Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes
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INCOMPLETOS
Chiisana Hana
Beta-reader: Nina Neviani
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"Eu me perderia se não tivesse você ao meu lado, me sentiria incompleta em minha própria companhia. Sou um livro interrompido e inacabado, sempre esperando por você."
Laura Pausini - Ogni Colore al Cielo
Capítulo I - O salvador
Tóquio.
Primeiros minutos de um novo ano.
- Lembra como foi nosso réveillon dois anos atrás? - ela perguntou, deitada no colo dele, acariciando-lhe o peito desnudo. Estão no confortável, para não dizer luxuoso, apartamento onde ele vive e, lá fora, os fogos acabaram de estourar.
- Sim - ele respondeu. Sabia que aquela sempre seria uma data difícil para ela, mas sentiu-se aliviado por ela ter tocado espontaneamente no assunto.
- No final das contas, apesar da tragédia, vieram recompensas que eu jamais poderia esperar - ela continuou e, olhando-o nos olhos, passou o dedo indicador sobre a face dele, contornando-a. Depois, murmurou como se falasse sozinha:
- "Deus dá o frio conforme o cobertor"
Ele sorriu em concordância e acrescentou:
- Na maioria das vezes, sim.
Ela então pousou a cabeça no peito dele outra vez e disse:
- Graças a Deus agora tenho você.
Ele, por sua vez, abraçou-a com força, beijou-lhe a fronte e corrigiu:
- Graças a Deus temos um ao outro.
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Rozan.
Dois anos atrás.
Pouco antes da meia-noite do dia 31 de dezembro, Shunrei corria de um lado para o outro, acertando os últimos detalhes na decoração da grande mesa preparada para o jantar de réveillon. Trabalhava no restaurante do melhor hotel de Rozan e os hóspedes estrangeiros esperavam essa data ansiosamente. Ela, entretanto, não estava tão empolgada assim, afinal, o ano novo chinês só aconteceria dali a alguns meses, mas queria ver a queima de fogos. Trabalharia até as quatro horas da manhã, reabastecendo a grande mesa com os mais variados comes e bebes e servindo os hóspedes. Normalmente, não ficaria no hotel até tão tarde, mas esse era um caso excepcional. Com o dinheirinho extra que ganharia, planejava dar entrada numa geladeira nova, pois a de casa já caía aos pedaços e tinha tanta ferrugem que, pensava ela, poderia matar alguém de tétano. Ao final do expediente, seu avô viria buscá-la e voltariam para casa.
Os hóspedes movimentavam-se intensamente pelo restaurante, esperando pela queima de fogos que o hotel providenciara somente para agradá-los. Shunrei esquivou-se de seu supervisor e ficou na varanda, aguardando para ver o show pirotécnico. Gostava de ver o céu entrecortado pelas faíscas coloridas e brilhantes, e acreditava que os fogos realmente serviam para sua função original: espantar os maus espíritos.
Quando o relógio marcou meia-noite, eles começaram a estourar. Ela gostava de todos, mas especialmente daqueles que chamavam de "Chuva de Estrelas", pois lhe lembravam a cachoeira em cujas proximidades crescera. Olhou ao redor. As pessoas abraçavam-se, cumprimentavam-se calorosamente, faziam votos de "Feliz Ano Novo" nas mais variadas línguas. Apenas um homem não participava das comemorações. Olhava tudo de longe e sorria. Parecia feliz, mas estava só. Seus olhos pousaram nos dele. Ela sentiu a face queimar, mas sustentou o olhar. Ele disse algo que, no meio de toda aquela balbúrdia, ela não conseguiu entender.
- Shunrei! - alguém chamou, tocando-lhe os ombros.
- Hã? Quê? - ela respondeu aturdida.
- Vamos trabalhar, menina! - uma colega diz. - Se o Mao nos pega aqui, eles nos demite sem pensar.
- Ah, é verdade! - disse ainda meio confusa, acompanhando a colega até a cozinha, mas com o rapaz de cabelos longos no pensamento.
