O Amanhecer de uma Nova Era

  • Dandap
  • Capitulos 14
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 2 horas

    14
    Capítulos:

    Capítulo 12

    A movimentação dos peões

    Mutilação, Spoiler, Violência

    Santuário de Athena

    Os olhos atentos, muitos, levemente arregalados ao avistar tal objecto odiado: a arca em tamanho pequena, ladeada em dourado com fundo verde escuro, alguns detalhes se estendiam nesse fundo na mesma cor amarelada do restante. Reparavam na Deusa da Sabedoria que caminhava de encontro a Eos, que pareceu por instantes, a Afrodite, um tanto ansiosa.

    Athena decidira não entrega-la directamente. Segurando a arca com uma mão, abriu a tampa com a outra. O brilho dourado da adega que lhe degolara durante a Guerra Santa, reflectiu nos olhos da deusa que "secou" o objecto com fervor.

    Saga sentiu o corpo estremecer. Mal batera os olhos na adega que parecia segui-lo junto de seu destino, e conseguia visualizar e até sentir o ultimo suspiro de Athena antes de sua queda, para baixar ao Hades.

    Era pena não estar ali para ver sua destruição, pois que em breve estaria em sua nova missão.

    - Athena... ? A voz de Shura encheu a sala. Mas o gesto desleixado da deusa o fez se calar.

    - Mas Athena...

    - Já a muito que essa arma existe. Se cair em mãos erradas poderá nos dar problemas. ? Saori interrompeu Shion.

    - Deve ser destruída ? Eunomia se aproximou ? De certo O Grande Deus sabe o que deve ser feito.

    - Ela será destruída assim que as ordens de Zeus, Grande Deus, vierem ao meu encontro ? Eos falara naquela língua tão estranha para os mortais, sendo os deuses presentes os únicos a compreenderem ? Nos juntemos na prenda de Poseidon a cidade gloriosa de a tempos. Lá deuses se reunirão para o consumo destrutivo do poder de Hefesto dar fim a arma maldita.

    Castelo de Oceano

    Os passos determinados, se opunham ao passo leve e hesitante da deusa que tinha as mãos amarradas, seguindo entre dois deuses. No corredor escuro, os passos de Alfeo eram os que melhor se escutavam.

    Euridano, apesar de distraído, percebia a situação existente. O ar tenso era desconfortável, fazendo o deus-rio olhar de soslaio, vez sim vez não, para Alfeo que seguia em frente, sem hesitar.

    Imaginava o que poderia passar pela cabeça do mais violento dentre os filhos de Oceano. Era ridículo a forma como Eros havia brincado com o interior do deus-rio.

    Astrea nada dizia. Apenas limitava-se a seguir o caminho ordenado. Sabia que jamais iria escapar do seu fado. Era assim que as Moiras haviam determinado o termino de sua existência? Seu sono eterno viria para a desgraça dos Olímpicos?

    Provavelmente era essa a resposta, mas não poderia se queixar. No seu intimo, algo dizia que tempos difíceis estavam por vir e não queria rever a desgraça da humanidade.

    Por esse motivo não deu luta quando Euridano lhe deu um pequeno empurrão para entrar em uma ampla sala de correntes que se estendiam pelo tecto. A mesma sala que continha figuras estranhas em mosaico no chão, aparentemente sem qualquer significado.

    Seus olhos claros se prenderam nos grilhões pendurados mais ao centro, onde vira Euridano apenas com um erguer de mãos traze-los para mais próximo.

    Com rapidez e descuidado, colocou os grilhões em cada pulso da deusa e com um gesto firme fez a corrente retroceder, erguendo o corpo frágil de Astrea que soltou um pequeno grunhido, chamando a atenção de Alfeo que permanecia imóvel na porta escancarada.

    Euridano lhe fitou com um pequeno sorriso.

