? ela indaga, sem paciência para as ironias da médica. ? São pessoas!
? Quer que eu chore por eles? Eu estou fazendo o meu trabalho, não estou aqui pra me compadecer de ninguém. Se eu for chorar por cada paciente, não vou ter mais lágrimas. Agora voltem para suas casas, que é o que eu vou fazer. Essa história de princesas de Asgard não colou. É mais fácil vocês terem vindo de um baile à fantasia. E que baile violento! Eles não vão sair da UTI nem tão cedo e eu não quero vocês zanzando pelo corredor.
-M -I -T -D -I -R -
Vinte e quatro horas depois.
Dra. Ann acaba de voltar ao hospital. Passa por Hilda e Freya e nota que ainda estão com as mesmas roupas do dia anterior e parecem mais abatidas.
? Bom dia ? a médica cumprimenta as duas. "Se são mesmo princesas e chegaram de helicóptero," pensa a médica, "o que ainda estão fazendo aqui, com a mesma roupa? São malucas, isso sim. É cada uma que me aparece."
? Bom dia, doutora ? as irmãs respondem.
? Vou ver como eles estão e já trarei notícias.
? Obrigada.
A médica retorna cerca de vinte minutos depois.
? Estão estáveis, exceto o senhor Siegfried.
? Oh, meu Deus, Siegfried ? Hilda murmura abraçando Freya. ? Odin está me castigando através de Siegfried. Isso não é justo.
Ann não entende o comentário e continua:
? Bom, senhoras, tudo que lhes resta a fazer é esperar. E de nada adianta ficarem aqui o tempo todo. Já disse para irem pra casa.
? Nós não temos para onde ir ? Freya diz.
? Como não têm se são princesas? ? a médica pergunta com ironia.
Hilda explica a situação:
? Saímos de Asgard pensando unicamente em salvá-los. Não pegamos dinheiro, nem roupas, nem nada.
? É só ir buscar de helicóptero, não?
? Aqueles helicópteros não eram nossos e já partiram ? Hilda diz e completa, irritada: ? Você não acredita que somos de Asgard, não acredita em nada do que dissemos, então por que fica nos perturbando com seu sarcasmo? Não precisamos de gracinhas numa hora como essa. Se não pode nos ajudar, limite-se a fazer o seu trabalho, como você mesma disse ontem.
? Desculpe. Exagerei um pouco. Mas é que essa história é muito maluca. Vocês chegam aqui de helicóptero, com oito feridos graves, dizendo que são princesas de um reino mitológico. Qualquer um duvidaria.
? Tudo bem ? assente a princesa mais velha.
? Bom, disseram que estão sem dinheiro, então devem estar com fome.
? Estamos, sim. Mas vamos dar um jeito.
? Que jeito? Pedir esmolas? O hospital tem uma lanchonete no pavimento inferior. Podem lanchar lá por minha conta.
? Obrigada ? Hilda agradece.
? Eu vou levá-las até lá.
Na lanchonete, Hilda e Freya pedem apenas um sanduíche e um suco.
? Estão há mais de trinta horas sem comer e vão pedir só isso?
? Não queremos abusar de sua boa vontade ? diz Hilda.
? Não vão abusar. Peçam mais alguma coisa. Olha, vou ser bem sincera com vocês. Esses oito pacientes vão demorar bastante para se recuperarem. Como pretendem ficar em Narvik? Vão acampar na sala de espera?
? Não sabemos. Só sabemos que não vamos voltar para Asgard sem eles.
? Está bem, está bem. Não vou deixar vocês duas ficarem morando na sala de espera. Vou dar um jeito nisso.
A doutora Ann diz e deixa as duas na lanchonete.
? E agora? ? Freya pergunta, aflita. ? Ela vai nos expulsar daqui! Para onde iremos?
? Acho que ela não vai fazer isso, querida.
? Tomara que você esteja certa. Por via das dúvidas, vou pedir outro sanduíche. Se formos expulsas pelo menos estarei de barriga cheia.
Continua...