Junto com a colega, ela ajudou a servir o jantar, sempre procurando o rapaz, mas sem encontrá-lo. Quando o último hóspede deixou o restaurante, já passava das três horas da manhã. Ajudou os colegas na limpeza do salão, que deveria estar impecável para o café-da-manhã. Concluíram a limpeza mais de uma hora depois. Ela despediu-se de todos e saiu. O avô já a esperava na porta dos fundos do hotel com seu carro, tão velho e enferrujado quanto a geladeira, pronto para levar a neta de volta para casa.
- Vamos, querida? - ele disse. - A nossa casa não é tão perto assim!
- Sim, vovô. Desculpe ter de fazer o senhor vir me buscar a essa hora, mas esse dinheiro extra vai ser muito útil.
- Eu sei, querida. Não me incomodo de vir buscá-la. Antes vir que deixá-la subir sozinha. Não é bom uma moça andar por aí nessas horas de pouco movimento.
- Aqui não tem perigo, vovô! É uma cidade tranquila.
- Mesmo assim é bom ter cautela. Como foi a festa?
- Bem bonita, mas tão cansativa! Pelo menos para mim, que estava trabalhando! Vamos indo que eu vou contando os detalhes no caminho.
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Suíte 401 do hotel.
Cinco horas da manhã.
Shiryu acordou sentindo-se bem disposto, apesar de ter dormido pouco aquela noite. Vestiu uma calça de moletom, um casaco, calçou um tênis de corrida e saiu. Passar um dia sem praticar qualquer atividade física era algo impensável na vida dele. Sempre fora um atleta e gostava de sê-lo. Desceu pela escada, para começar a aquecer-se. Cumprimentou os poucos funcionários que encontrou pelo caminho e abriu a porta da frente do hotel. Parou e olhou ao redor. A cerração intensa prejudicava a visibilidade de tal forma que ele conseguia ver poucos metros adiante. Alongou-se um pouco e começou a correr. O vento frio congelava-lhe a face. Enveredou-se pela auto-estrada, vazia àquela hora, apenas algumas carroças passando eventualmente. Enquanto corria, pensava nos amigos. Costumavam passar as festas sempre juntos, mas neste ano cada um tinha ido para um lado.
Seiya acabara de se casar com Saori, depois de muitas idas e vindas, e de um noivado de uma década. Agora estavam em Paris, passando a lua-de-mel. Shun tinha viajado à África, para finalmente conhecer a terra de sua namorada, June, uma etíope muito loura, que na verdade tinha ascendência alemã. Ficariam meses lá, fazendo trabalhos voluntários. Ikki fora com ele e levara junto sua nova namorada, mas o casal ficaria pouco tempo ali. Logo seguiriam para o Marrocos. E Hyoga disse que iria à Sibéria visitar o túmulo da mãe, mas todos desconfiavam que ele iria mesmo era a Asgard ver uma certa princesa com quem ele tinha um caso.
Shiryu, que acabara de assinar os papéis da separação, tinha ficado sozinho em Tóquio e, por isso, resolvera viajar também, ainda que sem companhia. Pior seria ficar na cidade e ter que enfrentar a ex-mulher telefonando de meia em meia hora, o que ela certamente faria. Além disso, não queria ouvir os lamentos de todos os colegas da empresa onde acabara de deixar um alto cargo. Quando apresentou sua carta de demissão, no último dia de trabalho do ano, não deu ao chefe motivos concretos. Apenas disse que queria sair. Então, começaram as especulações. Alguns colegas pensaram que tinha ficado maluco, outros começaram a dizer que tinha uma doença terminal e apenas poucos meses de vida, e por isso abrira mão do salário astronômico e do poder que tinha. Outros juravam que ouviram dizer que a empresa concorrente tinha oferecido o dobro para tê-lo em seu quadro de funcionários, o que era uma meia-verdade. Recebera mesmo uma proposta quase indecente, que recusou sem remorsos. A verdade é que tudo que ele queria mesmo era recomeçar, e isso incluía trabalhar menos, livrar-se de um casamento sem amor, dedicar-se mais a si mesmo. Começaria sua empreitada por umas férias. Umas longas e boas férias.