    - Não haveis por mal se fizer as pazes com a filha da Justiça ? Disse com uma ponta de desprezo fazendo o filho obscuro de Oceano serrar os pulsos. Euridano não ligou ? Ou preferis deixa-la em raiva para o golpe ter menos peso?

    Estancou. Quando deu por si, Alfeo estava a centímetros de distância, intimidando o irmão, que se calou e rapidamente retrocedeu alguns passos.

    - Esperai, Obscuro! ? O outro ainda recuava devido ao pequeno avanço que Alfeo dera ? Não achais que sou teu inimigo por tentar facilitar ao que prestes vai suceder?

    Ilha de Créta ? 20 Km de Knossos

    Os olhos atentos já estavam cansados de procurar por algo que ainda não sabiam o que era. A dúvida estava estampada na cara e, Saga percebia que Mu já não estava muito disposto com todo aquele calor incomum aquela época do ano, principalmente, aquelas horas.

    Seus olhos verdes miraram o sol baixo, lhe indicando que já deveria ser próximo das 17h. Suspirou.

    Estavam em Creta desde a noite do dia anterior, como Shion havia ordenado, se instalando em uma pequena pensão em um vilarejo ainda dominado por uma vida rudimentar, explorando sem grande descanso as vizinhanças. Mas não encontraram nada de incomum.

    A caixa de sua armadura, também, começava a pesar, assim como a do Cavaleiro que lhe acompanhava.

    Mu nunca fora de contestar ordens de Shion, principalmente, depois do que acontecera durante a Guerra Santa, mas estava achando inútil estar ali se o Santuário estava em perigo de ataque.

    - Os outros cavaleiros ficaram aqui para qualquer eventualidade ? Shion dissera com firmeza, enquanto olhava por de trás da mascara, os dois Cavaleiros ajoelhados dois degraus a baixo de seu trono ? Vocês precisam ir até Creta, ainda hoje.

    Mu suspirou pesadamente fazendo o mais velho lhe fitar.

    - Está de facto calor ? Saga comentou vendo um suor correr pela face já rubra de pele delicada do Cavaleiro de Aries. ? Acho melhor descansarmos um pouco antes de continuar.

    - ... ? foi a única resposta.

    Foi quando, de repente, um grande barulho estremeceu o solo e um clarão se mostrou no horizonte norte.

    De imediato os dois homens se voltaram para fitar o que era. Não estavam muito longe de onde havia insurgido tal acontecimento.

    Algo apertou no coração de Mu, ao ouvir de longe uma gritaria que acabara de cessar com o segundo estrondo, seguido do mesmo clarão.

    Seus pés sentiram o impacto, mas não se detiveram, assim como os do companheiro. Rapidamente se puseram a correr. A adrenalina dos corpos subiu de tal forma, que já não sentiam o desconforto do calor e do cansaço.

    Algo grave se passava e, poderia ser a resposta ao que procuravam.

    Não demorou para começar a passar por pessoas que corriam desordenadas em um euforismo barulhento, atropelando umas as outras, com vista a fugirem do que quer que fosse que estivesse acontecendo.

    Mu e Saga não tinham tempo de perguntar o que acontecera, pois que estando a correr pelo lado contrario, sentiam os corpos impulsionados para trás, tendo que fazer força para passar entre a multidão que corria desorganizadamente aos gritos.

    Com alguma persistência conseguiram escapar da parte mais critica da entrada do vilarejo, encontrando mais a frente uma imagem aterradora: Casas semi destruídas ou destruídas por completas estavam em chamas, enquanto alguns corpos se espalhavam pelo caminho sobre ou entre os escombros. Saga pensou ter ouvido um choro de criança vindo de dentro de uma das casas, porem quando apurou a audição não conseguiu ouvir mais nada.

    Por toda a rua principal se espalhavam escombros que escondiam as pedras originais da calçada . Mu tentou ficar atento a qualquer movimento inesperado, enquanto Saga tentava ouvir alguma coisa...uma pista de algum sobrevivente. Mas isso não aconteceu.

    Seus olhos, então, miraram mais a frente, onde a poeira espessa não havia assentado totalmente, mas começava a abaixar. Ergueu o queixo e estreitou os olhos.

    - Algo está ali ? Disse convicto, atraindo a atenção de Mu que rapidamente acompanhou o olhar do outro.

    - Não vejo ou sinto nada ? Mu estranhou.

    Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, vira Saga recuar alguns passos.

    - Prepare-se! ? Alertou.

    Não deu tempo. Mu virou o rosto para o caminho novamente, mas quando conseguiu focar seus olhos uma enorme mancha negra estava tão próxima que teve uma leve tontura. O que pode ver foi uma luz forte de tom amarelado vir ao seu encontro.

    - Mu!

    O impacto em seu rosto o projectou para longe. A alça que segurava a caixa em suas costas arrebentou, projectando o objecto para longe de seu dono. Seu corpo ainda encontrou o chão, mas continuou a deslizar, destruindo os obstáculos causados pelos escombros das casas. Conseguiu parar a poucos metros.

    Saga voltou-se para fitar o adversário, porém, ele já não estava mais lá.

    Começou a procura-lo com atenção. Se sentia ridículo por não ter visto se quer como ele era. Fora tão rápido que apenas distinguiu um flash de cosmo que desaparecera logo quando atingira Mu. Logo avistou-o se recompondo.

    - ESTÁ BEM ?

    - E...eu estou bem ? Levantou cambaleante para cair novamente de joelhos ? "O que era aquilo?" ? Tentava se concentrar. Seus olhos ardiam de forma quase insuportável, não conseguindo abri-los por muito tempo.

    - Apareça! ? Ordenou Saga imponente enquanto seus olhos ágeis percorriam os arredores.

    Se arrepiou com a risada que invadiu seu ouvido, enchendo o local como um prenuncio de destruição.

    O queixo de Saga não se baixou. Sua pose altiva era irredutível.

    - Reconheço aquele que, dentre mortais, é considerado como um deus ? Disse com impafia, ainda sem se mostrar ao adversário ? Porém é só pose, presumo...

    Um estalo veio de dentro de uma das casas semi-destruídas a direita do Cavaleiro, fazendo-o voltar-se. Desta vez conseguia ve-lo. Seu enorme corpo era revestido por uma brilhante armadura de tom escuro que, com luminosidade do fogo trepidante, fazia uma alternância de tons que não deixava identificar com precisão a cor.

    O rosto quadrado mas comprido era adornado por um nariz afilado que se estendia sem a natural "quebra" no fim da testa. Os lábios um tanto carnudos se abriam em um sorriso limpo de dentes perfeitos, que fizeram Saga congelar na imagem por alguns instantes, reflectindo sobre a beleza incomum da figura a sua frente, que agora parado fitava-o com seus olhos azuis claros que se destacavam de todo o resto em contraste com a pele morena e cabelos encaracolados, compridos até os ombros, negros.

    Uma beleza exótica. Tão diferente que Saga se descuidara do avanço deste que agora se encontrava a poucos metros.

    - O que foi Cavaleiro de Athena? ? A voz grave o fez sair do seu transe, percebendo seu descuido.

    Saga rapidamente voltou a si, serrando os punhos.

    - Quem é você? ? Indagou entre dentes. Estava irritado mais consigo mesmo, por haver se impressionado com o adversário, do que com facto da provocação naquela pergunta

    - O solo que pisas é meu território ? Iniciou enquanto perdera o sorriso ? Em nada te adiantara reservar o nome, pois que derrotado pelas minhas mãos, logo saberei pela boca de seu amigo.

    - Ridículo ? A calma habitual de Gémeos retornava com seu olhar audacioso, formando um pequeno sorriso no canto direito dos lábios.

    Com um gesto rápido retirou a caixa que estava sobre as costas, fazendo esta cair ao encontrar o chão com um som seco.