Escolhera a China por causa da sua paixão pela cultura chinesa e pelo kung fu. Praticava a arte marcial desde criança e era conhecido na empresa pelos trajes típicos chineses que gostava de usar. Nada que espantasse os demais, pois já era naturalmente exótico. Tinha olhos azuis, característica raríssima num oriental, o cabelo na altura da cintura, e um imenso dragão tatuado nas costas. O kung fu lhe dera uma elegância fora de série e isso, somado a sua beleza natural, fazia com que não houvesse quem não parasse para vê-lo praticar nos intervalos do trabalho.
Como queria um lugar tranquilo, onde pudesse meditar e pensar no que faria dali adiante, Rozan era perfeita. Lera sobre a região num guia de viagem e se apaixonara de imediato por seu ar sereno. Os Cinco Picos Antigos erguendo-se imponentes, a cachoeira jorrando com força na outra face da montanha, a aparente quietude do lago Poyang, as pessoas indo e vindo pelas intermináveis escadarias que levavam ao topo dos picos, tudo isso o fascinava. Sabia que àquela época do ano, certamente estaria muito frio e talvez até nevasse, mas resolveu ir mesmo assim, e lá estava, fazendo sua corrida matinal. A certa altura da estrada, ouviu um gemido. A cerração diminuíra um pouco e ele já conseguia visualizar parte da floresta que ladeava a estrada. Era uma floresta de árvores baixas, já sem folhas naquele inverno. Apurou o ouvido e outra vez escutou um gemido, agora acompanhado de um pedido de socorro. Tornou a olhar ao redor, e viu um ponto onde havia uma clareira, recém-aberta, ele julgou. Aproximou-se. Era dali que vinha a voz, que agora ele ouvia clara e alta. Embrenhou-se na floresta, descendo o pequeno declive com cautela. O chão era escorregadio e ele acabou caindo e machucando a coxa numa ponta de galho seco. Onde a clareira terminava, viu um carro que havia batido contra uma árvore de tronco muito grosso. Aproximou-se pelo lado do passageiro e viu a moça que pedia socorro. Tinha o rosto ensanguentado e, pelo que ele percebeu, um grande corte no braço. Reconheceu-a de imediato. Era a funcionária do hotel que ele vira na noite anterior.
- Ah, meu Deus! - ele exclamou. - Como você está? Está muito ferida?
- Eu não sei... - ela murmurou. - Estou meio tonta. Meu avô! Socorra o meu avô, eu vou ficar bem.
Ele deu a volta no carro e chegou à porta do motorista. Pela posição do pescoço, incompatível com a posição normal, ele percebeu que já não havia mais nada a fazer pelo homem, mesmo assim, tentou verificar seu pulso. Nada. Retornou para o lado onde estava a moça, respirou fundo, e disse:
- Sinto muito, mas não posso fazer mais nada por ele. Você, entretanto, ainda pode ser salva.
Ela fitou-o fixamente como se procurasse compreender o que ele havia dito. Tentou virar o rosto para o lado do avô e não conseguiu, tamanha era a dor que sentia no pescoço. Então, chorou, não pela dor física, mas pela dor da perda do seu único parente, e as lágrimas misturaram-se ao sangue que escorria do corte em sua testa.
- Preciso tirá-la daí - Shiryu disse, forçando a porta para abri-la, mas sem obter sucesso.
- Deixe-me aqui - ela murmurou, fechando os olhos a seguir. - Minha vida era cuidar do vovô. Agora que ele se foi nada tem mais sentido.
- De jeito nenhum! Vou tirá-la daqui, nem que seja à força! - disse e ela não protestou, apenas fechou os olhos resignada.
Ele tentou novamente abrir a porta. Forçou-a mais algumas vezes até conseguir abri-la. Destravou o cinto de segurança e tentou pegar a moça no colo.