    Estreitou os olhos e morou o outro ainda imóvel, acendendo o cosmo que chamava pela armadura dourada. Esta respondeu rapidamente revestindo o corpo do Cavaleiro.

    O brilho dourado fez o adversário sorrir. Já havia ouvido falar da elite da Deusa da Sabedoria, mas era a primeira vez que via de perto um deles. De facto, aparentemente, eram tudo o que se dizia entre céus e terra. Mas até que ponto?

    Perante Saga não pareceu se abalar. Adquiriu uma pose altiva.

    - Amniso ? Decidiu por fim se apresentar ? Segundo filho do Velho do Mar, Oceano.

    O geminiano fechou os punhos. Então de facto era um deus-rio. Fez um barulho estranho com a gargante antes de decidir se pronunciar.

    - Saga, Cavaleiro Ouro de Gémeos ? Disse por fim.

    - De bom grado lutarei contigo, Cavaleiro de Ouros ? Amnisos iniciou elevando seu cosmo. As pedras soltas dos escombros começaram a flutuar com leveza, enquanto Saga se preparava para um eventual ataque. Ele era rápido e tinha que ter cuidado dobrado.

    O cosmo que emanava do enorme corpo crescia a cada momento, mas o deus-rio não se movia, fazendo Saga pensar que poderia estar tentando intimida-lo. Mas foi nesse raciocinio que com um gesto rápido a entidade menor agarrou em uma pedra que flutura naquele momento a sua frente e com força atirara no adversário. Saga no mesmo momento desviou o rosto deixando o projectio passar, mas assim que focou novamente o inimigo ele já estava muito próximo, agarrando atrás de sua cabeça e puxando-a de encontro ao joelho dobrado para frente.

    Saga sentiu a dor intensa que começara no centro do nariz e se alastrou para a extremidade fazendo uma dormência incómoda. Sua garganta soltou um rosnado enquanto fechava os punhos com força. A visão turva não lhe permitiu focar o alvo, tentando a sorte. Empregou no punho a força que lhe sobrara naquele momento, enquanto ainda sentia a mão do inimigo ainda em sua cabeça e desferiu um soco que alcançou a costela de Amniso, que se curvara um pouco para o lado serrando os dentes.

    Saga ainda não esperou pela reacção do inimigo desferindo mas três golpes repetitivos na mesma altura do primeiro. Um...dois... o terceiro fora defendido com alguma dificuldade, com a mão que estava segurando sua cabeça. Dessa forma conseguiu se afastar um pouco.

    Sua visão estava voltando, já conseguia visualizar a cara retorcida do outro que grunhia de forma estranha.

    Os olhos azuis voltaram na sua direcção , parecendo decifrar seu pensamento: voltou-se para o lado encontrando a figura confusa de Mu que esfregava os olhos com frenetismo, enquanto apoiava um joelho no chão.

    Ardiam de forma terrível, como se tivesse olhado durante horas para o sol do meio dia.

    O olhar do deus-rio virou novamente para Saga que retribuiu com uma ponta de duvida.

    - Será que se trata também de um cavaleiro de Ouro? ? Indagou rindo. ? Veremos ? Completou elevando o cosmo e saindo rapidamente de encontro a Mu, antes que o Cavaleiro de Gémeos pudesse ter qualquer reacção.

    - MU!

    Athenas ? Arredores do Santuário

    Uma grande movimentação nas ruas atrapalhava a visão de muito dos soldados que vagavam no local. Por ordem de Athena todos se dispuseram em posição estratégica nas vilas que rodeavam o Santuário.

    As pessoas pareciam alheiras ao que se avizinhava e, esse facto, irritava muitos dos que estavam ali para protege-las.

    Era uma honra acatar a uma ordem directa da deusa que raramente viam e estavam anciosos para mostrar o seu valor.

    Conversavam imponentes enquanto caminhavam entre as pessoas.

    - Desta vez não deixaremos que nada aconteça ? Disse o mais alto que caminhava na frente de três homens.

    - Temos que mostrar que, também, somos digno da confiança Athena, Absirto ? Crespi responde meio convencido.

    Damiano, o mais velho, apenas sorriu.

    Sim, esse era o espírito geral. Eles lutavam parar a protecção dos mais fracos e nada os iria deter.

    Foi quando uma gritaria se iniciou mais a frente e, algumas pessoas corriam na direcção do evento.

    Os olhares dos soldados se encontraram por segundos. Seria agora que mostrariam o que valiam? Correram, apesar das pernas bambearem.

    O tempo de reacção de ambos demorou o suficiente para que a gritaria aumentasse. Toda aquela confusão mais a frente fizera um entusiasmos vencedor lhes tomar o espírito, dando agilidade as pernas que corresponderam ao estimulo com avidez.

    Porém fora abrandado pela visão do que estava no centro da confusão. Desanimo misturado com uma ponta de alivio abrasou o euforismo ao verem um homem armado com uma grande faca ameaçar aqueles que passavam.

    "isso só poderia ser comigo!" ? Damiano pensou desanimado.

    - MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI! ? Gritou enquanto avançava.

    - NÃO SE APROXIMEM! ? O homem gritara, fazendo os guardas pararem bruscamente. Seus olhos vidrados mostravam um pânico invulgar a situação actual. Ninguém além dos que viviam no Santuário sabiam o que estava por vir, então qual era o problema daquele homem.

    - Acalme-se! ? O guarda mais velho dissera com autoridade dando um passo em frente enquanto o outro recuara, os outros dois recuaram entrando para o meio daqueles que se aglomeravam para ver a confusão ? Não há motivo para tanto pânico...

    - NÂO...! ? De um salto fora agarrado e desarmado por Absirto e Crespi. ? N-não!

    - Seu louco ? Crespi falara entre dentes enquanto tentava segurar o homem que se contorcia tentando se libertar.

    - Segure-o com força ? o outro reclamou agarrando no outro braço do sujeito em fúria.

    - Não sejam moles ? Damiano se aproximou irritado, mas parou a alguns passos, como que congelado no tempo.

    O outro que antes se contorcia para se libertar parou de repente.

    - O que há! ? Absirto que segurava o corpo já imóvel perguntou para o mais velho enquanto a multidão começava a murmurar indagações do mesmo género. Foi quando viram o guarda soltar um pequeno gemido. Tremelicou os membros e caiu pesadamente para frente, batendo a cabeça com força no chão.

    De imediato os murmúrios deram lugar para exclamações de espanto e receio. Os dois guardas de imediato soltaram o homem ainda imóvel, que caira sentado pesadamente no chão. Um homem da multidão, de roupas simples e um pouco sujas se aproximou para ver o que tinha se passado.

    Examinara o corpo estendido no chão juntamente com os outros dois que não conseguiam proferir nenhuma palavra. Seria possível que Damiano estivesse com algum problema de saúde que resultara naquele ataque fulminante?

    Foi quando, com uma mão que tremia descontroladamente , o homem que se aproximou apontou para um pequeno orifício negro no topo da cabeça.

    Os dois guardas se entre olharam estranhamente. Com certo nojo Absirto se aproximou. Um pequeno buraco muito fundo mas calterizado tão forma que a volta formava uma crosta enegrecida.

    "por isso não sangrou"

    Seus labios mexeram para proferir uma palavra de baixo calão, mas foi detida por um pensamento crucial.

    - O que pensa que é? ? Crespi indagou a alguns passos. Na verdade não tinha estômago para se aproximar e, sabia que fora isso que lhe dera apenas aquele lugar no escalão mais baixo dentre os protectores de Athena.

    Algo no estômago revirou, não deixando que respondesse a pergunta do companheiro. Sentiu os dentes baterem um pouco. Mordeu os lábios para trava-los e não dar a entender seu sentimento aos outros que ainda murmuravam alto.