- Sei que não se deve mexer em pessoas acidentadas, mas eu não posso deixá-la aqui. Você precisa ser levada ao hospital.
Ela limitou-se a segurar-se no pescoço dele enquanto ele a tirava do carro. Colocou-a de pé, e, com dificuldade, subiram até as margens da estrada, onde ele pegou-a no colo novamente e começou a andar em direção à cidade. A cerração diminuíra consideravelmente e agora já havia movimento na estrada. Em pouco tempo, um carro encostou perto deles.
- Quer ajuda? - perguntou o motorista do automóvel.
- Sim! Por favor! - Shiryu respondeu. - Ela sofreu um acidente de carro com o avô logo mais atrás. Ele... ele ainda está lá... - disse e abaixou a cabeça.
- Entra aí. Levamos ela pro hospital e lá chamamos alguém para buscar o avô.
Cuidadosamente, ele a colocou no banco de trás do carro e sentou no da frente. Em poucos minutos já estavam no hospital. Médicos e enfermeiros vieram socorrê-la, levando-a para dentro de uma das salas.
- Obrigado por ter ajudado - Shiryu agradeceu e apertou firmemente a mão do motorista que os levara à cidade.
- Não há de quê - ele respondeu. - Bom, agora que a moça está a salvo, vamos embora, não é?
- Não, não. Eu vou ficar mais um pouco. Quero ter notícias dela.
- Certo. Então até outro dia.
- Até.
Shiryu sentou-se numa das cadeiras da recepção e esperou tempo bastante para sentir seu estômago reclamar. Respirou fundo e tentou esquecer a fome. Depois de algum tempo, uma médica aproximou-se.
- O senhor é o namorado da moça? - perguntou.
- Não, eu apenas a socorri. Ela está bem?
- Sim. Ela está com uma luxação no pescoço e vai ficar usando um colar cervical por algum tempo. Também teve alguns cortes, mas nada grave. Ela só vai ficar em observação algum tempo para termos certeza de que não houve nenhum dano interno.
- Fico feliz.
- Que bom. Agora, com licença.
- À vontade.
Com a notícia, ele deixou o hospital. Queria vê-la, mas estava sujo e cansado, por isso resolveu voltar ao hotel. Passou direto pelo restaurante. Queria tomar café, mas no estado em que se encontrava, não teve alternativa a não ser subir para o quarto e tomar um banho. Tirou a roupa suja de sangue e poeira e enfiou-se no chuveiro. Tomou um bom banho, lavou os longos cabelos, tirando deles alguns raminhos que se enroscaram nos fios. Olhou o ferimento na coxa. Era apenas um corte superficial. Enquanto se lavava, pensava na moça que acabara de salvar. "Se ela tivesse ficado ali, talvez morresse, não dos ferimentos, mas de tristeza", pensou.
Saiu do banho e vestiu-se apressadamente. Sua barriga roncava como nunca antes. Desceu. O café tinha de esperar um pouco mais, pois antes ele precisava falar com o gerente do hotel. Encontrou-o na recepção e relatou o que acontecera com a moça. Não sabia seu nome, mas tinha reparado nela na noite anterior, sabia que trabalhava lá e por isso sentiu-se na obrigação de avisar ao gerente. O homem ouviu tudo sem nada dizer, apenas fitando o hóspede com seriedade. Depois, resmungou algo ininteligível e completou, antes de enveredar-se para os lados da cozinha:
- Espero que a Tzeng fique boa logo ou arranjo outra para colocar no lugar dela.
Shiryu ergueu as sobrancelhas e arregalou os olhos. A boca abriu-se lentamente e ele quis gritar "Como alguém pode ser tão insensível?" Entretanto, virou-se e resolveu ir tomar logo seu café, pois, pensou ele, de nada adiantaria brigar. Assim que se sentou à mesa, uma garçonete aproximou-se dele e perguntou:
- Ouvi o que disse ao Mao. Não se surpreenda. Aqui é a China! É assim mesmo! Mas e a Shunrei, como está?