    As mulheres, após a esteria inicial, agora só conseguiam tapar a boca com as mãos e falar umas com as outras rogando aos deuses que não fosse algo epidémico.

    Não queria prestar atenção a isso. Seus olhos, teimosos para seguir o percurso que a lógica lhe jogava, mirava as sombras desformes e assustadoras pelo seu próprio pânico. Moviam-se conforme o desenrolar a cena a sua volta...mas ali, como temera, estava uma única que não se movia, com uma forma um tanto menor e desforme que as outras, porque não se encontrava no mesmo nível.

    Apesar do medo, não pode resistir em olhar para cima...para o céu, onde encontrou um corpo flutuante.

    Arregalou os olhos chamando a atenção do companheiro que acompanhou seu olhar.

    - Por Athena! ? Exclamou recuando enquanto a multidão tomava consciência do que acontecia.

    - Hmmmm! Já não era sem tempo. Não queria atacar novamente pelas costas...ou seria pela cabeça?

    Castelo de Oceano

    Os passos duros se aproximaram com determinação. Uma simples ordem e os dois lacaios de aspecto duvidoso abriram as pesadas portas para mostrar a deusa pendurada sobre o mosaico de figuras estranhas.

    Suas mãos já estavam dormentes pela posição que os grilhões lhe forçavam estar. O corpo, pendente pelas correntes que lhe prendiam no teto, começava a doer.

    O desconforto era tanto que não dera pela porta que acabava de ser aberta para mostrar a figura que tanto temia.

    Os olhos escuros fitavam a cena com interesse, enquanto fechava a porta desconfiado. Parou quando a porta foi encerrada atrás de si, esperando ouvir algo do outro lado, porém nada se ouviu.

    Sorriu fracamente voltando-se para a deusa presa no centro da sala.

    - Sabeis o que está por vir? ? Sua voz fez ecoou chamando a atenção da deusa. Alfeo sorriu debochado ? Claro que não. Apenas o Preceito sabe o que há de vir.

    Astrea nada disse. Limitou-se a fitar o homem que começou a se aproximar.

    - Deveis estar assustada, Grandiosa, pois explicarei o que vai suceder ? Recomeçou pondo a mão na bainha da espada que estava em sua cintura ? Recordo ora aquele que é nascido de Zeus e, que por obrigação leva recados dos deuses. A luta equilibrada em nada me deixava a dever ? Começou a baixar a voz enquanto suas palavras saiam entre dentes.

    Sua mão segurou firme a bainha da espada, enquanto seus olhos se perdiam nos olhos da mulher presa por correntes.

    Mas não era ela que via e, sim, um passado tão vivo em sua memória. ? Até sua chegada. ? Estreitou os ohos retirando a espada da cinta.

    Esperou alguma resposta daquela que parecia irritantemente calma a sua frente. Como podia não estar receosa pela sua vida...pela sorte daqueles insectos que gostava tanto?

    Se aproximou com a espada negra apontada para a garganta da mulher agrilhoada. Evitava reparar na espada danificada que lhe fazia sentir tão mal.

    Roçou a ponta da sua espada no pescoço branco fazendo a deusa fechar os olhos de leve. Astrea sentiu o objecto descer até o centro de seu peito. Não iria implorar. Estava conformada com seu destino e isso começava a irritar Alfeo que tinha em seu peito esperança que esta suplicasse pedindo desculpas e jurando que permaneceria ao seu lado.

    Mas ela nada dizia e isso começava a lhe corroer or dentro. Retorceu os músculos da cara enquanto serrava os dentes.

    Suspirou.

    - Então é esse seu futuro ? Disse ainda entre dentes. Mirou mais uma vez a mulher erguendo a espada ? Então que assim seja!

    O golpe seco veio com fúria, dando apenas tempo da deusa arregalar os olhos claros.

    Continua...


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