- Está bem - ele disse surpreso, sem entender porque ela tinha um nome japonês, já que aparentemente ela era chinesa, dado o seu sobrenome. - Vai ficar uns dias em observação, mas não corre risco. Só que o avô dela que morreu no acidente.
- O avô dela morreu? - assombrou-se a moça. - Oh, meu Deus! Coitadinha! Aquele avô era tudo para ela!
Ao fundo, o gerente gritou:
- Hu, ao trabalho! Não pagamos a você para ficar de conversinha com os hóspedes.
- Sim, senhor, desculpe! - ela respondeu e depois sussurrou para Shiryu: - Se for vê-la, diga-lhe que assim que eu puder passarei lá.
- Direi.
Ele finalmente conseguiu começar a comer. Tomou café fartamente, provando de todos os quitutes disponíveis na mesa. Há tempos não sentia tanta fome. Tinha planejado passear pela cidade, conhecer os pontos turísticos mais famosos, experimentar um pouco da culinária local, mas seu primeiro passeio fora ao hospital da cidade. E em alguns minutos, voltaria lá para ver a moça que acabara de salvar.
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Mais tarde.
Shiryu acaba de retornar ao hospital.
- Zai, o salvador! - a recepcionista gritou para uma enfermeira que passava.
- Ah, sim! - a mulher aproximou-se entusiasmada. - Bonito, não é, Yuelin?
- Oh, e como! - a outra disse e deu uma risadinha envergonhada.
- Quer ver a moça? - a enfermeira perguntou.
- Sim, mas não sei se devo. Nós nem nos conhecemos e...
Ele tentou falar, mas a enfermeira interrompeu..
- Vá vê-la! Qualquer uma ia gostar de ver seu salvador. Ainda mais se ele fosse lindo como você!
- Então eu vou - ele disse, um tanto embaraçado. Estava acostumado a receber olhares interessados, mas dificilmente alguém lhe falava tão abertamente.
- Ela está na enfermaria - disse a recepcionista. - Fica ao fundo, à direita, bonitão.
Ele seguiu até lá e entrou com cuidado. Ela estava acordada, mas seu olhar mirava um ponto fixo invisível.
- Oi - ele disse ao se aproximar.
- Oi - ela respondeu, num fio de voz, já entrecortado por algumas lágrimas.
- Como se sente? - ele sorriu e perguntou.
- Como se tivesse morrido também - ela respondeu e engoliu em seco. - Perder alguém que se ama é a maior dor que se pode sentir.
- Eu bem sei - disse e fez uma pausa longa. Depois, continuou: - Mas o que temos a fazer é suportar, é continuar andando em frente, carregando a saudade, mas sempre adiante.
- Eu não sei se posso aguentar.
- Você verá que sim, apesar de parecer impossível.
- Tomara que você esteja certo. Vovô não gostaria de me ver assim, mas é tão difícil aceitar que ele não estará mais ao meu lado.
- É sim - concordou, e procurou mudar de assunto. - Quer que eu avise a alguém? Seus pais, irmãos?
- Não tenho mais ninguém além do meu avô - disse e soluçou. - Agora nem mesmo ele. Mas sei que está hospedado no hotel onde eu trabalho e gostaria que avisasse ao gerente, se não for muito incômodo.
- Eu tinha visto você durante a queima de fogos, então já avisei.
- Obrigada - ela disse e voltou o olhar para ele. - É, eu também o vi. Você disse alguma coisa que eu não pude entender.
- Eu disse "Feliz Ano Novo."
- Não está sendo nada feliz.
- Vai melhorar.
- Espero que sim - ela disse e fechou os olhos, o que ele interpretou como sendo um sinal para deixá-la a sós.
- Bom, vou indo. Até outro dia.
- Até - ela olhou para ele novamente e, antes que saísse, falou: - E obrigada mais uma vez.
Continua...